CM
M4
PAULA
CHRISTINA
DOS
SANTOS
FEBRE
DE
ORIGEM
OBSCURA:
UMA
VISÃO
ATUAL
DE
UM
ANTIGO
PROBLEMA
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a conclusão no Curso de Graduação
em
Medicina.
FLORIANÓPOLIS
FEBRE
DE
ORIGEM
OBSCURA:
UMA
VISÃO
ATUAL
DE
UM
ANTIGO
PROBLEMA
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a conclusãono Curso de Graduação
em
Medicina.
Coordenador do curso: Prof. Dr. Edson Cardoso Orientador: Dra.
Ana
Maria Nunes de FariaStamm
FLORIANÓPOLIS
AGRADECIMENTOS
Aos
meus
pais pelo apoio, incentivo, pelas renúncias e até o sacrifíciodispensado.
À
Dra.Ana
Maria
pela compreensão, amizade e conhecimentos transmitidos.Minha
sincera admiração.Ao
LuísGustavo
Ferreirada
Silva pelo sorriso nas horas dificeis.À
Sabrina, por simplesmente serminha
amiga.Aos
funcionáriosdo
HU-UFSC
pelo auxílio na execução deste traballio.A
todos os amigos que dealguma forma
contribuíram para conclusão deste estudo,em
especial: Alexandre, Letícia, Rafael.LISTA
DE ABREVIATURAS
... ..vILISTA
DE
GRÁFICOS
... ... ..VII
LISTA
DE
TABELAS
... ..VI1.
INTRODUÇÃO
... .. 2.REVISÃO
DA
LITERATURA
... .. 3.OBJETIVO
... .. 4.MÉTODOS
... .. 10 4.1.Delineamento
do
Estudo
... .. 10 4.2.O
Hospital ... .. 10 4.3.População
do
Estudo
... .. 11 4.3.1. Critériosde
Inclusão ... .. 11 4.3.2. Critériosde Exclusão
... .. 11 4.4. Variáveis Categorizadas ... .. 11 4.5. AnáliseDocumental
... .. 12 4.6.Aspectos
Éticos ... .. 12 5.RESULTADOS
... .. 13 6.DISCUSSÃO
... ..17
7.CONCLUSÕES
... ..25
s.REEERENCLAS
... ..27
NORMAS
ADOTADAS
... ..31
RESUMO
... ..32
SUMMARY
AIDS
AIH
AINE
CDC
FAE
FOO
FR
HIV
HU
LES
LILACS
MEDLINE
OMS
Tb
TC
UFSC
USA
VHS
-
Síndrome da
ImunodeficiênciaHumana
Adquirida - Autorização paraIntemação
Hospitalar- Antiinflamatório
não
esteroidal- Centro de Controle de
Doenças
(Centers for DiseaseControl, Atlanta, Georgia,
EUA)
,- Febre a Esclarecer
- Febre de
Origem
Obscura
- FebreReumática
- Vírus da Imunodeficiência
Humana
- Hospital Universitário-
Lupus
Eritematoso Sistêmico- Publicações Latino-Americanas
da Área
Médica
na
Intemet
- Publicações Mundiais
da
Área
Médica
na
Intemet- Organização
Mundial
daSaúde
- Tuberculose-
Tomografia
Computadorizada
- Universidade Federal de Santa Catarina - United States of
America
LISTA
DE
GRÁFICOS
LISTA
DE
TABELAS
TABELA
I - Distribuição da categoria diagnóstica deFOO
e sua freqüência... 14TABELA
II -Métodos
diagnósticos utilizadosem
cada grupo de pacientescom
1.
INTRODUÇÃO
Febre de
Origem Obscura
(FOO)
sempre
foium
dos diagnósticos que maisdesafiaram
a perspicácia médica.A
busca e o encontroda
etiologia dessa entidadedepende
de inúmeros fatores: desde a experiência e sabedoriado
médico
até a possibilidade de realizar osexames
necessários, conhecimento de quadros típicos e atípicos de determinadas patologias,tempo
para oacompanhamento
e observaçãodo
caso, entre outros”.A
definição deFOO
foi elaborada por Petersdorf e Beesonlna
década de 60, sendo osmesmos
responsáveis poruma
das melhores séries prospectivas deacompanhamento
de pacientes,quando
essa entidade tomou-se, então, mundiahnente conhecida. Freqüentemente éuma
febre prolongada (mais de 3 semanas) quetem
como
causauma
doença
comum
manifestando-se de forma atípical 1,25.Durante 10 anos, as doenças infecciosas, seguidas pelas doenças
neoplásicas representaram as principais causas de
FOO1.
No
entanto,com
o
avanço tecnológico surgiramnovos
métodos
diagnósticos, e durante adécada
de70 houve
uma
inversão na freqüência das principais etiologias verificadas anteriormente 8. Finahnente, a década de90
culminoucom uma
redefmiçãodo
conceito de
FOO,
proposta porDurack
e Street3.Inúmeros trabalhos
têm
sido realizadosna
América do
Norte7*8=1°,América
Centralg e
América do
Sul4 ` 6 É tanto relacionados a conceitua ão e istas clínicas, quanto ao diagnóstico e tratamento daFOO4
`1°.No
Brasil,São
Paulo eMinas
Gerais destacaram-secom
algumas casuísticasna década
de 80”.Os
resultados foram de certa fonna concordantesnos dois estados. Tanto
em
São
Paulo quantoem
Minas
Gerais, a principal etiologia foi atribuída as doenças infecciosas(29,7%
e40%
dos casos, respectivamente).A
diferença ocorreucom
a segunda atribuição etiológica:prevaleceu grande
número
de casossem
diagnósticoem
São
Paulo, e as neoplasiasem
Minas
Gerais.No
estado de Santa Catarina não há, até o presentemomento,
estudoem
série de pacientes
com
FOO
que nos permita aprofundar acompreensão
e o conhecimento sobre esse tema.Ao
considerar o Hospital Universitário (HU),da
Universidade Federal deSanta Catarina
(UFSC),
localizadoem
Florianópolis,um
importante centro de referência para todo o estado eum
local propício para pesquisa e ao enfatizar que esse diagnóstico éum
dos mais abrangentes ecomplexos
problemas médicos,tomou-se
importante e necessário acondução
deum
estudo para caracterizar o2.
REVISÃo
DA
LITERATURA
Febre de
Origem
Obscura
(FOO)
foi defmida por Petersdorf e Beesonlem
1961como
febre superior a 38,3°C (10l°F)em
várias ocasiões, duração de mais de trêssemanas
e impossibilidade de se chegar aum
diagnóstico apósuma
semana
de investigação hospitalar.Embora
essa defmição tenha se mantido por mais de30
anos,Durack
e Street3propuseram
uma
nova
classificação, discriminando quatro categorias:FOO
Clássica, Hospitalar, Neutropênica e associada ao vírusda
imunodeficiênciahumana
(HIV).A
categoria que nos interessa é aFOO
Clássica12=13, que corresponde aantiga defmição de
FOO
por Petersdorf e Beesonl, diferindo apenasno
tocante a exigência anterior deuma
semana
de estudo hospitalar, que passou a consistirentão, de três consultas ambulatoriais
ou
três dias de intemação hospitalarsem
detecção da causa de febre.Posteriormente,
na
década de 90, Petersdorf 14comentou
em
um
editorial amudança
do tempo
de investigação deFOO,
dentro deuma
realidade permitida pelo avanço tecnológico, que tevecomo
conseqüência a modernização dosmétodos
laboratoriais e hospitalares.A
seqüência de investigação para o diagnóstico deFOO
depende do
sistema pessoal de cada profissional de saúde.
A
título de exemplo,especificamos
algumas etapas propostas porAmato
Neto15: internaçãodo
pacienteem
hospitalcom
recursos satisfatórios; realização deexames
fundamentais(hemograma,
análise de urina, radiografia de tórax, entre outros),acrescentando-se velocidade de
hemossedimentação (VHS),
intradermo reaçãode
Mantoux,
hemocultura e eletroforese de proteínas séricas;exame
clínicoenquadramento
de infecções locais,como
porexemplo
sinusite; realização de várias hemoculturasem
diferentesmeios
de cultivos;manutenção do
pacienteem
observação, submetendo-o amétodos
diagnósticos mais especializados para oesclarecimento
da
febre. *As
expressivas dificuldades para o esclarecimento da origem daFOO,
querequer
um
roteiro dificil e dispendioso para ser seguido,nem
sempre, porém, garantemum
esclarecimento diagnósticávelzrs.O
espectro das doenças que se apresentamcomo F
OO
é amplo, sofre muitas influências e tem-semodificado
aolongo dos anos.
As
primeiras grandes sériesU6*17demonstraram
repetidamente três grandes categorias: infecções, neoplasias e doençasdo
colágenoou
multissistêmicas.Entre as causas infecciosas, a tuberculose (Tb)
sempre
mereceu
destaque, nas suas mais diversas formas.Os
tumores linforreticulares contribuíramcomo
as neoplasias mais freqüentesmó e entre as doenças multissistêmicas, FebreReumática
(FR) eLúpus
Eritematoso Sistêmico (LES)'.O
avanço científico aprimorou o conhecimento e osmétodos
diagnósticos para essas patologias, que foram sendo substituídas peladoença
de Still e PoliarteriteNodosa
como
causa deFOO8.
A
febre por drogas, definidacomo
aquela que aparece coincidentementecom
a administração deum
medicamento, desaparecendo após sua interrupção, éuma
causapouco
freqüente.A
verdadeira incidência deste tipo de febre é desconhecida”, sendo encontradaem
um
número
inexpressivolou
não aparececomo
causaem
alguns trabalhos científicosls.Uma
situação clínica rara, quedesafia
osmédicos
e está incluídacomo
causa' deFOO,
é a febre factíciaou
fiaudulenta.Nessa
situação, o paciente simula a febreou
auto induz doençascom
este intuito. Esse tipo de febre aparece5
Em
grandes estudos mundiais, miscelânea éum
grupo expressivo,com
tuna freqüência de14,5% na
casuística de Knockaert et al 2 e8,7%
na
de Vandenbrouckelõ.É
defmidocomo
um
grupo de doençascom
característicasúnicas que
não
seencaixam
em
um
grupo global e/ou específico e por isso sãoagrupadas
em
conjunto.Tem-se
como
exemplo
a febre familiardo
Mediterrâneo,anemia
hemolítica, aneurisma dissecante da Aorta,doença
de Crohn, hepatite granulomatosa e sarcoidose.Apesar
depouco
expressivascomo
diagnóstico deFOO,
a febre psicogênica e hipertennia habitual, que são distúrbiosda
termorregulação,devem
ser observadas”.As
doenças infecciosaspermaneceram
como
principais causas durante adécada
de19601”.
O
primeiro grupo a relatar o predomínio das doençasneoplásicas (31,4%) sobre as infecciosas (30,4%) foi o de Larson et als,
mas
há
também
resultados semelhantesno
estudo dePenã
et al9.Com
o avanço tecnológicono
início dos anos 80, os diagnósticos passaram a ser estabelecidos mais rapidamente. Conseqüentemente, muitos casos não foram incluídos nos critérios deFOO
pornão preencherem
as trêssemanas
de febre.Ainda
neste período, o estudo prospectivo de Knockaert et al2com uma
série de 199 pacientes, apresentou
como
causa principal os processos infecciosos.Neste
grupo o abscesso abdominal edoença
hepatobiliarforam
causasmenos
importantes, talvez pelonúmero
de ultra-sonografias (355) etomografias
computadorizadas (288) realizadas.O
resultado mais impressionante diz respeito ao baixonúmero
de neoplasias(7%)
secomparado
com
sériesanteriores (contrariando, inclusive, o estudo de Larson et als).
Os
autores acreditaram ser o adventodo
uso da ultra-sonografia etomografia
computadorizada os responsáveis por isso.Mesmo
assim,o
número
sem
diagnóstico foi muito elevado (25,6%)quando comparado
a outras séries”.A
forma
estabelecida pelos autoresno
agrupamento dos diagnósticospode
ter influenciado a percentagem de casosnão
diagnosticados.Alguns
diagnósticos possíveistambém
poderiam
ter sido feitos, se baseadosem
achados sugestivos e subjetivos, o que não ocorreuno
referido estudo”.O
editorial de Petersdorf 14, publicado simultaneamentecom
a casuísticada
Bélgicaz, formula futuras propostas para a classificação deFOO.
Concorda
com
Durack
e Street3 quanto aotempo
de investigação,no
qual bastaria apenasuma
semana
(a nível, inclusive, extra hospitalar),mantendo
as trêssemanas
de febre e a temperaturamínima
de 38,3°C. Avaliou de forma cética o trabalho de Knockaert et alz, a respeitodo
grandenúmero
de casossem
diagnóstico. Acreditou que algumas etiologias,como
porexemplo
pericardite e hepatite granulomatosa, queforam
incluídasno
gruposem
diagnóstico, deveriam estarna
miscelânea. Fez, ainda,uma
previsão para o futuro: a síndrome da imunodeficiênciahumana
(AIDS)
afetará profundamente a etiologia deFOO.
É
interessante citarum
marco
na década de 80 realizado por Knockaert etal2°. Eles analisaram 45 pacientes
com
FOO
e história de recorrência damesma,
sendo esse o primeiro trabalho
no
gênero.As
três grandes causas deFOO
(infecções, neoplasias e doenças multissistêmicas)foram
responsáveis somente por20%
das causas de recorrência.Os
principais grupos etiológicos derecorrência incluíram
sem
diagnóstico e miscelânea.Os
meios
diagnósticosmodernos
forampouco
utilizados, porqueum
grandenúmero
de pacientes apresentava-se aindasem
diagnóstico apósuma
rotina inicial,mas
apesar disso,com uma
boa
condição clínica que permitiauma
avaliação posterior a nível ambulatorial.Nenhuma
doença
específica predominante foi encontrada nospacientes deste estudo. Muitos casos resolveram-se espontaneamente e outros
com
o uso de antiinflamatórionão
esteroidal(AINE)
ou
corticóide.A
mortalidade7
Ao
fim
da década de 80 e início da década de 90, Lifshitz et al1° analisou30
pacientescom
FOO. As
principais etiologias foram as doenças infecciosas, seguidas pelas neoplásicas.Os mesmos
questionaram o critério diagnósticoproposto por Petersdorf e Beesonl, que exige
uma
semana
de estudodo
caso deFOO
em
um
hospital, independentemente dos recursos diagnósticos que este contem. Sugeriram, ainda, que qualquer estudo sobre a epidemiologia das causasde
FOO
deveria incluiruma
descrição dos recursos diagnósticos disponíveisno
hospitalem
questão.Kazanjian7,
na
metade da
década de 80, observou que as etiologias infecciosas e neoplásicas foram as mais prevalentes e alertou para onúmero
crescente
do
HIV
nos EstadosUnidos da América do
Norte levando a altaprevalência de mycobactérias, drogas endovenosas, e infecções relacionadas a pacientes imunocomprometidos,
como
o Pneumocystis cariníí.O
avançono
diagnóstico sorológico, microbiológico e/ou de
imagem
resultouem
um
número
maior de casoscom
diagnóstico,sem
a necessidade demétodos
invasivos7”l°.Como
previsto anterionnente7°14, originaram-se pacientes especiais,com
doenças especiais e outras etiologias paraFOO:
pacientes soro positivo paraHIV,
imunocomprometido
ou
idoso.Entre os idosos, as etiologias de
FOO
foram, respectivamente, as doenças multissistêmicas, infecções e neoplasiasn.Mesmo
assim, a percentagem deneoplasias foi maior
do
queem
pacientes mais jovens. Dentroda
rotina de investigação, foi sugerido que a pesquisa de tuberculose e a biópsia de artéria temporalsempre
deveriam ser realizadas.Alguns
aspectos importantes foram salientados: a febreem
idoso teve amenor
duração, o diagnóstico foiestabelecido
em
92%
dos casos, e a febre relacionada a drogas foi encontradacom
maior freqüência. Esse fato talvez tenha relaçãocom
o maiornúmero
de medicações utilizadas por essa população. Sugeriu-seum
direcionamento dapesquisa de
FOO
no
idoso para reduzir os custos, otempo
dadoença
e acelerar o diagnóstico.No
pacientecom
oHIV
positivoou imunocomprometido,
várias sériestem
confrmado
repetidamente que aAIDS
é capaz de causar febre por infecções oportunistas, neoplasias,ou
pelo próprio ví1'us6=l°°22”23=24.Nos
casos deFOO
associado ao
HIV,
dois estudosconcordam
que as principais causas são a tuberculose e as neoplasias linforreticulares, respectivamente23'24. Esses estudos, sugeriramum
prognóstico futuro daFOO
relacionada aoHIV:
qualquer febre prolongada a qualnão
foi encontradauma
etiologia, éum
elemento suspeito deAIDS.
Segundo
a OrganizaçãoMundial da Saúde
(OMS)3°, a sua extensão e disseminação obriga a este enfoque, observando-secom
maiorveemência
a preferência sexual, o uso de drogas, transfusões e a utilização de sorologia paradetecção
da
doença.O
estudo de Bissuel et al” sugere o uso de teste terapêutico paraTb
quando
a etiologiada
febrepermanecer
obscura. Eles utilizaram este tipode teste, e obtiveram resposta positiva
em
17 doentes.A
maior série deFOO
associada aoHIV
(100 casos) foi realizada porKnobel
et al”.O
diagnóstico foi estabelecidona
maioria dos casos (90%),mas
a taxa de mortalidade foi alta (22%).Tb
puhnonar
e extrapulmonar
contribuíramcom
50%
dos casos, mycobactériasnão
tuberculosascom
20%
e outras etiologiascom
menos
de5%.
Os
exames
complementares mais importantesforam
as culturas e hemoculturas. Este estudotambém
sugeriuum
tratamento empírico para Tb,sempre
que necessário,em
função dos resultados obtidos.A
revisãoda
literatura éunânime
em
mostrar quealém
decomplexa
edifícil, a pesquisa diagnóstica de
FOO
também
é abrangente.A
mudança
no
expectro diagnóstico e etiológico8'14,
com
perspectivas futuras de novas alterações23=24, direcionam para maisum
grandedesafio da
medicina à partirdo
3.
OBJETIVO
Determinar e classificar as principais etiologias da
FOO
em
pacientes internadosna
ClínicaMédica
deum
hospital de ensino.4.1-
DELINEAMENTO
DO
ESTUDO
Observacional, exploratório, descritivo e retrospectivo.
4.2-
O
HOSPITAL
O
estudo foi conduzidono
HU-UFSC,
que éum
hospital misto (de ensino e serviço), público e gratuito, localizadoem
Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.Promove
cuidados secundários e terciários, presta serviço principalmente àpopulação local e dos arredores, sendo referência para o interior
do
estado.Nele
são desenvolvidas atividades de ensino para estudantes dos cursos de graduação e pós-graduaçãoem
Medicina, e graduaçãoem
Enfermagem,
Nutrição, Odontologia, Farmácia, Bioquímica e Serviço Social”.Atuahnente
tem
capacidade para230
leitos divididosem
5 clínicas e 4unidades: Clínica Médica, Cirúrgica, Pediátrica, Ginecológica e Maternidade, e
Unidades
de Terapia Intensiva, de Tratamento Dialítico, deObservação
e Berçário de Alto Risco”.As
intemações são procedidas pormeio do
Serviço deEmergência
e dos Ambulatórios queatendem
as diversas especialidades clínicas e cin'1rgicas29,sendo formalmente oficializada através da elaboração de
um
documento
denominado
de autorização para internação hospitalar (AIH).Nesse documento
consta os dados pessoais e clínicosdo
paciente,além do
diagnóstico presuntivoque
motivou
a internação. Posteriormente o diagnóstico presuntivo é transferido paraum
livro de registrona
unidade de internaçãodo
paciente”.ll
4.3-
POPULAÇÃO
DO
ESTUDO
Foram
analisados os prontuários dos pacientes intemadosno
HU
daUFSC,
nas Clínicas
Médica
Masculina (1 e 2) e Feminina,no
período de janeiro de 1993à setembro de 1998.
4.3.1- Critérios
de
InclusãoForam
analisadas 9.250 intemações, queconstavam
em
livros de registro de intemação nas unidades referidas; a exceção ocorreu nos livros referentes a1996
e 1997, da ClínicaMédica
Masculina 1, que foram diretamente revisadosnos prontuários de cada paciente através
da AIH.
Desses prontuários, foram selecionados os que tiveram o diagnóstico presuntivo de Febre a esclarecer(FAE)
ou
FOO.
Nessas
duas circunstâncias, os dadosforam
analisados e enquadradosno
diagnóstico deFOO
Clássica, seguindo os critérios deDurack
eStreet3, a saber: febre superior a 38,3°C (101°F)
em
várias ocasiões, duração de mais de trêssemanas
e impossibilidade de se chegar aum
diagnóstico após trêsconsultas ambulatoriais
ou
três dias de intemação hospitalar.4.3.2- Critérios
de Exclusão
Foram
excluídosdo
estudo os pacientes que apresentavam prontuários incompletos.4.4-
VARIÁVEIS
CATEGORIZADAS
Sexo, idade,
tempo
de intemação, diagnóstico etiológico final,exames
complementares e óbito,foram
as variáveis consideradas. Para o diagnóstico etiológico fmal adotou-se a classificação de Knockaert et al2, dividindo-se os pacientesem
grupos: doenças infecciosas (abscessos, endocardite, tuberculose,febre relacionada a drogas, febre factícia, hipertermia habitual, miscelânea, e
sem
diagnóstico. .
4.5-
ANÁLISE
DOCUMENTAL
A
pesquisa bibliográfica foi realizadaem
banco
de dados da Intemet nosúltimos 10 anos, através
do Medline
(publicações mundiais da área médica) e Lilacs (publicações latino-americanasda
área médica).As
fontes secundáriasforam
obtidas a partir dos artigos desses dois bancos de dados.4.6 -
ASPECTOS
Érrcos
O
projeto de pesquisa foi entregue aoCoordenador
de Pesquisado
Departamento
de Clínica Médica,do
Centro de Ciências daSaúde da
UFSC,
e aprovadoem
reuniãodo
colegiado.5.
RESULTADOS
Das
9250
intemações analisadas de janeirode
1993 à setembro de 1998,55 tiveram
o
diagnóstico presuntivode
FAE
e 8de
FOO. Após
revisão dos prontuários, os pacientesforam
classificados dentro dos critérios deDurack
eStreet3: entre os 55 casos de
FAE,
22
eram
deFOO.
A
série final incluiu30
pacientescom FOO,
sendo a maioriado
sexo masculino (21/30 (70%));a
idademédia
foi de 35,4 anos (desvio padrão de +/- 17,1)com
um
tempo médio
de internação de 17,9 dias (desvio padrãode
+/-11,8).
O
número
de casos porano
foimaior
em
1996
(vide gráfico 1). ‹Gráflco 1 - Distribuição do n° de casos de FOO por ano
'if 10 Y
lrill
1993 1994 1995me
1991me
Hu-uFsc|1sss-nas PER¡°°° ¿¡ WHCASOS O N -h O) (DA
freqüência das etiologiasde
FOO
baseadana
classificaçãode Knockaert
et al 2mostrou
predomínio das doenças infecciosas (15/30 (50%)), seguida pelas multissistêmicas (8/30 (26,6 %)),sem
diagnóstico (5/30 (16,6%)) e miscelânea(2/30 (6.6%)).
Não
houveram
pacientescom
neoplasia, febre factícia, hipertermia habitualou
febre associada a droga.Dentro das etiologias infecciosas, a endocardite bacteriana, foi a principal causa, (3/ 15 (20%)), seguida por tuberculose (2/ 15 (l3,3%)), abscesso abdominal
(2/15 (13,3%)) toxoplasmose (2/ 15 (l3,3%)), febre tifóide (2/ 15 (13,3%)), meningite viral (1/15 (6,6%)), citomegalovírus (l/ 15 (6,6%)), hepatite pelo vírus
B
(1/15 (6,6%)), eHIV(1/15
(6,6 %)), (vide tabela I).Tabela I - Distribuição
da
categoria diagnóstica deFOO
e sua fieqüência.cATEGoR|A
n|AeNÓsT|cA
N°cAsos
%
|NFEcÇÕEs
15 50 Abscesso 2 13,3 Endocardite 3 20 Tuberculose 2 13,3 Virais 4 Outros 4DoENçAs
MuLT|ss|sTÊM|cAs
s M|scE|_ÃNEA 2SEM
D|AGNÓsT|co
5 26,6 26,6 26,6 6,6 16,6 HU-UFSC/ 1993-1998Os
abscessoseram
retrocecal eno
psoas.O
HIV
foi encontradoem
um
paciente
com
tuberculose eem
outrocom
endocardite bacteriana.Dentro
da
etiologia das doenças multissistêrnicas, a artrite reumatóide (2/8 (25%)),doença
de Still (2/8 (25%)) e lúpus eritematoso sistêmico (2/8 (25%)) contribuíramcom
omesmo
número
de casos, seguido porSíndrome do
â15
Dentro da etiologia das doenças multissistêmicas, a artrite reumatóide (2/8 (25%)),
doença
de Still (2/8 (25%)) e lúpus eritematoso sistêmico (2/8 (25%))contribuíram
com
omesmo
número
de casos, seguido porSíndrome do
anticorpoanti fosfolipídeo (1/8 (l2,5%)) e polimialgia reumática (1/8 (l2,5%)).
No
grupo miscelânea foi encontradodoença
deCrohn
(l/2 (50%)) eanemia
hemolítica (1/2 (50%)).Os
exames
que destacaram-sena
investigação dos pacientescom
FOO
origem infecciosa foram: hemocultivos,
métodos
sorológicos e ultra-sonograNas
doenças multissistêmicas, provas de atividade inflamatória(VHS,
mulcoproteínas e proteína
C
reativa) e fator reumatóide.No
grupo etiológico miscelânea, osmeios
diagnósticos contribuíram paraambos
os casos(hemograma,
trânsito de delgado,USG
e TC).Nos sem
diagnóstico, a maioria realizouUSG
(3/5 (60%)), sendo asmesmas
normais.No
global,foram
realizadas 15USG
(13abdômen
total e 2 renais) sendo que40%
(6/ 15) apresentavam anormalidades, porém, somente25%
contribuiu efetivamente para o diagnóstico final.Das
duasTC
realizadas, apenasuma
evidenciou anormalidade que contribuiu para o diagnóstico (tórax concomitantementecom
abdômen).Dos
métodos
invasivos 6 endocospias digestivas alta e 1 biópsia hepáticamostraram
alterações,mas
somenteuma
EDA,
apresentando monilíase esofágica, auxiliouno
diagnóstico de baseda
FOO.
Foi realizada
uma
arteriografia pulmonar, normal.Todos
osmétodos
invasivosforam
realizadosem
pacientes diferentes. (vide tabela II).Tabela II -
Métodos
diagnósticos utilizadosem
cada grupo de pacientescom
Febre deOrigem
Obscura. ENFERIVIIDADE N°DE
CASOS
INVESTIGAÇÃO
N”DE
EXAMES
%
DE
EXAMES
PEDIDOS
ÚTEIS
P/O
DIAGNÓSTICO
Hemocultivos Métodos Sorolóticos Uso* EDA' Eco* Tc' Infecções l5 ›-<>owo\;§ 58,3 37,5 33,3 33,3 25.0 O VHS* Diagnóstico Clínico Mucoproteínas PCR* Fator Reumatóide uso' Arteriografia Pulmonar Eco' EDA' Colagenoses 8 >-^-RG\\lL›JO0OO 100 100 100 71,4 16,6 O 0 -4> ooMiscelânea 2 Trânsito de Delgado
Tc' USG'Renal Uso' Abdominal Eco' EDA' ›-››-A»-I›-1›-~›fi ›-I-I QÊÊÊÊÊ CQ
Sem Diagnóstico 5 USG'
Tc' Biópsia Hepática ECO' EDA' Laparotomia ›-l[\.)›-II-*U0 ©©©©© 1 o *
USG
indica ultra-sonografia;ECO
ecocardiograma;TC
tomografia computadorizada;VHS
velocidade de hemossedimentação;
PCR
proteínaC
reativa.6.
DISCUSSÃO
A
febre constituium
sinal e/ou sintoma freqüenteem
múltiplas enfermidades.Quando
prolonga-se por semanas, sua causapode
ser de dificilelucidação para o médico, e de grande preocupação para o paciente“`13.
A
FOO,
na
sua definição inicial,como
febreacima
de 38,3°C, por mais detrês
semanas
esem
diagnóstico apósuma
semana
de investigação hospitalarl, jáfoi reformulada quanto ao
tempo
de investigação3. Atualmente é necessárioapenas três dias de intemação hospitalar
ou
três consultas ambulatoriais,sem
um
diagnóstico definitivo, para caracterizá-la.O
seu diagnóstico etiológico éum
estímulo a perspicácia médica, poisalém
deuma
investigação exaustiva, é necessárioum
amplo
conhecimento de formas típicas e atípicas das mais diversas enfermidades,em
várias especialidadesmédicas”.
Não
há
um
roteiro diagnóstico pré-estabelecido a ser seguido, pelocontrário, a investigação será orientada pelos achados
da
história edo
exame
físico, que deverão ser minuciosos, completos e repetidos a
medida
em
que opaciente é investigado”.
Amato
Neto”
sugereuma
sistematização dainvestigação de
FOO
para reduzir tempo, custos, e auxiliar a formulação deum
diagnóstico.É
importante ressaltar que alguns centros médicos,onde
os recursos diagnósticos são precáriosou
extremamente inacessíveis, a pesquisa etiológica deFOO
toma-se dificil e ultrapassa o prazo de investigação”.Ou
melhor, adefinição de
FOO,
é, antes de tudo, temporal e social, e sua investigaçãodepende
da
argúciamédica
eda
eficiência e disponibilidade dosmeios
diagnósticos.O
nível terciário de atendimento facilita o diagnósticocom
maiorfreqüência, inclusive de doenças mais raras, pelo
encaminhamento
de pacientesde outros centros”.
Apesar da
magnitude etiológica, jána
década de60
foram defmidos os principais grupos deFOO,
tendoem
ordem
decrescente as infecções, neoplasias e colagenosesou
doenças multissistêmicasl.A
tuberculose foi a etiologia infecciosa preponderante até ametade da
década de 70,mas
através dos anos a influênciada
vacinação, higiene, nutrição, advento dos tuberculostáticos e melhoria dosmétodos
diagnósticos, a incidênciada doença
diminuiumundiahnente, inclusive
como
a etiologia de FOOl*9”16'29.As
neoplasias, principahnente as linforreticulares, que representaramno
início o segundo grupoetiológico mais importante
no
adultol,com
o avanço demétodos
laboratoriais, deimagem
e denovos
antibióticos (especialmente para a tuberculose),foram
alçadascomo
a principal causa durante a década de 7089. Esse fato foi posteriormentecomprovado
em
séries subseqüentesem
que osmétodos
invasivos e deimagem, passaram
a ser cada vez mais solicitados”.Na
década de 80, o ressurgimento daTb
e o aparecimento daAIDS
mudaram
profundamente a visão sobreFOO
e suas etiologias”.A
tuberculose foientão considerada
como
a“doença
sentinelada
AIDS”26.Alguns
autores jáhaviam
previstomudanças no
expectro etiológico daFOO
com
o avanço epidemiológico daAIDS,
pois o pacientecom HIV
apresenta característicasdiferentes dos que
têm
o sistemaimune
normal e atuante14°22`24.Esta série retrospectiva realizada
no
HU
da
UFSC
com
30
pacientes,mostrou
resultados semelhantes aos encontrados por Knockaert et al2na década
de 80,
em
queforam
analisados 199 doentes.A
maioria erado
sexo masculino(51%)
como
em
outras séries mundiais7”1°°16*19, inclusive nesta (70%).19
A
média
de idade encontrada foi de 35,4 anos (desvio padrão +/- 17,1 anos) eem
outros estudos foi variável,porém
em
sua maioria, abaixo dos 50an0S2,1o,1õ_
O
tempo
de hospitalização, foiem
tomo
de 10 a25
dias de acordocom
aliteratura2=7>1°, semelhante ao encontrado nesta série (17,9 dias
com
desvio padrão+/- 11,8 dias).
ç
Como
no
estudo de Knockaert et al2, as duas principais causas foram, as doenças infecciosas e multissistêmicas,porém
não
houve
nenhum
caso de neoplasia. Esse fatopode
ser explicadoem
função da metodologia empregada,em
que a análiseda
AIH
foi baseadano
diagnóstico inicial presuntivo deFAE
e/ou
FOO. Nas
neoplasias, o pacientepode
ter outros sinais e/ou sintomas exuberantesalém
da febre, o quepode
direcionar o preenchimentoda
AIH
deforma
inadequada,chamando
a atenção para hepatoesplenomegalia,emagrecimento ou
linfonodomegalia. Desta forma, esses pacientesnão
têm
odiagnóstico de admissão
como
FOO.
Deve
ser ressaltado que nas maiores séries, as neoplasiassempre
estiveram presentes,como
segunda1*7=1°ou
como
a causa principal”.Em
grandes séries, a endocardite bacteriana esteve presente,com
suaclínica exuberante (sopro cardíaco, petéquias, lesões de Janeway, nódulos de
Osler) e facilidade de diagnóstico laboratorial.
As
hemoculturas negativasforam
encontradas
em
apenas5%
dos casos, a maioria destes, complicados por anaeróbios, brucelasou
uso de antibióticoslms.Sua
fieqüência manteve-se entre5 a 7%1”2'16”l9, excetuando-se Larson et als
em
que foram ausentes, ePenã
et al9com
22%
dos casos, semelhante ao encontrado nesta série (3/15 (20%)).Os
agentes etiológicos envolvidosforam
Streptococus viridams (2 casos) e Staphylococus aureus (I caso).É
importante salientar que dos três casos, dois ocorreramem
um
mesmo
paciente, que intemou-se duas vezescom
FOO
em
anosdiferentes, sendo, portanto, considerado
como
pacientes diferentes.Na
primeiraintemação o patógeno foi Streptococus viridams e
na
segunda Staphylococusaureus,
quando
foi então detectadoHIV.
A
endocardite bacterianacomo
causa deF
OO
em
pacientescom
HIV
não
é muito fi~eqüente22`24,porém
quando
ocorre,seu agente etiológico mais
comum
é o Staphylococus aureus, devidoprincipalmente a associação
do
mesmo
com
drogas injetáveis, e ao grandenúmero
de pacientes drogaditoscom
HIV.
Em
igualdade de freqüência, as outras causas infecciosas encontradasforam
tuberculose, toxoplasmose, febre tifóide e abscessos abdominais.É
importante salientar queum
dos pacientescom
tuberculose apresentavaconcomitantemente soropositividade para
HIV,
história prévia depneumonia
por Pneumocystis cariníi e infecção porT
oxoplasma
gondíi.De
acordocom
oscritérios utilizados pelo
CDC
(Centers for Disease Control, Atlanta, Georgia,USA)
para definição deAIDS
esse pacientenão
é maisum
infectado,mas
simum
doente, devido a história pregressa”.A
febre, neste caso, foi causada pela infecção tuberculosa oportunista.Lifishitz et al3° relata que a febre
em
pacientescom
HIV
pode
ser causada por neoplasias, infecções oportunistasou
pelo próprio vírus.No
caso dasinfecções oportunistas, a tuberculose
pulmonar
e extrapulmonar
são as principais causas, sendo tão freqüente que muitos autoresrecomendam
o uso de testeterapêutico
quando
a etiologiada
febrepermanecer
obscura23°24.Entre as causas virais,
houve
ainda outro caso deHIV,
que isoladamente,sem
outras doenças associadas, causouFOO.
Como
o paciente já apresentava seqüela de toxoplasmose cerebral e monílíase esofágica, elepôde
ser incluídono
grupo de pacientescom
doença
causada pelo próprio vírus.21
No
total de30
pacientesda
série,10%
eram
soropositivos paraHIV,
confirmando
previsões anteriores7°14”22 de que esta entidade seriauma
importantecausa de
FOO
no
futuro.A
fieqüência de abscessos foi maiorem
séries iniciaischegando
em
tomo
de 10 a 20%l”8”l9.
Com
o avanço tecnológico dosmétodos
deimagem
odiagnóstico
tomou-se
precoce diminuindo a sua freqüência (abaixo de10%)
94°.Os
relatos da literatura sãounânimes
quando
mostram
oabdômen
como
o principal local de abscessosem
pacientescom
FOO,
variando apenas quanto ao local acometido (fígado, apêndice, baço, diafragma),porém
sem
grande diferençana
freqüência entre a distribuição dos locais1>8”16*19.Os
dois casos (13,3%) deabscessos abdominais encontrados, foram respectivamente, retro cecal e
no
psoas.
No
grupo das doenças multissistêmicas, a fieqüência de casos entre as diferentes etiologias foi semelhante, diferindo de outra casuísticas recenteem
quea
doença
de Still foi de maior incidência”.Os
pacientescom
artrite reumatóideapresentavam idade superior a
40
anos, sendo que as casuísticasno
paciente idosodescrevem
as doenças multissistêmicassfzlcomo
o principal grupo etiológico.Os
pacientescom
doença
de Still apresentavam idade inferior a20
anos, e quadro clínico
com
febre, artralgias e sintomas gerais.A
literatura éunânime
em
enfatizar que entre o grupo das colagenosesum
bom
exame
ch'nico eacompanhamento
é o suficiente para o diagnóstico dessa entidade, já que osmétodos
laboratoriais são inespecíficos epouco
auxiliam4°“*15°21.Estudos anteriores apresentaram
uma
freqüência variávelno
grupo miscelânea (8 a15%
dos casos)1*8*19,no
qualobservamos
um
reduzido grupo(6,6%), cujas doenças encontradas foram:
doença
deCrohn
eanemia
hemolítica. Esse agrupamento foi originalmente proposto para casos nos quais o diagnósticomultissistêmicas)1”“.
Nos
casos desta série, adoença
deCrohn
é a maisfreqüentemente associada a
FOO
e está habituahnente presenteem
muitosest11dos1›2*9*1°.
Várias séries
têm
relatadouma
freqüênciaem
tomo
de 10 a15%
depacientes
sem
diagnóstico1°7*8.Porém, no
estudo de Knockaeit et al2, os índicesforam
considerados elevados(25%)
e questionou-se a inclusão de alguns pacientesem
outros grupos etiológicoscomo,
porexemplo”
miscelânea.Dos
16,6%
sem
diagnóstico,observamos
que esses pacientesforam
incessantemente investigados, incluindouma
laparotomia exploradoraem
um
pacientecom
febre e dor abdominal, que resultouem
uma
apendicectomia branca,mas
não
no
diagnóstico etiológico
da
febre.A
literatura mundiall°2*19 mostra que os hemocultivos sãomeios
diagnósticos importantes
na
avaliação das doenças infecciosasem
pacientescom
FOO.
Levando-seem
consideração o nível de desenvolvimentodo
país na qual a pesquisa é feita, os paísesem
desenvolvimentotêm
um
grandenúmero
deparasitoses, desnutrição, doenças bacterianas, drogaditos e baixo nível socio- econômico-cultural, favorecendo o diagnóstico de doenças endêmicas, abscessos,
sepsis...4*6*1°*25
Nesta
série, eles contribuíram para o diagnósticoem
58,3%
doscasos
em
queforam
solicitados.Dos
30
pacientes estudados60%
apresentaramanemia no hemograma,
16,6%
leucocitose e 6,6,% leucopenia. Esses resultados são depouca
utilidadeno
diagnóstico deF
OO,
mas, orientam a necessidade de indicação de outros exames. Resultado semelhante foi encontradoem
Penã
et al9.Os
estudos sorológicos e imunológicosnão foram
considerados indispensáveis enem
foram
utilizados de maneira indiscriminada.Foram
solicitadosem 50%
dos pacientes,com
suspeita de infecção, apresentando alteraçãoem
37,5%
dos casos.23
No
grupo das colagenoses,convém
ressaltar que os casos de artritereumatóide
foram
fator reumatóide negativo; e que oVHS
mostrou-se elevado,em
todos os casos (próximoou acima
de 100).Como
relatado anteriormente“”25=31, a inespecificidade dosexames
laboratoriaisno
diagnóstico das colagenoses, transforma o raciocínio clínico e oexame
físicoem
armasfundamentais.
Alguns
autores,sugerem
o uso deAINE9 como
teste terapêuticomas
outros são reticentes e questionam a conveniênciada
falsa impressão de resolutibilidade”.Nesta
série, observou-se o uso deAINE,
em
alguns casos,mesmo
antes deum
diagnóstico defmitivo.Houve
melhora da sintomatologia, o que contribuiu para o raciocínio clínico.Foi interessante observar durante a avaliação dos prontuários, que muitos pacientes já
haviam
procurado este serviçoou
outro atendimentomédico
antesda
internação
no
HU.
A
maioria, era liberadocom
sintomáticos esem
um
diagnóstico provável.Os
métodos
deimagem,
como
o ultra-som, tiveram peculiar significado. Foi realizadoem 50%
dos pacientes (15/30). Entre as 2tomografias
solicitadas, somenteuma
foi anormal e mostrou líquido dentro da alça de delgadono
pacientecom
doença
de Crohn.O
número
crescente de solicitação demétodos
deimagem,
éum
dado da
literatura atual, poiscom
o avanço tecnológico elescomeçaram
a ser cada vez mais solicitados”.Convém
ressaltar que as -alterações encontradasno
ultra-somforam na
sua maioria inespecíficas (hepatomegalia, presença de líquidona
cavidade abdominal, cistos renais, cistos hepáticos) contribuindo para o diagnóstico defmitivo apenas nos casos de abscessos.A
utilização dosmétodos
deimagem
foipequena quando comparada
a casuística de Knockaert et alz,em
que
houve
uma
proporção de 1,7exames
estudados por paciente.Não
há
relato precisona
literatura nos casos deFOO
Clássica sobrefoi de
3%,
e nos pacientescom AIDS
foi de 22%21”23.Dos
30
pacientesestudados
nenhum
foi a óbito durante sua internação.A
FOO
continua sendoum
desafio no
exercícioda
medicina.Décadas
sepassaram
desde a sua defnição e sua etiologia continua sendo abrangente, atual e preocupante.A
presença de novas etiologias, tipos de pacientescomo
o idoso, e a presençado HIV,
direcionam omédico na
buscado
conhecimento, paramelhor
compreender
e conduzir aFOO.
7.
coNcLUsÕEs
A
análise de30
casoscom
diagnóstico deFOO
em
9.250 internações realizadasno
HU
da
UFSC
duranteaproximadamente
5 anos, permitiu as seguintes conclusões:1 -
As
doenças infecciosasforam
o principal grupo etiológico encontradono
diagnóstico fmal, contribuindo
com
um
número
importante de casos (50%).2 -
A
ausência de neoplasias é provavelmenteum
dado
irreal e sugere que ospacientes internados
com
outros sinais e/ou sintomasalém da
febre,possam
não
ter sido classificados iniciahnentecomo
FAE
ou
FOO.
3 -
Mesmo
após investigação exaustiva,16,6%
dos casospermaneceram
sem
diagnóstico.
4 -
A
utilização demétodos
deimagem
como
USG
eTC
foipequena quando
comparada
a primeira casuística que incluiu essesexames na
investigação. (proporção de 1,0 exames/pacienteno
HU
e 1,7 exames/pacientena
série de Knockaert et al2)5 -
O
número
expressivo de pacientes soro positivos para oHIV
(3/30(10%))
corrobora os dados encontrados na literatura, e serve de alerta para o diagnóstico
6 -
Exame
clínico eacompanhamento
cuidadoso são indispensáveis para odiagnóstico, principalmente nas doenças multissistêrnicas.
Sugerimos que seja incluído
no
diagnóstico de alta dos pacientes internados neste hospital,não
somente o diagnóstico final,mas
também
odiagnóstico de
FOO
e a sua etiologia. Desta forma, estudos futuros poderão precisarcom
maior exatidão a prevalência daFOO
no
HU
da
UFSC.
s.
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Libman
H, Witzburg R. Infecção peloHIV.
Um
manual
clínico. 2” ed.São
NORMAS
ADOTADAS
As
normas
adotadasforam da Convenção
deVancouver
- Canadá,conforme
a 5” edição,com
algumas adaptações:Comitê
Intemacional de Editoresde Revistas Médicas. Requisitos
Uniformes
para Originais submetidos a RevistasFebre de
Origem Obscura (FOO):
uma
visão atual deum
antigo problema. SantosPC,
Stamm
AMNF.
_
Objetivo: determinar e classificar as etiologias da
FOO
em
pacientes internadosna
ClínicaMédica
deum
hospital de ensino.Métodos:
a investigação incluiu9250
pacientes das ClínicasMédicas
Masculina I,II e Femininado
Hospital Universitário(HU)
da
UniversidadeFederal de Santa Catarina
(UFSC)
no
período de 1993 a 1998.Foram
analisados os prontuários de pacientescom
diagnóstico inicial deFOO
ou
Febre aesclarecer. Variáveis analisadas: sexo, idade,
tempo
de intemação, etiologia,exames
complementares e óbito.Resultados: das
9250
intemações,30
pacientes apresentavamFOO.
A
maioria foi
do
sexo masculino(70%),com
idademédia
de 35,4 anos etempo
deintemação,
em
média, de 17,9 dias.As
etiologias encontradasforam
respectivamente: infecções (50%), colagenoses e miscelânea.
Em
16,6%
dos casos,não
foi estabelecidoum
diagnóstico.Os
exames
complementares queauxiliaram
no
diagnóstico foram: hemocultivos, sorologias,métodos
deimagem
(infecções); provas de atividade inflamatória (colagenoses).
A
utilização demétodos
deimagem
foipequena
(1,0 exame/paciente).Não
houveram
óbitos. Conclusões: as doenças infecciosas foram o principal grupo etiológico encontradono
diagnóstico fmal,em
pacientescom
FOO
no
HU
da
UFSC.
SUMMARY
Fever of
Obscure
Origin(FOO): an
updated outlook ofan
old problem. SantosPC,
Stamm
AMNF.
Objective: to determine
and
classify the etiologies ofFOO
in patients admissed in an teaching hospital'sMedical
Clinic.Methods:
the investigation included9250
admissions in Masculine I, IIand
Feminine Medicals Clinics of the Hospital of the Universidade Federal de Santa Catarina in a period
between
1993and
1998.The
records of patients with initialdiagnosis of
FOO
or unclassified feverwere
analysed .Analysed
parameters: sex,age, admission time, etiologies,
complementary
examinationsand
deaths.Results: of
9250
admissions,30
patients presentedFOO.
Most
ofthem
were
males (70%), withmean
age of 35,4 years andmean
admission time of 17,9 days. Etiologies inclued: infections (50%), colagenosis,and
miscellany. In16,6%
of cases,no
diagnosiswas
established.Complementary
examinations Witchcontribued in diagnosis: hemocultives, sorologic tests,
image
methods
(infections); tests of
inflammatory
activity (colagenosis).The
image
exams
were
rarely used (1 ,0 exam/patient).No deathswere
noted.Conclusions: infectious diseases
was
themain
etiologic group in final diagnosis of patients withFOO
inUFSC's
hospital.35
HU
-UFSC
BANCO
DE
DADOS
-FEBRE
DE
ORIGEM OBSCURA
Nome:
N°
de
Prontuário:
Sexo:
Idade:
Data
da
Internação:
Tempo
de Intemação:
Diagnóstico
Presuntivo
na
Internação
(AIH):
( )FOO
( )
FAE
I.
Critérios
de
Inclusão/Reclassificação
em
F OO
de acordo
com
Durack
e
Street:( )
febre
com
mais de
3
semanas
de duração
( )
febre
acima
de 38,3°C
em
vários
episódios
( )
diagnóstico
incerto
após
3 dias
de
internação
hospitalar
ou
3
consultas ambulatoriais
2. 1. I .
Laboratoriais:
: ¿ e ..DE
' ¡ .i.a'i"= z.°IÍ5'I=šã`*' _. 'PESQUISA
DE
OUTRQS;
~~* OBS.: Observações e descrição dos exames alterados.
2.1.2.
Imagem:
_
QUAL
NOR]lL4L'VANORMÀL,
a OBS.Rx
USG
TC
RIM*olmzos
* RM'Ressonância Magnética.2. J. 3. lnvasívos:
QUAL
NORIWIL
ANORÃML
OBS.ÍOÊNDOSCOPL4
LAPAROTOML4
BIÓPSIA
ART
ERI
OGRAFLA
OUTROS
3.
Houve
óbito durantea
internação?()sim
()Nâ0
4. Classificação das causas encontradas
de
F OO
segundo Knockaert
et al2( ) Infecção. Qual? ( ) Neoplasias: ‹{ ‹í ‹í ‹í f \ 4 Í lr N 1 N À \ ) \ J pl W (
)Hematológica
( )Tumor
Sólido ›Doenças
Multissistêmicas.Qual?
› Febre relacionada a drogas. Qual? › FebreF
actícia.›
Hipefiermia
Habitual. › Miscelânea.0404
Ex.1