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Avaliação da necessidade de formação contínua de professores na perspectiva da escola inclusiva

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE DE FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DA ESCOLA INCLUSIVA

DÉBORA LÚCIA LIMA LEITE UFC

deboraleite@oi.com.br

MARIA ISABEL FILGUEIRAS LIMA CIASCA UFC

isabelfil@uol.com.br

Introdução

A formação continuada e a inclusão de crianças portadoras de necessidades educativas especiais são temas atuais, emergentes no sistema educacional brasileiro, respaldados por uma legislação que reconhece o direito à diferença. Ações em direção à garantia de uma escola pública, qualificada e democrática tendem a suprimir atitudes que marginalizam e segregam uma grande parcela dos educandos das escolas regulares, impedindo que desenvolvam, com sucesso, o percurso escolar. Investir na melhoria da educação e principalmente na formação continuada dos docentes é também assegurar a criação e/ou manutenção de recursos que possibilitem a integração desse alunado.

Assim, o problema central desse estudo consiste em avaliar a necessidade de formação contínua para professores que, cumprindo o que preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN), lei nº 9394/96, devem estar preparados para atender aos portadores de necessidades educativas especiais, oferecendo igualdade de oportunidades com o objetivo de uma educação para todos e com todos.

A relevância deste estudo reside na importância da formação permanente para os professores responsáveis pelo atendimento das populações escolares cada vez mais diversificadas, bem como na consciência dos obstáculos com que se depara o professor na prática pedagógica inclusiva. De acordo com Baumel (1998), toda escola se depara com expectativas e necessidades diversas dos alunos (op. Cit.: 38).

Fundamentos e Perspectivas

A formação de professores constitui, há muito tempo, uma das principais preocupações dos sistemas educacionais, quer através da formação inicial, quer através da formação contínua (ou continuada), entendida como formação permanente.

¹ Autora: Mestranda em Educação Brasileira e Professora Substituta na Universidade Federal do Ceará – UFC.

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Relativamente à formação inicial, as recomendações de 1966 da UNESCO são geralmente aceitas como base para a preparação dos futuros professores. A formação contínua se diferencia dependendo da localidade, embora haja consenso em relação a uma forma de educação permanente, pessoal e profissional. Tem sido definida como o conjunto de atividades que se realizam após a formação inicial, que apresenta como objetivo desenvolver os conhecimentos e competências dos professores tendo em vista o seu afeiçoamento profissional (Laderrière apud Rodrigues e Esteves, 1993).

Segundo esse autor, verificam-se diferenças em relação às finalidades (a formação pode se relacionar com a insuficiência da formação inicial, mas também pode ter em vista um aperfeiçoamento ou preparação para o desempenho de outras funções); ao orçamento disponível; à elaboração de planos e programas de formação; à diversidade (notadamente em relação aos formadores, mais heterogêneos do que os que se ocupam da formação inicial).

A noção de formação contínua está subjacente à noção de formação, que compreende várias interpretações, do ato de formar ao efeito de formar ou mesmo ao modo de formar.

O Conceito de necessidade

Uma necessidade é, num primeiro momento, algo que está relacionado com a natureza biológica do ser humano. A literatura sobre este assunto refere que a sobrevivência, o bem estar e o desenvolvimento do ser humano sejam em nível biológico, psicológico ou social dependem da satisfação de necessidades que consideram fundamentais ou autênticas.

A sua descrição tem sido preocupação de alguns autores que desenvolveram tipologias de necessidades, das quais destaca-se Maslow (1943, 1954), que as hierarquizou de acordo com cinco categorias: fisiológicas, de segurança, amor, estima e auto-realização (cit. in: Sprinthall & Sprinthall, 1993).

Lafon (1979), por sua vez, referiu necessidades de tipo vegetativo, sensório-motor, afetivo e social, intelectual e cultural, coletivo, moral e espiritual, considerando, no entanto, a par destas necessidades fundamentais nas quais insere a educação, as necessidades específicas de cada indivíduo e o seu caráter evolutivo. Essas necessidades são, pois, uma expressão individual ou coletiva, podendo coexistir necessidades antagônicas e conflituais no mesmo indivíduo, nos grupos ou nos sistemas.

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Perspectiva do diagnóstico

Nessa perspectiva, as necessidades têm pouco uso no âmbito da educação, pela dificuldade que há em estabelecer uma relação causal entre beneficio e prejuízo. Segundo Suarez, (1985), a maior parte dos estudos sobre necessidades se baseia numa destas três definições de necessidade que, de modo geral, parecem ir ao encontro das perspectivas enunciadas por Stufflebeam (1985):

1. De discrepância, introduzida por Kaufman, em 1972, segundo a qual as necessidades são áreas deficitárias que se situam entre dois pólos: entre o que é e o que deve ser, o que parece se aproximar da perspectiva da discrepância, apontada por Stufflebeam (op. Cit.);

2. De desejo ou preferência (algo que se quer, que se deseja ou a que se dá preferência). Segundo essa definição, a identificação de necessidades não passa pela determinação de discrepâncias, mas pelas percepções dos indivíduos e de grupos selecionados, o que parece corresponder à perspectiva democrática identificada por Stufflebeam (op. Cit.);

3. De “déficit”, segundo a qual existe uma necessidade se houver deficiência ou ausência numa determinada área, o que, certamente, parece encontrar correspondência na perspectiva do diagnóstico de que Stufflebeam (op. Cit.) argumenta.

Para Stufflebeam (op. Cit.), a avaliação de necessidades permite identificar e analisar os valores de uma determinada população, elementos fundamentais para a tomada de decisões tanto acerca do planejamento quanto do desenvolvimento de programas educativos, apesar da enorme complexidade de que se reveste, uma vez que lhe estão subjacentes valores e crenças, as quais, na sua opinião, citando Guba e Lincoln (1982), importam especificar.

No âmbito da formação, a noção de análise de necessidades surgiu associada à educação de adultos, de onde passou para a formação contínua de professores. Segundo Barbier e Lesne (1977), essa noção, quando surgiu, parecia uma preocupação dos formadores quanto à eficácia da prática pedagógica desempenhada. Com a análise de necessidades, procurava-se, essencialmente, a adesão dos formandos à formação, o que facilitava consideravelmente o trabalho dos formadores: a problemática da formação.

Objetivos da Pesquisa

O objetivo geral desta pesquisa consiste em investigar as expectativas dos docentes, no que diz respeito à formação para o trabalho com alunos portadores de necessidades educativas especiais.

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Os objetivos específicos visam identificar as necessidades constatadas pelo professor na prática educativa, não contempladas na formação básica inicial; investigar o tipo de formação obtida pelos professores que atuam em salas de ensino regular atendendo a portadores de necessidades educativas especiais.

Método

Em virtude da natureza do problema, foi adotada a pesquisa quali-quantitativa, de natureza avaliativa, considerada uma forma de pesquisa social, aplicada, sistemática, planejada e dirigida. Destina-se a identificar, obter e proporcionar, de maneira válida e confiável, dados e informações suficientes e relevantes para apoiar um juízo sobre o mérito e valor de diferentes componentes de um programa. Aplica-se, ainda, a um conjunto de atividades específicas que se realizam, foram realizadas ou realizar-se-ão com o propósito de produzir efeitos e resultados concretos, direcionando assim a tomada de decisões (Vasconcelos, 2002).

População

A população é finita, constituída por professores do Ensino Fundamental da rede pública de ensino do Estado do Ceará que atendem em suas salas regulares alunos portadores de necessidades educativas especiais.

Amostra

O tamanho da amostra será definido estatisticamente considerando a população de professores e a sua distribuição em escolas seguindo critérios que objetivem cobrir de forma igualitária toda a área da cidade de Fortaleza.

Instrumentos

Roteiro de entrevista semi-estruturada construído objetivando a obtenção de dados qualitativos, com vistas à identificação de implicações que possam contribuir para o êxito da escola inclusiva.

Roteiro para análise documental de cursos de preparação para professores de alunos portadores de necessidades educativas especiais.

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Procedimentos

As entrevistas serão aplicadas aos professores individualmente em suas respectivas escolas. No contato inicial com os sujeitos, serão informados os objetivos e a importância da pesquisa, sendo assegurado o sigilo dos dados obtidos. O período da pesquisa compreende janeiro a dezembro de 2006.

A análise documental será realizada junto à Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará – SEDUC, na célula de formação de professores.

A análise dos dados envolverá um estudo estatístico descritivo dos sujeitos, bem como análise de conteúdo das entrevistas, que permitirá a organização dos depoimentos obtidos em categorias de sentido.

Resultados / Conclusões Preliminares

Uma vez que a pesquisa será realizada no período de janeiro a dezembro de 2006 ainda não temos resultados preliminares. Entretanto, quando se visualiza a dimensão formativa como um componente integrante do processo de ensino-aprendizagem, a avaliação e a necessidade de formação continuada adquirem relevo, principalmente quando se trata de uma clientela especial como é o caso dos portadores de necessidades educativas especiais.

Referências Bibliográficas

BARBIER, J.M., LESNE,M. L´Analyse des Besoins en Formation. Champigny-sur-Marne: R. Jauze, 1977.

BAUMEL, R.C.R.C. E Escola Inclusiva: Questionamentos e Direções. In: INTEGRAR INCLUIR DESAFIO PARA A ESCOLA ATUAL. Org. BAUMEL,R.C.R.C., SEMEGHINI,I. São Paulo: FEUSP,1998.

LAFON, R. Vocabulaire de Psychopédagogie et de Psychiatrie de l’Efant. Paris: Press Universitaires de France. 1979.

RODRIGUES, A. ESTEVES,M. A análise de Necesidades na Formação de Profesores, Porto: Porto Editora, col. Ciências da Educação, 1993.

SPRINTHALL, N.A., SPRINTHALL, R. C. Psicologia Educacional. Lisboa: McGRAW-HILL de Portugal, 1993.

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SUAREZ, T.M. Needs Assessment Studies. International Encyclopedia of Education, ed. HÚSEN E POSTLETHAITE. U. K.: Pergamon Press, 1985.

VASCONCELOS, E. M. Complexidade e pesquisa interdisciplinar. Petrópolis: Vozes, 2002.

ANEXO

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"DRAFT" DA ENTREVISTA

(VERSÃO PRELIMINAR)

1) Qual a sua formação na área de Educação Especial e em que órgão ou instituição ocorreu? 2) Como você avalia a qualidade dessa formação?

3) Quais as principais dificuldades encontradas para a prática educativa com os alunos especiais? 4) Quais as necessidades especiais mais freqüentes em suas salas de aula?

5) Que práticas ou métodos de ensino você sentiu necessidade de criar para a melhoria do desempenho dessas crianças ?

6) Que sugestões você recomenda para suprir as lacunas da formação?

Referências

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