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Avaliação da coordenação motora em crianças dos 6 aos 9 anos de idade

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA EM

CRIANÇAS DOS 6 AOS 9 ANOS DE IDADE

Dissertação de Mestrado em Educação Física e Desporto – Especialização em Desenvolvimento da Criança

Filomena Salgueiro de Araújo

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Departamento de Ciências de Desporto, Exercício e Saúde

AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA EM

CRIANÇAS DOS 6 AOS 9 ANOS DE IDADE

Dissertação de Mestrado em Educação Física e Desporto – Especialização em Desenvolvimento da Criança

Filomena Salgueiro de Araújo

Orientadora: Prof. Dr.ª Maria Isabel Martins Mourão-Carvalhal

Co-orientadora: Prof. Dr.ª Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho

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Dissertação de Mestrado realizada com vista à obtenção do grau de Mestre em Educação Física e Desporto – Especialização em Desenvolvimento da Criança, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob orientação da Professora Doutora Maria Isabel Mourão-Carvalhal e co-orientação da Professora Doutora Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho.

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À Professora Isabel Mourão, orientadora da dissertação do mestrado, pelo profissionalismo, disponibilidade e pela ajuda ao longo da realização deste percurso, pois sem a Professora não teria concretizado este trabalho.

À Professora Eduarda Coelho, co-orientadora da dissertação do mestrado, pelo profissionalismo e pela ajuda ao longo deste percurso.

Às crianças que participaram neste estudo, pela alegria que transmitiram e dedicação durante os testes.

Às minhas parceiras de equipa, Cindy, Marina, Diana e Andreia, pelo trabalho de equipa durante a aplicação dos testes.

Às minhas companheiras da vida académica, Filipa e Adriana, pela amizade desde o início da licenciatura.

Aos novos companheiros que encontrei, Ivo, Liliana, Cláudia, Catarina, Sampaio e Flávia, pelo incentivo e amizade ao longo deste percurso.

Aos meus pais e ao meu irmão, pelo apoio e paciência, sem eles nada disto teria sido possível.

Ao meu anjinho da guarda, que me acompanha desde sempre.

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RESUMO

O desenvolvimento das crianças passa pela riqueza e variedade de experiências psicomotoras (Maia & Lopes, 2002), sendo a coordenação motora importante para a autonomia destas (Gorla, Duarte & Montagner, 2008).

A presente dissertação tem dois grandes objetivos: (i) – caracterizar e comparar a coordenação motora de crianças dos 6 aos 9 anos, de acordo com a idade e género; (ii) – verificar o efeito do género, da idade e da prevalência de obesidade na coordenação motora.

A amostra foi constituída por 82 crianças (39 rapazes e 43 raparigas), com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos (8,11

,981). A coordenação motora foi avaliada através do teste KTK (Körperkoordinations-test für Kinder), e o IMC através dos valores de corte de Cole et al. (2000) para estimar a prevalência de obesidade.

Utilizou-se o teste t de Sudent para comparar o quociente motor e o desempenho nas tarefas do teste KTK, de acordo com o género e a idade, e a ANOVA a três fatores para verificar o efeito das variáveis independentes (género, idade e prevalência de obesidade) na coordenação motora.

Os resultados indicam que os rapazes (53,8%) e as crianças com 6-7 anos (57,9%) apresentam uma coordenação normal, e as raparigas (51,2%) e as crianças com 8-9 anos (47,6%) manifestam perturbação na coordenação. Os rapazes apresentam um quociente motor superior, quando comparados com as raparigas (p=,061), verificando-se diferenças significativas na tarefa dos saltos laterais (p=,001). As crianças com 6-7 anos exibem valores significativamente superiores de coordenação motora (p=,006), comparativamente às de 8-9 anos, com diferenças significativas nas tarefas: saltos monopedais (p=,002) e transferência de plataformas (p=,004). Os resultados da ANOVA sugerem um efeito negativo da prevalência de obesidade (p=.027), da idade (p=.001) e da interação da prevalência de obesidade x idade (p=.020) na coordenação motora.

Em conclusão, a maioria das crianças apresenta problemas e uma insuficiente coordenação motora, e os rapazes apresentam níveis de coordenação motora superiores comparativamente às raparigas. As crianças normoponderais com 6 e 7 anos apresentam desempenhos significativamente superiores.

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Children's development involves the richness and variety of psychomotor experiences (Maia & Lopes, 2002), being the motor skills important for autonomy of these (Gorla, Duarte & Montagner, 2008).

The thesis has two main objectives: (i) – to characterize and compare the motor coordination of children from 6 to 9 years, according the age and gender; (ii) – to verify the effect of gender, age and the prevalence of obesity in motor coordination.

The sample included 82 children (39 boys and 43 girls), 6-9 years old (8.11 ± 981). Motor coordination was assessed by KTK (Körperkoordinations für Kinder-test). To estimate the prevalence of obesity was used the BMI through the cutoff points of Cole et al. (2000).

To compare the motor quotient according to gender and age was applied the t Sudent, and the ANOVA to verify the effect of the independent variables (gender, age and prevalence of obesity) on motor coordination.

The males (53.8%) and the children aged between 6-7 years (57.9%) present a normal coordination, and girls (51.2%) and children between 8-9 years (47.6%) present disturbance in coordination. Boys show a higher motor quotient when compared to girls (p=.061) with significant differences in the jumping sideways task (p=.001).The children aged between 6-7 years exhibit significantly higher values on motor coordination (p=.006) compared to the ones aged between 8-9 years, with significant differences in tasks: hopping (p=.002) and moving sideways (p=.004). ANOVA results suggest a negative effect of obesity prevalence (p=.027), of age (p=.001) and the interaction of obesity prevalence vs. age (p=.020) in motor coordination.

In conclusion, the majority of children present problems and inadequate motor coordination, and males show higher levels of coordination when compared to females. Younger and normal weight children present a significantly higher performance.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ... iv RESUMO ... v ABSTRACT ... vi ÍNDICE DE TABELAS ... ix ÍNDICE DE FIGURAS ... x LISTA DE ABREVIATURAS ... xi I. INTRODUÇÃO GERAL ... 12 1. Apresentação do tema ... 13 2. Estrutura da dissertação ... 13

II. REVISÃO DA LITERATURA ... 15

1. Coordenação Motora ... 16

2. Avaliação da coordenação motora ... 17

3. Estudos que utilizaram o teste KTK ... 18

III. ESTUDO 1 – CARATERIZAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA, DE ACORDO COM A IDADE E GÉNERO ... 23 Resumo ... 24 Abstract ... 24 Introdução ... 25 Metodologia ... 26 Amostra ... 26 Instrumentos e Procedimentos ... 26 Análise estatística ... 26 Resultados ... 26 Discussão ... 28 Conclusões ... 29 Referências Bibliográficas ... 29

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viii Resumo ... 34 Abstract ... 34 Introdução ... 34 Metodologia ... 35 Amostra ... 35 Instrumentos e Procedimentos ... 35 Análise estatística ... 36 Resultados ... 36 Discussão ... 37 Conclusões ... 38 Referências bibliográficas ... 38 V. CONCLUSÃO GERAL ... 41 VI. SUGESTÕES ... 43

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 45

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Síntese de estudos que utilizaram o teste KTK ... 21

Tabela 2 – Classificação do teste KTK por amostra total, género e idade ... 27

Tabela 3 – Resultados do total do QM e das tarefas do teste KTK por género

e idade ... 28

Tabela 4 – Efeitos principais e interação das variáveis género, prevalência

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LISTA DE ABREVIATURAS

1º CEB – 1º Ciclo do Ensino Básico

IMC – Índice de Massa Corporal

Teste KTK – Körperkoordinations-test für Kinder

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INTRODUÇÃO GERAL

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I. INTRODUÇÃO GERAL

1. Apresentação do tema

O desenvolvimento saudável das crianças é fruto das mais diversas e abundantes experiências psicomotoras (Maia & Lopes, 2002). Porém, atualmente, o ambiente tecnológico, que envolve o dia-a-dia das nossas crianças, condiciona as suas capacidades motoras (Meinel & Schnabel, 2004), favorecendo estilos de vida sedentários. O movimento é vital para a criança crescer de forma saudável, e quando induzido corretamente, esta participa empenhadamente em diferentes atividades (Meinel & Schnabel, 2004).

A diminuição de espaços físicos destinados ao jogo, à expressão motora e à espontaneidade da criança limitam grandemente as experiências motoras, afetando as primeiras competências coordenativas (Gomes, 1996).

Piret e Béziers (s.d.) afirmam que algumas crianças transportam um corpo que desconhecem, executando gestos mal construídos, limitados e muito elementares, e a execução de uma habilidade simples representa um grande problema. Outras crianças vivem na abstração, ou seja, os seus corpos não lhes permitem situar-se, porque a sua organização é inadequada às suas capacidades mentais, assim, nunca serão, perfeitamente coordenadas.

Uma coordenação insuficiente corresponde a uma instabilidade motora geral, manifestada por problemas na qualidade de condução do movimento, e por uma interação imperfeita das estruturas funcionais (sensoriais, nervosas e musculares) (Kiphard, 1976 citado por Maia & Lopes, 2002), provocando alterações na qualidade dos movimentos, e uma diminuição do rendimento motor do indivíduo (Maia & Lopes, 2002). Geralmente, o nível de insuficiência de coordenação depende das experiências motoras, qualitativas e quantitativas, vivenciadas pelas crianças (Maia & Lopes, 2002).

A presente dissertação emerge da preocupação em conhecer os níveis de coordenação motora das crianças, devido à importância que uma boa coordenação motora tem no desenvolvimento multilateral e harmonioso da criança. Está organizada em dois estudos, tendo em conta dois grandes objetivos: (i) – caracterizar e comparar a coordenação motora de crianças dos 6 aos 9 anos, de acordo com a idade e género; e (ii) – verificar o efeito do género, idade e prevalência de obesidade na coordenação motora de crianças.

2. Estrutura da dissertação

A presente dissertação divide-se em oito capítulos apresentando a seguinte estrutura: Introdução Geral onde é apresentado o tema e se definem os objetivos; Revisão da Literatura, abordando mais profundamente o tema coordenação motora; dois estudos

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integrados no terceiro e quarto capítulos, respetivamente, cada um composto por introdução com revisão da literatura e objetivos, metodologia utilizada, resultados, discussão, conclusões e referências bibliográficas; Conclusão Geral dos dois artigos em estudo, compondo o quinto capítulo; Sugestões; Referências Bibliográficas; e por último, os Anexos onde se apresentam os complementos desta dissertação.

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II. REVISÃO DA LITERATURA

1. Coordenação Motora

Nas últimas décadas, diversos autores estudaram a coordenação motora sobretudo pela importância que o domínio psicomotor representa para a autonomia do indivíduo, especialmente, durante as fases de crescimento e maturação (Gorla et al., 2008).

O termo da coordenação é, por diversas vezes, usado como sinónimo, ou confundido com termos como agilidade, destreza e controlo motor, dificultando, assim, a sua definição e a identificação dos indivíduos para uma posterior avaliação (Gorla, Araújo & Rodrigues, 2009; Maia & Lopes, 2002).

Na opinião de Gomes (1996) a diversidade dos âmbitos de investigação (clínicos, psicotécnicos, pedagógicos, etc.), do posicionamento epistemológico dos autores (cibernéticos, neuro-fisiologistas, psicometristas, etc.), e dos modelos de suporte à investigação (biomecânicos, psicofisiológicos e psicanalíticos) revela a “confusão” terminológica existente neste âmbito. Estes aspetos realçam a importância da coordenação motora e a necessidade da definição de um conceito aberto e consensual, de forma a facilitar a sua operacionalização e análise relativamente aos traços e caraterísticas do indivíduo, suscetíveis de avaliação em escalas qualitativas e/ou quantitativas.

A coordenação motora pode ser analisada segundo três pontos de vista: biomecânica (ordenação dos impulsos de força numa ação motora e ordenação de acontecimentos em relação a dois ou mais eixos perpendiculares); fisiológica (leis que regulam os processos de contração muscular, bem como, os respetivos processos nervosos); e pedagógica (ligação ordenada das fases de um movimento ou ações parciais e a aprendizagem de novas habilidades) (Meinel & Schnabel, 1976 e 1998 citado por Gomes, 1996 e Maia & Lopes, 2002).

Gallahue e Ozmun (2005) definem a coordenação motora como uma habilidade de integrar diversos sistemas motores em eficientes padrões de movimento.

Outros investigadores como Meinel e Schnabel (2004) afirmam que a coordenação motora é uma ação conjunta coordenada e organizada dos vários movimentos parciais do indivíduo, ou seja, um sistema de ações motoras direcionadas para um objetivo.

Para Faber e Souza (2008), a coordenação motora pode ser definida como a capacidade de integrar variadas ações musculares simultâneas e sucessivas, de forma a produzir um determinado movimento eficaz e económico quanto ao esforço.

Já na opinião de Kiphard (1976 citado por Gorla et al., 2009), a coordenação motora é a interação funcional do sistema sensorial, nervoso e músculo-esquelético, com o objetivo de produzir ações motoras precisas e equilibradas (movimentos voluntários) e reações

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REVISÃO DA LITERATURA

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rápidas adaptadas à situação (movimentos reflexos). Estas situações exigem uma quantidade adequada de força, que determina a amplitude e a velocidade do movimento; uma seleção adequada dos músculos que influenciam a condução e a orientação do movimento; e uma capacidade de alternar rapidamente entre tensão e relaxação musculares.

O processo do desenvolvimento motor define-se por alterações no comportamento motor ao longo da vida, proporcionado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente (Gallahue & Ozmun, 2005). O comportamento implica dois aspetos: interior e exterior, aspetos que se complementam, contudo, com graus de presença variável. No aspeto interior, a intenção, a tendência e a aspiração definem a introspeção e a marca diferencial e pessoal do comportamento. O aspeto exterior, diz respeito aos gestos, movimentos e à motricidade, ou seja, o que reflete a direcionalidade do movimento. Este introduz-se gradualmente na lógica interna das condutas tornando-se intenção, projeto e ação (Fonseca, 1988).

Cada movimento novo influencia o domínio mental, bem como, o domínio motor, de forma a valorizar as relações com o meio, através da capacidade de adaptação a novas circunstâncias resultantes de uma alteração do conteúdo significativo das situações vividas e experimentadas, conduzindo, assim, à consciencialização. O movimento permite a conscientização global, levando à dissociação da oposição entre a adaptação motora e a representação simbólica (Fonseca, 1988).

No entanto, a evolução mental não surge apenas das relações entre o indivíduo e a natureza física, mas também entre o indivíduo e a sociedade em que vive. Através da coexistência de diferentes atividades a criança estabelece relações mais ricas com o seu meio ambiente, provocando alterações na criança, bem como no meio ambiente. A imitação é uma forma de atividade entre o movimento e a representação, em que a criança reproduz um movimento exterior a si própria. Dessa maneira, os movimentos deixam de responder a uma necessidade impulsiva para se adaptarem às situações externas (Fonseca, 1988).

Assim, ao longo do desenvolvimento que conduz a criança da dependência à autonomia, num movimento rico biologicamente, psicologicamente e experimentalmente, é observável a forma gradual como o comportamento da criança adquire um sentido – torna-se uma conduta e intorna-sere-torna-se num conjunto psicomotor que mobiliza toda a sua personalidade (Guillarme, 1983).

2. Avaliação da coordenação motora

Existem diversos instrumentos de avaliação da coordenação motora descritos na literatura, tais como, Körperkoordinations-test für Kinder (Teste KTK), Peabody Development

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18

Motor Scale (PDMS-2), Movement Assessement Baterry for Children (M-ABC), Bateria de teste de proficiência motora de Bruininks-Oseretsky (BOTMP), Preschool Test Battery, Gross Motor Function Measure, entre outras.

No entanto, não existem muitos estudos sobre a coordenação motora, quer em Portugal como no estrangeiro. A maioria das investigações divide-se em dois tipos: estudos transversais que caraterizam uma população quanto ao nível de desenvolvimento coordenativo, procurando determinar os seus preditores; e estudos longitudinais que analisam os efeitos do ensino no desenvolvimento da coordenação (Lopes, Maia, Silva, Seabra & Morais, 2003).

O Teste KTK de Kiphard e Schilling (1974) visa avaliar o desenvolvimento da coordenação motora e as insuficiências de coordenação nas crianças em idade escolar, permitindo identificar e diagnosticar crianças entre os 5 e os 14 anos de idade com dificuldades de coordenação e de movimento.

3. Estudos que utilizaram o teste KTK

Certos estudos utilizaram o teste KTK com o objetivo de avaliar a coordenação motora de crianças, sendo alguns apresentados de seguida.

Maia e Lopes (2002), num estudo realizado em 250 crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos verificaram que as crianças com excesso de peso e obesidade apresentaram resultados inferiores de desempenho motor comparativamente às crianças normoponderais; os rapazes apresentaram valores superiores às raparigas; e registaram um aumento significativo dos valores médios de coordenação à medida que a idade avança.

Lopes et al. (2003) realizaram um estudo em 3742 crianças dos 6 aos 10 anos de idade, de ambos os sexos, com o objetivo de caracterizar o estado de desenvolvimento da coordenação motora grosseira das crianças nos quatro anos do 1º Ciclo do Ensino Básico e mapear as diferenças entre os dois sexos. Os resultados revelaram que os rapazes apresentavam valores médios de quociente motor significativamente superiores às raparigas. Tendo os rapazes: 24,8%, insuficiência na coordenação; 46,6%, perturbação na coordenação; 28,5%, coordenação normal e 0,1%, boa coordenação; e nas raparigas: 46,3%, insuficiência na coordenação; 40,7%, perturbação na coordenação e 13,0%, coordenação normal. Observaram um decréscimo significativo do quociente motor ao longo da idade, em ambos os sexos, apesar dos valores médios em todas as tarefas do teste KTK terem aumentado.

Graf et al. (2004) pretenderam verificar a associação entre o IMC, habilidades motoras e hábitos de lazer em 668 crianças entre os 6 e os 9 anos. Observaram que os

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REVISÃO DA LITERATURA

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rapazes mostraram significativamente melhores resultados que as raparigas e as crianças com excesso de peso e obesidade apresentaram pior quociente motor do que as crianças normoponderais.

O estudo de Collet, Folle, Pelozin, Botti e Nascimento (2008) visou analisar o nível de coordenação motora, considerando o sexo, a faixa etária, a prática desportiva extraescolar e o Índice de Massa Corporal (IMC), onde participaram 243 crianças dos 8 aos 14 anos de idade. Os autores realizaram uma adaptação dos pontos de corte do quociente motor, através da redistribuição das frequências por tercis: nível baixo (1º tercil: 65 ≤ QM ≥ 106), nível normal (2º tercil: 107 ≤ QM ≥ 118) e nível alto (3º tercil: 119 ≤ QM ≥ 140). O sexo masculino apresentou níveis de coordenação motora mais elevados que o sexo feminino. Verificaram um desempenho significativamente superior nos grupos etários de idade mais baixa relativamente aos de idade mais avançada. As crianças com 8 e 9 anos apresentaram os maiores níveis de coordenação motora, enquanto os jovens dos 12 aos 14 anos revelaram índices expressivos de baixa coordenação. E as crianças com excesso de peso e obesidade revelaram níveis elevados de baixa coordenação motora comparados às crianças normoponderais.

Gorla et al. (2008), num estudo realizado com 283 crianças com idades compreendidas entre os 6 e 8 anos e 11 meses, tinham como objetivo avaliar a coordenação corporal de crianças da área urbana do Município de Umuarama-PR. Com esta avaliação verificaram que os valores médios das tarefas do teste KTK aumentam ao longo da idade, excetuando a tarefa do equilíbrio à retaguarda.

Valdivia et al. (2008) visaram determinar a influência da idade, sexo, nível socioeconómico e nível de adiposidade subcutânea na coordenação motora em 4007 crianças peruanas dos 6 aos 11 anos. Nas quatro tarefas do teste KTK verificaram um incremento dos valores médios ao longo da idade, em ambos os sexos, revelando diferenças significativas nas tarefas saltos monopedais e transferência sobre plataformas a favor dos rapazes, enquanto as raparigas obtiveram melhores resultados na tarefa equilíbrio à retaguarda. Não se verificando diferenças significativas entre os sexos na tarefa saltos laterais, apresentando os rapazes níveis de coordenação motora superiores às raparigas. Observaram, também, esta superioridade nas crianças normoponderais comparativamente às crianças com excesso de peso e obesidade. Porém estes autores não consideraram os pontos de corte e as tabelas normativas do teste original, somando as pontuações obtidas nas quatro tarefas do teste KTK.

Bianchi (2009) teve como objetivo avaliar a coordenação motora corporal total em crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico em 799 crianças entre os 7 e os 10 anos de idade. Obteve, assim, como resultados: os rapazes apresentam melhores resultados de

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coordenação motora do que as raparigas; as crianças com 9-10 anos apresentam valores superiores relativamente às de 7-8 anos; e as crianças normoponderais revelam sempre resultados superiores de coordenação motora comparativamente às crianças com excesso de peso e obesidade, verificando diferenças significativas em todos estes resultados.

No estudo de Deus et al. (2010), onde participaram 285 crianças (143 rapazes e 142 raparigas) dos 6 aos 10 anos de idade, foi verificado em ambos os sexos um incremento significativo dos valores médios de coordenação motora, nas quatro provas do teste KTK, ao longo dos quatro anos de escolaridade. Apresentando os rapazes valores superiores de coordenação relativamente às raparigas, sendo as tarefas equilíbrio à retaguarda e saltos laterais com melhores resultados para estas e os saltos laterais para os rapazes e as crianças normoponderais apresentaram melhores resultados de coordenação motora.

Monteiro et al. (2010) visaram determinar as variáveis preditoras (biológicas e socioculturais) da coordenação motora em 263 crianças entre os 10 e os 14 anos. Observaram que 38% da amostra total apresentam perturbações na coordenação, 32,3% coordenação normal e 29,7% insuficiência na coordenação, revelando os rapazes valores superiores no quociente motor total e em todas as tarefas. Verificaram também que as crianças normoponderais apresentam desempenho coordenativo superior às crianças com excesso de peso.

Vandorpe et al. (2011) pretenderam, em 2470 crianças entre os 6 e os 12 anos, construir valores de referências atualizados quanto ao sexo e à idade. Neste estudo verificaram que a coordenação motora aumenta ao longo da idade, no entanto, não é óbvio afirmar quem apresenta melhor coordenação motora, uma vez que, os rapazes revelam níveis superiores na tarefa saltos monopedais e as raparigas na tarefa equilíbrio à retaguarda, sendo os resultados semelhantes nos dois sexos nas tarefas saltos laterais e transferência sobre plataformas.

A análise da associação entre a coordenação motora e o IMC de 7175 crianças dos 6 aos 14 anos foi objeto de estudo de V. P. Lopes et al. (2012). Os resultados revelaram um aumento dos níveis de coordenação motora à medida que a idade avança, apresentando o sexo masculino níveis de coordenação superiores ao sexo feminino. A maioria dos rapazes e das raparigas exibia uma coordenação normal, à exceção dos 9 anos que manifestava perturbação na coordenação. As crianças normoponderais apresentam desempenho significativamente superior de coordenação motora relativamente às crianças com excesso de peso e obesidade, verificando uma correlação negativa entre a coordenação motora e o IMC em todas as idades.

Melo e Lopes (2013) avaliaram 794 crianças dos 6 aos 9 anos de idade com o objetivo de analisar a associação entre o IMC e a coordenação motora. Em todas as idades

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REVISÃO DA LITERATURA

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os rapazes apresentaram melhor desempenho motor comparado às raparigas e em ambos os sexos verificaram diferenças significativas relativamente à prevalência de obesidade, apresentando as crianças normoponderais melhores resultados que as crianças com excesso de peso e obesidade.

Tabela 1 – Síntese de estudos que utilizaram o teste KTK

Autores (ano) Amostra/Idade Teste Variáveis Resultados

Maia & Lopes

(2002) 250 (6-10 anos) KTK Género Idade Prevalência de obesidade Desempenho motor

superior nos rapazes e

nas crianças normoponderais; e aumento ao longo da idade Lopes et al. (2003) 3742 (6-10 anos) KTK Género Idade Desempenho motor

superior nos rapazes e decréscimo ao longo da idade Graf et al. (2004) 668 (6-9 anos) KTK Género Prevalência de obesidade Desempenho motor

superior nos rapazes e

nas crianças normoponderais Collet et al. (2008) 243 (8-14 anos) KTK Género Idade Prevalência de obesidade Desempenho motor

superior nos rapazes e

nas crianças

normoponderais; e

decréscimo ao longo da idade

Gorla, Duarte & Montagner (2008) 283 (6-8 anos e 11 meses) KTK Idade Decréscimo do desempenho motor ao longo da idade Valdivia et al. (2008) 4007 (6-11 anos) KTK Género Idade Prevalência de obesidade Desempenho motor

superior nos rapazes e

nas crianças

normoponderais; e

aumento ao longo da idade

Bianchi (2009) 799 (7-10 anos) KTK Género Desempenho motor superior nos rapazes e

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22 Idade Prevalência de obesidade normoponderais; e aumento ao longo da idade Deus et al. (2010) 285 (6-10 anos) KTK Género Idade Prevalência de obesidade Desempenho motor

superior nos rapazes e

nas crianças normoponderais; e aumento ao longo da idade Monteiro et al. (2010) 263 (10-14 anos) KTK Género Prevalência de obesidade Desempenho motor

superior nos rapazes e

nas crianças normoponderais Vandorpe et al. (2011) 2470 (6-12 anos) KTK Género Idade Desempenho motor

superior nos rapazes e aumento ao longo da idade Lopes et al. (2012) 7175 (6-14 anos) KTK Género Idade Prevalência de obesidade Desempenho motor

superior nos rapazes e

nas crianças

normoponderais; e

aumento ao longo da idade

Melo & Lopes

(2013) 794 (6-9 anos) KTK

Género Prevalência de

obesidade

Desempenho motor

superior nos rapazes e

nas crianças

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23

III. ESTUDO 1 – CARATERIZAÇÃO DA

COORDENAÇÃO MOTORA, DE

ACORDO COM A IDADE E GÉNERO

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24

III. ESTUDO 1 – CARATERIZAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA, DE ACORDO

COM A IDADE E GÉNERO

Resumo

Este estudo tem como objetivo caracterizar e comparar a coordenação motora de crianças dos 6 aos 9 anos, de acordo com a idade e género. A amostra foi constituída por 82 crianças (39 rapazes e 43 raparigas), com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos (8,11

,981). Foi utilizado o teste KTK (Körperkoordinations-test für Kinder) para avaliar a coordenação motora. Para comparar o quociente motor e o desempenho nas tarefas do teste KTK, de acordo com o género e a idade, utilizou-se o teste t de Sudent. Os resultados revelam que 53,8% dos rapazes apresenta coordenação normal e 51,2% raparigas perturbação na coordenação. Relativamente ao grupo etário, 57,9% das crianças com 6 e 7 anos apresentam coordenação normal e 47,6% das crianças com 8 e 9 anos, perturbação na coordenação. Os rapazes apresentam um quociente motor superior, quando comparados com as raparigas, verificando-se diferenças significativas na tarefa dos saltos laterais (p=.001). Quando comparamos os dois grupos etários registaram-se diferenças significativas (p=.006), apresentando as crianças com 6 e 7 anos melhor coordenação motora, com diferenças significativas nas tarefas: saltos monopedais (p=.002) e transferência de plataformas (p=.004). Concluindo, os rapazes e as crianças mais novas apresentam níveis de coordenação motora superiores, tanto no quociente motor como nas quatro tarefas do teste KTK.

Palavras-chave: Teste KTK, coordenação motora, crianças.

Abstract

The aim of this study is to characterize and compare the motor skills of children from 6 to 9 years, according to age and gender. The sample was consisted of 82 children (39 boys and 43 girls), aged between 6 to 9 years (8.11 ± .981). The KTK (Körperkoordinations-test für Kinder) test was used to evaluate motor coordination. To compare the motor quotient and performance in the KTK test tasks according to gender and age, we used t Sudent test. The results reveal that 53.8% of boys have normal coordination and 51.2% of girls have disturbance in coordination. Regarding the age group, 57.9 % of children aged between 6 and 7 years have normal coordination and 47.6 % of children aged between 8 and 9 years, have disturbance in coordination. Boys have an upper motor quotient, when compared with girls, with significant differences in the task of jumping sideways (p=.001). When comparing the two age groups there were significant differences (p=.006), with children aged between 6

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CARATERIZAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA, DE ACORDO COM A IDADE E GÉNERO

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and 7 years having better motor coordination, with significant differences in the tasks: hopping for height (p=.002) and moving sideways (p=.004). In conclusion, boys and younger children have higher levels of coordination, both in motor quotient as in the four tasks of the KTK test.

Key-words: KTK test, motor coordination, children.

Introdução

Segundo Kiphard (1976 citado por Gorla et al., 2009), a coordenação motora é a interação funcional do sistema sensorial, nervoso e músculo-esquelético, com o objetivo de produzir ações motoras precisas e equilibradas (movimentos voluntários) e reações rápidas adaptadas à situação (movimentos reflexos).

Diversos estudos que avaliam a coordenação motora demonstram uma baixa coordenação motora nas crianças do 1º CEB (Lopes et al., 2003; Maia & Lopes, 2002; Monteiro et al., 2010).

Bianchi (2009), Collet et al. (2008), Deus et al. (2010), Graf et al. (2004), Lopes et al. (2003), Maia e Lopes (2002), Melo e Lopes (2013), Monteiro et al. (2010), Valdivia et al. (2008) e V. P. Lopes et al. (2012), verificaram que o sexo masculino apresenta níveis superiores de coordenação motora relativamente ao sexo feminino. Contudo, no estudo de Vandorpe et al. (2011), não é óbvio afirmar quem apresenta melhor coordenação motora, uma vez que os rapazes revelam níveis superiores na tarefa saltos monopedais e as raparigas na tarefa equilíbrio à retaguarda, sendo os resultados semelhantes nos dois sexos relativamente às tarefas saltos laterais e transferência sobre plataformas.

Relativamente à relação da coordenação motora com a idade, os estudos não são consensuais. Collet et al. (2008) e Lopes et al. (2003) observaram um decréscimo significativo do quociente motor ao longo da idade, revelando as crianças dos grupos etários mais baixos maiores níveis de coordenação motora, enquanto as crianças com idade mais avançada revelam baixa coordenação. Contrariamente, Bianchi (2009), Deus et al. (2010), Gorla et al. (2008), Maia e Lopes (2002), Valdivia et al. (2008), Vandorpe et al. (2011) e V. P. Lopes et al. (2012) verificaram um incremento da coordenação motora com o aumento da idade.

Dado o contexto do presente estudo, é nosso objetivo caracterizar e comparar a coordenação motora de crianças dos 6 aos 9 anos, de acordo com a idade e género.

(26)

26 Metodologia

Amostra

A amostra foi constituída por 82 crianças do 1º ciclo do ensino básico, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 6 e 9 anos (8,11

,981). Participaram neste estudo 39 rapazes (47,6%) e 43 raparigas (52,4%). Foram constituídos dois grupos etários: 6-7 anos – 19 crianças (23,2%) e 8-9 anos – 63 crianças (76,8%).

Instrumentos e Procedimentos

A coordenação motora foi avaliada através do teste KTK (Körperkoordinations-test für Kinder), de Kiphard e Schilling (1974), constituído por quatro tarefas: equilíbrio à retaguarda; saltos monopedais; saltos laterais; e transferências sobre plataformas. A cada tarefa é atribuído um quociente motor, calculado com base nos valores normativos, e o somatório dos quatro quocientes representa o quociente motor total, através do qual as crianças são classificadas, de acordo com o seu nível de desempenho motor: insuficiência na coordenação (56-70), perturbação na coordenação (71-85), coordenação normal (86-115), boa coordenação (116-130) ou coordenação muito boa (131-145) (Anexo C).

Análise estatística

Utilizou-se o teste t de Sudent, para comparar o quociente motor e o desempenho nas tarefas do teste KTK, de acordo com o género e a idade.

Todos os dados foram analisados através do programa Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 17.0 para Windows.

Resultados

Através da tabela 2, verificamos que a maioria (41,5%) da amostra total apresenta perturbação na coordenação, 40,2% coordenação normal, 15,9% insuficiência na coordenação e apenas 2,4% boa coordenação, não havendo nenhuma criança com uma coordenação muito boa. Quanto ao género, 53,8% dos rapazes apresenta coordenação normal e 43,6%, perturbação na coordenação. Enquanto 51,2% das raparigas apresenta perturbação na coordenação e apenas 27,9% apresenta coordenação normal. Relativamente à idade, no grupo etário dos 6-7 anos, 57,9% das crianças apresentam coordenação normal e 21,1%, perturbação na coordenação, no entanto, 47,6% das crianças dos 8-9 anos apresentam perturbação na coordenação e 34,9%, coordenação normal.

(27)

CARATERIZAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA, DE ACORDO COM A IDADE E GÉNERO

27

Tabela 2 – Classificação do teste KTK por amostra total, género e idade.

Freq. % Total Insuficiência na coordenação 13 15,9 Perturbação na coordenação 34 41,5 Coordenação Normal 33 40,2 Boa coordenação 2 2,4

Coordenação muito boa 0 0

Masculino

Insuficiência na coordenação 5 12,8

Perturbação na coordenação 12 43,6

Coordenação Normal 21 53,8

Boa coordenação 1 2,6

Coordenação muito boa 0 0

Feminino

Insuficiência na coordenação 8 18,6

Perturbação na coordenação 22 51,2

Coordenação Normal 12 27,9

Boa coordenação 1 2,3

Coordenação muito boa 0 0

6 - 7 anos

Insuficiência na coordenação 2 10,5

Perturbação na coordenação 4 21,1

Coordenação Normal 11 57,9

Boa coordenação 2 10,5

Coordenação muito boa 0 0

8 - 9 anos

Insuficiência na coordenação 11 17,5

Perturbação na coordenação 30 47,6

Coordenação Normal 22 34,9

Boa coordenação 0 0

Coordenação muito boa 0 0

A tabela 3 apresenta os resultados do total do quociente motor, bem como, das quatro tarefas do teste KTK por género e idade. Os resultados do total QM revelaram que os rapazes apresentam melhor coordenação motora comparando com as raparigas, havendo diferenças significativas na tarefa dos saltos laterais (p=.001). Verificamos diferenças significativas do total do quociente motor na idade (p=.006), com as crianças com 6 e 7 anos a apresentarem melhor coordenação motora, revelando diferenças significativas nas tarefas dos saltos monopedais (p=.002) e transferência sobre plataformas (p=.004).

(28)

28

Tabela 3 – Resultados do total do QM e das tarefas do teste KTK por género e idade.

* p< .05

Discussão

O objetivo do presente estudo foi caracterizar e comparar a coordenação motora de crianças dos 6 aos 9 anos, de acordo com a idade e género.

Os nossos resultados revelaram que 41,5% das crianças apresenta perturbação na coordenação, 40,2% coordenação normal, 15,9% insuficiência na coordenação, e 2,4% boa coordenação. Não se encontrando nenhuma criança com muito boa coordenação. A reduzida coordenação motora evidenciada pelas crianças vai de encontro aos estudos de Lopes et al. (2003), Maia e Lopes (2002) e Monteiro et al. (2010) podendo ser explicada devido aos estilos de vida sedentários das crianças, uma vez que, comportamentos sedentários em excesso são considerados como um preditor de uma reduzida coordenação motora (Lopes, Rodrigues & Maia, s.d. e Lopes, Santos, Pereira & Lopes, 2012).

Verificamos através dos resultados que os rapazes apresentam uma melhor coordenação motora, tendo a maioria (53,8%) coordenação normal, relativamente às raparigas que apresentam, maioritariamente, perturbação na coordenação (51,2%). Revelando, assim, que os rapazes possuem valores superiores do total de quociente motor, bem como, nas quatro tarefas que o teste KTK compõe, apesar de não existirem diferenças significativas, à exceção da tarefa saltos laterais. Estas diferenças resultam de questões culturais e às diversas oportunidades de atividade física entre os dois sexos, uma vez que os rapazes, desde cedo, são incentivados a praticarem desporto apresentando elevados níveis de atividade física e as raparigas são direcionadas para brincadeiras realizadas dentro de casa, realizando menos jogos ativos e dispondo pouco tempo às práticas desportivas; bem como, dos brinquedos, os rapazes recebem geralmente brinquedos que estimulam a atividade física e as raparigas, as atividades domésticas (Collet et al., 2008; Lopes, 1998; Lopes et al., 2003 e Valdivia et al., 2008). No estudo de Mesquita (2010), os rapazes revelam maior nível

Total QM Equilíbrio à retaguarda Saltos Monopedais Saltos Laterais Transferência sobre plataformas Masculino 88,41 ± 15,48 88,38 ± 11,90 90,31 ± 14,68 105,92 ± 16,10 79,87 ± 15,64 Feminino 82,02 ± 14,98 88,72 ± 11,81 89,28 ± 14,58 93,53 ± 16,80 73,12 ± 16,57 Sig. ,061 ,898 ,751 ,001* ,062 6 e 7 anos 93,42 ± 19,09 91,89 ± 12,75 98,84 ± 19,77 103,42 ± 18,59 85,58 ± 16,15 8 e 9 anos 82,54 ± 13,36 87,56 ± 11,39 87,03 ± 11,40 98,22 ± 17,14 73,54 ± 15,53 Sig. ,006* ,161 ,002* ,259 ,004*

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CARATERIZAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA, DE ACORDO COM A IDADE E GÉNERO

29

de atividade física e as raparigas têm brincadeiras mais sedentárias durante o recreio escolar. Resultados semelhantes quanto a esta diferença de coordenação motora entre o género foram encontrados nos estudos de Collet et al. (2008); Deus et al. (2010); Graf et al. (2004); Lopes et al. (2003), Maia e Lopes (2002); Melo e Lopes (2013); Monteiro et al. (2010), Valdivia et al. (2008) e V. P. Lopes et al. (2012).

Analisando os resultados relativamente à idade, a maioria (57,9%) das crianças do grupo etário 6-7 anos apresenta coordenação normal, enquanto as dos 8-9 anos (47,6%), apresenta perturbação na coordenação. Mostrando, assim, que as crianças com 6-7 anos de idade possuem valores do total do quociente motor significativamente superiores, comparando com as crianças dos 8-9 anos, havendo diferenças significativas nas tarefas saltos monopedais e transferência de plataformas. As mudanças nos hábitos e estilos de vida podem ter contribuído para estes resultados. De facto, ao longo da vida a prática de atividade física tende a reduzir-se e o uso da televisão no dia-a-dia das crianças tende a aumentar (Collet et al., 2008; Pereira & Neto, 1999). Valdivia et al. (2008) afirmam que a diminuição da coordenação motora com a idade poderá ser justificada pelas alterações verificadas no crescimento e na maturação das crianças. Por outro lado, as atividades de tempo livre são cada vez mais sedentárias, com menor dispêndio energético, quer as de âmbito curricular realizadas na escola, quer as informais espontâneas praticadas fora da escola (Pimenta & Palma, 2001). Esta diminuição com a idade foi saliente em investigações realizadas por Collet et al. (2008) e Lopes et al. (2003). No entanto, estes resultados divergem de outras investigações (Deus et al., 2010; Gorla et al., 2008; Valdivia et al., 2008; Vandorpe et al., 2011 e V. P. Lopes et al., 2012).

Conclusões

De acordo com o objetivo delineado os rapazes e as crianças mais novas apresentam níveis de coordenação motora superiores, tanto no quociente motor como nas quatro tarefas do teste KTK.

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CARATERIZAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA, DE ACORDO COM A IDADE E GÉNERO

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values and suitability for 6-12-year-old children in Flanders. Scand J Med Sci Sports, 21: 378-388.

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IV. ESTUDO 2 – EFEITO DO GÉNERO,

IDADE E PREVALÊNCIA DE

OBESIDADE NA COORDENAÇÃO

MOTORA EM CRIANÇAS

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IV. ESTUDO 2 – EFEITO DO GÉNERO, IDADE E PREVALÊNCIA DE OBESIDADE

NA COORDENAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS

Resumo

Este estudo tem como objetivo verificar o efeito do género, da idade e da prevalência de obesidade na coordenação motora em crianças. A amostra foi constituída por 82 crianças (39 rapazes e 43 raparigas), com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos. Foi utilizado o teste KTK (Körperkoordinations-test für Kinder) para avaliar a coordenação motora, o IMC e os valores de corte de Cole et al. (2000) para estimar a prevalência de obesidade. Para verificar o efeito das variáveis independentes (género, idade e prevalência de obesidade) na coordenação motora utilizou-se a ANOVA a três fatores. Os resultados revelam que 57,4% apresentam perturbação e insuficiência na coordenação. Os resultados da ANOVA sugerem um efeito da prevalência de obesidade (p=.027), da idade (p=.001) e da interação da prevalência de obesidade x idade (p=.020) na coordenação motora. Concluindo, as crianças normoponderais com 6 e 7 anos apresentam desempenhos significativamente superiores.

Palavras-chave: Coordenação motora; obesidade, crianças

Abstract

The purpose of this study is to verify the effect of gender, age and obesity prevalence on childhood coordination. The sample is constituted by 82 children (39 boys and 43 girls), ranging from 6 and 9 years old. The KTK (Körperkoordinations-test für Kinder) was applied to assess motor coordination, the IMC and the cutt-offs of Cole et al. (2000) to estimate obesity prevalence. Three-way ANOVA was carried out to verify the effects and the interaction of the independent variables (gender, age and obesity prevalence) on motor coordination. 57,4% of the children present perturbation and insufficient coordination. Significant effects of obesity prevalence (p=.027) and age (p=.001) were found, as well as from the interaction obesity prevalence x age (p=.020) in motor coordination. In conclusion, younger and normal weight children present a significantly higher performance.

Key-words: Motor coordination; obesity; children

Introdução

No âmbito da coordenação motora, os estudos evidenciam uma baixa coordenação motora nas crianças do 1º CEB (Lopes et al. 2003; Maia & Lopes, 2002; Monteiro et al., 2010) e uma melhoria do desempenho ao longo da idade (Deus et al. 2010; Bianchi, 2009; Maia &

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EFEITO DO GÉNERO, IDADE E PREVELÊNCIA DE OBESIDADE NA COORDENAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS

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Lopes, 2002; Gorla et al., 2008; Valdivia et al. 2008; Vandorpe et al. 2011 e V. P. Lopes et al., 2012), porém Collet et al. (2008), Gorla, Duarte e Montagner (2008) e Lopes et al. (2003) verificaram um decréscimo com o aumento da idade.

Os estudos comparativos mostram que os rapazes apresentam resultados superiores comparativamente às raparigas (Bianchi, 2009; Collet et al., 2008; Deus et al., 2010; Graf et al., 2004; Maia & Lopes, 2002; Melo & Lopes, 2013; Monteiro et al. 2010; Valdivia et al., 2008; V. P. Lopes et al., 2012). Os que analisam a influência da obesidade na coordenação motora demonstram que as crianças obesas apresentam uma coordenação inferior comparativamente às crianças normoponderais (Melo & Lopes, 2013; Bianchi, 2009; Valdivia, 2008; V. P. Lopes et al., 2012; Graf et al., 2004; Monteiro et al. 2010; Deus et al., 2010).

Tendo em conta a concordância e discordâncias relativamente à influência das variáveis individuais na coordenação motora, o presente estudo tem como objetivo verificar o efeito do género, idade e prevalência de obesidade na coordenação motora em crianças.

Metodologia Amostra

A amostra foi constituída por 82 crianças do 1º ciclo do ensino básico, 39 rapazes (47,6%) e 43 raparigas (52,4%), com idades compreendidas entre os 6 e 9 anos (8,11

,981). De forma a verificar o efeito da idade na coordenação motora, foram constituídos dois grupos etários (6-7 anos e 8-9 anos).

Instrumentos e Procedimentos

A coordenação motora foi avaliada através do teste KTK (Körperkoordinations-test für Kinder), de Kiphard e Schilling (1974), constituído por quatro tarefas: equilíbrio à retaguarda; saltos monopedais; saltos laterais; e transferências sobre plataformas. A cada tarefa é atribuído um quociente motor, calculado com base nos valores normativos, e o somatório dos quatro quocientes representa o quociente motor total, através do qual as crianças são classificadas, de acordo com o seu nível de desempenho motor: insuficiência na coordenação (56-70), perturbação na coordenação (71-85), coordenação normal (86-115), boa coordenação (116-130) ou coordenação muito boa (131-145) (Anexo C).

O peso foi avaliado através de uma balança digital Seca, com aproximação às gramas, e a estatura por um estadiómetro acoplado à balança, com aproximação aos cm, tendo sido posteriormente calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). Com base nos valores de corte de Cole, Bellizzi, Flegal & Dietz (2000), ajustados ao sexo e à idade, foi calculada a prevalência de excesso de peso e de obesidade.

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36 Análise estatística

Foi utilizada a estatística descritiva (frequência, média e desvio-padrão) para as diferentes variáveis. Para verificar o efeito principal e a interação das variáveis independentes (género, idade e prevalência de obesidade) na coordenação motora foi aplicada a ANOVA a três fatores. Para a análise dos dados recorremos ao programa Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 17.0 para Windows.

Resultados

Relativamente à prevalência de obesidade, verificamos que 40,2% das crianças são normoponderais e 59,8% têm excesso de peso e obesidade.

A classificação obtida no teste KTK revela que 15,9% das crianças apresentam insuficiência na coordenação, 41,5% uma perturbação na coordenação, 40,2% uma coordenação normal, 2,4% boa coordenação e 0% com uma coordenação muito boa.

Os dados da tabela 4 evidenciam um efeito principal da prevalência de obesidade (p=.027) e da idade (p=.001) na coordenação motora, não se verificando um efeito do género (p=.202). Os resultados da interação revelam um efeito conjunto da prevalência de obesidade x idade (p=.020), observando-se um impacto superior da idade nas crianças normoponderais (Figura 1). As interações do género x idade (p=.225) e do género x prevalência de obesidade não foram significativas (p=.478), assim como, a interação conjunta do género x idade x prevalência de obesidade (p=.993).

Tabela 4 – Efeitos principais e interação das variáveis género, prevalência de obesidade e idade na coordenação motora

Factor F Sig.

Género 1,660 ,202

Prevalência de obesidade 5,078 ,027*

Idade 10,919 ,001*

Género x Prevalência de obesidade ,509 ,478

Prevalência de obesidade x idade 5,655 ,020*

Género x idade 1,494 ,225

Género x idade x Prevalência de obesidade 0,000 ,993

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EFEITO DO GÉNERO, IDADE E PREVELÊNCIA DE OBESIDADE NA COORDENAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS

37 Discussão

O propósito deste estudo foi verificar a interação do género, idade e prevalência de obesidade na coordenação motora em crianças.

Os resultados mostraram que 57,4% das crianças apresenta perturbação e insuficiência na coordenação, indo de encontro aos estudos de Lopes et al. (2003); Maia e Lopes (2002); Monteiro et al. (2010). A reduzida coordenação motora, evidenciada pelas crianças, poderá ser devida aos estilos de vida sedentários. Os estudos de L. Lopes et al. (2012) sugerem que demasiado tempo passado em comportamentos sedentários é considerado como um preditor de uma reduzida coordenação motora. Estes comportamentos são, hoje em dia, característicos das crianças, como ver televisão, em detrimento de atividades mais ativas (Fiates, Amboni & Teixeira, 2008).

Analisando o efeito simples da prevalência de obesidade na coordenação motora, os resultados são significativos, evidenciando as crianças normoponderais um melhor desempenho motor, confirmando os resultados de Bianchi (2009); Graf et al. (2004); Melo e Lopes (2013); Valdivia et al. (2008); V. P. Lopes et al. (2012). Valdivia et al. (2008) refere que as crianças de hoje apresentam um estilo de vida sedentário e inativo o que conduz a um défice motor, levando ao excesso de peso e obesidade. Estes autores referem que as crianças com excesso de peso e obesidade apresentam baixos quocientes motores devido à exigência de um deslocamento horizontal e vertical do centro de gravidade nas tarefas do teste KTK, uma vez que o peso excessivo afeta a geometria do corpo aumentando a massa de diferentes segmentos corporais(D’Hondt, Deforche, Bourdeaudhuij & Lenoir, 2009).

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38

Relativamente ao efeito da idade na coordenação motora, observamos que as crianças mais novas apresentam quocientes motores superiores, contrariando a maioria dos estudos que evidenciam que a coordenação motora aumenta ao longo da idade (Bianchi, 2009; Deus et al., 2010; Gorla et al., 2008; Maia & Lopes, 2002; Valdivia et al., 2008; Vandorpe et al., 2011 e V. P. Lopes et al., 2012). As crianças com 6 e 7 anos apresentam valores de coordenação motora significativamente superiores comparativamente às de 8 e 9 anos. Este facto confirma que o quociente motor total diminui ao longo da idade, tal como revelam os estudos de Collet et al. (2008), Gorla, Duarte e Montagner (2008) e Lopes et al. (2003). Collet et al. (2008) justifica esta diminuição devido a uma redução dos níveis de atividade física à medida que a idade avança.

No que diz respeito à interação conjunta da obesidade e da idade verifica-se que as crianças mais novas e normoponderais apresentam uma coordenação motora superior, enquanto nas mais velhas o efeito da obesidade não se faz sentir. Talvez o tamanho da amostra (n= 83) e a desproporcionalidade do número de crianças que integram os dois grupos de idades (n=19; n=63) possa justificar estes resultados.

Conclusões

Verifica-se um efeito significativo, de forma negativa, da prevalência de obesidade e da idade na coordenação motora das crianças do 1º CEB. As crianças normoponderais de 6-7 anos de idade apresentam um desempenho significativamente superior na coordenação motora.

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EFEITO DO GÉNERO, IDADE E PREVELÊNCIA DE OBESIDADE NA COORDENAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS

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V. CONCLUSÃO GERAL

Os resultados do estudo um permitem-nos concluir que 53,8% dos rapazes apresenta coordenação normal e 51,2% raparigas perturbação na coordenação e 57,9% das crianças com 6-7 anos apresentam uma coordenação motora normal e 47,6% das crianças com 8-9 anos, perturbação na coordenação, evidenciando os rapazes e as crianças mais novas níveis de coordenação motora superiores, tanto no quociente motor como nas quatro tarefas do teste KTK.

No segundo estudo, verificou-se um efeito significativo, de forma negativa, da prevalência de obesidade e da idade na coordenação motora, exibindo as crianças normoponderais e as mais novas (6-7 anos de idade) um desempenho significativamente superior.

Assim, de forma geral, concluímos que, a maioria das crianças apresenta problemas e uma insuficiente coordenação motora, e os rapazes apresentam níveis de coordenação motora superiores comparativamente às raparigas. As crianças normoponderais com 6 e 7 anos apresentam desempenhos significativamente superiores.

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VI. SUGESTÕES

No âmbito do tema abordado nesta dissertação salienta-se a necessidade da realização de mais estudos com amostras representativas, mais variáveis independentes, tais como, ocupação dos tempos livres e hábitos alimentares e com crianças mais velhas (dos 10 aos 14 anos), de forma a percebermos a alteração da coordenação motora com o decorrer da idade.

Consideramos importante a implementação da educação psicomotora1 nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, orientadas por profissionais qualificados, de forma a contribuir para um maior desenvolvimento da coordenação motora destas crianças.

Com base nestas considerações, considera-se também necessário criar condições e recorrer a estratégias (educação psicomotora) nas escolas com o objetivo de enriquecer e aumentar os estímulos, como forma de diversificar as experiências psicomotoras e, consequentemente, melhorar a coordenação motora das crianças. No entanto, é importante ressaltar que embora o meio ambiente e a aprendizagem sejam fundamentais para um bom desenvolvimento da coordenação motora, também devemos ter em consideração a maturação dos sistemas sensorial, nervoso e músculo-esquelético, pois estes são aspetos desenvolvidos e não aprendidos.

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A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação básica na escola primária. Condiciona todas as aprendizagens das crianças, levando a estas terem consciência do seu corpo, da lateralidade, a situarem-se no espaço, a dominarem o seu tempo e a adquirirem habilmente a coordenação dos seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser aplicada desde a mais tenra idade, pois conduzida com perseverança permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas (Le Boulch, 1987).

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Imagem

Tabela 1 – Síntese de estudos que utilizaram o teste KTK
Tabela 2 – Classificação do teste KTK por amostra total, género e idade.
Tabela 3 – Resultados do total do QM e das tarefas do teste KTK por género e idade.
Tabela 4 – Efeitos principais e interação das variáveis género, prevalência   de obesidade e idade na coordenação motora
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Referências

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