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Educação para os media em contexto de educação pré-escolar

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

EDUCAÇÃO PARA OS MEDIA EM CONTEXTO DE

EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

RELATÓRIO DE ESTÁGIO DO MESTRADO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

SÍLVIA MANUELA FERREIRA DE SÁ OLIVEIRA

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

EDUCAÇÃO PARA OS MEDIA EM CONTEXTO DE

EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

RELATÓRIO DE ESTÁGIO DO MESTRADO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

SÍLVIA MANUELA FERREIRA DE SÁ OLIVEIRA

Investigação realizada sob a orientação do Professor Doutor Joaquim

José Jacinto Escola, com a coorientação da Educadora Eugénia Necho.

Relatório Final, correspondente ao Estágio de natureza Profissional/Prática de Ensino supervisionado, elaborado para a obtenção do grau de Mestre em Educação Pré-Escolar, de acordo com o Decreto-Lei Nº 74/2006 de 24 de Março e Nº 43/2007 de 22 de Fevereiro.

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Agradecimentos

Ao Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola, orientador da dissertação de mestrado, pela disponibilidade, apoio, pela partilha de saberes e por toda a contribuição que teve para o desenvolvimento do presente trabalho, obrigado.

À Educadora Eugénia Necho, coorientadora do presente trabalho investigativo e também Educadora Cooperante do estágio realizado, agradeço pela contribuição preciosa para o desenvolvimento deste projeto, pois se o realizei devo-o a si, as ideias e sugestões que amavelmente sempre partilhou comigo, obrigado por isto, mas sobretudo por ter sido sempre a pessoa que foi comigo em tudo, durante o processo de Estágio, esplendorosa.

Às crianças com quem trabalhei no transacto ano letivo, pois foram parte integrante para que a iniciação e o desenvolvimento deste trabalho se realizasse, jamais as esquecerei.

Às minhas amigas e companheiras de todo o meu processo académico, Bruna Costa e Karina Machado. Obrigado por sempre me terem acompanhado em todo o envolvimento académico, em todos os sentidos. Obrigado por terem sido e por serem as amigas que são e por fazerem parte da minha vida. Termina-se este ciclo com a certeza que a amizade será eterna.

À minha família, irmãos, sobrinhos e cunhadas, por sempre estarem presentes apoiando-me e acompanhando-me inquestionavelmente em todos os momentos da minha vida, são a minha essência.

Aos meus pais, devo-lhes tudo, obrigado por me terem proporcionado tudo aquilo que sempre desejei e por fazerem de mim a pessoa que sou, fazendo sempre todos os sacrifícios que fossem necessários para que isso acontecesse. Principalmente por me darem o amor incondicional que tenho de vocês e tudo que isso acarreta.

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Resumo

O presente trabalho investigativo, intitulado de “Educação para os Media em contexto de Educação Pré-Escolar”, procura primordialmente relatar factos abrangidos pelo tema, na prática de Estágio supervisionado realizado em âmbito de Jardim-de-Infância, bem como a uma fundamentação teórica em torno deste tema. Utilizou-se a série educativa Ruca, como “instrumento” para aplicar na sala de aula, um trabalho de visionamento ativo de episódios. Esta série foi utilizada devido à sua abrangência em termos da abordagem de temas e conteúdos, bem como à veneração e identificação que as crianças possuem pela sua globalidade.

O trabalho realizado consistiu no esmiuçamento de ocorrências, presentes em cada episódio, retirando de cada um aprendizagens significativas em várias áreas e domínios presentes nas “Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar”. Foi realizado um trabalho de alfabetização audiovisual, uma instrução no sentido da realização de uma leitura de imagens e de descodificação de mensagens e atitudes, não fazendo uma leitura superficial de cada representação nem utilizando o visionamento de cada episódio somente como uma forma de entretenimento, ao qual estariam habituados, mas sim num momento de aquisição ativa de aprendizagens e de desenvolvimento de competências a vários domínios. O objetivo seria que as crianças alongassem os conhecimentos e práticas de visionamento adquiridas, para quaisquer outras séries e imagens que pudessem visualizar, fora ou dentro da escola, de forma a tornarem-se espetadores e recetores ativos e críticos de informação.

Cada episódio explorado em âmbito de estágio supervisionado teve a sua pertinência, tendo sido utilizado como: instrumento de introdução de temas na sala de aula; dar seguimento a um conteúdo ou tema; abordagem específica de um conceito; ferramenta para a inicialização de uma atividade prática.

Este trabalho investigativo possui ainda, um conjunto de fichas técnicas destinadas a Educadores de Infância e a profissionais educativos, de um corpus significativo de episódios do Ruca contendo informações úteis para o suporte de visionamento e exploração individual de cada um. É uma ferramenta de consulta, com o objetivo da adquirição de informações de uma forma rápida e generalizada acerca de cada episódio presente, possuindo os seguintes tópicos de análise: título; duração;

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sinopse; personagens; áreas de conteúdo presentes; tema principal; valores transmitidos; propostas de atividades.

Palavras-chave: Educação para os Media, Educação de Infância; Alfabetização

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Abstract:

The investigation work, titled “Education for the Media in the context of Preschool Education” seeks primarily to report facts covered by the topics of the subject studied on behalf of the supervised internship conducted in context with the Preschool Teaching areas of study. The educational children’s television series “Ruca” was used as a learning tool applied in the classroom: a work of active viewing of episodes. This educational tool was used due to its wide and comprehensive approach in terms of themes and content, as well as due to the importance that children offer to the series in its globalism.

The main goal of the work was to analyse all the scenes in each episode and taking, from that, significant learning in several fields and domains presented in the “Curricular Guidelines for Preschool Education”. A work that consisted in teaching children, by means of audiovisual literacy, to watch, read and decode images, messages and attitudes, not doing only the superficial viewing of each episode nor using it only for purposes of entertainment, which children would be used to, but doing it in a moment of active acquisition and development of skills in various fields of learning. The goal would be to have children developing their knowledge and acquired viewing practises in any other series and images that they would see, inside or outside school, making them active spectators, active receivers and information reviewers.

Each episode explored on behalf of the supervised internship had its relevance for the study being used as: an instrument for introducing topics in the classroom; to follow up a subject or content; to do a specific approach to a concept; as a tool to initiate a practical activity.

This investigation also features a whole set of technical sheets (work sheets) aimed at Kindergarten Teachers and Educational Professionals, from a significant group of “Ruca” episodes containing useful information to support the visioning and exploration of each one. It is a query tool that easily allows acquiring information, in a fast and widespread way, about every episode, having the following analysis topics: title, duration, synopsis, characters, content areas, principal subject, transmitted values, and proposed activities.

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Keywords: Media Education, Childhood Education, Audiovisual Literacy; Decoding

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Índice Geral

Introdução ... 1

I Parte – Fundamentação Teórica ... 4

1. Fundamentação teórica ... 5

1.1. Educação ... 5

1.2. Comunicação ... 9

1.3. Definição de Educação para os Media ... 13

1.4. Educação para os Media, porquê e para quê? ... 16

1.5. O papel da Escola/Docente perante a Educação para os Media ... 19

1.6. A evolução da Educação para os Media ... 27

1.7. Alfabetização audiovisual ... 36

II PARTE- A educação para os Media na Educação Pré-Escolar. ... 41

2. A Educação para os Media na Educação Pré-Escolar ... 42

2.1. Funções da Educação Pré-Escolar ... 42

2.2. Integração dos Media nas Orientações Curriculares na Educação pré-escolar 45 2.3. Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar ... 47

III PARTE- A Educação para os Media na prática de ensino supervisionada. ... 50

3. Objeto de Estudo ... 51

3.1. Objetivos a atingir ... 53

4. Contexto Educativo do presente Estudo………...54

4.1. Meio Envolvente………...54

4.2. Tipo de Instituição e seu funcionamento ... 56

4.3. Sala de atividades ... 57

4.4. Caracterização do grupo ... 58

5. Educação para os Media na prática Educativa efetuada………...62

5.1. Justificação das atividades realizadas ... 67

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5.3. Resultados das atividades realizadas……….73

5.4. Dificuldades encontradas no decorrer das atividades………85

6.Apresentação de uma parte do corpus - Episódios do Ruca……….86

6.1. O sucesso do Ruca no seio da comunidade infantil………..……….87

6.2. Caracterização das personagens ... 90

6.2.1. Núcleo Familiar ... 91

6.2.2. Os amigos do Ruca ... 97

6.2.3. Outras personagens ... 101

6.3. Espaços envolventes ... 102

7. Apresentação de resultados ... 104

7.1. Categorização (Episódios analisados em contexto de estágio) ... 104

7.2. Fichas técnicas ... 112

Listagem de episódios presentes: ... 112

8. Conclusão ... 114

Anexos ... 119

9. Anexos ... 120

9.1. Anexo 1 ... 120

DECLARAÇÃO DE GRÜNWALD SOBRE EDUCAÇÃO PARA OS MEDIA ... 120

9.2. Anexo 2 ... 123

Planificações utilizadas em contexto de Estagio ... 123

9.3. Autorização para divulgação de imagens das crianças ... 137

9.4. Fichas Técnicas ... 138

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Género das crianças ... 58

Tabela 2 - Idade das crianças ... 59

Tabela 3- Profissão das mães... 60

Tabela 4 - Profissões dos Pais ... 61

Tabela 5 - Personagens presentes nos episódios analisados ... 104

Tabela 6 - Temas presentes em cada episódio ... 105

Tabela 7 - Valores presentes em cada episódio ... 107

Índice de Figuras

Figura 1 - Passarinhos realizados pelas crianças ... 76

Figura 2 - Cabrinhas realizadas pelas crianças ... 78

Figura 3 - Animais da quinta, com diferentes texturas ... 81

Figura 4 - Projeção do filme do dia do Pai ... 82

Figura 5 - Visionamento do episódio "A chegada da Primavera" ... 85

Figura 6 - Crianças com os colares de flores elaborados pelos próprios ... 85

Figura 7 - Conjunto de produtos disponíveis no mercado com o uso da imagem do Ruca ... 89

Figura 8 - Personagem, o Ruca ... 91

Figura 9 - Mãe do Ruca ... 92

Figura 10 - Pai do Ruca ... 93

Figura 11- Rosita ………...94

Figura 12- Riscas……….95

Figura 13 - Avô do Ruca ... 98

Figura 14 – Avó do Ruca ... 97

Figura 15 – Amigos do Ruca ... 98

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Figura 17 – Casa do Ruca ... 103

Índice de Gráficos

Gráfico 1- Habilitações literárias das mães ... 60 Gráfico 2 - Habilitações literárias dos pais ... 61

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Introdução

Os constantes e céleres desenvolvimentos ocorridos a nível mundial, em termos de evoluções tecnológicas invadem diariamente as nossas casas e as nossas vidas, obrigando-nos a estar constantemente em atualizações, seja qual for o lugar que ocupemos na sociedade, caso contrário, corremos riscos avassaladores. As crianças atualmente, crescem na denominada “era tecnológica”, desde o nascimento que visualizam e contactam imediatamente com as novas tecnologias, o que ao longo do seu crescimento e a permanente aprendizagem que fazem intuitivamente com os mesmos, conclui numa evolução em termos de aprendizagens e domínios nestes termos, assim como, adquirem informações através dos media que não é filtrada e acarretam-nas, na maioria das vezes, como verídicas e verosímeis. Será que pais e educadores estão preparados para receberem e terem, respetivamente, filhos e alunos que possuem um conhecimento a nível tecnológico superior ao seu, ou que por ventura as informações apreendidas através dos meios de comunicação social ultrapassem aquilo que dominam frequentemente? Ou os media, podem ser encarados como uma ferramenta profícua na educação e na aprendizagem das nossas crianças?

É nossa intenção, ao longo deste trabalho investigativo dar respostas às questões acima posicionadas, assim como, realçar o lugar da Educação como o alicerce fundamental para um “convívio” saudável e harmonioso entre as crianças e as novas tecnologias, através da implementação de uma Educação para os Media, tema ao qual nos focamos fundamentalmente. Se analisarmos os artigos 13 e 17 da Convenção dos Direitos da Criança, aludem para que haja o “direito à liberdade de expressão”, que “compreende a liberdade de procurar, receber e expandir informações e ideias” e a “importância exercida pelos órgãos de comunicação social” no assegurar “ o acesso à criança à informação” (UNICEF, 2004, p.10 e 12). Tal como nos preconiza a UNESCO, a Educação para os Media, deveria ser implementada o mais preliminar possível na vida das crianças e se desenrolar ao longo das suas vidas, quer numa educação formal, quer na não formal. É essencial dota-las com capacidades avaliativas e críticas em relação ao que visualizam e com faculdades de extração de informações e aprendizagens úteis ao seu saber, na interpretação e compreensão, na leitura crítica e na gestão da informação que efetuam (Masterman, 1993). Cabe a Educadores e Professores desempenharem um

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papel ativo na articulação entre os media e as crianças, de forma a incutir-lhes saberes e técnicas em busca de uma construção ao nível do conhecimento e da aprendizagem.

Aproveitar as vivências e as preferências das crianças em torno dos meios audiovisuais é um fator que deve ser levado em consideração por parte de educadores pois:

A actividade televisiva, tal como a entendemos, está longe de ser uma actividade simples e linear, como à partida poderia parecer. Considerar que o consumo televisivo começa com a produção e emissão das mensagens, e termina com a sua recepção, é uma forma míope de o entender. Ver televisão envolve igualmente uma multiplicidade de práticas sociais e de experiencias que antecedem, sucedem, e precedem os tempos dessa actividade (Pereira, 1998, p.12).

Utilizou-se na prática pedagógica efetuada, a série infantil Ruca, como instrumento para a realização de Educação para os Media na sala de aula. Focamo-nos na visualização de episódios desta série, analisados previamente, onde eram retiradas e trabalhadas as áreas de conteúdo presentes nas “Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar”. Com eles, as crianças foram “ensinadas a ver”, a olhar de outra forma para as mensagens veiculadas, realizando um trabalho em termos de desenvolvimento cognitivo, onde posteriormente se efetuavam diversas atividades de forma a serem trabalhadas outras competências, ou seja, era retirado o proveito máximo da atividade principal, do visionamento do episódio. Na nossa consideração, esta será uma ferramenta útil para educadores de infância utilizarem nas suas práticas letivas, devido aos conteúdos didáticos que esta série possui de uma forma generalizada, e de ser um excelente instrumento de introdução ou de conclusão de um tema e ainda dar seguimento à realização de atividades práticas.

Este trabalho investigativo, está dividido em três partes, onde a primeira foi consagrada à fundamentação teórica sobre o tema “Educação para os Media”, passando pela análise de diversos conceitos e conjeturas, pronunciando e seguindo-nos por fundamentações consagradas neste tema, como David Buckingham, Jacques Gonnet, Tornero, Masterman, entre outros.

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A segunda parte, refere-se à Educação para os Media na Educação Pré-escolar, aludindo aos documentos representativos e referenciais deste nível de ensino e o que eles nos transmitem e referenciam em relação ao tema em questão, indicando a pertinência do mesmo na sua implementação.

A última parte, referencia a Educação para os Media realizada na prática de ensino supervisionado. Faz uma abordagem inclusiva do contexto educativo ao qual se insere, assim como, as atividades aí realizadas, os objetivos e os resultados de cada uma. Esta parte inclui ainda uma análise de um corpus representativo de episódios do Ruca, ao qual se esmiuçaram diversos aspetos sobre os mesmos, nomeadamente, o sucesso da série no seio da comunidade infantil, a caracterização dos personagens e das imagens interiores e exteriores que são (é) frequente visualizarmos nos episódios do Ruca. Transpomos uma apresentação de resultados em termos da categorização dos episódios analisados em frequência de estágio, utilizando tabelas representativas da presença de personagens, dos temas apresentados e dos valores presentes em cada um. Por fim, elaboramos fichas técnicas do corpus enunciado, que abrange os episódios incluídos nas atividades de visionamento na atividade de estagio, assim como, uma amostra representativa da mesma série. É nossa intenção, com as fichas técnicas, fornecer dados individualizados e sintetizados acerca dos episódios em questão, de forma a serem úteis a Educadores de Infância aquando a sua verificação e posterior utilização. O método de estudo utilizado foi o da análise de conteúdo que se define pela aplicação de um conjunto de técnicas de análise de mensagens descodificando-as e passando-as para o real de forma a serem representativas, passando por avaliações neste caso, qualitativas (Laurence Bardin, 2004).

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I Parte – Fundamentação Teórica

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1. Fundamentação teórica

1.1. Educação

O verbo educar deriva do latim e exibe uma dupla origem: educare e educere. Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa Lello (1990: p.388), significa “(…) desenvolver as faculdades físicas, intelectuais e morais (…)”. Por seu turno e segundo o mesmo dicionário (1990: p.380) educação provém do latim educatione e dá-nos o significado, como sendo: “(...) o acto ou efeito de educar. Acto de desenvolver as faculdades físicas, intelectuais e morais; a educação é complemento da instrução. Conhecimento dos usos sociais (…)”.

Este processo, desenvolve-se desde o nascimento de um indivíduo e é suposto que se efetue uma evolução nesse mesmo modo educativo e que resulte em pessoas capazes de viverem numa sociedade, conscientes e aptas de todas as suas faculdades quer físicas quer psicológicas.

A educação deverá iniciar-se no seio familiar, desde o nascimento de uma criança, esta é chamada de primeira educação, onde as crianças aprendem os sentimentos primitivos, como a dor, o prazer, a afeição, o bem e o mal. Estes saberes e sensações são passados intuitivamente da família para a criança através dos sentimentos e sem constatarem que estarão a ensinar as suas crianças a terem desejos e sensações. Esta iniciação de educação por parte da família não é o suficiente para que uma criança desenvolva as suas faculdades psíquicas e que se forme um ser consciente, mas o contrário também não será viável, devido à imprescindibilidade do amor familiar em todo o processo de formação do Homem.

Desde o nascimento que os bebés e as crianças aprendem activamente. Através das relações que estabelecem com as pessoas e das explorações dos materiais do seu mundo imediato, descobrem como se hão-de deslocar; como se segurar e agir sobre os objectos; e como comunicar e interagir com os pais, familiares, pares e educadores. (…) através das suas explorações, passam a confiar nos pais e nas pessoas que cuidam deles em termos de atenção, apoio e desenvolvimento das suas acções, escolhas e modos de comunicar (…) (Post, J et Hohman, M; 2003:11).

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Para Olivier Reboul (2000:24), “ (…) a Educação é o conjunto dos processos e dos procedimentos que permitem a qualquer criança aceder progressivamente à cultura, pois o acesso à cultura é o que distingue o homem do animal”. O Homem dotar-se-á de faculdades psíquicas e intelectuais através de uma instrução facultado por um ensino/aprendizagem, que à priori lhe deverá ser facultado por um sistema nacional de Educação a que todos os Portugueses têm direito e obrigação atualmente da frequência desde o 1ºciclo do Ensino Básico até ao 12º Ano do Ensino Secundário.

Tal como a lei de bases do Sistema Educativo no capítulo I, artigo 2º assim o preconiza: “ (…) 1- todos os Portugueses têm direito à Educação e à Cultura, nos termos da Constituição da República (…)”. Já no capítulo II do mesmo documento podemos observar o modo como se organiza o sistema educativo português:

1. “ (…) O sistema Educativo compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extra-escolar.

2. A educação pré-escolar, no seu aspecto formativo, é complementar e ou supletiva da acção educativa da família, com a qual estabelece estreita cooperação.

3. E educação escolar compreende o ensino básico, secundário e superior, integra a mobilidades especiais e incluí actividades de ocupação de tempos livres.

4. A educação extra-escolar engloba actividades de alfabetização e de educação de base, de aperfeiçoamento e actualização cultural e científica e a iniciação, reconversão e aperfeiçoamento profissional e realiza-se num quadro aberto de iniciativas múltiplas, de natureza formal e não formal (…) ”.

Para que possamos ter um processo de formação contínuo e progressivo, é necessário que as aprendizagens nos sejam proporcionadas. No seio de uma sociedade cada vez mais competitiva e ultra industrializada, há a urgência, por mais do que um motivo, de as crianças ingressarem num sistema educativo cada vez mais precocemente. Por um lado devido à necessidade de dotar as crianças de capacidades e instrumentos para que se possam desenvolver a todos os níveis mais prematuramente e por outro lado devido à necessidade de os pais trabalharem cada vez mais e de assim exigir que os seus filhos estejam guardados e seguros num local, onde ao mesmo tempo os estarão a educar. O ensino será a forma mais humana de instrução, sendo uma parte da

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aprendizagem que tem por objetivo primordial formar o Homem e dotá-lo de capacidades, onde esta será a parte que transmitirá conteúdos culturais aos seres em desenvolvimento e assim sucessivamente. (Costa, T; 2009:21)

A Educação é imprescindível para que haja um desenvolvimento e uma maturação que tem uma intencionalidade futurista para que haja o desenvolvimento da humanidade, é um procedimento cultural e um serviço obrigatório para o Homem. Na opinião de Paciano Fermoso (1985:162) a educação é:

Um processo exclusivamente humano, intencional e intercomunicativo, espiritual, em virtude do qual se realizam com maior plenitude a instrução, a personalização, a socialização e a moralização do homem (…)

Para que tal seja possível, é necessário que haja comunicação, um emissor e um recetor. Terá de haver obrigatoriamente uma passagem de conhecimentos entre um recetor e um emissor, seja pela forma comunicativa ou uma troca de códigos, a intenção será sempre que um recetor adquira conhecimentos e aprendizagens para que gradualmente haja repercussões dessa mesma educação e que se formem cidadãos instruídos, independentes, críticos, autónomos, ou seja, a função da educação é o Homem ir-se construindo e formando a partir dos conhecimentos e dos ensinos que lhe são passados e que consequentemente ficarão adquiridos. O Homem vai-se descobrindo, personalizando-se, moldando-se através de uma aprendizagem efetuada onde daí se extraem consequências como a sua inserção num meio social, ou seja, ele ir-se-á construindo através da educação.

A educação constitui um bem essencial, sem o qual é impossível ter uma vida digna. Impedir o acesso de crianças e adolescentes a uma educação de qualidade é estar a negar-lhes um direito humano de primeira grandeza, sem o qual todos os outros direitos não passam de palavras vãs (…) (Marques, R; 2001:13).

A educação é portanto, um bem primordial a que todos deveriam ter acesso, a um ensino de qualidade/excelência, pois esta preenche o homem de capacidades exclusivas a ele próprio, ao qual age perante as suas convicções e ideais, auxiliando-se sempre da sua inteligência, obtendo consequências na sua socialização e realizações.

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A ideia em que o aluno será uma tábua rasa, em que meramente se instrui a partir dos conhecimentos passados através do professor e que não possui quaisquer outros conhecimentos, espera-se que tenha sido erradicada, pois a transferência de conhecimentos não se efetua apenas de um professor para o aluno, hoje em dia e cada vez mais precocemente as crianças têm acesso a uma diversidade de conteúdos e meios, passando a serem agentes ativos de educação em vários panoramas e situações.

No “Livro Verde para a Sociedade de Informação em Portugal” (1997:43) dá-nos uma referência no que concerne ao termo Educação, e como este trabalho Investigativo tem incidência sobre os media faz todo o sentido em citá-la:

(…) a sociedade de informação exige uma contínua consolidação e actualização dos conhecimentos dos cidadãos. O conceito de educação ao longo da vida deve ser encarado como a construção contínua da pessoa humana, dos saberes, aptidões e da sua capacidade de discernir e agir. A escola desempenha um papel fundamental em todo o processo de formação de cidadãos aptos para a sociedade da informação e deverá ser um dos principais focos de intervenção para se garantir um caminho seguro e sólido para o futuro (…).

O homem terá como função caminhar sempre para um mundo melhor, instruindo-se e cabe precisamente à Educação encaminhá-lo para que esse caminho seja efetuado com sucesso. Os ideais de “aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a conviver” e “aprender a ser” deverão ser entendidos por parte do educador/professor como sendo bases educativas do processo de desenvolvimento do aluno para que se formem cidadãos capazes, conscientes, autónomos de viverem em sociedade e obterem sucessos e realizações agindo sempre perante os seus dotes intelectuais, para que o resultado seja uma convivência e interação sã perante todos os agentes sociais em seu torno.

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1.2. Comunicação

A palavra comunicação, de acordo com a definição do Dicionário das Ciências Sociais de Birou (1982:74) deriva do Latim communicare e tem o seguinte significado: “ (…) pôr em comum, associar, entrar em relação (…). Esta palavra contém o prefixo “co” que significa reunião, que nos dá a ideia de uma atividade realizada em conjunto.

Se separarmos a palavra Comunicação ao meio, obtemos “comum” + “ação” o que pressupõe que haja uma ação em comum, que se realiza em conjunto com um mesmo objetivo (Voltaire, 2006:1).

O termo comunicação não se aplica nem às prioridades ou ao modo de ser das coisas, nem exprime uma acção que reúne os membros de uma comunidade. Ele não designa nem o ser, nem a acção sobre a matéria, tão pouco a praxis social, mas um tipo de relação intencional sobre outrem (Freixo, M; 2006:79).

Para que haja comunicação há a necessidade da existência de um recetor e um emissor, onde os dois fazem uma interação e uma troca de códigos, onde por essa via se entendem mutuamente, caso os códigos não sejam os mesmos ou não se atribuam os respetivos aos mesmos significados, a comunicação poderá não se tornar possível entre dois interlocutores, então a sua existência poderá ser nula. “Comunicação é o acto ou efeito de transmitir mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionais, isto é, por meio da linguagem verbal ou não verbal” (Costa, T et Escola, J; 2009:73).

Cabero (2001:196) enuncia-nos um conjunto de características que nos dá a conhecer a sua perspetiva em relação ao processo comunicativo que as pessoas estabelecem entre si, são elas:

(…) - a comunicação é um processo mediante o qual duas ou mais pessoas trocam conhecimentos e informação;

- a comunicação supõe uma negociação e intercâmbio de conhecimentos e ideais e não a implementação dos mesmos;

- Realiza-se através de diferentes meios, desde naturais até mecânicos ou técnicos;

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10 - para que o processo possa desenrolar-se é necessário que os participantes do mesmo dominem as mesmas regras sintácticas e de organização semântica da informação;

- não se desenrola no vazio, sem um contexto físico e cultural que determinará a sua concretização e a utilização de determinados elementos simbólicos expressivos;

- a comunicação humana tende a realizar-se mediante uma combinação de símbolos, que vão desde os gestuais, aos físicos e aos vocais, devendo haver uma certa convenção entre os participantes no processo;

- pode realizar-se tanto em situações de aproximação ou de afastamento no espaço e de forma sincrónica e acrónica (…).

Desde sempre que se comunica, quando o Homo Sapiens começou a produzir gestos com sentido e formas de exprimir algo que pretendia aos seus semelhantes. Desde as primeiras manifestações artísticas pré-históricas, as gravuras, que serviam como registos comunicativos. A partir do séc. XIX, desenvolveu-se a chamada “comunicação de massas”, ao qual a revolução industrial “obrigou” as pessoas a permanecerem em cidades, concentrados e houve a necessidade da existência de uma comunicação mais rápida e funcional. Esta etapa ficou marcada pelo surgimento dos meios de comunicação de massa como os jornais, as revistas, as rádios, a televisão e até mesmo a internet onde como consequência se expandiu a comunicação e a informação a um nível mundial. Vivemos, hoje em dia, numa chamada “aldeia global” onde podemos comunicar através da internet, transmitindo ideias que podem ficar registadas para uma posterioridade, esta é chamada de “comunicação individual”. A facilidade com que podemos comunicar com pessoas de um outro ponto do mundo é estonteante, todos os dias as tecnologias e as formas de comunicação vão-se atualizando e superando umas às outras.

A comunicação social veio dar-nos a possibilidade de obtermos informações a nível mundial em tempo direto e citando novamente o dicionário de Ciências Sociais de Birou (1982:249), dá-nos o seguinte significado:

Corresponde à expressão da língua inglesa mass media. Trata-se do conjunto das técnicas, dos instrumentos e dos meios susceptíveis de transmitir comunicações sensíveis ou intelectuais, de uma só vez, a grande número de pessoas e, frequentemente, a grandes distâncias (…)

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Segundo Freixo (2002) num livro dedicado á televisão, refere que muitos investigadores entendem o ato comunicativo como complexo, e por vezes, até metafísico, afastando-se do ser humano e da sua consciência, um outro autor, Braudillard, no mesmo livro refere, que este mesmo ato é realizado em consciência e não pode ser afastado da mesma, pois sem ela não poderíamos comunicar de forma correta. A “utopia da comunicação” que nos é mencionado por Freixo (2002), vai em direção à televisão e este mesmo autor refere-a como sendo uma “técnica de comunicação à escala dos problemas da sociedade de massas”.

Assim a comunicação é um conceito tão vasto e complexo que está longe a ideia de o abordar em todos os aspectos da sua imensidão (…) é o centro polarizador de todo o tipo de conhecimento e de toda a organização (…) tudo o que existe (…) é apreendido por processos mais ou menos complicados de comunicação (Freixo, 2002:27).

A forma como os mass-media entraram nas nossas vidas foi estonteante, onde não saíram mais e estão implementados nas nossas vidas de uma forma enraizada, através dela recebemos informações e influências a todos os níveis e em tempo real podemos comunicar visualmente com pessoas do outro lado do mundo de uma forma facilitada e acessível a todos. Atualmente, podemos receber informações acerca do que acontece na sociedade em todo o lado.

Segundo Freixo (2006:32) a comunicação de massas “é o modo particular de comunicação moderna que permite ao autor da mensagem (…) dirigir-se simultaneamente a um grande número de destinatários”.

Mashall McLuhan (1996) difundiu o seu pensamento durante os anos sessenta como:

As grandes etapas da história da humanidade derivaram directamente das inovações do domínio das técnicas de comunicação. Segundo ele as sociedades humanas seriam directamente modeladas, no plano cultural, intelectual e social, pelas grandes técnicas que foram sucessivamente a escrita, a imprensa e depois os próprios meios de comunicação de massa (…).

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McLuhan referiu ainda que os mass media vieram criar “uma explosão na sociedade” devido á sua omnipresença e á sua imprescindibilidade nos dias de hoje a toda a sociedade em geral.

Para Cazeneuve (1986), citado por Freixo (2006:234), os mass media “são meios intermediários de difusão de mensagens; (…) indicam também a própria difusão da mensagem. (…) técnicas de comunicação dirigidas a determinados públicos e a própria comunicação entre si”.

A grande revolução da comunicação aconteceu quando surgiram na sociedade as denominadas TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação), uma das mais importantes e vertiginosos surgimentos e inovações que despontaram foi a Internet à qual ninguém lhe é indiferente, a maioria das pessoas anseiam obtê-la cada vez mais perto, com mais qualidade e rapidez (Coutinho et al, 2007). A internet tem tanto de proveitoso como de nefasto, principalmente para o público jovem que a utiliza com grande regularidade e muitas vezes sem uma mediação, o que torna este um problema a nível social, daí a necessidade da existência de uma Educação para os Media, assunto/tema deste trabalho investigativo e que mais à frente iremos minuciar.

A escola deverá estar preparada para as transformações que ocorrem a todos os níveis no panorama social, e as transformações a nível tecnológico estão a ganhar o espaço e o tempo das crianças, que cada vez mais precocemente “consomem” e produzem e não estão preparadas para tais acontecimentos, se não lhes ensinarmos para o efeito (Buckingham, 2009). O professor tem um papel preponderante nesta situação, e terá obrigatoriamente de exercer comunicação entre si e os seus alunos, pois é impossível educar sem saber comunicar (Tavares,2000). Devido ás alterações que existiram no panorama nacional a nível tecnológico e das mudanças dos paradigmas de ensino e de hábitos sociais os professores deverão:

(…) estar sempre actualizados e não deixar que a informação, que os nossos alunos dominam, seja desconhecida por nós. Mesmo que a não queiramos usar como recurso educativo, pelo menos devemos ter em conta o seu carácter “volátil”, que é necessário desmistificar (…) os professores deverão ser os primeiros interessados em acompanhar a mudança (…) As tecnologias da informação, criaram novos espaços de comunicação e de construção do conhecimento (Coutinho et al; 2007, s/p).

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As transformações tecnológicas por que temos vindo a passar influenciam não só a forma de pensar, de nos relacionarmos, de comunicar, mas principalmente o modo como os alunos irão trabalhar e isso implica que o professor esteja preparado para transmitir conhecimentos e ideais viáveis para os seus alunos.

1.3. Definição de Educação para os Media

Ao longo da pesquisa efetuada com o intuito de encontrar uma definição unívoca de Educação para os Media, vislumbramos diversos autores em que definiam este termo de formas díspares, onde ainda não se conseguiu encontrar uma definição universal que satisfizesse os investigadores e estudiosos acerca do tema em questão. Tal como Jaques Gonnet (2006) nos preconiza, “todos fingem acreditar que a questão é encarada da mesma maneira por toda a gente. No entanto, a ideia de educar para os media é ambígua…. O consenso aparente encerra grandes controvérsias” e “em muitos aspectos, falar de ‘uma’ educação para os media é uma ilusão” (p.54).

A palavra ensinar, como já foi referenciado anteriormente, significa então ensinar, instruir, amestrar, é um processo de formação a que nos predestinamos para que alguém ou algo nos transmita conhecimentos. Rapidamente podemos concluir que as palavras, Educação e Media estão intimamente ligadas a que se faça uma educação perante os media, um ensinamento, uma instrução a tudo a que a palavra media acarreta.

Este conceito, pode também ser entendido como “a capacidade para aceder, analisar, avaliar e comunicar mensagens usando uma vasta variedade de meios” (Aufderheide e Firestone, 1993: p.7). Buckingham (2003), enuncia-nos então esses mesmos meios e diz-nos que, o termo media abrange um conjunto de comunicações modernas, tais como, a televisão, o cinema, o vídeo, a rádio, a fotografia, a publicidade, os jornais, as revistas, a música, os jogos de computador e a internet. Refere ainda que:

Educação para os media, portanto, visa desenvolver tanto a compreensão crítica como a participação activa. Permite que os jovens interpretem e façam julgamentos informados como consumidores de media, mas também permite que eles se tornem produtores de media em seu próprio direito. Educação para os media anda á volta do desenvolvimento das capacidades criticas e criativas dos jovens (p.4).

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Pinto (1998) e Masterman (1998), citados por Pereira (2000) mencionam Educação para os Media como sendo:

(…) uma educação/formação que visa contribuir para um uso crítico e criativo dos meios de comunicação social, em que o objectivo não é apenas o desenvolvimento da consciência crítica mas igualmente da autonomia crítica dos sujeitos. Envolve também a compreensão das práticas mediáticas diferenciadas, as interacções, as motivações e expectativas que as determinam (e pelas quais são determinadas) (…) A acrescentar ainda o contributo que uma educação a este nível pode dar para a tomada de consciência dos direitos e dos deveres dos cidadãos face á comunicação social. (p.28)

A investigadora da Universidade do Minho, neste domínio, Sara Pereira (2000), apresenta ela mesma uma definição, refere:

(…) diz respeito ao conjunto de teorias e práticas que visam desenvolver a consciência crítica e a capacidade de iniciativa face aos meios de comunicação social (…) Educar para os media significa desenvolver o espírito critico. E este significa, por exemplo, ter a capacidade de distinguir fantasia da realidade, distinguir informação útil da não útil, a verdadeira da falsa; compreender que as mensagens dos media são construções com determinados objectivos; compreender o papel económico, político, social e cultural dos media na comunicação local e global”. (p. 27)

Jacques Gonnet (2007:137) diz-nos que educação para os media consiste “(…) na tomada de consciência deste mundo mediático, na obrigação vital, individual e colectiva, de aprender os seus pressupostos, como se aprende a ler e a escrever, para não se ser analfabeto (…)”.

Poderemos então concluir, com esta definição, que quanto mais cedo se der iniciação a essa Educação para os Media, mais capacidade terá um indivíduo de descortinar uma informação, de uma forma mais consciente e crítica em relação a um conteúdo visualizado, de acordo com o seu próprio proveito. Como Jaques Gonnet defende, as crianças desde muito cedo mantêm contacto com o meio audiovisual e “(…) recebem uma multiplicidade de estímulos visuais, sonoros e tácteis que se tornam fontes de representação do mundo e, ao mesmo tempo, de ocasiões de distanciação (…)” (2007:15). Este autor alerta-nos para o problema de educadores e professores não darem

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a devida importância aos media, sendo eles, uma atividade constante e diária das crianças.

A sua existência então, terá o intuito de formar crianças e jovens equilibrados, conscientes do mundo em que estão inseridos, capazes de descodificar uma mensagem, ter uma atitude crítica e refletida face aos media, tendo a capacidade e o livro arbítrio de desenvolverem a sua própria opinião, não sofrendo de quaisquer influências de uma possível informação prestada, seja ela verdadeira ou não. A educação para os media pretende que as crianças e os jovens tenham a capacidade de compreenderem:

(…) as estruturas, os mecanismos, as estratégias e, consequentemente, as mensagens veiculadas pelos media, o papel que desempenham na sociedade, o seu impacto social, as modalidades de percepção que originam, de forma a tornarem-se leitores, ouvintes e telespectadores, enfim, consumidores de informação, conscientes e críticos. (Santos, M; 2003; p.37).

Segundo a UNESCO, “ a Educação para os Media constitui parte da preparação básica de todo o cidadão, em qualquer país do mundo, em ordem à liberdade de expressão, ao direito de informação e representa um suporte na construção e sustento da vida democrática” (Áustria, 1999, conferencia ´Educar para os Media na Era Digital`).

Louis Porcher (1994:200), refere em relação ao tema em análise que:

(…) é simplesmente justo declarar que se trata do desafio mais importante para os anos presentes e futuros que se oferece á instituição educativa. Esta encontra-se confrontada com os media, mesmo que não queira, mesmo que não saiba. O seu futuro passa por aí, tendo em conta que os media tocam toda a gente desde o nascimento. (…) É da responsabilidade da escola hoje, de distribuir um conhecimento sobre os media. Estes fascinam de tal forma as crianças (e os adultos…) que eles estão, doravante, dentro da sala de aulas mesmo de forma invisível, como um constituinte essencial do capital cultural das crianças. (p.7)

Esta afirmação do conceituado investigador francês, mencionado anteriormente, faz todo o sentido, pois os media estão por toda a parte, fazendo incessantemente, nos dias de hoje, parte da vida de todos nós, e hoje, mais do que nunca, mais precocemente.

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Daí a necessidade de se instruir as crianças em relação a este tema, para que tenhamos num futuro, jovens com um pensamento crítico e autónomo em relação aos media.

O que é que temos procurado atingir precisamente com os nossos alunos num curso de educação para os media? […] A tarefa verdadeiramente importante e difícil de um professor dos media é desenvolver suficientemente nos alunos a auto confiança e a maturidade critica para serem capazes de fazer julgamentos críticos em relação aos textos dos media que vão encontrar no futuro. O ponto crítico de qualquer programa de educação para os media é o modo como os alunos são críticos no seu próprio uso e compreensão dos media quando o professor não está presente. O objectivo principal não é simplesmente a consciência e o pensamento critico, é a autonomia crítica. (Masterman, L; 1985; p.24).

Para que tal seja possível, o uso de um pensamento critico, é necessário que ele seja incutido desde a 1.ª infância e seja definido como um objetivo central dos programas de ensino-aprendizagem, para que se verifiquem resultados e para que tenhamos jovens instruídos e capazes de agirem em conformidade com aquilo que lhes foi ensinado. A função da Educação é essa mesma, de obter indivíduos autónomos e capazes para enfrentarem os desafios e situações diversas do dia-a-dia. (Pereira, S; 2000; p.2)

Jaques Gonnet (1997), diz-nos que:

(…) a educação para os media tem um estatuto equivalente aos saberes de base. Do mesmo modo que se aprende a ler, a escrever e a contar, para se alcançar uma vida autónoma, devemos aprender a ler os media, pois para além de serem fonte de saberes, são também fonte de diversas manipulações” (p.121).

1.4. Educação para os Media, porquê e para quê?

A emergência da comunicação social, que se verifica nos dias de hoje, está intimamente ligada ao desenvolvimento tecnológico que se tem vindo a assistir ao longo dos últimos anos, onde os media surgem com um lugar de destaque enquanto meios integrados e influenciadores da sociedade em que vivemos. Daí a necessidade de dotar o público com capacidades de interpretação e descodificação para um visionamento

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critico e interpretativo dos factos. É necessário que o público em geral “olhe de outra maneira para ver melhor” (Virilio, 2000).

Nós obtemos informações acerca do mundo e sobre a realidade vivida, principalmente através dos media. Mas antes que essas informações cheguem até nós, são remodelados e moldadas, os media, não nos dão o mundo tal e qual como ele se apresenta. Eles, em geral, não são ferramentas imparciais e inocentes, nem apenas meios de informação, espectáculo e entretenimento puro. São principalmente meios altamente influenciadores da nossa personalidade e o retrato da sociedade em que vivemos. Eles acabam por nos instituir, influenciando os nossos comportamentos, ditando modas e costumes. A publicidade, é o grande exemplo desta afirmação, ela tem capacidade colossal de nos incentivar a ter comportamentos favoráveis aos seus produtos com uma habilidade performativa que a publicidade por si só acarreta. Os media, na sua capacidade omnipresente na vida de todos nós representam hoje em dia um “poço de informação”. E as novas gerações, nascem e crescem em volta deste fenómeno, que se apresenta como uma realidade ‘natural’, ‘transparente’ e inofensiva. (Pinto, 2000).

Pretende-se então que tenhamos uma relação face aos media equilibrada e conscienciosa, daí a necessidade de haver uma educação e um ensino para o efeito surgir “para viver num mundo dominado pela imagens, palavras e sons”. (cit in Declaração de Grundwald, 1982). (Ver anexo)

De acordo com o estudo feito pelo, British Film Institut e o CLEMI- Centre de liaison de L’Enseignement et dês Moyen d’Information, em parceria com a UNESCO e o Conselho da Europa, os responsáveis por dinamizar a educação para os media devem cumprir os seguintes objetivos:

 “Dar a conhecer a estrutura interna, escondida dos media;

 Trabalhar a informação, não como uma realidade, mas como uma das construções possíveis do real;

 Aproveitar os media para desenvolver uma pedagogia inovadora, activa e próxima do mundo real;

 Encorajar os jovens a conceberem e a realizarem os próprios produtos, uma vez que só tornando-os produtores de jornais, vídeos e rádios juvenis, eles compreenderão as realidades e as condicionantes dos profissionais”. (Oliveira et al, 1997, p.22)

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Len Masterman (1985) diz-nos que os media “estão envolvidos em processos de construção ou representação da realidade em vez de reflectir ou simplesmente transmitir”, eles não são “janelas abertas para o mundo”. Centralizando a sua referência em 4 áreas primordiais:

“ (…) as fontes, as origens e as causas da construção dos media; as técnicas dominantes e os códigos empregues pelos media para nos convencerem da verdade das suas representações; a natureza da realidade construída pelos media; os valores implícitos nos valores dos media; as formas como as construções dos media são lidas e recebidas pelas audiências”. (p.20-21)

Segundo Pereira (2001), no que toca á relação das crianças com os media, ela referencia que principalmente a TV, condiciona de forma significativa e marcante os quotidianos das crianças “elas quando franqueiam pela primeira vez a porta do JI, levam consigo uma importante e significativa cultura televisiva” (p.2-3). Nos dias de hoje as crianças, tem muito cedo acesso aos media em geral. Nasceram e crescem na chamada era digital, ao qual o convívio com instrumentos de media é um ato comum. “Aos 2-3 anos de idade, estabelecem um contacto estreito com a TV, e começam não só a ver mais assiduamente, como aprendem a ver e a gostar de ver”. (p.4)

Já que o facto mencionado anteriormente é incontornável, há que dotar as crianças de capacidades interpretativas face aos media através de uma educação e de uma instrução do educador ou professor para com os alunos:

De uma forma genérica, educar para os media pode ser uma forma e uma via de educar para a cidadania- preparar para um exercício responsável da cidadania- na medida em que o desenvolvimento de uma educação a este nível pretende fomentar o respeito pela diversidade de opiniões, desenvolver nas crianças o sentido de participação no mundo em que vivem, de forma livre e responsável; proporcionar-lhes uma melhor compreensão desse mundo e da sua condição de cidadãos. (S, Pereira, 2001, p.11)

O que se pretende principalmente, é que os educadores ou professores consigam para além de dotar as crianças de uma capacidade interpretativa e crítica, que as crianças façam uma análise e avaliação das mensagens, um desenvolvimento de capacidades relacionadas com a produção dos meios, fundamentalmente é juntar o “útil

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ao agradável” e desenvolver uma série de competências que se podem aprender, como por exemplo, na análise e na interpretação crítica de um programa infantil. (Pereira, 2011).

1.5. O papel da Escola/Docente perante a Educação para os Media

A Educação de Infância tem vindo a ser progressivamente considerada a etapa inicial de Educação Básica. É na passagem para o jardim-de-infância que a criança começa a moldar as suas competências e a desenvolver a sua socialização e evolutivamente as suas aprendizagens em vários campos e domínios.

A frequência num contexto formal tem vindo a tornar-se, indispensável para proporcionar às crianças vivências alargadas, relevantes e adequadas para a preparação de uma vida cujas características já experimentaram, em parte, através da família e dos media. (Santos, H, 2010: p.3).

As sociedades atuais, requerem e exigem, cada vez mais, uma melhor educação para as suas crianças. A necessidade de se integrar numa sociedade construída sobre múltiplas diversidades, perante competições económicas, sociais e muitas culturais, fez com que a exigência perante a educação aumentasse significativamente.

(…) Contava o orador que, numa das suas viagens, visitou um lugar em que se estava a iniciar uma construção. Aproximou-se de um dos operários e perguntou-lhe o que estava a fazer. O operário respondeu que estava a picar uma pedra para que ficasse lisa e quadrada. De seguida, aproximando-se de um outro operário fez-lhe a mesma pergunta, tendo este respondido que estava a preparar uns pilares que suportariam uma parede. E questionando o operário estes foram-lhe dizendo em que consistia o respectivo trabalho. Quando repetiu a mesma pergunta a um outro operário, este disse-lhe que estava fazendo uma catedral. (…) De facto, o último dos operários questionados tinha uma “mentalidade” curricular (permita-se a transposição do termo por agora apenas pertencente ao campo educativo). Podíamos mesmo dizer, mesmo correndo o risco de simplificar, que os outros operários tinham uma mentalidade técnica, muito próxima do sentido rotineiro, pontual e específico. (M, Zabalza, 1999: p.23)

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A escola deverá promover então aprendizagens fundamentais, tal como refere no relatório de Jacques Delors, A Educação um Tesouro a Descobrir, onde são definidos os quatro pilares da educação no século XXI, em que se interligam e que se estabelecem como pilares do conhecimento, ou seja, a escola deverá:

1. Aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos de compreensão, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias, o que também significa, aprender a aprender, para beneficiar das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida;

2. Aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente, a fim de adquirir não somente uma qualificação profissional mas também competências que tornem a pessoa apta a enfrentar as mais diversas situações e a trabalhar em equipa;

3. Aprender a viver em comum, a fim de participar e cooperar com os outros, no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz;

4. Aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes e que permite a cada um desenvolver melhor a sua personalidade, ganhar capacidade de autonomia, discernimento e responsabilidade.

Missão Para a Sociedade da Informação (1997, p.14-16).

Quando as crianças chegam ao jardim-de-infância, trazem consigo já um historial vivencial e individual, ou seja as experiências de cada criança são diferentes entre si. O educador terá de ter a capacidade de atuar perante essas mesmas vivências e experiências prévias. Deverá ter a capacidade de compreensão e análise sobre cada criança e trabalhar com elas de modo a que se possa extrair e desenvolver uma série de competências (Pereira, 1997, p.3).

A função de um Educador, partilhando a opinião de Sara Pereira (1997) será principalmente dar significado e explicação às experiências e àquilo que as crianças vivenciam e visualizam e dotá-las de respostas e conhecimentos, tornando-os em agentes activos perante uma realidade.

(…) a escola infantil procura dotar de significatividade a experiência diária do sujeito. Uma significatividade que tem um sentido afectivo como cognitivo. Isto é, o que se faz, o que se diz, o que se vive, etc., converte-se em material

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21 com sentido pessoal (vivencia-se, disfruta-se) e cognitivo (compreende-se, experimenta-se, verbaliza-se). Desta maneira, as experiencias, tanto as ocasionais como as sistematizadas, integram-se de forma plena no desenvolvimento de cada sujeito. (M, Zabalza , 1987; p.85)

Ora, os indivíduos de hoje, pertencem a uma chamara “era digital”. Quer o pai quer a mãe são cada vez mais obrigados a trabalhar de forma muito intensa, sendo os seus filhos entregues aos cuidados da escola, onde passam a maioria do seu tempo. Vivem confinados a casa/escola/casa, e muitas vezes em suas casas são depositadas em frente a um ecrã televisivo de forma a entretê-los, passando aí umas mais quantas horas como já nos disse (Buckingham, 2003) que em resultado de todas as modificações a que temos vindo a assistir no desenvolvimento das sociedades e nos seus hábitos, é necessário e urgente proteger as crianças dos abusos existentes. Como refere Pereira (1997) e utilizando a sua expressão que a maioria dos pais, hoje em dia, utiliza a televisão como “babysitter” empurrando os seus filhos para a frente do televisor. Ela questiona quantas vezes será que os pais, de hoje, desafiam as suas crianças para outras alternativas As crianças vão crescendo num ambiente onde acedem facilmente a vários meios de comunicação. Já David Buckingham (2011) nos diz também que hoje em dia, os jovens passam mais tempo com os media do que passam na escola, pelo que “os media são o centro da cultura moderna e do processo político: são os meios através dos quais descobrimos o mundo”. E tendo a escola a obrigação de instruir os jovens “então não existe alternativa: há que ensinar estes jovens a entender e a participar na cultura dos media” (Buckingham, 2011). Mas não só em relação ao acesso facilitado que os jovens tem em relação aos media nos devemos preocupar, mas também em relação ao seu consumo se verifica cada vez mais um acentuado crescimento e esta questão não poderá ser alheia á escola e consecutivamente aos professores. Encontramos cada vez mais crianças influenciadas pelos media e muitas vezes essas mesmas influencias traduzem-se nos resultados e nos comportamentos delas. Como defende Morgado (2000) as conceções que hoje criamos das crianças são muito subjetivas e nunca podemos generalizar, cada criança é um caso: “não se pode falar da criança como uma realidade universal ou uma essência, mas de crianças com experiências sociais diversas” (p.11). O educador terá, obrigatoriamente, na nossa opinião, de se manter constantemente atualizado de todo o tipo de informação que as crianças acedem, e de todo o panorama no que concerne ao mundo abrangente dos media, em geral.

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Pereira (2003) apresenta-nos três formas de caracterizar as crianças perante o consumo dos media e as formas como pais e educadores deverão se cingir em trabalhar com essas mesmas crianças. A primeira, são as crianças denominadas de “deficitárias”, estas, são incapazes de compreender certos assuntos pela sua “tenra” idade. Os pais e educadores tendem a esconder-lhes informação e não dar a explicação para certos acontecimentos limitando-se a adiar o seu consumo. A segunda conceção é a total proibição de consumo media, pois este pode influenciá-las de forma negativa, portanto nega-se aqui o poder positivo dos media. A última é a conceção que integra a criança no seu desenvolvimento encarando-a como agente ativo. Neste modelo, quer se crer que a criança tem determinadas competências para avaliar o que vê e a sua opinião importa ao adulto que muitas vezes a desafia.

As crianças são o alvo mais fácil dos media, onde estas são altamente influenciáveis, estando a passar uma fase de estruturação, aquilo que eles “consomem” a nível dos media poderá ter repercussões preocupantes se não possuírem a capacidade de analisar mensagens e enquanto não aprenderem a separar aquilo que é verídico ou não. É necessário então dota-los de capacidades e de competências interpretativas para que possam agir em conformidade com a realidade, e isto será então a função do educador, este, terá de estar preparado para agir perante a realidade em que vivemos. Teremos sempre de trabalhar em função daqueles a que nos estamos a dedicar e pensar que estamos a formar “seres”.

A nova cultura participativa dá uma nova ênfase em relação às competências familiares que têm sido fundamentais para a educação (…), mas também exige que os professores dediquem maior atenção para as competências sociais e culturais que estão a emergir no cenário dos media (Jenkins, 2006: p.18).

A função da escola e dos professores é formar cidadãos conscientes e plenos das suas capacidades intelectuais de forma a se integrarem numa sociedade. Uma educação para os media, como já referimos anteriormente, tem precisamente essa função. Devemos então, como educadores conscientes da realidade em que estamos inseridos atualmente, ajudar e preparar os alunos a entender o que se passa no mundo e fazê-los olhar criticamente, numa perspetiva global os factos que lhe são mostrados.

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Jaques Gonnet (2007:6) fala-nos na sua obra da interligação que existe entre a escola e os media. Refere que com a educação e os media a escola seja um lugar onde se trabalha valores como a democracia e a política.

(…) Lugar onde se inicia os valores de uma sociedade, graças aos media, ela revela-se elemento importante de uma certa definição do mundo: não se elabora uma revista ou jornal em ditadura porque esta não tolera a liberdade de pensamento. A educação para os media pode, assim assumir-se como uma extraordinária forma de iniciação às praticas democráticas, promovendo uma cultura assente no rigor da argumentação e na riqueza proporcionada pelas diferenças (…).

O problema que se verifica, como afirmou José Ignacio Aguaded, no 1º congresso de Literacia, Media e Cidadania, realizado na Universidade do Minho, é que temos professores com mentalidades do séc. XX a ensinarem alunos do séc. XXI, pois nasceram, cresceram e formaram-se em todos os níveis, em épocas completamente distintas, onde os ensinos e os hábitos seriam diferentes, daí os professores terem de estar bem atentos a esta realidade.

Por um lado, eles podem optar ignorar os seus olhos, ouvidos e intuição, fingindo que o Nativo Digital/Imigrante Digital não existe, e continuar a usar os seus métodos tradicionais muito menos eficazes até se aposentarem e os Nativos Digitais assumirem o protagonismo. Ou podem escolher, em vez de aceitarem o facto de que eles se tornaram imigrantes num mundo digital novo, e olharem para a sua própria criatividade, dos alunos nativos digitais (…) para ajudarem a comunicar o seu conhecimento ainda valioso e sabedoria numa nova linguagem. A rota escolhida- e a educação dos seus alunos nativos digitais- depende muito de nós (Prensky, 2001: p.7).

É necessário que haja então uma preocupação por parte dos professores de diminuir o fosso geracional, esta diferença de gerações e de concepções de educação, e tentarem manterem-se atualizados e informados, pois, a sociedade atual está em constantes modificações e evoluções.

No ano de 1982 foi publicada a Declaração de Grundwald, que diz respeito, ao tema de Educação para os Media. Este documento sublinha a importância dos media na vida dos cidadãos, dá particular atenção á importância de haver a necessidade de as

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crianças e os jovens serem preparados para uma convivência cada vez mais intensa com os media, viverem num mundo “mediatizado”, envolvendo a escola, a família, profissionais dos media e decisores políticos.

“ A escola e a família partilham a responsabilidade de preparar os mais jovens para viverem num mundo de poderosas imagens, palavras e sons. Crianças e adultos precisam de ser alfabetizados, em todos esses três sistemas simbólicos e isso exigirá uma reavaliação das prioridades educacionais. Tal reavaliação poderá muito bem resultar numa abordagem integrada para o ensino da língua e da comunicação.

A educação para os Media será mais eficaz quando pais, professores, profissionais dos media e decisores políticos, enfim todos reconhecerem que têm um papel a exercer no desenvolvimento de uma maior consciência critica entre ouvintes, espectadores e leitores. A maior integração do sistema educacional e de comunicações seria indubitavelmente um passo importante para uma educação eficaz”.

Após trinta anos de a Declaração de Grundwald ter sido edificada, os seus princípios e as ideias que nos transmite, continuam mais do que nunca atuais e validos. Mesmo as constantes modificações e inovações que surgiram a nível dos media, que foram abundantes, deparamo-nos com uma situação de que quase nada mudou a nível da formação dos jovens nas escolas, bem como na mediatização desta problemática. Torna-se então necessário e evidente “a necessidade de preparar os cidadãos para saberem lidar, de uma forma crítica e criteriosa, com a panóplia de meios, de informações e de conteúdos ao seu alcance” (Pinto et al, 2011; p.25).

“A introdução e estabelecimento definitivo da área da educação para a comunicação e os media nas aulas significa abrir a escola ao meio que a rodeia” (Perez Tornero, 2007: p.157). Como diz Pinheiro et al (2010) “a teoria de modelo mecânico e iluminista do ensino, em que o aluno é meramente um receptor passivo de informação”, já se ultrapassou, temos de olhar para as crianças como “receptores activos” , onde eles têm experiências, vivencias, visualiza e interpreta mensagens, isto tudo fora da escola. Por isso torna-se necessário que os professores se mantenham constantemente atentos e actualizados de todo o tipo de informação, e não ignorar a informação que a TV fornece. Perante um professor que esteja a falar com os seus alunos, sobre determinadas

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situações atuais e que eles próprios sintam especial curiosidade é um fator primordial para que haja um envolvimento e um paralelismo entre a escola e o meio envolvente, logo uma condição e um indicador para que haja uma atenção e um interesse por parte do aluno.

(…) Supõe iniciar um caminho na direção da “sala de aula sem muros”, oferecendo aos alunos uma perspetiva a partir do qual se podem situar no seu contexto e na sua realidade. Assim, a integração desta matéria na escola não é só conveniente, como se virá a revelar muito fértil , pois o meio que rodeia a escola é o mais adequado para estimular, em termos de grupo, a atenção e a pratica no que se refere aos novos media e às tecnologias da comunicação. A sua incorporação nos currículos pode desenvolver-se segundo dois modelos: como matéria transversal, integrando todas as áreas, e como área especifica de estudo (…) (Tornero, P; 2007:157).

A escola precisa de observar o que está a acontecer nos meios de comunicação social, os professores devem discutir os conteúdos dos programas televisivos com os alunos, devem fazer ‘(re)leituras’ dos mesmos, devem partir da visão dos alunos ‘repassando´a informação, de forma a preparar os jovens para consumir com selectividade e criatividade a televisão (Pinheiro et al, 2010: p. 3616)

Manuel Pinto (1998) salienta que a introdução da Educação para os Media no sistema Educativo poderá ser feita como uma disciplina própria; como matéria integrada numa ou mais áreas ou disciplinas; como matéria livremente organizada pela escola; ou como combinação de todas as possibilidades referidas anteriormente.

O Educador pode “aproveitar” o interesse natural que as crianças têm pelo meio audiovisual, não fazendo nunca juízos críticos do que as crianças viram ou vêem, mas utilizar essas mesmas experiências das crianças para os ajudar a desenvolver os seus gostos e preferências (Pereira, 1997).

O Educador na sua rotina diária, vislumbra e analisa consecutivamente ações das crianças, nomeadamente, em jogos simbólicos a desempenharem papéis que visualizam na TV, representam igualmente esses papéis em pinturas, em desenhos, em narrações, desenvolvendo também o seu discurso e alargando o campo lexical, cabe a ele mesmo,

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Tabela 1 - Género das crianças
Tabela 2 - Idade das crianças
Tabela 3- Profissão das mães
Gráfico 2 - Habilitações Literárias dos Pais
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