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O trabalho colaborativo nas funções supervisivas do diretor de turma

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

O TRABALHO COLABORATIVO NAS FUNÇÕES

SU-PERVISIVAS DO DIRETOR DE TURMA

Anabela Coelho do Val

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

Área de Especialidade em Supervisão e Orientação da Prática

Profissional

Dissertação Orientada pela Professora Doutora Maria João Mogarro

2017

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III

AGRADECIMENTOS

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, le-vam um pouco de nós.” (Antoine Saint-Exupéry)

Para não correr o risco de me esquecer de alguém, começo por agradecer a TODOS os que, direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização desta dissertação.

À professora Doutora Maria João Mogarro, pelos ensinamentos e por todo o apoio, acompa-nhamento, disponibilidade e tranquilidade que me transmitiu ao longo de todo este percurso.

Aos professores e colegas deste Mestrado, com os quais pude aprender e partilhar experiên-cias enriquecedoras para o meu desenvolvimento pessoal e profissional, em especial ao Fernando Albuquerque e à Manuela Lopes.

Aos meus colegas da Escola, em particular à Diretora, que sempre demonstraram compre-ensão face ao meu percurso académico e sempre me apoiaram, mesmo quando isso implicou rea-justar horários para poder cumprir com todas as minhas tarefas profissionais e académicas.

A todos os colegas que acederam ao desafio de responder à entrevista e que assim contribu-íram para a concretização de uma das etapas deste trabalho.

Aos meus alunos e respetivos encarregados de educação, em particular os da minha direção de turma de 2012/2013 a 2016/2017, com os quais fui partilhando algumas das vivências da tríade alunos-escola-família.

Aos meus pais, irmãos (em especial à Lena), avós e sogros por toda a força que me transmi-tiram, não só na reta final desta caminhada, como ao longo do percurso.

E porque os últimos são os primeiros, o maior agradecimento é, sem dúvida, para o Luís, marido, parceiro e amigo, pela paciência e companheirismo ao longo de todo este processo.

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IV

RESUMO

O Diretor de Turma, no quadro legal vigente, é encarado como uma das estruturas intermédias de coordenação e supervisão no sistema educativo português, responsável pela organização, moni-torização, acompanhamento e avaliação das atividades promovidas pelo Conselho de Turma.

Nesta perspetiva, o presente estudo foi definido tendo em conta a necessidade de uma maior compreensão da forma como as funções supervisivas, inerentes ao cargo de Diretor de Turma, in-fluem no desenvolvimento e na promoção de práticas colaborativas entre os diferentes atores do processo educativo, particularmente entre os docentes de um Conselho de Turma.

Trata-se de um estudo de caso qualitativo, assente num paradigma interpretativo, tendo os dados sido recolhidos a partir de entrevistas semiestruturadas e da legislação vigente, cuja análise obedeceu a estratégias de codificação, categorização e análise, com vista à definição de possíveis respostas às questões de investigação.

Através deste estudo, verificámos que a ação do Diretor de Turma é complexa, destacando-se a necessidade deste desenvolver competências ao nível da comunicação e das relações interpessoais, pois, apesar do reconhecimento da importância do cargo e da premência da implementação de es-tratégias de supervisão, na opinião dos participantes, são vários os fatores que contribuem para uma maior ou menor facilidade na atuação dos Diretores de Turma como líderes, supervisores e promo-tores de trabalho colaborativo no seio do Conselho de Turma a que presidem, nomeadamente a continuidade pedagógica no acompanhamento de uma turma, a organização, gestão e atuação du-rante as reuniões de Conselho de Turma e as próprias relações profissionais que se estabelecem entre os elementos desse Conselho.

Palavras–Chave: Diretor de Turma; Conselho de Turma; Supervisão; Trabalho Colabora-tivo;

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V

ABSTRACT

The Class Head-Teacher, in the current legal framework, is recommended as one of the inter-mediate structures of coordination and supervision in the Portuguese educational system. He is re-sponsible for the organization, monitoring, follow-up and evaluation of the activities promoted by the Class Council.

In this perspective, the present study was defined taking into account the need for a better understanding on how the supervision functions, inherent to the role of Class Head-Teacher, influ-ence the development and promotion of collaborative practices between the different actors of the educational process, mainly between teachers of the Class Council.

This is a qualitative case study, based on an interpretative paradigm, with data collected from semi-structured interviews and current legislation, whose analysis followed codification, categori-zation and analysis strategies aiming the definition of possible responses to research issues.

Through this study, we verified that the action of the Class Head-Teacher is complex, high-lighting the need to develop skills in communication and interpersonal relationships. Despite the recognition of the importance of the position and the urgency of implementing supervision strate-gies, in the opinion of the participants, there are several factors that contribute to a better or worse performance of the Class Head-Teachers as leaders, supervisors and promoters of collaborative work within the Class Council that they preside, namely the pedagogical continuity in the follow-up of a grofollow-up, the organization, management and performance during the Class Council meetings and the professional relationships that are established among the members of this Council.

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VI

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... iii RESUMO ... iv ABSTRACT ... v ÍNDICE GERAL ... vi

ÍNDICE DE QUADROS ... viii

ÍNDICE DE FIGURAS ... ix

INDICE DE APÊNDICES ... x

LISTA DE ABREVIATURAS ... xi

INTRODUÇÃO ... 13

PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO E NORMATIVO ... 20

Capítulo 1 – O Diretor de Turma na legislação: seu papel e funções... 21

Capítulo 2 – Perspetivas teóricas sobre o cargo de Diretor de Turma, no âmbito da liderança, da colaboração e da supervisão ... 31

2.1. A ação do Diretor de Turma na comunidade educativa: suas funções e competências ... 31

2.1.1. Alguns fatores limitativos no desempenho das funções do Diretor de Turma... 37

2.2. A liderança do Diretor de Turma ... 39

2.3. Trabalho colaborativo e funções supervisivas no desempenho das funções do Diretor de Turma: uma realidade possível de conciliar? ... 41

PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO ... 44

Capítulo 3 – Metodologia ... 45

3.1. Opções metodológicas ... 45

3.2. Descrição do estudo ... 47

3.3. Seleção dos participantes ... 48

3.3.1. Caracterização dos participantes no estudo ... 48

3.4. Instrumentos e técnicas de recolha de dados ... 50

3.4.1. Documentos oficiais ... 50

3.4.2. Entrevista ... 51

3.5. Tratamento de dados ... 53

3.5.1. Análise documental ... 53

3.5.2. Análise de conteúdo ... 54

Capítulo 4 – Apresentação e análise dos dados ... 60

4.1. Perfil dos participantes ... 60 4.2. Áreas privilegiadas da intervenção dos Diretores de Turma e objetivos dessa intervenção 62

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VII

4.3. Exercício de uma ação supervisiva por parte do Diretor de Turma em relação aos

professores do Conselho de Turma. ... 65

4.4. Condições de que os Diretores de Turma dispõem para agirem como líderes, supervisores e promotores do trabalho colaborativo; ... 68

4.5. Contributo dos documentos estruturantes, como o Plano de Turma, para práticas reflexivas e colaborativas ... 73

4.6. Facilidades e dificuldades evidenciadas pelos Diretores de Turma, no exercício das funções em estudo ... 75

4.7. Medidas suscetíveis de melhorar o desempenho do Diretor de Turma no âmbito da supervisão, da liderança e das práticas colaborativas ... 79

Capítulo 5 – Discussão dos resultados e conclusões ... 83

PARTE III – CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 85

1. Reflexão final ... 86

2. Limitações do estudo ... 87

3. Sugestões para futuras investigações ... 88

REFERÊNCIAS ... 89

Referências bibliográficas ... 90

Referências legislativas (por ordem cronológica) ... 96

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VIII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese da legislação com referências ao papel de Diretor de Turma ………17

Quadro 2 – Papéis desempenhados pelo gestor adaptados às funções do Diretor de Turma, segundo Mintzberg (1973) ………..……….. 31

Quadro 3 - Qualidades do diretor de turma baseado em Marques (2002) adaptado de Martins, (2005) ………..……33

Quadro 4 – Fatores limitativos no desempenho da função de Diretor de Turma …………..……35

Quadro 5 – Breve caracterização dos participantes ……….45

Quadro 6 – Estrutura da análise de dados ……….…… 50

Quadro 7 – Domínio de análise 1 ……….. 51

Quadro 8 – Domínio de análise 2 ……….….. 52

Quadro 9 – Domínio de análise 3 ……….. 52

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IX

ÍNDICE DE FIGURAS

Fig.1 – Modelo 1 do quadro-síntese da legislação sobre o papel e as funções do Diretor de Turma ...…..49

Fig. 2 – Modelo 2 do quadro-síntese da legislação sobre o papel e as funções do Diretor de Turma ………49

Fig. 3 – Exportação das entrevistas para o NVivo11 ……….…53 Fig. 4 - Definição dos Domínios de Análise no NVivo11 ………..54 Fig. 5 - Exemplo do processo de categorização (CAT) e subcategorização (SUB) dos dados com recurso ao NVivo11 ……….54

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X

ÍNDICE DE APÊNDICES

Apêndice A – Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma ………...100

Apêndice B – Guião da entrevista aos Diretores de Turma ………...…..148

Apêndice C – Protocolo de autorização para a realização das entrevistas aos diretores de turma ..149

Apêndice D – Transcrição das entrevistas ………...…………..150

Apêndice E – Quadro de codificação para análise das entrevistas ………..………..228

Apêndice F – Análise de conteúdo das entrevistas ……….………..231

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XI

LISTA DE ABREVIATURAS

AEC - Atividades de Enriquecimento Curricular CAT - Categorias

CDT – Conselho de Diretores de Turma CEB – Ciclo do Ensino Básico

CEF- Curso de Educação Formação CP - Conselho Pedagógico

CPCJ – Comissão de Proteção de Crianças e Jovens CT – Conselho de Turma

CTT - Correios e Telecomunicações de Portugal DGAE – Direção-Geral da Administração Escolar DGE – Direção Geral de Educação

DL - Decreto Lei DT – Diretor de Turma DT’s – Diretores de Turma EE – Encarregados de Educação EFA - Educação Formação de Adultos

GIAE – Gestão Integrada para Administração Escolar L - Lei

LBSE - Lei de Bases do Sistema Educativo ME - Ministério da Educação

PAA – Plano Anual de Atividades PCA – Percurso Curricular Alternativo PEE - Projeto Educativo de Escola

PIEF - Programa Integrado de Educação e Formação PT- Plano de Turma

RI – Regulamento Interno SUB - Subcategorias

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“O sucesso da intervenção do diretor de turma e, por consequência, o sucesso da ação pedagógica de-pende, intrinsecamente, da figura eleita para exercer o cargo.” (Clemente, 2013:84)

Atualmente, a profissão docente é, por excelência, uma profissão em que todos os dias surgem novos desafios, sejam eles lançados pelos alunos, pelos pais e encarregados de educação, pelos próprios profissionais de educação, pela Tutela ou mesmo pelos meios de comunicação social, pelo que o

desempenho de um professor é de um certo modo situado, isto é, depende da situação específica vivida, mas também depende da sua competência, do contexto em que trabalha e da sua capacidade para mobilizar e utilizar as suas competências numa diversidade de situações. (Fernandes, 2008:15)

Podemos afirmar que os conceitos de “ensinar” e “ser professor” têm evoluído ao longo dos tempos, e como refere Hargreaves (1998:131), “as responsabilidades dos professores são cada vez maiores e os seus papéis mais difusos”.

Nesta perspetiva, nos nossos dias, aos docentes não são apenas exigidas as tarefas tradicionais de transmitir conteúdos, mas urgem novas responsabilidades e exigências no desempenho docente derivadas da nova sociedade do conhecimento tecnológico e do exercício da cidadania, pelo que como referiu Nóvoa (2007:13),

os professores reaparecem, neste início do século XXI, como elementos insubstituíveis não só na promoção da aprendizagem, mas também no desenvolvimento de processos de inte-gração que respondam aos desafios da diversidade e de métodos apropriados à utilização das novas tecnologias.

Em 2001, oDecreto-Lei nº 240/2001 aprovou o perfil geral de desempenho profissional do educador de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário que “enuncia referenciais comuns à actividade dos docentes de todos os níveis de ensino”, sendo que

Tais perfis, ao caracterizarem o desempenho profissional do educador e do professor, evidenciam, se considerados integradamente, as respectivas exigências de formação inicial, sem prejuízo da indispensabilidade da aprendizagem ao longo da vida para um desempenho profis-sional consolidado e para a contínua adequação deste aos sucessivos desafios que lhe são colo-cados.” (Decreto-Lei nº 240/2001 – Introdução).

A este propósito defende Campos (2013) que “há novos objetivos para cuja prossecução se espera que contribua a atividade docente (…) articulados com as transformações da atividade laboral e da vida em sociedade.”, o que contribuirá para o desenvolvimento profissional dos professores, sendo que este “é um processo que acompanha a vida e é potenciado através de experiências

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borativas de aprendizagem e de formação.” (Alarcão & Canha, 2013:52). Ao longo da vida, o do-cente vai desenvolvendo as suas competências baseando-se “num processo sistemático de aprofun-damento e reconstrução do conhecimento com vista à melhoria da prática. Compreende, pois, um processo de aprendizagem que exige grande investimento pessoal, vontade própria, esforço e com-prometimento com a profissão.” (Alarcão & Canha, 2013:51).

É nesta difusão e profusão de papéis do docente que nos segundo e terceiro ciclos e no ensino secundário surge o cargo de Diretor de Turma. Este docente que assume simultaneamente a respon-sabilidade da disciplina que leciona e a turma pela qual é responsável deve ter uma visão integradora de todos os recursos da escola e da comunidade educativa em que se insere, dado ser visto como uma figura fundamental da gestão intermédia da escola, assumindo responsabilidades perante a Di-reção que o elege, os colegas que fazem parte do seu Conselho de Turma, os alunos que constituem a turma, os pais e encarregados de educação e demais atores educativos que possam interferir direta ou indiretamente no processo educativo a desenvolver com a turma.

Desde logo,

os directores de turma devem estar em condições de proceder à adequação dos indivíduos, às exigências dos diferentes programas educativos, à adequação dos programas às peculiarida-des dos indivíduos e manter constante a preocupação em que os alunos possam optimizar o seu rendimento académico, ao longo de todo o seu desenvolvimento escolar. Se o director de turma actuar com conhecimento efectivo da realidade que é o aluno, a turma e a escola, fazendo uma mediação organizada, planificada, consequente e não ocasional é possível resolver algumas das situações que afectam a escola, a nível da gestão do currículo. (Favinha, 2010:185)

Desta forma, o Diretor de Turma assume particular responsabilidade na definição de medidas conducentes à promoção de um saudável ambiente educativo e à melhoria das condições de apren-dizagem dos alunos. Devendo atuar no sentido de fomentar a colaboração entre todos os interveni-entes no processo educativo, pois “colaborar é, assim, um instrumento que serve o desenvolvimento das pessoas e das atividades em que elas se envolvem e, presumivelmente, também das instituições em que se inserem.” (Alarcão & Canha, 2013:46).

O fomento da colaboração entre os diversos atores envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem pode ser encarado como uma das medidas inerentes ao papel de “gestor intermédio”.

No entanto, o raio de ação do Diretor de Turma não se limita à gestão, sendo igualmente percetível o seu papel de líder do processo educativo em que atua, pelo que a

liderança neste processo assenta num “contrato” de colaboração, cooperando ambas as partes na construção dos saberes, na resolução dos problemas práticos, na definição e concreti-zação progressiva das competências a desenvolver (…) atuando sempre no sentido de estimular a tomada coletiva de decisões. (Favinha, 2010:189)

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se entenda a supervisão como um fator de sustentabilidade da escola enquanto organização apren-dente e que necessita do empenhamento de todos. Podemos afirmar que esta prática supervisiva pode, e deve, contribuir para a melhoria dos processos educativos através da aprendizagem colabo-rativa, intecolabo-rativa, cooperativa e reflexiva.

Nesta aceção, as práticas supervisivas não podem ser entendidas como práticas mecanizadas ou meras rotinas burocráticas, devem antes ser vistas e encaradas como práticas que aliam “experi-ência, reflexão, confronto de ideias, ação e formação pela investigação” (Alarcão & Tavares, 2003:44), prevendo-se que o papel do Diretor de Turma contribua para a promoção de um trabalho de equipa/colaborativo, que leve à partilha de experiências, à inter e entreajuda, encorajamento e colaboração entre todos e mesmo à dinamização de práticas investigativas.

Tudo isto influirá para o desenvolvimento profissional dos professores, sendo que este desen-volvimento segundo Alarcão & Canha (2013:52), “é um processo que acompanha a vida e é poten-ciado através de experiências colaborativas de aprendizagem e de formação”.

No presente estudo procurar-se-á perceber de que forma as funções supervisivas, inerentes ao cargo de Diretor de Turma, uma das estruturas intermédias de coordenação e supervisão no atual panorama educativo, influem no desenvolvimento e na promoção de práticas colaborativas entre os diferentes atores do processo educativo, particularmente entre os docentes de um Conselho de Turma.

Para tal, teremos em consideração os seguintes objetivos específicos:

✓ Identificar as áreas privilegiadas da intervenção dos Diretores de Turma [En-carregados de Educação; alunos; professores; outras áreas no contexto educativo] e identifi-car os objetivos dessa intervenção.

✓ Perceber se os Diretores de Turma exercem uma ação supervisiva em relação aos professores do Conselho de Turma.

✓ Identificar as condições de que os Diretores de Turma dispõem para agirem como líderes, supervisores e promotores do trabalho colaborativo;

✓ Verificar se os documentos estruturantes, entre os quais o Plano de Turma (PT), contribuem para práticas reflexivas e colaborativas.

✓ Identificar facilidades e dificuldades evidenciadas pelos Diretores de Turma, no exercício das funções em estudo.

✓ Identificar medidas suscetíveis de melhorar o desempenho do Diretor de Turma no âmbito da supervisão, da liderança e das práticas colaborativas.

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Visando alcançar os objetivos anteriormente delineados, formularam-se algumas questões abrangentes:

✓ Que papéis são atribuídos ao Diretor de Turma pelo enquadramento legal em vigor?

✓ Que condições são dadas ao Diretor de Turma para exercer as funções super-visivas no seio do Conselho de Turma?

✓ Essas condições contribuem para a promoção do trabalho colaborativo? ✓ Em que contextos pedagógicos é viável a promoção do trabalho colaborativo? ✓ De que modo o Plano de Turma facilita o trabalho colaborativo entre os pro-fessores do Conselho de Turma?

✓ Que fatores exponenciam ou limitam o exercício das funções dos Diretores de Turma?

✓ O Diretor de Turma deveria ter formação específica para o desempenho do cargo?

✓ Qual o perfil desejado para o Diretor de Turma da atualidade?

Definido o problema, os objetivos e as questões de estudo, desenhou-se uma estrutura para a presente dissertação.

Assim, na introdução far-se-á uma breve contextualização do estudo, com a identificação do problema, dos objetivos e das questões de estudo.

Na Parte I proceder-se-á ao enquadramento teórico, sendo que no capítulo 1 – “Quadro legal” se fará uma leitura diacrónica da legislação referente ao Diretor de Turma: seu papel e funções. No capítulo 2, abordar-se-ão as “Perspetivas teóricas sobre o cargo de Diretor de Turma, no âmbito da liderança, da colaboração e da supervisão”, visando um maior entendimento e compreensão da ação do Diretor de Turma na comunidade educativa, das funções e competências do Diretor de Turma; a identificação de fatores limitativos da ação deste profissional; a sua liderança, bem como a perceção sobre se o trabalho colaborativo e as funções supervisivas no desempenho das funções do Diretor de Turma serão uma realidade possível de conciliar.

A Parte II diz respeito às questões empíricas da investigação, incluindo três capítulos, a saber: capítulo 1 – “Metodologia” – no qual apresentamos as opções metodológicas, relatando as decisões tomadas relativamente à metodologia do estudo, definindo-se as técnicas e os procedimentos utili-zados na recolha e análise de dados; capítulo 2 – “Apresentação e análise dos dados” – no qual procedemos à análise interpretativa dos dados, tendo em conta o problema, os objetivos, as questões de estudo e o enquadramento teórico; capítulo 3 – “Discussão dos Resultados e Conclusões” – em

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que se discutem os resultados, se apresentam as inferências a partir deles e as conclusões finais do estudo.

Na parte III, teceremos as considerações finais e perspetivaremos novas linhas de investiga-ção.

Ao longo da dissertação, far-se-ão referências aos apêndices, por serem de extrema importân-cia para a compreensão do objeto de estudo.

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Capítulo 1 – O Diretor de Turma na legislação: seu papel e funções

Conscientes da evolução que a educação tem sofrido nas últimas décadas, começámos por fazer um levantamento do quadro legal em que a definição do papel de Diretor de Turma e as atri-buições inerentes ao desempenho deste cargo vão surgindo (Quadro 1).

Quadro 1 – síntese da legislação com referências ao papel de Diretor de Turma Diploma le-gal Sumário Decreto n.º 48 572, de 9 de se-tembro de 1968

Aprova o Estatuto do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário, surgindo este ciclo de estudos imediatamente após o ciclo elementar do ensino primário.

Este ciclo de estudos visa a ampliação da cultura geral de base, adequada especialmente ao prosseguimento dos estudos em qualquer ramo subsequente do ensino secundário. Pretende ainda ser um instrumento de orientação dos alunos na escolha desses estudos, a partir da observação das suas tendências e aptidões. Decreto-Lei

n.º 769-A/76, de 23 de outubro de 1976

Estabelece a regulamentação da gestão das escolas, distinguindo compe-tência deliberativa e funções executivas. Visa a atribuição de responsabilidades a docentes, discentes e pessoal não docente.

Portaria nº 679/77, de 8 de no-vembro de 1977

Aprova o Regulamento de Funcionamento dos Conselhos Pedagógicos dos Estabelecimentos de Ensino Preparatório e Secundário, tal como previsto no artigo 56º do Decreto-Lei n.º 769-A/76 de 23 de outubro.

Portaria nº 970/80, de 12 de no-vembro de 1980

Aprova o Regulamento de Funcionamento dos Conselhos Pedagógicos e dos seus órgãos de apoio nas Escolas Preparatórias e Secundárias. (revoga a Por-taria 679/77 de 8 de novembro, com exceção das questões de cariz disciplinar)

Decreto-lei nº 172/91, de 10 de maio de 1991

Define o regime de direção, administração e gestão dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, baseado em princí-pios de participação e democraticidade. (revoga o Decreto-Lei n.º 769-A/76 de 23 de outubro e a Portaria nº 674/77 de 3 de novembro)

Portaria n.º 921/92, de 23 de se-tembro de 1992

Estabelece as competências específicas das estruturas de orientação edu-cativa, a saber: departamento curricular; chefe de departamento curricular; Con-selho de Turma; coordenador de ano dos diretores de turma; Diretor de Turma; diretor de instalações; serviços de psicologia e orientação e departamento de for-mação.

Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio de 1998

Aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabeleci-mentos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. (revoga o Decreto-Lei nº 769-A/76, de 23 de outubro, e o Decreto-Lei nº 172/91, de 10 de maio)

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22 Decreto

re-gulamentar nº 10/99, de 21 de ju-lho de 1999

Estabelece o quadro de competências das estruturas de orientação educa-tiva previstas no Decreto Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio.

Entende-se por estruturas de orientação educativa: conselho de docentes; conselhos de turma; departamentos curriculares; diretores de turma.

Decreto-Lei 240/2001, de

30 de agosto de 2001

Aprova o perfil geral de desempenho profissional do educador de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário, definindo referenciais comuns à atividade dos docentes de todos os níveis de ensino, evidenciando exigências para a organização dos projetos da respetiva formação e para o reconhecimento de habilitações profissionais.

Lei n.º

30/2002, de 20 de dezembro de 2002

Esta Lei aprova o Estatuto do Aluno do Ensino não Superior, promovendo em especial a assiduidade, a integração dos alunos na comunidade educativa e na escola, o cumprimento da escolaridade obrigatória, o sucesso escolar e edu-cativo e a efetiva aquisição de saberes e competências.

Decreto-Lei nº 3/2008, de 7 de janeiro de 2008

Define os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário dos setores público, particular e cooperativo, vi-sando a criação de condições para a adequação do processo educativo às neces-sidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da atividade e da participação num ou vários domínios de vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente, resultando em difi-culdades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social.

Neste sentido, a educação especial tem por objetivos a inclusão educativa e social dos alunos com necessidades educativas especiais, o acesso e o sucesso educativo, a autonomia, a estabilidade emocional, bem como a promoção da igualdade de oportunidades, a preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada preparação para a vida pós-escolar ou profissional destes alunos.

Decreto-lei nº 75/2008, de 22 de abril de 2008

Aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabeleci-mentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. (re-voga o Decreto Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio e o Decreto Regulamentar nº 10/99 de 21 de julho)

Decreto-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho de 2012

Procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, que aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. (revoga o Decreto Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio e o Decreto Regulamentar nº 10/99 de 21 de julho)

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23 Decreto-Lei

n.º 139/2012, de 5 de julho de 2012

Estabelece os princípios orientadores da organização e da gestão dos cur-rículos dos ensinos básico e secundário, da avaliação dos conhecimentos a ad-quirir e das capacidades a desenvolver pelos alunos e do processo de desenvol-vimento do currículo dos ensinos básico e secundário. Estes princípios aplicam-se às diversas ofertas curriculares dos ensinos básico e aplicam-secundário ministradas em estabelecimentos de ensino público, particular e cooperativo.

Lei n.º

51/2012, de 5 de se-tembro de 2012

Aprova o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, que estabelece os direitos e os deveres do aluno dos ensinos básico e secundário e o compromisso dos pais ou encarregados de educação e dos restantes membros da comunidade educativa na sua educação e formação. O Estatuto promove, em especial, o mérito, a assi-duidade, a responsabilidade, a disciplina, a integração dos alunos na comunidade educativa e na escola, a sua formação cívica, o cumprimento da escolaridade obrigatória, o sucesso escolar e educativo e a efetiva aquisição de conhecimentos e capacidades. (revoga a Lei n.º 30/2002, de 20 de dezembro)

Decreto-Lei n.º 17/2016, de 4 de abril de 2016

Procede à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho, que estabelece os princípios orientadores da organização e da gestão dos currí-culos dos ensinos básico e secundário, da avaliação dos conhecimentos a adquirir e das capacidades a desenvolver pelos alunos e do processo de desenvolvimento do currículo dos ensinos básico e secundário.

Despacho normativo n.º 1-F/2016, de 5 de abril de 2016

Regulamenta o regime de avaliação e certificação das aprendizagens de-senvolvidas pelos alunos do ensino básico, tendo por referência os documentos curriculares em vigor.

Define as medidas de promoção do sucesso educativo que podem ser ado-tadas no acompanhamento e desenvolvimento das aprendizagens dos alunos do ensino básico, incentivando a existência de outras que o agrupamento de escolas ou escola não agrupada defina no âmbito da sua autonomia.

Despacho normativo n.º 4-A/2016, de 16 de ju-nho de 2016

Estabelece as regras a que deve obedecer a organização do ano letivo 2016/2017 nos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário.

A circular conjunta da DGAE (Direção-Geral da Administração Escolar) e da DGE (Direção-Geral da Educação) de 27 de junho de 2017 define que este diploma legal servirá de base à organização do ano letivo 2017/2018.

Despacho n.º 5908/2017, de 5 de julho de 2017

Autoriza, em regime de experiência pedagógica, a implementação do pro-jeto de autonomia e flexibilidade curricular dos ensinos básico e secundário, no ano escolar de 2017-2018, definindo os princípios e as regras orientadores da conceção, operacionalização e avaliação do currículo dos ensinos básico e se-cundário.

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24 Despacho n.º

6478/2017, de 26 de julho de 2017

É homologado o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória que se afirma como referencial para as decisões a adotar por decisores e atores educativos ao nível dos estabelecimentos de educação e ensino e dos organismos responsáveis pelas políticas educativas. Este Perfil constitui-se como matriz co-mum para todas as escolas e ofertas educativas no âmbito da escolaridade obri-gatória, designadamente ao nível curricular, no planeamento, na realização e na avaliação interna e externa do ensino e da aprendizagem.

Assim, recuámos até encontrarmos a primeira referência ao Diretor de Turma em 1968 (De-creto n.º 48 572 de 9 de setembro). Neste de(De-creto, define-se que o docente que desempenhar o cargo de Diretor de Turma, preferencialmente um professor profissionalizado, deve ser designado pelo diretor da escola, sendo a aceitação deste cargo de caráter obrigatório. Nos artigos 144º e 145º de-fine-se como funções inerentes ao Diretor de Turma: a coordenação do processo educativo, a apre-ciação e acompanhamento de problemas disciplinares e o contacto com as famílias:

“Art. 144.º

1. Haverá para cada turma um director de turma, a quem competirá, além de presidir aos conselhos de turma e ao serviço de orientação escolar a que se refere o n.º 2 do artigo 115.º, apreciar os problemas educativos e disciplinares relativos aos alunos da turma e assegurar os contactos com as famílias.

2. Os directores de turma serão designados pelo director da escola, preferentemente de entre os professores das turmas respectivas, podendo ter a seu cargo até quatro turmas.

Art. 145.º

1. Compete ao director de turma:

a) Presidir aos conselhos de turma e ao serviço de orientação escolar, quando não estiver presente autoridade superior, apreciar os problemas educativos e disciplinares relativos aos alunos da turma e assegurar os contactos com a família, de harmonia com o disposto no artigo anterior;

b) Assegurar a coordenação entre os grupos de disciplinas;

c) Requisitar o material didáctico necessário para os diferentes grupos de disciplinas e velar pela sua utilização;

d) Propor ao director ou, por seu intermédio, à Direcção de Serviços do Ciclo Preparatório o que se lhe afigure de utilidade para o ensino e acção educativa dos alunos;

e) Desempenhar com carácter permanente, por delegação do director, parte das funções deste, conforme o preceituado no regulamento interno da escola; f) Proceder em tudo de harmonia com as instruções superiores, asse-gurando a execução dessas instruções.

2. Este cargo é de aceitação obrigatória.”

Estas funções colocam o Diretor de Turma no centro da relação escola-família, tal como se expressa na Portaria nº 679/77 de 8 de novembro, na qual se esclarecem as atribuições do Diretor de Turma relativamente aos conselhos pedagógico e diretivo, aos alunos e aos encarregados de edu-cação, isto é, face a todos os intervenientes no processo educativo.

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7.3.1 - Nas turmas do ensino preparatório, do ensino secundário unificado e dos cursos gerais diurnos em extinção haverá directores de turma, cujas atribuições são:

a) Relativamente aos conselhos directivo e pedagógico:

1) Servir de apoio à acção dos conselhos directivo e pedagógico; 2) Comunicar ao presidente do conselho directivo os casos disciplina-res cuja gravidade entenda que excedem a sua competência;

b) Relativamente aos alunos:

1) Esclarecer os alunos antes da eleição do delegado de turma, pelo que respeita à matéria processual;

2) Reunir com os alunos sempre que necessário, por sua iniciativa, a pedido do aluno delegado de turma ou da maioria dos alunos, a fim de resolver problemas surgidos com a turma ou acerca dos quais interesse ouvi-la;

3) Estabelecer contactos frequentes com o aluno delegado de turma para se manter ao corrente de todos os assuntos relacionados com a turma; c) Relativamente aos encarregados de educação:

1) Receber individualmente os encarregados de educação em dia e hora para tal fim indicados, sem prejuízo de outras diligências que junto destes se tornarem necessárias;

2) Organizar e convocar reuniões com os encarregados de educação para informação e esclarecimento acerca de avaliação, orientação, disciplina e actividades escolares;

3) Informar, segundo as normas em vigor, os encarregados de educação a respeito do aproveitamento, assiduidade e comportamento dos alunos.”

É também nesta portaria que se refere pela primeira vez a tipologia das reuniões de Conselho de Turma, presididas pelo Diretor de Turma.

“7.3.4 - As reuniões do conselho de turma serão de três tipos:

a) Para apuramento periódico do aproveitamento e assiduidade dos alu-nos;

b) Para coordenação da actividade dos professores de turma, com vista a análise e solução de problemas de natureza pedagógico-didáctica referentes ao binómio ensino-aprendizagem;

c) Para conhecimento e proposta de resolução de questões de natureza disciplinares.”

Assim, estas reuniões têm lugar para apuramento do aproveitamento periódico dos alunos (a meio e no final de cada período); para coordenação da atividade dos docentes da turma no que concerne a questões didático-pedagógicas e ainda para conhecimento e proposta de resolução de questões disciplinares.

Neste normativo legal, ressalvam-se ainda as tarefas de caráter administrativo-burocrático que o Diretor de Turma terá de realizar, tais como as convocatórias para as reuniões de Conselho de Turma, a organização do dossier de turma, a ficha individual de cada aluno e a verificação das faltas e consequente aceitação das justificações para as mesmas.

“7.3.8 - São atribuições do conselho de turma:

a) Planear e coordenar as relações interdisciplinares a nível de turma; b) Debater problemas pedagógicos e disciplinares relacionados com os alunos da turma, nomeadamente aproveitamento, assiduidade, disciplina, ritmo da aprendizagem, medidas de recuperação, casos de inadaptação escolar.

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7.3.9 - Para além das relações indicadas no número anterior, competirá ao director de turma:

a) Convocar as reuniões ordinárias do conselho de turma;

b) Organizar e manter actualizado o dossier da turma, o qual incluirá uma ficha por aluno e poderá ser consultado pelos professores da turma, com excep-ção de documentos de carácter estritamente confidencial;

c) Verificar semanalmente junto do elemento do pessoal auxiliar res-ponsável o registo das faltas dos alunos da turma;

d) Velar por que os encarregados de educação sejam informados por escrito, sempre que o número de faltas dos respectivos educandos atingir metade ou o total do limite legalmente estabelecido, para o que lhe deverão ser entregues, no início do ano e devidamente endereçados, dois postais dos CTT.”

É na Portaria nº 970/80 de 12 de novembro que se faz referência ao Conselho de Diretores de Turma, cujos coordenador e subcoordenador assumem o papel de auxiliar os colegas no exercício das funções de Diretor de Turma. A este Conselho pede-se a promoção da interdisciplinaridade, da verificação de necessidades formativas e a concertação de estratégias que promovam a integração de alunos e docentes na vida escolar.

“59 - São atribuições do conselho de directores de turma:

59.1 - Promover a realização de acções que estimulem a interdisciplinaridade.

59.2 - Dinamizar a execução das orientações do conselho pedagógico no sentido da for-mação psicopedagógica dos docentes.

59.3 - Analisar as propostas dos conselhos de turma quanto à solução dos problemas de integração de docentes e de discentes na vida escolar.

59.4 - Preparar as recomendações e sugestões a apresentar ao conselho pedagógico.”

Quanto às características desejáveis para o desempenho do papel de Diretor de Turma, no artigo 74º desta portaria destacam-se o fácil relacionamento interpessoal, o dinamismo, a tolerância, a compreensão, a disponibilidade, a capacidade de resolução de problemas, a autenticidade, o bom senso, a organização e o espírito metódico.

“74.1 - A atribuição das direcções de turma deverá ser feita tendo em conta, como dese-jáveis, os seguintes requisitos:

74.1.1 - Capacidade de relacionação fácil com os alunos, restantes professores, pessoal não docente e encarregados de educação, expressa pela sua comunicabilidade e modo como são aceites.

74.1.2 - Tolerância e compreensão associadas sempre a atitudes de firmeza que impli-quem respeito mútuo.

74.1.3 - Bom senso e ponderação.

74.1.4 - Espírito metódico e dinamizador.

74.1.5 - Disponibilidade para apreciar as solicitações a que têm de responder.

74.1.6 - Capacidade de prever situações e de solucionar problemas sem os deixar avolu-mar.”

É em 1991, pelo artigo 36.º do Decreto-lei nº 172/91, de 10 de maio, que o Diretor de Turma passa a ser encarado como uma das estruturas de orientação educativa, tratando-se portanto de uma entidade que colabora com o Conselho Pedagógico nos domínios pedagógico-didáticos e de coor-denação das atividades educativas.

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Com a Portaria n.º 921/92 de 23 de setembro, são revistas as competências do Diretor de Turma, destacando-se que “sempre que possível, deverá ser nomeado director de turma o professor que no ano anterior tenha exercido tais funções na turma a que pertenceram os mesmos alunos”, (art.9º, ponto 2). No artigo 10, define-se igualmente a importância de o Diretor de Turma promover a aplicação do Projeto Educativo da Escola junto dos docentes do seu Conselho de Turma, visando o envolvimento de alunos, encarregados de educação e restante comunidade. É também neste 10º artigo que a coordenação de todo o processo de avaliação, formativa e sumativa, surge também como responsabilidade do Diretor de Turma, a quem cabe coordenar a elaboração de Planos de Recuperação para os alunos cuja avaliação sumativa se encontre comprometida. No Decreto Regu-lamentar nº 10/99, de 21 de julho, destacam-se algumas das competências do Diretor de Turma, sem prejuízo de todas aquelas que possam ser definidas nos Regulamentos Internos de cada escola, sali-entando-se o papel que a comunicação, a cooperação e a colaboração assumem.

O Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio define o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. No âmbito dessa autonomia, a legislação foi revista em 2008 (Decreto-lei nº 75/2008, de 22 de abril) e em 2012 (Decreto-Lei n.º 137/2012 de 2 de julho), podendo ler-se no preâmbulo doDecreto-lei nº 75/2008, que:

Essa autonomia exprime-se, em primeiro lugar, na faculdade de auto-organização da es-cola. Neste domínio, o presente decreto-lei estabelece um enquadramento legal mínimo, deter-minando apenas a criação de algumas estruturas de coordenação de 1.º nível (departamentos curriculares) com assento no conselho pedagógico e de acompanhamento dos alunos (conselhos e directores de turma). No mais, é dada às escolas a faculdade de se organizarem, de criar estru-turas e de as fazer representar no conselho pedagógico, para o qual se estabelece, por razões de operacionalidade, um número limitado de membros.

No artigo 42º dos referidos decretos define-se que “são fixadas no regulamento interno as estruturas que colaboram com o conselho pedagógico e com o director, no sentido de assegurar a coordenação, supervisão e acompanhamento das actividades escolares, promover o trabalho cola-borativo e realizar a avaliação de desempenho do pessoal docente”, neste sentido, o Diretor de Turma surge como “coordenador” de uma estrutura de coordenação educativa e de supervisão pe-dagógica intermédia, no que concerne ao processo relativo ao Conselho de Turma que gere e coor-dena, ao qual cabe a “organização, o acompanhamento e a avaliação das actividades de turma ou grupo de alunos”. A este conselho cabe ainda “a organização, o acompanhamento e a avaliação das actividades a desenvolver com os alunos e a articulação entre a escola e as famílias” (artigo 43º).

Relativamente à legislação sobre a avaliação das aprendizagens, Decreto-Lei n.º 139/2012 de 5 de julho e Decreto-Lei n.º 17/2016 de 4 de abril, define-se o papel do Conselho de Turma,

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dido pelo Diretor de Turma, no que concerne aos intervenientes no processo de avaliação, salva-guardando-se que serão “todos os professores envolvidos, assumindo particular responsabilidade (…) os professores que integram o conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico” e tam-bém quanto a questões de progressão e retenção, dado que em “situações em que o aluno não de-senvolva as aprendizagens definidas para o ano de escolaridade que frequenta, (…) o conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos, deve propor as medidas necessárias para superar as dificuldades detetadas no percurso escolar do aluno.”.

Já no Despacho normativo n.º 1-F/2016, de 5 de abril de 2016, reforça-se a organização do processo individual do aluno (artigo 4º), a tomada de decisão relativa à avaliação sumativa (artigo 12º) como tarefas da responsabilidade do Diretor de Turma, cabendo as decisões sobre a transição ou retenção dos alunos ao Conselho de Turma (artigo 23º), sendo que na “ata da reunião de conselho de turma devem ficar registadas todas as deliberações e a respetiva fundamentação.”.

Também no atual Estatuto do aluno, Lei n.º 51/2012 de 5 de setembro, se verificam muitas remissões para o papel do Diretor de Turma, nomeadamente enquanto agente promotor da disci-plina, sendo que a “aplicação das medidas corretivas (…) procede sempre à audição do diretor de turma” (artigo 26º); como aplicador de medidas disciplinares, pois o “cumprimento das medidas corretivas realiza-se sempre sob supervisão da escola, designadamente, através do diretor de turma,” (artigo 27º) ou como responsável pela verificação das faltas dos alunos, que “são registadas (…) pelo professor responsável pela aula ou atividade ou pelo diretor de turma em suportes administra-tivos adequados” (artigo 14º), que poderá “solicitar aos pais ou encarregado de educação, ou ao aluno maior de idade, os comprovativos adicionais que entenda necessários à justificação da falta.” (artigo 16º).

No quadro da atual legislação (Decreto-Lei nº 3/2008 de 7 de janeiro), cabe igualmente ao Diretor de Turma coordenar todo o processo relativo aos alunos com Necessidades Educativas Es-peciais, sendo que no artigo 10º se prevê que nos “2º e 3º ciclos do ensino básico (…), o programa educativo individual é elaborado pelo director de turma, pelo docente de educação especial, pelos encarregados de educação”.

Cabe ainda ao Diretor de Turma a função de “coordenador do programa educativo individual” (artigo 11º), bem como a função de acompanhamento da sua implementação, sendo que dos “resul-tados obtidos por cada aluno com a aplicação das medidas estabelecidas no programa educativo individual, deve ser elaborado um relatório circunstanciado no final do ano lectivo, conjuntamente pelo (…) director de turma, pelo docente de educação especial, pelo psicólogo e pelos docentes e técnicos que acompanham o desenvolvimento do processo educativo do aluno” (artigo 13º)

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Anualmente, surge legislação sobre a organização do ano letivo seguinte, na qual se podem observar algumas considerações sobre as funções do Diretor de Turma. Foi o que aconteceu no Despacho normativo n.º 4-A/2016, de 16 de junho de 2016, que regulamenta a organização dos anos letivos 2016/2017 e 2017/20181, sendo que na sua introdução se destaca a importância do Diretor de Turma na promoção do sucesso educativo

não apenas no trabalho de proximidade com os alunos e de ligação às famílias, mas prin-cipalmente na assunção de uma intervenção de gestão e orientação curricular da turma e na dinamização de uma regular reflexão sobre a eficácia e adequação das metodologias de trabalho tendo em vista a melhoria da qualidade das aprendizagens e o sucesso educativo dos alunos.

Neste despacho são mencionadas, no artigo 10º, algumas das funções da direção de turma, a saber:

i. “Assegurar o planeamento conjunto da lecionação dos conteúdos curriculares das diferentes disciplinas promovendo a interdisciplinaridade e uma eficaz articulação curricular;

ii. Coordenar o processo de avaliação formativa das aprendizagens, garantindo a sua regularidade e diversidade;

iii. Promover, orientar e monitorizar a conceção e implementação de medidas que ga-rantam o sucesso escolar de todos os alunos;

iv. Apoiar a integração dos alunos na escola e o acesso às diferentes ofertas por esta promovida;

v. Desenvolver iniciativas que promovam a relação da escola com a família, em articu-lação com os docentes do conselho de turma;

vi. Promover mecanismos de devolução de informação às famílias.”

No ano letivo 2017/2018, ao abrigo do Despacho n.º 5907/2017 de 5 de julho de 2017, “é autorizada, em regime de experiência pedagógica, a implementação do projeto de autonomia e fle-xibilidade curricular dos ensinos básico e secundário”, sendo que este normativo define “os princí-pios e regras orientadores da conceção, operacionalização e avaliação do currículo”. Desta feita a remissão para o papel e função do Diretor de Turma faz-se no 17º artigo, relativo à “Gestão do plano curricular da turma” sendo que nas

“dinâmicas de trabalho a implementar, no âmbito do plano curricular da turma, (…) o conselho de turma, coordenado pelo diretor de turma e ou de curso, devem, em regra, garantir:

a) “Um trabalho de natureza interdisciplinar e de articulação disciplinar;

b) Uma atuação preventiva, que permita antecipar e prevenir o insucesso e o abandono escolar;

c) A adequação, diversidade e complementaridade das estratégias de ensino e aprendi-zagem, bem como dos instrumentos de avaliação e dos recursos educativos a adotar na turma;

d) O envolvimento dos alunos no planeamento, desenvolvimento e monitorização do plano curricular da turma;

e) A regularidade da monitorização do referido plano, avaliando, de acordo com a sua intencionalidade, o impacto das estratégias e medidas adotadas;

f) A produção de informação descritiva sobre os desempenhos dos alunos, promovendo aprendizagens de qualidade e a sua autorregulação.”

1 Tal como definido pela circular conjunta da DGAE Geral da Administração Escolar) e da DGE

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Neste despacho dá-se relevância à articulação horizontal do currículo da responsabilidade do Diretor de Turma, com “vista a uma efetiva apropriação dos conhecimentos, bem como ao de-senvolvimento de capacidades e atitudes pelos alunos, as práticas pedagógicas [preconizadas no 18º artigo], valorizar a gestão da articulação horizontal do currículo.”

A aplicabilidade desta flexibilização e autonomia do currículo será tanto maior, quanto mais for ao encontro do despacho nº 6478/2017, de 267 de julho de 2017, no qual se define o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, sendo que este Perfil funciona como matriz comum para todas as escolas e ofertas formativas, nomeadamente no que concerne ao planeamento curricu-lar e à avaliação, o que como já referimos a propósito de outros normativos é uma das funções do Diretor de Turma e, consequentemente, do Conselho de Turma que este preside.

Da análise da legislação sobre o Diretor de Turma, destaca-se o facto de se verificar um con-tínuo no que respeita à definição das funções/competências para o desempenho deste cargo, nome-adamente no que diz respeito ao papel do Diretor de Turma como dinamizador da tríade escola-família-comunidade e às responsabilidades de foro administrativo-burocrático que lhe são atribuí-das. Salienta-se ainda o facto de o cargo ser de aceitação obrigatória, e de não haver do ponto de vista normativo, a definição de formação específica para o seu desempenho.

O exercício de encontrar na legislação todas as referências possíveis ao diretor de turma per-mitiu uma visão, simultaneamente cronológica e global, das formas como se instituiu e configurou este cargo na vida interna das escolas e o seu lugar fundamental na gestão das aprendizagens dos alunos e das relações a estabelecer com os pais e encarregados de educação, com as famílias e a comunidade. Discursos do poder, os normativos legais apresentam-se como fontes fundamentais de informação para construirmos uma visão mais aproximada deste cargo e das suas funções no campo educativo e nas escolas.

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Capítulo 2 – Perspetivas teóricas sobre o cargo de Diretor de Turma, no

âmbito da liderança, da colaboração e da supervisão

“O professor é uma pessoa, um adulto, um ser ainda em desenvolvimento, com um futuro de possibili-dades e um passado de experiências.” (Alarcão & Tava-res, 2003:42)

Neste capítulo, pretendemos explicitar as perspetivas teóricas sobre o Diretor de Turma, a sua atuação e desafios, no contexto da escola atual, tendo em conta os conceitos de liderança, cola-boração e supervisão. A seleção destes três conceitos não foi aleatória, pois como defendido por Favinha, Góis & Ferreira (2012:21), “um diretor de turma capaz de imprimir confiança nos seus pares bem como potenciar formas de participação dos alunos e das famílias nos conselhos de turma está a contribuir para que a escola se torne mais reflexiva, equitativa e justa.”

2.1. A ação do Diretor de Turma na comunidade educativa: suas funções e competên-cias

Depois de traçado o quadro legal no qual se alicerça o papel do Diretor de Turma nos ensinos básico e secundário, é importante que tentemos uma melhor compreensão da sua ação no seio da comunidade educativa.

Assim, tal como vimos no capítulo anterior, no âmbito da autonomia conferida pelos decre-tos-lei 75/2008 e 137/2012 “é dada às escolas a faculdade de se organizarem, de criar estruturas e de as fazer representar”, pelo que ao diretor cabe, entre outras funções, designar os Diretores de Turma que são uma das estruturas de coordenação educativa e de supervisão pedagógica, nomeada-mente no que diz respeito à organização, monitorização, acompanhamento e avaliação das ativida-des definidas para uma turma.

Fruto da expansão da escolaridade obrigatória e do consequente aumento do número de alu-nos, bem como da sua heterogeneidade, surge em 1968, o cargo de Diretor de Turma. Também a fragmentação disciplinar que ocorre a partir do ensino preparatório (atual segundo ciclo de escola-ridade) contribuiu para a necessidade de designar um Diretor de Turma que atue como um gestor pedagógico intermédio e funcione como elo de ligação na tríade alunos – pais e encarregados de educação – professores, assumindo o papel de

catalisador e gestor do esforço de todos os docentes do Conselho de Turma para prover a aprendizagem eficaz e o desenvolvimento integral do aluno, assim como para envolver todos na gestão colaborativa dos currículos, para que os alunos possam optimizar os seus rendimentos académicos e que, desta forma, por esta via se possibilite o seu crescimento pessoal e social. (Roldão, 1995, cit. in Favinha, 2010:180-181)

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Do quadro legal anteriormente analisado, podem destacar-se as funções do Diretor de Turma no que diz respeito às áreas pedagógica, administrativo-burocrática e relacional, tendo em conta os três eixos sobre os quais o Diretor de Turma intervém direta ou indiretamente:

- os alunos - com os quais estabelece uma relação privilegiada no desenvolvimento de com-petências sociais, cívicas e também no acompanhamento e monotorização de questões administra-tivas como o controlo da assiduidade, as justificações de faltas, o processo de avaliação, os proble-mas disciplinares, o envolvimento em projetos de turma, a participação em visitas de estudo;

Neste processo, o diretor de turma apresenta-se como um orientador cuja finalidade é facilitar ao aluno uma aprendizagem que o conduza ao encontro da máxima concordância pos-sível entre as suas capacidades, atitudes, valores e interesses como pessoa, e as atitudes exigidas pelas diversas opções que o mundo, incluindo o do trabalho, lhe apresenta, de modo a conseguir a sua autorrealização. (Coutinho, 1998, cit. in Clemente, 2013:82).

- os pais e encarregados de educação – com os quais deve estabelecer uma relação que vise a corresponsabilização dos diferentes intervenientes no processo de ensino e de aprendizagem, em prol do sucesso e desenvolvimento pessoal, académico e social do aluno;

Família e escola deverão criar, em si mesma, um conjunto de atitudes que tornem reali-dade a existência de uma forte ligação entre elas, sendo que Diez (1989) aponta para quatro atitudes fundamentais para a correta relação escola-família: i) conhecimento da tarefa; ii) res-ponsabilidade; iii) sinceridade e; iv) compreensão.(Clemente, 2013:83)

- e os professores do Conselho de Turma – com os quais deve estabelecer relações de tra-balho cordiais, sustentadas e sustentáveis, em que o espírito de equipa e o tratra-balho colaborativo sejam uma constante.

É neste sentido que o diretor de turma deve socorrer-se das suas competências e perfil pessoal para guiar e mediar as interações entre pares, no sentido de reunir consensos quanto aos objetivos a cumprir, estimulando a interdisciplinaridade e um clima salutar entre professores, possibilitando o cumprimento do principal serviço pelo qual se devem reger, ou seja, a conceção de estratégias pedagógicas que promovam a aprendizagem efetiva de todos os alunos, através do Projeto Curricular de Turma. (Clemente, 2013:80)

No que concerne à direção das escolas e aos restantes atores da comunidade educativa, sejam eles agentes operacionais, bibliotecários, psicólogos, professores de educação especial ou outros, caberá também ao Diretor de Turma fazer a ligação entre estas estruturas e os seus alunos e respe-tivas famílias.

Nesta perspetiva, apresenta-se de seguida um quadro que procura sistematizar as funções do Diretor de Turma, enquanto gestor intermédio, a partir da abordagem feita por Mintzberg (citado por Chiavenato, 2004:6 e por Jacinto, 2006:16), que elenca dez papéis desempenhados por um ges-tor, agrupando-os em três dimensões: a interpessoal (que diz respeito às relações estabelecidas entre

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os diferentes atores); a informacional (que diz respeito à troca de informações entre os vários in-tervenientes) e a decisional (que diz respeito a eventuais decisões e escolhas dos diferentes interve-nientes no processo educativo).

Quadro 2 – Papéis desempenhados pelo gestor adaptados às funções do Diretor de Turma, segundo Mintzberg (1973)2

Ca-tegoria

Papel do Diretor de Turma – Atividades Interve-nientes Pap el i nte rpes soa l

Representativo – Desempenha funções de representação da

turma perante as estruturas diretivas, conselho de diretores de turma, conselho de turma, Encarregados de Educação, ou outras entidades.

Líder – Responsável pela direção, motivação e orientação dos

alunos, pela cooperação entre os professores do conselho de turma e pelo envolvimento dos encarregados de educação na vida escolar.

Ligação – Mantém a rede de comunicação, sendo o elo de ligação

entre a escola e a família.

Alunos Encarre-gados de Educa-ção Professo-res do Conselho de Turma Técnicos do Serviço de Pap el i nfo rm a ci on al

Monitor – Fornece e recebe informação sobre o sistema e os

pro-cedimentos da organização, bem como de cada aluno da sua turma, e da turma em geral, a nível do aproveitamento, comportamento, saúde, etc.

Disseminador – Transmite informação recebida do exterior

(le-gislação, informações dos encarregados de educação, Regulamento In-terno, etc.) para os alunos e professores do conselho de turma

Porta-voz – Transmite informações (legislação, Regulamento

In-terno, comportamento, aproveitamento, etc.) aos encarregados de edu-cação ou outras entidades exteriores à escola.

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Empreendedor – Inicia projetos, coordena e organiza com os

alunos/professores e encarregados de educação – atividades culturais, sessões de grupo, visitas de estudo, projetos, …

Resolução de Conflitos – Toma uma ação corretiva, orienta,

har-moniza e gere situações de indisciplina, mediador de conflitos, entre os diversos atores – Professores, Alunos e Encarregados de Educação

Distribuidor de Recursos – Promove a rentabilização dos

servi-ços e recursos da escola a fim de garantir a estabilidade da sua turma para melhor aproveitamento e comportamento.

Negociador – Representa os interesses da escola e dos alunos,

promove atividades, procura soluções e toma decisões relacionadas com a sua turma, implicando professores, alunos e encarregados de educação, nas mais diversas atividades, de modo a promover o sucesso escolar.

Apoio Educa-tivo

Outros

De tudo o que já dissemos, o Diretor de Turma é simultaneamente um docente da turma, pelo que para além das características explanadas, podemos acrescentar ao seu perfil, as caracterís-ticas definidas no perfil de desempenho profissional dos educadores e dos professores dos ensinos básico e secundário, designados no Decreto-Lei n.º 240/2001, nomeadamente no anexo IV, que diz respeito à Dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade:

“1. O professor [Diretor de Turma] exerce a sua atividade profissional, de uma forma inte-grada, no âmbito das diferentes dimensões da escola como instituição educativa e no contexto da comunidade em que esta se insere.

2. No âmbito do disposto no número anterior, o professor [Diretor de Turma]:

a) Perspetiva a escola e a comunidade como espaços de educação inclusiva e de intervenção social, no quadro de uma formação integral dos alunos para a cidadania de-mocrática;

b) Participa na construção, desenvolvimento e avaliação do projeto educativo da escola e dos respetivos projetos curriculares, bem como nas atividades de administração e gestão da escola, atendendo à articulação entre os vários níveis e ciclos de ensino;

c) Integra no projeto curricular saberes e práticas sociais da comunidade, con-ferindo-lhes relevância educativa;

d) Colabora com todos os intervenientes no processo educativo, favorecendo a criação e o desenvolvimento de relações de respeito mútuo entre docentes, alunos, encarre-gados de educação e pessoal não docente, bem como com outras instituições da comunidade;

e) Promove interações com as famílias, nomeadamente no âmbito dos projetos de vida e de formação dos seus alunos;

f) Valoriza a escola enquanto polo de desenvolvimento social e cultural, coo-perando com outras instituições da comunidade e participando nos seus projetos;

g) Coopera na elaboração e realização de estudos e de projetos de intervenção integrados na escola e no seu contexto.”

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Para além das competências e do perfil até agora esboçado, os normativos e os estudos rea-lizados a propósito do cargo de Diretor de Turma definem igualmente as qualidades que este deve ostentar. Marques (2002), citado por Martins (2005:72) diz que o Diretor de Turma

deve saber ser amigo, ter firmeza sempre e quando necessário, maturidade, paciência, gostar de ajudar os alunos, tomar decisões atempadamente, ser capaz de traçar metas ambicio-sas, mas realistas, não exigir o que está para além das capacidades dos alunos, [ser] aberto e conhecer as diferenças de culturas, ser bom comunicador e eficaz na orientação de reuniões, sendo que a principal qualidade que o director de turma deve possuir é a capacidade para ouvir o outro.

No quadro seguinte, procuraremos elencar as qualidades do diretor de turma baseados em Marques (2002) adaptado de Martins, (2005), sendo que os autores fundamentaram as suas opções na legislação.

Quadro 3 - Qualidades do diretor de turma baseado em Marques (2002) e adaptado de Mar-tins (2005)

Qualidades humanas Qualidades científicas

➢ Capacidade de comunica-ção (saber escutar o outro)

➢ Maturidade ➢ Sociabilidade ➢ Aceitação do outro ➢ Responsabilização ➢ Pedagógica ➢ autenticidade ➢ aceitação do outro ➢ empatia ➢ Psicologia ➢ Didática

Qualidades técnicas Atitudes

➢ Condução de Reuniões ➢ Organização de dossier ➢ Respeito ➢ Otimismo ➢ Flexibilidade ➢ Coerência ➢ Altruísmo ➢ Cooperação ➢ Sinceridade ➢ Honestidade ➢ Confiança ➢ Realismo ➢ Justiça ➢ Compreensão

Ao Diretor de Turma, enquanto mediador, cabe ainda a tarefa de gestor de conflitos, sendo que

Se o director de turma assumir uma postura de mediador, procurando ouvir os diferentes pontos de vista, acalmando as tensões emocionais, fazendo convergir os pontos de interesses e propiciando novas respostas aos problemas, sem dúvida essas atitudes generalizar-se-ão pelo Conselho de turma e por outros segmentos da comunidade escolar. Se uma forma construtiva e positiva de resolver conflitos reinar no Conselho de turma essa conduta irá reflectir-se nos alu-nos. Onde o respeito e as responsabilidades individuais são levadas a sério, surgem menos con-flitos ou, pelo menos, torna-se mais fácil chegar a soluções adequadas. (Favinha, 2010:197)

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Deste modo, é desejável que a Escola, através dos seus atores, se torne mais motivadora para os alunos, crie condições para o desenvolvimento global e harmonioso destes, que desenvolva apti-dões e capacidades, comportamentos e atitudes propiciadoras de uma formação integral, ajudando, assim, os alunos a "crescer", para, num futuro próximo, podermos ter uma sociedade de pessoas livres, responsáveis na sua dimensão individual/social, promotoras da sua autonomia, cidadãos crí-ticos e intervenientes, em suma, pró-ativos.

Cabe pois à Escola, através do seu corpo docente e não docente, em particular através do Diretor de Turma e do Conselho de Turma que coordena, motivar os alunos, independentemente das suas capacidades, meio cultural, socioeconómico e, através da sua política educativa e ativida-des, proporcionar-lhes um ambiente de tolerância e de harmonia, no qual as crianças e os jovens desenvolvam as suas potencialidades e interesses, conscientes das responsabilidades para com eles próprios, para com os outros, para com a escola e para com a comunidade numa transversalidade de saberes e de competências em que esteja presente toda a comunidade escolar.

Assim, consideramos fundamental que a ação do Diretor de Turma e, consequentemente, do Conselho de Turma vá ao encontro do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (12º ano), cuja implementação se torna obrigatória a partir do ano letivo 2017/2018, tal como previsto no Despacho nº 6478/2017, de 26 de julho de 2017.

Na introdução do Perfil, pode ler-se que a sua implementação visa “garantir a todos as me-lhores oportunidades educativas, independentemente do percurso escolar que cada um possa realizar em função dos seus objetivos” (p.5).

Essa garantia de melhoria de oportunidades educativas está igualmente consagrada no Perfil, que se constitui como “um referencial educativo único que, aceitando a diversidade de percursos, assegure a coerência do sistema de educação e dê sentido à escolaridade obrigatória.” (p.5)

Desta forma, este Perfil

aponta para uma educação escolar em que os alunos desta geração global constroem e sedimentam uma cultura científica e artística de base humanista. Para tal, mobilizam valores e competências que lhes permitem intervir na vida e na história dos indivíduos e das sociedades, tomar decisões livres e fundamentadas sobre questões naturais, sociais e éticas, e dispor de uma capacidade de participação cívica, ativa, consciente e responsável. (p.5)

A ação do Diretor de Turma e do Conselho de Turma, será tanto mais implicada neste Perfil, quanto mais as decisões de cada Conselho, previstas em cada Plano de Turma, forem ao encontro das Implicações Práticas propostas para os docentes, tendo em conta que a

ação educativa é, pois, compreendida como uma ação formativa especializada, fundada no ensino, que implica a adoção de princípios e estratégias pedagógicas e didáticas que visam a concretização das aprendizagens. Trata-se de encontrar a melhor forma e os recursos mais efi-cazes para todos os alunos aprenderem, isto é, para que se produza uma apropriação efetiva dos conhecimentos, capacidades e atitudes que se trabalharam, em conjunto e individualmente, e

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que permitem desenvolver as competências previstas no perfil ao longo da escolaridade obriga-tória. (p.24)

2.1.1. Alguns fatores limitativos no desempenho das funções do Diretor de Turma

Definida a ação do Diretor de Turma na comunidade educativa, elencadas as suas funções, competências e até um perfil, importa referir que subjacentes ao desempenho do cargo de Diretor de Turma estão alguns fatores que o condicionam, sendo que Marques (2002, cit. in Silva, 2007), refere dois grandes fatores limitativos: de origem pessoal e de origem institucional.

Também Clemente (2013), se debruçou sobre estas questões e acrescentou outros fatores, sendo que procuraremos sistematizar no quadro seguinte as propostas de ambos.

Quadro 4 – Fatores limitativos no desempenho da função de Diretor de Turma

Origem pessoal Origem institucional

➢ ausência de formação específica, li-mitações na sua formação pedagógica;

➢ limitações no desenvolvimento pessoal relativamente à sua atuação como orienta-dor;

➢ limitação da sua orientação vocaci-onal;

➢ desmotivação para a realização de tarefas relativas ao cargo;

➢ individualismo docente ou falta de relacionamento entre pares;

➢ mobilidade dos professores; ➢ limitação da coordenação da equipa pedagógica;

➢ limitação da possibilidade de for-mação específica adequada para ultrapassar as difi-culdades da comunidade escolar local;

➢ limitação de formação para o cargo de diretor de turma;

➢ limitações de meios;

➢ elevado número de alunos por turma e tempos letivos elevados;

➢ excesso de trabalho burocrático; ➢ limitações da cultura organizacio-nal da escola;

➢ limitação de ambientes propícios ao trabalho de equipa e dinâmica de grupo;

➢ legislação pouco esclarecedora; ➢ limitações no espaço para receber os pais ou encarregados de educação;

➢ discussão nos Conselhos de Turma centrada em aspetos de menor relevância.

Imagem

Figura 5 - Exemplo do processo de categorização (CAT) e subcategorização (SUB) dos dados com  recurso ao NVivo11

Referências

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