11%
-1 â ,..._.›Universidade Federal
de
Santa
Catarina
Ê
.f _
Programa de Pós-Graduação
em
Wiz
Engenharia
de Produção
LE
L
íí
G
ii
G
E
E
ii
L
DE
G
LE
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D..
GG
L
-DE
ii
L
E
L.
EL
D
ií
G
GL
PEDAGOGIA
DIGITAL:
ESTRATÉGIAS
DE
APRENDIZAGEM
NO
AMBIENTE
VIRTUAL
E
A
DISSEMINAÇAO
DA CULTURA
DIGITAL
NAS
03728574
Lídia Cristina Pinheiro
de
FariaESCOLAS
PUBLICAS
Dissertação
de
Mestrado
Florianópolis
Lídia Cristina Pinheiro
de
FariaPEDAGOGIA
DIGITAL:
ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM
NO
AMBIENTE
VIRTUAL
E
A
DISSEMINAÇAO
DA CULTURA
DIGITAL
NAS
ESCOLAS
PUBLICAS
PDissertação
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção
da
Universidade
Federal
de
Santa
Catarina
como
requisito parcial
para
obtenção
do
grau
de
Mestre
em
Engenharia
de
Produção.
Orientador:
Prof.Francisco
Antônio
Pereira Fialho
Florianópolis
Lídia Cristina Pinheiro
de
FariaPEDAGOGIA
DIGITAL:
ESTRATÉGIAS
DE
APRENDIZAGEM
NO
AMBIENTE
VIRTUAL
E
A
DISSEMINAÇAO
DA
CULTURA
DIGITAL
NAS
ESCOLAS
PUBLICAS
Esta dissertação
foijulgada
e
aprovada
para
a
obtenção
do
grau
de
Mestre
em
Engenharia
de Produção no Programa de
Pós
Graduação
em
Engenharia
de
Produção da
Universidade
Federal
de
Santa
Catarina.
Florianópolis, 31 de julho de 2002.
Prof.
Edson
Pa
co Paladini, Dr.Coordenador do
C
rso de Pós-Graduaçãoem
Engen
a `a de ProduçãoBANCA
EXAMINADORA:
/
¿
ffPr F ncisco Aztonio Per ra Fialho, Dr.
Orientador V I ,
De/Ê-E
r ... . *I',1í...._éz_›íÍͧ¿?
Pro andro od g e rtins, Dr. Profa. Edis zz' ra . olli, Dra.
À
Deus,“Porque D'Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas.
Glória, pois, a Ele, eternamente.Amém” (Rom. 11:36)
À
minha mãe, Geny,pela dedicação, incentivo,
compreensão
e companheirismoem
todo otempo
Ao
meu
Pai Juvercino (in memorían),pelo cuidado
com
meu
futuro.Ao
meu
Segundo
Pai José,Agradecimentos
A
Deus: “Não tenho palavras pra agradecer tua bondade.Dia após dia
me
cercascom
fidelidadeNunca
me
deixes esquecerQue
tudo o que tenho,Tudo
o que souE
o que vier a serVem
de ti, Senhor.Dependo
de tiPreciso de ti
Sozinho
nada
posso fazer.Descanso
em
tiEspero
em
tiSozinho
nada
posso fazer.Nunca
me
deixes esquecerQue
tudo o que tenho,Tudo
o que souE
o que viera serVem
de ti, Senhor.Tudo
o que tenho,Tudo o que sou,
E
oque
vier a serEntrego a ti, Senhorl”
Ao
Prof. Fialho, porme
ensinar a aprender e a descobrir que posso superar eultrapassar obstáculos, sua incansável paciência, apoio e incentivo foram essenciais para
realização desta pesquisa.
Ê
À
minha grande amiga Silvinhacom quem
eusempre
compartilhei alegrias e tristezas, porseu apoio tão importante para mim.
À
Olivia, amiga de curso e percurso, companheiraem
todos os obstáculos e vitórias nestetempo
tão precioso de convivência,Ao
Femando, sempre
companheiro, amigo, notável pela disponibilidadeem
ajudarem
todosos momentos.
Ao
Prof. Murílio de Avellar Hingel, Secretário de Estado daEducação
de Minas Gerais, pelaoportunidade de aprender a aprender;
À
Profa. Maria Stela Nascimento, Subsecretaria de Estado da Educação, pelo apoio,confiança e incentivo.
À
Maria Inez Barroso Simões, amiga e Diretora na Secretaria de Educação, pela paciênciaecompreensão
nosmomentos
de ausência.Aos
amigos da Secretaria de Educação, Paulo Mário e GilbertoRezende
por possibilitarem o financiamento e investimento neste sonho, hoje concretizado.À
Profa Marina Stael, diretora do Centro de Referência do Professor, pela atenção econfiança.
À
amiga, Profa Maria Eliana Novaes, por maisuma
vez participar domeu
aprendizado, peladisposição e assistência incondicionais.
Ao
meu
querido irmão Carlos Garçon, pelo estímulo e palavras de encorajamento quetêm
me
ajudado a seguirem
frente.Ao
Pr. Márcio Valadão, por ensinar-me a estabelecer alvos, acreditar que sonhar é possivel,e que
Deus
se alegraem
abençoar seus filhos.Aos
amigos doCHAMAS,
pela convivência e amizade tão preciosos para mim.Ao
Prof. Alejandro, pela sensibilidade e toque especial direcionando o percurso desta pesquisa.À
Profa Édis Mafra Lapolli, por participar de forma tão preciosa na concretizaçãoem
tempo
hábil desta dissertação.
À
Simone
e Sônia, monitorasdo
Mestrado, pela significativa ajudaem
todos os momentos.Ao
Marco
Antonio, interlocutor entre Granbery eUFSC, sempre
prestativoem
ajudar.Aos
colegas do Mestrado, pela convivência e contribuição através das discussões e“Numerosas
posições
de poder
e diversos “trabalhos”
encontram-se
ameaçados.
Mas
se
souberem
reinventarsua
função para
transformarem-se
em
animadores
dos
processos
de
inteligência coletiva,os
indivíduos
e
os
grupos
que
desempenhavam
os
papéis
de
intermediáriospodem
passar a
terum
papel
na
nova
civilização,ainda
mais
importante
do que
o
anterior.Em
contrapartida,
caso se
enriieçam
sobre as
antigas
identidades,é
quase
certoque
ficarãoem
uma
situação
difícil.Resumo
FARIA, Lídia Cristina Pinheiro de.
Pedagogia
Digital: Estratégiasde
Aprendizagem no
Ambiente
Virtual e aDisseminação da
Cultura Digitalnas
Escolas Públicas. Florianópolis, 2002. 91f. Dissertação (Mestrado
em
Engenharia de Produção)
-
Programa
dePós-Graduação
em
Engenharia deProdução,
UFSC,
2002.O
objetivo desta pesquisa écompreender
como
osavanços
da tecnologia e suasmodificações na sociedade têm influenciado a prática educativa nas escolas
públicas.
Os
órgãos governamentais e diversas instituiçõestêm
procurado expandir,através de programas e ações específicas, a universalização
do
acesso aosrecursos tecnológicos, diminuindo, desta forma, o indice
de
exclusão digital.A
instrumentalização e utilização das novas tecnologias, o conhecimento do
ciberespaço favorecem: o ingresso no
mercado
de trabalho, a aquisição deinformações, o acesso ao saber através da mídia eletrônica, tornando possivel,
também,
a inclusão digital,como
um
direito de cidadania. Neste sentido, acredita-seno papel
da
escola na disseminação da cultura digital. Diversos fatores sãonecessários nesta transição do processo de aprendizagem, entre eles: a re-
estruturação dos currículos, a conscientização e o envolvimento dos diretores e
especialistas e a capacitação e treinamento dos professores para
que
possam
interagir
com
os recursos tecnológicos e criar estratégias de aprendizagemque
enriqueçam a prática educativa, contribuindo para aquisição do conhecimento e desenvolvimento dos alunos.
A
utilização das ferramentas tecnológicas associadasàpedagogia possibilita interatividade, criatividade, investigação e troca
de
experiências.
Mudanças
significativas ocorrem no relacionamento professor-aluno-conhecimento.
A
aprendizagem no ambiente virtual envolve cooperação ecolaboração, proporcionando
uma
construçãomútua
do conhecimento, além dodesenvolvimento de habilidades e competências.
O
financiamento na implantaçãoou
manutenção
dos Iaboratórios de informática, o envolvimento dacomunidade
escolar e o investimento do governo e instituições de ensino para
mudar
a realidadedas escolas públicas são alguns desafios a
serem
superados.Abstract
FARIA, Lídia Cristina Pinheiro de.
Pedagogia
Digital: Estratégiasde
Aprendizagem no
Ambiente
Virtual e aDisseminação da
Cultura Digitalnas
Escolas Públicas. Florianópolis, 2002. 91f. Dissertação (Mestrado
em
Engenharia de Produção)
-
Programa
dePós-Graduação
em
Engenharia deProdução,
UFSC,
2002.This research goal is to understand
how
technology advances, and thecorrespondent
changes
in society,have
influenced the teaching practices insidegovernmental schools.
Government
organs and several institutions are looking for toexpand, through specific actions and programs, the access to the technological
resources, turning it universal,
and
diminishing, in this way, the social exclusionindicators.
The
utilization ofnew
technologies, cyberspace knowledge, favors: workmarket insertion, information acquisition, and access to knowledge through electronic
medias, allowing also a digital inclusion, which is a citizen right. ln this sense
we
believe in the school role as a disseminator of this digital culture. Several factors are
needed
in this transition of the learning process.Between
then: curriculum re-arranging, directors and specialists enrolling and commitment, and the capacitating
and training of professors, allowing then to interact with the technological resources,
and creating learning strategies for the enriching of the teaching practice, contributing
to knowledge acquisition, and students development. Technological tools use,
combined
with pedagogy, allows interactivity, creativity, investigation, andexperiences exchange. Meaningful
changes
occur in the relationship professor-student-knowledge. Virtual environment learning
encompasses
cooperation andcollaboration, supplying a mutual knowledge construction, beyond skills and
competences
development. Financing the implementation or maintenance ofinformatics' laboratories, obtaining school community enrollment, and
government
and
education institutions investments tochange government
schools reality is achallenge to be superseded.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS LISTADE
QUADROS
LISTADE TABELAS
LISTADE
SIGLAS 1-INTRODUÇÃO
CONTExTUALIZAÇÃO
JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA
DO
TRABALHO
OBJETIVOS
.3.1 OBJETIVO
GERAL
.3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS
ESTRUTURA
DO
TRABALHO
SOCIEDADE
DA INFORMAÇÃO
ECULTURA
DIGITAL2.1
BREVE
HISTÓRICO2.2
CULTURA
DIGITAL E PRÁTICA EDUCATIVA2.3
PAULO
FREIRE EAPRENDIZAGEM CONTEXTUALIZADA
2.4
PERRENOUD
EAs
FINALIDADESDA
FORMAÇÃO DO PROFESSOR
2.4.1
UMA
TRANSPOSIÇÃO
DIDÁTICA2.4.2
UM
REFERENCIALDE
COMPETÊNCIAS
.2.4.3
UMA
APRENDIZAGEM
POR
PROBLEMAS,UM
PROCEDIMENTO
CLINICO 2.4.4UMA
AVALIAÇÃOFORMATIVA
BASEADA NA
ANÁLISEDO
TRABALHO
2.5As
RELAÇÕES DE COMPLExIDADE NA ESCOLA
2.5.1
ENTRE A
PESSOA
EA SOCIEDADE
2.5.2ENTRE A DEPENDENCIA
EA
AUTONOMIA
2.5.3
ENTRE A
INVARIÃNCIA EA
MUDANÇA
2.5.4ENTRE
A
IGUALDADE EA
DIFERENÇA-
METODOLOGIA PARA
PESQUISAMÉTODOS
QUALITATIVOS EMÉTODOS
QUANTITATIVOS.1
ESTUDO
DECASO
.2
A
ENTREVISTA.3
A
ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
ANÁLISE
DOS
DADOS:O
REGISTRO
EA ORGANIZAÇÃO
3.3PROCEDIMENTOS
3.3.1
PROPOSTA
3.3.2 HISTÓRICO
DA
INSTITUIÇÃO3.3.3 DINÂMICA E
DETALHAMENTO
DO CURSO
3.4
AMOSTRA
3.5 CARACTERÍSTICAS
DO GRUPO
PESOUISADO
3.6INSTRUMENTOS
3.7
REGISTRO
DOS
DADOS
3.3 LIMITAÇOESDO
ESTUDO
3.7Os CUIDADOS
ÉTICOS4 - ANÁLISE
DOS RESULTADOS
-
CONCLUSÕES
ESUGESTÕES PARA
TRABALHOS
FUTUROS
CONCLUSÕES
SUGESTÕES
PARA TRABALHOS FUTUROS
REFERÊNCIAS
OBRAS
CITADASOBRAS
CONSULTADAS
-
APENDICES
7.1 APENDICE 1 -
FORMULÁRIO PARA
SUGESTÃO
DE ATIVIDADES7.2 APENDICE 2 - AVALIAÇÃO
DO CURSO
7.3 APENDICE 3 - ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS
NO CURSO
7.4 APENDICE 4 - QUESTIONÁRIO 7.5 APENDICE 5 - ROTEIRO |`)_x _¡_\_L .W $^'°° '°$"$'°.°°-* _Â-\_l |\)_\I
LISTA
DE
FIGURAS
LISTA
DE
QUADROS
Quadro
1-Detalhamento
do Programa de
cursoQuadro
2- Característicasdas
escolas entrevistadasQuadro
3-Termos
apresentados
na
1*questão
do
QuestionárioQuadro
4- Proposições referentes à importânciada
InformáticaEducativa
na
prática pedagógica.Quadro
5- Atividades propostasna Oficina Pedagogia
Digital:Estratégias
de Aprendizagem
no
Ambiente
Virtual.p.55 p.59 p.63 p.65
LISTA
DE
TABELAS
Tabela
1-Data
e
número de
participantesdo
cursoTabela
2-Formação
acadêmica
do
grupo pesquisado
Tabela
3-Número
e
nívelde
escolaspesquisadas
Tabela
4- Itensmais conhecidos
p.50 p.57 p.57
LISTA
DE
SIGLAS
TIC
Tecnologiasde
Informaçaoe
Comunicaçao
PCN
-
Parâmetros
Curriculares NacionaisSRE
-
Superintendência Regionalde
Ensinoda
Secretariade
Estado
da Educação
de Minas
Gerais 415
1
iNTRoDuÇÃo
nú
1.1
Contextualizaçao
A
principal premissado
materialismo históricode
KarlMarx
é ade
que
evoluções
significativas
das
forças produtivas,ou
seja,da capacidade
de
produção
de
uma
determinada
sociedade,provocam
alteraçõesnas
relaçõesde
produção;essas
entendidas
como
a forma pela qual os diversoscomponentes
do processo
produtivose relacionam entre si. Tais alterações repercutem
nos
costumes e
valores sociaise
nas
instituições jurídico-politicas(FERRARI,
1994).O
livro verde'aponta
modificaçõesno
perfildo
trabalhador,mediante
asmudanças
percebidasna
implantaçãoda Sociedade da
Informação.Cada
vez mais
exige-se
dos
trabalhadores continua atualizaçãoe desenvolvimento
de
habilidadese
competências,
de
modo
a atenderaos novos
requisitos técnico-econômicose
aaumentar sua
empregabilidade. (Livro Verde, 2000, p.21).Uma
vez
que
a escola é consideradacomo
instituição universaldo
saber, é necessárioque
ela esteja atentaàs
demandas
da sociedade
em
que
está inseridafazendo as modificações
e
adaptações
em
seus
curriculose
programas
sempre que
forem
necessárias.Heide
e Stilborne (2000, p. 24)afirmam
que
as habilidadesde comunicação
tornaram-se essenciais para
ganhar
a vida,mas
os alunosnão
estão entrandono
mercado de
trabalhoadequadamente
preparados.Em
geral,concorda-se
que,no
séc. XXI, a tecnologia será onipresente.
Os
futuristaspreveram
que
no
finaldo
séc.XX, aproximadamente
dois terçosde
todo o trabalho envolveriaalgum
tipode
informação computadorizada. Daí a importância
dos
alunosaprenderem
a
acessar,analisar
e comunicar
informações eletrônicasde
forma
eficiente.As
transformaçõessão
bi-laterais: porum
lado a escola precisa preparar o aluno paraum
mercado de
trabalho dinâmico,que
demanda
diversas habilidades e1 O
_Livro Verde é uma proposta elaborada por um grupo de implantação do chamado Programa Sociedade da informação no
Brasil. Em sua elaboração, contou com o envolvimento de mais de 300 pessoas no Pals e no exterior e tem duas
caracteristicas inusrtadas quando comparado com documentos similares de outros paises: 1°: a proposta do grupo tenta cobrir,
de fonna articulada _e abrangente, todos os aspectos considerados relevantes para a Sociedade da Informação no Brasil, de Politica e Desenvolvimento a aplicações, do setor governamental ao setor privado, de tecnologias avançadas a impacto social; 2°: a proposta do Grupo tenta chegar até o nivel de ações concretas visando
a enriquecer discussões subseqüentes para a
competências. Por outro, o professor
que
precisa habilitar-se, apropriando-sedos
recursos tecnológicos, para
poder
atingiros
objetivosda
escola.Perrenoud
selecionadez novas competências
para ensinar, necessáriasao
professor, privilegiando aquelas
que
emergem
atualmente. Dentre elas,na
oitavacompetência
-
“Utilizarnovas
tecnologias”, o autorafirma
que:a escola não pode ignorar o que se passa no mundo. As novas
tecnologias da informação e da comunicação (TIC) transformam
espetacularmente não só nossas maneiras de comunicar,
mas
também detrabalhar, de decidir, de pensar
(PERRENOUD,
2000, p. 125)Portanto,
se
a escola ministraum
ensinoque
não é
útil para a realidadedo
alunoem
seu uso
externo, ela correum
riscode
desqualificação.Estamos, portanto, diante
de
um
problema:se
porum
lado ademanda
da
escolaé contribuir para a inclusão digital
e formação
de
alunos aptos aatuarem
nasociedade
da
informação, por outronos
deparamos
com
um
entraveque tem
impossibilitado
a
concretizaçãodos
objetivos propostos,ou
seja,os
gestoresda
escola, especialistas
e
professores estão despreparados, desatualizados edesinformados
paraatuarem nos
laboratóriosde
informática implantadosnas
escolas.
A
disseminação
da
cultura digitalnas
escolas públicasé
a proposta desta pesquisa atravésda formação e
capacitaçãodos
professores pormeio
da
apreensão
e elaboraçãode
estratégiasde aprendizagem no ambiente
virtual,além
da
utilizaçãodos
laboratóriosde
Informáticacomo
fator significativona
práticaeducativa.
1.2
Justificativa
e importância
do
Trabalho
As
oportunidadesque
estão surgindomediante
as transformaçõesna economia,
as
possibilidadesde
ingressono
mercado de
trabalho,o grande
potencialque
os
recursos tecnológicos
e
a internettêm
para aeducação
e
integraçãodas pessoas
são
relevantes.Simultaneamente
encontra-se'uma
situaçãode
fundamentalimportância: a
questão da
exclusão digital.Também
denominada de
apartheid digitalimplica
no
fatode
milharesde
pessoas
não
terem domínio das novas
tecnologiasde
17
(Artigo: Inclusão Digital
-
Programa de
Inclusão digitalna
Secretaria Municipalde
São
Paulo-
www.sampa.org.br).A
clientela atendida pela escola pública égrande e
diversificada.A
maioriados
alunos
encontram-se na
parcelaeconomicamente
desfavorecida e a escola constitui-se
no
único lugarde
acesso
ao
saber
institucionalizado,às novas
tecnologiase
atualidades
da
sociedade.Muitos professores
da
rede pública trabalham para garantirum
salárioque
lhespossibilite suprir
suas necessidades
básicas e, muitas vezes,não
têm
condiçõesfinanceiras para investir
em
sua
formação.É
necessárioque
os órgãos governamentais
disponibilizem recursos financeirose
humanos
paramodificar
esta realidade.Atualmente
não
apenas
ogoverno
têm
se
preocupado
com
esta situação,mas
empresas
e organizaçõesnão governamentais
têm
desenvolvido projetosque
busquem
a universalizaçãodo
acesso
ao
ciberespaçoz, à
propagação
da
cibercultura3.Mais
do que
aprender
uma
técnicaé
necessárioque
oseducadores
mergulhem
na
busca
do
conhecimento.A
escola precisa explorar estenovo
portadordo
saber, oespaço
virtuale suas
diversas possibilidades.O
ciberespaço suporta tecnologias intelectuaisque
amplificam, exteriorizame
modificam numerosas
funções cognitivashumanas:
memória
(banco
de
dados, hiperdocumentos, arquivos digitaisde
todos os tipos),imaginação
(simulações),percepção
(sensores digitais, telepresença, realidades virtuais), raciocínios(inteligência artificial,
modelização
de fenômenos
complexos).Essas
tecnologiasintelectuais
favorecem novas formas
de
acesso
à informação àe novos
estilosde
raciocínio e
de conhecimento”
(Lévy, 1999, p.157).Um
ambiente
virtualde
aprendizagem
pode,além
de
possibilitar recursosde
aprendizagem,
permitira formação
de
uma
cultura digitalonde
todossejam
habilitados e instrumentalizados para sobreviverem
na
era tecnológica.2
Pierre Lévy conceitua ciberespaço como o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores.
O
termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas tambémouniverso oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (Cibercultura São Paulo, Ed. 34, 1999)
3
Cibercultura, segundo Pierre Lévy é conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) , de práticas, de atitudes, de
modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.
O
contigente a ser atingido é expressivo tendoem
vistaque
poderá abranger
osalunos, professores
das
Escolas Públicase
comunidade
escolar.O
que
a Pedagogia
Digital poderia desenvolver para favorecera aprendizagem
efetiva
e
a construçãodo conhecimento no ambiente
de
aprendizagem
virtuale
possibilitar a igualdade
de
oportunidadesaos
alunosda
Rede
Pública, geralmenteexcluídos por
sua
condiçãoeconômica
e
social?Muitos autores já
descreveram e
testarammétodos
que
objetivaraminstrumentalizar
e
formar cidadãos parao
pleno exercícioda
cidadania.Como
poderia-se aplicar
ou
adaptar estratégiasde aprendizagem no ambiente
virtual?Poderia-se
apenas
reproduziras
metodologias utilizadasnum
ambiente
presencial?Um
ambiente
virtualde
aprendizagem
pode,além
de
possibilitar recursosde
aprendizagem,
gerar oque temos
vivenciadocom
a explosãoda
internetna
erada
informação
-
permitir aformação de
uma
cultura digitalonde
todossejam
habilitadose
instrumentalizados para sobreviveremna
era tecnológica.1.3
Objetivos
1.3.1.
Objetivo
Geral
~ Avaliar a influência
da disseminação da
cultura digitalno processo
de
aprendizagem nas
escolas públicasde
Belo Horizontee
proporaçao
parautilização
dos
Laboratóriosde
informática.1.3.2.
Objetivos
Específicos
°
Descrever
a importânciada
assimilaçãoe
utilizaçãoda
tecnologiana
educação
e instrumentalização para o trabalho.~ ldentiflcar os motivos
que
impedem
a utilizaçãodos
Laboratórios;° Avaliar
a
importânciado
envolvimentode
diretores, especialistase
professores
na
aquisiçãoe
apropriaçãoda
cultura digital.~ Identificar as estratégias
de aprendizagem
possíveisde
desenvolverno
19
1.4
Estrutura
do
Trabalho
Esta pesquisa está organizada
em
cinco capítulos.O
primeiro capítulo apresenta a contextualizaçãoda questão
referenteà
Disseminação
da
Cultura Digitalna sociedade
ena
escola.Faz
uma
reflexão
sobreo
importante papel
da
escolana democratização do acesso aos
recursos tecnológicose descreve
os objetivos desta pesquisa.O
segundo
capítulo tratada
fundamentação
teóricaque
servede
base
paraanálise
dos
dados
apresentados na
experiência desenvolvidano
Centrode
Referência
do
Professor. Apresenta, inicialmente, as característicasda Sociedade
da
Informaçãoe
Cultura Digital.Relata
a
influênciada
cultura digitalna
prática educativa.Apresenta as
idéiasde
Paulo
Freiree
aaprendizagem
contextualizadae
como
Perrenoud
analisa as finalidadesda
formação do
professor.O
terceiro capítulo apresenta a metodologiade
pesquisa utilizadano
desenvolvimento
do
trabalho, a caracterizaçãodo
público atendidoe
a descriçãodos procedimentos
e instrumentos usados.O
capítuloquatro descreve
a análisedos
resultadosmediante
aplicaçãodos
questionários,
assim
como
os pontos relevantesda
Entrevista semi-estruturada.O
capítulocinco
apresenta aconclusão e
propostade
trabalhos futurosque
poderão
ser desenvolvidosem
continuidade a esta pesquisa.20
2
SOCIEDADE
DA INFORMAÇÃO
E
CULTURA
DIGITAL
2.1
Breve
Histórico
A
presença
da
ciênciae da
tecnologianas
atividades produtivase nas
relaçõessociais estabelece
um
ciclo crescentede mudanças, provocando
rupturas rápidas.Automação
bancária,supermercados
com
códigosde
barrasem
seus
produtos,escritórios
e
escolas virtuaisfazem
partede
uma
realidade já percebida por muitos.O
acesso
à internete
a multiplicidadede
diferentesusos
como
pesquisa,investimentos e
comércio
eletrônico, interatividadena
rede, trocade mensagens
com
ooutro lado
do
planetasão
hoje atividades praticadasno
mundo
inteiroe no
Brasil.Temos
nos adaptado
naturalmentea essas
transformaçõesque
se
incorporam diariamente ànossa
vidae
“passamos
a viverna
Sociedade
da
Informaçãosem
maiores questionamentos,onde
a informação flui a velocidadese
em
quantidadeshá
apenas
poucos anos
inimagináveis,assumindo
valores sociaise
econômicos
fundamentais” (Livro Verde, p.3).
A
Sociedade
da
Informaçãonão é
um
modismo.
É
consideradacomo
um
novo
paradigma
técnico-econômico-
um
fenômeno
globalcom
elevado
potencialtransformador
das
atividades sociaise
econômicas.
Cabe
ressaltarque
as
estruturasdessas
atividadessão
afetadasna Sociedade da
Informação pela infra estruturade
informação disponivel.
A
dimensão
político-econômicaé
acentuada
em
decorrênciada
contribuiçãoda
infraestrutura
de
informação diferenciandoempreendimentos nas
regiões, tornando-asmais
ou
menos
atraentesem
relaçãoaos
negócios.Outro fator relevante
e
que
sofre alteraçõesé
adimensão
socialque tem
poder
de
promover a
integração,ao
reduziras
distâncias entreas pessoas e aumentar o seu
nível
de
informação.Em
contrapartida às possibilidadesque
aSociedade
da
Informação apresentaencontra-se
desafios
para ademocratização
do
acesso: cercade
90%
da
população
do
planeta jamais teve
acesso
ao
telefone.Cada
paístem buscado
alternativase
políticas voltadas para aSociedade da
Informação,
de
forma a assegurar benefícios, diminuir a disparidade social entre aspessoas
atravésde
projetosde
desenvolvimento
socialmoldadas
de
acordo
com
cada
21
O
suporte tecnológicoda Sociedade
da
Informação envolveuma
imensa malha de
meios
de
comunicação
que
cobre paises inteiros, interliga continentese
chega
às casas
e
empresas:
fios
de
telefone, canaisde
microondas, linhasde
fibra ótica,cabos
submarinos
transoceânicose
transmissões via satélite.As
pessoas
operam
ou
utilizam-seda
transmissão e qualidadedos
serviçosoferecidos por
computadores
que processam
informações, controlam,coordenam
etornam
compativeisos
diversos meios.Percebe-se
alguns aspectos inovadoresna
Sociedade
da
Informação:1. Digitalização:
processamento
de
qualquer tipode
informaçãoou conteúdo
“numa
série
de
códigos informáticosque
serãoeventualmente
traduzidospor
um
computador
em
sinais alfabéticospara
um
dispositivode
apresentação” (Lévy,O
que
é o
virtual, pg.39).Tais
dados
tornam-senuma
diversidadede
aplicações possibilitando asua absorção
pelas
pessoas
e
utilizaçãoem
diferentes áreasdo
conhecimento
e da
cultura.2.
Dinamismo
da
indústria: a globalizaçãovem
viabilizar,além
da queda
das
fronteiras culturais e
econômicas,
a popularização crescentedo uso
do
computador, devido à
queda
dos
preçosdas máquinas.
O
número de
equipamentos e
softwaresvendidos
aumentou
consideravelmentenos
últimosanos.
3.
Crescimento da
Internet:apesar
de
serum
serviço restrito a poucos,de
acordo
com
o
Livro Verde, a internet atingiu50
milhõesde
usuáriosnos
EUA em
quatroanos.
A
conectividade internacionalse disseminou
por praticamente todo omundo,
a velocidadede
alcanceda
internet mostraque
estamos
diantede
um
fenômeno
singulare
estratégico parao desenvolvimento das
nações.No
Brasil, a internetdesenvolveu-se
primeiramentena
comunidade
cientifica e logoA
privatizaçãodos
serviçosde
telecomunicação
e criaçãode
uma
Agência
Nacionalde
Telecomunicações
(ANATEL) tem
permitido maior emais
rápida disponibilidadede
acesso aos meios
de
comunicação.
De
acordo
com
o
LivroVerde
(p. 5- 11),no
Brasil foi composto,em
1999,um
grupo
de
implantaçãodo
chamado
Programa
Sociedade da
informação, lançado oficialmentepela Presidência
da
Repúblicaem
15de
dezembro.
Na
realidade,o
país dispõedos
elementos
essenciais paraa
efetivaçãode
uma
iniciativa nacionalrumo
à
Sociedade
da
Informação,
além é
clarode
caracterizar-senuma
oportunidade impar parao
Brasilalavancar
o desenvolvimento
e
manter
uma
posiçãode
competividadeeconômica
no
mercado
internacional.Entretanto,
a
inserçãona Sociedade
da
informação requer,além
da
base
tecnológica
e
infra-estruturaadequada,
uma
sériede
condiçõese
inovaçõesnas
estruturas produtivas
e
organizacionais,no
sistema educacional e instânciasreguladoras, e, para
que
o
impacto seja positivo,é condição
sinequa
non
que
o maiornúmero de
pessoas, organizaçõese
regiões tornem-se usuários ativosdas
redesavançadas de
informação.A
Sociedade
da
Informação envolve diversas árease
cada
pais precisa estabelecersua
rota e prioridades.Nesta
perspectivatem-se
transformações:I
No
comércio
eletrônico-
opção
fundamental para amodernização
do
setorprodutivo;
I
Na
dinâmicade
atuação das
Pequenas
e
Médias
Empresas
atravésda
incorporação
das novas
tecnologiase geração de emprego,
trabalhoe
renda.I
No
empreendorismo,
ou
seja, inovaçãodo
capital intelectualcomo
base dos
novos
negócioso
que
implicana produção
e aplicaçãode
informaçõese
conhecimentos e a sua
gestão,nos moldes
da
chamada
inteligência coletivafempresarial e organizacional.
I
Na
oportunidadede
trabalho para todos:geração de mais
empregos. Para
tanto,é
necessário ampliar a empregabilidadedos
trabalhadores pormeio
do
aprendizado
continuadoe desenvolvimento
de
novas
habilidadese
competências,
além
do
conhecimento das
tecnologiasde
informação ecomunicação
_4
Inteligência Coletiva, segundo Pierre Levy é uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente
valorizada, coordenada ern tempo real, que resulta
em
uma mobilização efetiva de competências. A base implica23
Na
universalizaçãodo
acesso
objetivandocombater
as disparidades sociais eeconômicas e promover
a cidadaniatambém
atravésda
inclusão digital.Na
educação
e aprendizado
continuado afim
de
permitirao
indivíduo,não
apenas
acompanhar
as
mudanças
tecnológicas,mas também
inovar, garantindodessa
forma,seu espaço de
liberdadee
autonomia.Na
valorizaçãode
conteúdos e
identidade cultural para preservaçãoda
identidade nacional
e
na sociedade
global.No
governo, atravésde
uma
administração transparentee
centradano
cidadãovoltada para a prestação
de
informaçõese
serviços à população,ou
seja,governo
ao
alcancede
todos.Na
Pesquisa
e
Desenvolvimento:é
necessárioaos
paísesdeterem o
conhecimento
avançado
sobre asTIC e suas
inovaçõescomo
fator primordialde
competitividade
econômica.
No
Desenvolvimento
sustentável-
preservaçãodo
ecossistema: refere-seao
domínio
de
tecnologias relevantes para conhecer, diagnosticare
monitoraras
condições
ambientais e, sobretudo dar suporte às politicas públicase
ações
sociais
na prevenção
de
riscos sobre omeio
ambiente.No
Desenvolvimento
de
infra-estrutura para melhorar a qualidadede
vidados
cidadãos
e
elevara
competitividade entreas empresas.
No
Desenvolvimento, integraçãoe
valorizaçãode
potencialidades regionais:utilização
da
diversidade culturalcomo
fatorde
vantagem
competitivapossibilitando maior proximidade entre
governos
municipaise
estaduais.Na
integraçãoe
cooperação
latino-americana:o
Mercosul objetiva contribuir paraum
ambiente
de
integraçãoe cooperação
entre os paísesmembros,
permitindo-lhes maior intercâmbio e
dinamismo econômico
e tecnológico,assim
como
promover
a solidariedade entreos
paísese seu desenvolvimento
sociale
cultural.
Diante
de
todas as transformações necessárias amais
essencial implicana
universalização
do
acesso
econseqüente formação
de
uma
cultura digital.De
acordo
com
Lévy
(1999, p. 25),“uma
técnicaé
produzida dentrode
uma
cultura
e
uma
sociedade
encontra-se condicionadapor suas
técnicas."Uma
vez
que
virtualização
da
técnicas,da linguagem e das
instituiçõessão conseqüências de
um
movimento
contemporâneo de
uma
nova
culturaque
precisa ser assimiladae
apreendida.
Dados a amplitude e o ritmo das transformações ocorridas, ainda nos é
impossível prever as mutações que afetarão o universo digital após o ano
2000. Quando as capacidades de memória e de transmissão aumentam,
quando são inventadas novas interfaces
com
o corpo e o sistema cognitivohumano, quando se traduz o conteúdo das antigas midias para o
ciberespaço (o telefone, a televisão, os jornais, os livros, etc. ), quando o
digita/ comunica e coloca
em um
ciclo de retroalimentaçäo processosfisicos, econômicos ou industriais anteriormente estanques, suas
implicações culturais e sociais devem ser reavaliadas sempre (Pierre Levy,
1999, p. 25).
É
imprescindívelque
a maior parte possíveldos
individuospossam
obteros
conhecimentos
necessários para utilizarcom
um
mínimo
de
proficiência,os
recursostecnológicos existentes,
assim
como
disporde
acesso
físico regular aesses
recursos.
É
preciso diferenciar ouso de forma
restrita,que
caracteriza-seno
adestramento dos cidadãos
para operarcomputadores
e
softwares aplicativos,de
uso
comum,
do
uso
de forma
ampliada,
que
se
refereà
idéiade
instrumentalização,
onde
o indivíduo incorpora a tecnologiacomo
ferramentade
produção e desenvolvimento
da
comunicação
e informação.A
apropriaçãode
uma
cultura digital vaialém da manipulação das
ferramentastecnológicas.
2
1Cultura
Digitale
Prática
Educativa
No
âmbito social, inclusão digital por estartambém
relacionada à inclusão social,ou
seja,na
inserçãodo
individuona
esfera públicacomo
interlocutore
não
como
receptor,
exercendo
ativamenteseu
direitode
cidadão.O
desafio ora vigente consistena
inclusãodo
uso
do computador na
vidacotidiana.
Levy
(1999, p.161)afirma que
nenhum
órgão
institucional previuou
planejou
antecipadamente
o desenvolvimento
da
informática pessoal,das
interfacesgráficas
interativas,dos programas das
comunidades
virtuais,dos
hiperte›‹tosou
da
transmitidas pela efervescência
de
movimentos
sociais e práticasde
base, vieramÊ:
lugares inesperados para qualquer “tomador
de
decisões”. ”Para
Meisteir (1999) asensação de
impactoou
estranheza diantede
tantastransformações justifica-se
porque os
métodos de
trabalho tradicionais tornaram-seobsoletos.
Para
aquelesque
não
participaramda
criação,produção e
apropriaçãodos novos
instrumentosde
trabalho, a tecnologiaé
a manifestaçãode
uma
ameaça.
E
não
é só
paraos
que não
se
apropriaram,mas
também
devidoà
aceleração tãoforte
e
generalizadano ambiente
virtual que, atéos mais
ligadosencontram-se
em
diferentes graus, ultrapassados pelas
mudanças
contínuas.Até
o
finaldos anos
60, ascompetências
adquiridasao
longoda
juventude, juntoa
um
diploma, garantiamum
bom
trabalho atéa
aposentadoria. Muitas vezes,o
que
era
impresso
no
papel (diploma) tinhamais
valordo
que
as habilidades propriamenteditas.
A
partirda
década de
70
esta situaçãocomeça
a mudar.Na
sociedade
da
informaçãoe
da
comunicação
não
é mais
consideradade
um
bom
trabalhadorapenas
lealdadeá empresa.
A
empregabilidadetem
sidosubstituída pela ocupacionalidade. Força
muscular
e
pontualidadenão
são mais
préàrequisitos
que
garantem
asegurança no
trabalho.Na
realidade, os trabalhadores sóprosperarão
se
desenvolverem seu
capital intelectual.Espera-se
que
os trabalhadoresconstruam
sua base
de
conhecimento
ao
longoda
vida.A
qualificaçãoexigida
agora é mais
mentalque
manual, implicaem
destreza,no
modo
como
se
gerencia a informação
no
trabalho.Meister (1999) cita
algumas das
habilidadese competências
requeridasde
um
trabalhador
das
organizaçõespós-modernas:
o
Saber
desenvolver relacionamentos;ø Ouvir
atentamente
e saber comunicar-sebem;
oSer
criativona
resoluçãode
problemas;o
Ter
sensibilidadeno
tratoaos
clientes;o Gerenciar conflitos, aplicando o
conhecimento
existente anovas
situações;
o Raciocinar estrategicamente;
o Negociar, analisar situações;
ø
Ser
capaz
de
formar parcerias parachegar
num
consenso
atravésda
o incorporar o
aprendizado
àssuas
vidas.Para
estar apto a exerceras
novas funções
nestemercado
competitivonão
bastaapenas
terum
certificadode
graduação
descritono
currículo. Acredita-seque
o
prazo
de
validadede
um
diploma universitário éde
menos
de
dois anos. Portanto,cabe
ao
trabalhador investirem
sua
qualificaçao profissionai.Com
certeza,o
velhoesquema
segundo
o qual aprendia-seuma
profissão na
juventude para exercê-Ia durante
o
restanteda
vida encontra-se, portanto,ultrapassado.
Os
indivíduossão
levados amudar de
profissão
váriasvezes
em
suas
carreiras, e
a
próprianoção de
profissao tornase
cada vez mais
diferenciada.Para
sobreviveràs
crescentes transformaçõesé
necessárioque
a escola,em
parceria
com
o mercado,
o
Estado e
a sociedade,se
mobilizemno
sentidode
fazerdo
jovem
um
cidadãoe
um
trabalhadormais
flexivele
adaptávelàs
rápidasmudanças
que
a
tecnologiavem
impondo
à vidamoderna.
O
contextoeconômico mudou.
A
sociedade
tem
hoje outras prioridades eexigências
em
que
aação
é oelemento
chave.Existem várias
concepções
referentes à incidênciadas novas
tecnologiasna
educaçao.
Dentre elas,a
visão clássicade
que
a informática oferecemáquinas
de
ensinar, substituindo,
assim
os professores.Em
outraabordagem, compreende-se
ocomputador
como
instrumentode
comunicação
e
pesquisa,de
informação, cálculo,de
produção
de mensagens
aserem
colocadas
nas
mãos
dos
estudantes.Pierre
Lévy
(1999, p.172) apresenta outra perspectiva. Ele afirmaque
`...ao prolongar determinadas capacidades cognitivas humanas
como
memória, imaginação, percepção, as tecnologias intelectuais
com
suportedigital redefinem seu alcance, seu significado, e algumas vezes até
mesmo
sua natureza. As novas possibilidades de criação coletiva distribuída,
aprendizagem cooperativa e colaboração
em
redes oferecidas pelociberespaço colocam novamente
em
questão o funcionamento dasinstituições e os modos habituais de divisão do trabalho, tanto nas
empresas
como
nas escolas.Como
manter as práticas pedagógicas atualizadascom
esses novosprocessos de transação do conhecimento?
A
proposta não é utilizar astecnologias a qualquer custo, e sim acompanhar consciente e
27
as formas institucionais, as menta/idades e a cultura dos sistemas
educacionais tradicionais e, sobretudo os papéis do professor e de aluno.
Para
formarpessoas preparadas
para anova
realidade sociale
do
trabalho, a escola precisa iralém
do
ensinar por ensinar,de
transmitirconteúdos
desvinculadosda
vidado
alunoe
reformularseu programa
educacional,sua
pedagogia.A
escoladeve
desenvolverem
seus
alunos,as competências
-
que não
se
constitui
num
conhecimento
específico,mas
na
“capacidadede
encontrar,de
reunir,de
reconstruir,de
relere
atémesmo
de
reaprender” (Perrenoud,200Gb
p. 69).A
competência
mobiliza, atualiza, extrapolae produz
conhecimentos.Novas
competências
cognitivase
culturaissão
exigidasno
perfildo
trabalhador,o
que
também
contribui paraseu
desenvolvimentohumano
e
social.Desta
forma, o papelda educação
implicaem
possibilitar a construçãodo conhecimento além de
atuar
como
elemento
de
desenvolvimento
social.É
importante ressaltar que:a aproximação entre as competências desejáveis
em
cadauma
dasdimensões sociais não garante
uma
homogeneização das oportunidadessociais.
Há
que considerar a redução dos espaços para os que vãotrabalhar
em
atividades simbólicas,em
que o conhecimento é o instrumentoprincipal, dos que vão continuar atuando
em
atividades tradicionais e, omais grave, os que se vêem excluídos
(PCN
- Ensino Médio, pg. 12).Um
ensinopautado
em
competências
que
buscam
odesenvolvimento
cognitivoe
social, associado
ao
exercícioda
cidadaniaé
essencial parase combater a
segmentação
da sociedade e
a desigualdadeque
cada
dia atinge níveis elevados,gerando
odesemprego,
a violência,pobreza desenfreada e
a intolerância.Neste
contexto, quaiscompetências
a escoladeve
priorizarem
seu
currículo?Poderia-se enumerá-las,
e
enfatizar, entre elas: acapacidade
de
abstração,o
desenvolvimento
do pensamento
sistêmico,ao
contrárioda
compreensão
parcial efragmentada dos fenômenos,
a criatividade, a curiosidade, acapacidade
de pensar
diversas alternativas para a solução
de
um
problema,ou
seja,do
desenvolvimento
do pensamento
divergente, acapacidade
de
trabalharem
equipe,a
disposição para procurar e aceitar críticas, a disposição para o risco, odesenvolvimento
do
pensamento
crítico, osaber
comunicar-se e acapacidade
de
buscar conhecimento.Não
há
espaço
parauma
formação
estáticano ambiente
dinâmico e diversificadoque
a revolução tecnológicanos
sugere.Constata-se a
necessidade
de
replanejar a prática educativae
investirna
formação de
docentes,na
seleçãode
conteúdos,na
inovaçãode
metodologias e incorporaçaode
instrumentos tecnológicosmodernos.
As
diretrizesda educaçao
devem
tercomo
eixosas
tendênciasapontadas
parao
século XXI.A
globalização econômica, ao promover o rompimento de fronteiras,muda
ageografia politica e provoca, de forma acelerada, a transferência de
conhecimentos, tecnologias e informações, além de recolocar as questões
da sociabilidade humana
em
espaços cada vez mais amplos.A
revoluçao tecnológica, por sua vez, cria novas formas de socialização,processos de produção e, até mesmo, novas definições de identidade
individual e coletiva. Diante desse
mundo
globalizado, que apresentamúltiplos desafios para o homem, a educação surge
como uma
utopia necessária indispensável à humanidade na sua construção da paz, daliberdade e da justiça social (PCN - Ensino Médio, pg. 12).
A
formação
éticae
odesenvolvimento
da autonomia
intelectuale
do
pensamento
crítico tornam-se prioridades,
além
de
permitiraos
alunos desenvolvera capacidade
de
continuaraprendendo.
No
contexto educacional, trabalharcom
aabordagem
porcompetências
ainda éum
desafio
a ser perseguido e conquistado. lstoporque
mudanças
superficiaisnão
são
suficientes,defrontamo-nos
com
a naturezados
currículos,com
a fragmentação
das
disciplinas,dos
hábitos didáticos,com
a inérciada
avaliação,com
asformas
enormas
do
ensino competitivoe
o tratamentodas
diferenças.São numerosas
asalterações a
serem
superadas. Culturalmente,estamos
habituados a esperarque
amudança
ocorrado macro ao
micro,do
sistema à escola.O
papeldo
aluno,do
professor, a seleçãodos conteúdos e
a metodologia sofremalterações
no ambiente
virtual.O
processo de aprendizagem
e a construçãodo
conhecimento
devem
serrepensados
a partirdas
possibilidadese
alternativasque
›~ t
LI,
Í
29
'
Mas,
como
aaprendizagem
e aquisiçãode
conhecimento
não
estão restritosao
Í?
'li
ambiente
escolar, precisa-se analisar outrosagentes
que
interferemna formação
do
.šri
aluno.
›
Aprendizagem
conte›‹tualizada,
formação
do
professor e prática educativasão
.›
~.¡| `
I ti.
componentes que
variamde acordo
com
as posições ideológicas escolhidas.i
É
importante ressaltarque
as teorias descritas neste trabalho estãoembasadas
numa
educação
democrática,que
busca o desenvolvimento
da
autonomia,do
senso
crítico,das competências dos
atores sociais eda capacidade
de
construire
defenderpontos
de
vistas pelosagentes
da
educação.
2.3
Paulo
Freire
e
a
Aprendizagem
Contextualizada:
o conhecimento
que
faz
diferença
na
realidade
do
aluno
Conceber
uma
educação
na sociedade
da
informação exige considerar diversosaspectos
relativosàs
tecnologiasde
informaçaoe
comunicaçao, a
começar
pelo papelque
elasdesempenham
na
construçãode
uma
sociedade
que
tenha a inclusãoe
ajustiça social
como
uma
de
suas
prioridades principais.A
educação éum
elemento fundamental na construção deuma
sociedadebaseada na informação, no conhecimento e no aprendizado. Parte
significativa dos desníveis entre individuos, organizações, regiões e países
deve-se à desigualdade de oportunidades relativas ao desenvolvimento da
capacidade de aprender e efetivar inovações. Portanto, educar
em
uma
sociedade da informação não significa apenas treinar pessoas para
utilizarem as tecnologias de informação e comunicação: implica também
em
investir na criação de competências suficientemente amplas que lhespermitam ter
uma
atuação efetiva na produção de bens e sen/iços, tomardecisões fundamentadas no conhecimento, operar
com
fluência os novosmeios e ferramentas
em
seu trabalho,bem como
aplicar de forma criativa,as novas mídias seja
em
usos simples e de rotina ou de forma maissofisticadas. (Livro Verde, p. 45)
implica, portanto,
em
formar indivíduos “aprendentes”,de
modo
aserem
capazes
de
atuarem
positivamentecom
a contínua e acelerada transformaçãoda base
tecnológica.A
inclusãonão
se traduzapenas
no aprendizado
de
técnicasde
programação ou
do
Inclusão social (e digital)
pressupõe formação
para a cidadania, oque
significaque
astecnologias
de
informaçãoe
comunicação
devem
ser utilizadastambém
para ademocratização dos processos
sociais, para fomentara
transparênciade
políticase
ações de governo e
para incentivar a mobilizaçãodos
cidadãose
sua
participação ativanas
instâncias cabíveis.Paulo Freire
sempre
defendeu
uma
educação
libertária,como
um
ato político, atode
conhecimento e
ato criador.Sua
marca é
a
relação diretacom
a
realidade, atravésda
busca
do
significado social.Freire (1996 a) afirma
que
o sujeito é responsável pela construçãodo conhecimento
e
pela ressignificaçãodo que
aprende.Na
Sociedade
da
informaçãoas
implicações sociaissão mais
significativas para aquelesque
não
têm
acesso
às tecnologias etampouco
conhecem
as
ferramentasdo
ambiente
digital. _À
medida
que
se intensificamos
discursosde
democratização e
inclusão digital,torna-se evidente
a
inexperiênciade
participaçãodas
massas
e
anecessidade
de
apropriação
dos novos saberes
exigidos pelomercado.
Uma
apropriaçãoque
supere
osenso
comum
e, atravésda
criticidade, alcance a curiosidade epistemológica. implica,portanto,
em
estabeleceruma
relação específicade
sujeito para objetoque
resultena
aquisição
do
conhecimento, representada pelalinguagem
(PAULO
FREIRE,1996
b,p.1 13).
A
formade
captação da
realidadepode
ocorrerde
duas
formas opostas entre si:Através
de
uma
consciência
crítica: representaçãodas
coisase
fatoscomo
se
dão
na
existência empírica,
ou
de
uma
consciência
ingênua:percepção
superioraos
fatos,dominando-os
de
fora,numa
superposição à realidade.“A natureza
da ação corresponde
à naturezada compreensão.
Se
a
compreensão
écrítica,
a ação
também
o
será,se ingênua
fora compreensão, ingênua
sera'a
ação”(Freire,
1996b
p.114).A
propostade
um
ensino conte›‹tualizadobaseado
na
perspectivada
educação
libertadora
deve
envolver e a inclusão digitalcomo
processo
de
transitividadeda
consciência
ingênua
à crítica.No
contexto educacionalé
traduzidona superação
do
papel