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Suporte social e personalidade no desenvolvimento do bem-estar psicológico e objetivos de vida em jovens de famílias tradicionais e em institucionalização

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Educação e Psicologia

SUPORTE SOCIAL E PERSONALIDADE NO DESENVOLVIMENTO DO BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E OBJETIVOS DE VIDA EM JOVENS DE

FAMÍLIAS TRADICIONAIS E EM INSTITUCIONALIZAÇÃO

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Inês Fabiana Silva Oliveira

Orientação: Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Educação e Psicologia

SUPORTE SOCIAL E PERSONALIDADE NO DESENVOLVIMENTO DO BEM-ESTAR PSICOLÓGICO E OBJETIVOS DE VIDA EM JOVENS DE

FAMÍLIAS TRADICIONAIS E EM INSTITUCIONALIZAÇÃO

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Inês Fabiana Silva Oliveira

Vila Real, 2015

Dissertação de Mestrado apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, sob a orientação da Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

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Agradecimentos

Ao contemplar este percurso tão fulcral na minha vivência, tornam-se imprescindíveis os meus agradecimentos a todas as pessoas que direta ou indiretamente cruzaram o meu caminho. Tal etapa só foi passível de ser contemplada face ao apoio e compreensão daqueles que me rodeiam e a quem tanto estimo, os quais de certa forma deram a sua contribuição para o meu crescimento interior.

Em primeira instância quero agradecer à minha família, com especial ênfase aos meus pais e irmão, pelo seu amor, incentivo e apoio incessante nesta etapa tão crucial para o meu crescimento pessoal. Também aos meus tios e avós pela tranquilidade transmitida, bem como o incentivo e o encorajamento para manter a esperança de que nunca faltem dias melhores.

Agradeço ao meu namorado e melhor amigo Marco António Pinto, por constituir o meu porto seguro, por me transmitir sempre apoio, confiança, carinho, amor e proteção. Para além disso, agradeço-lhe por todas as palavras de apreço que sempre soube dar…principalmente nos momentos de maior vulnerabilidade. Um obrigado por seres quem és…por constituíres o meu maior suporte emocional nesta fase tão marcante da minha vida.

A todos os meus amigos, pela sua presença e carinho constantes e por me proporcionarem momentos ininterruptos de alegria e descontração.

Às minhas melhores amigas Graça Machado, Tânia de Barros e Cátia Dias, por quem tenho muita estima e que, mesmo longe, sempre me transpareceram o seu carinho e amizade, contribuindo grande parte como suporte nesta luta, pelos desabafos, pela partilha e pelo constante encorajamento.

À Juliana Vieira, que para além de melhor amiga, foi uma das poucas amizades que perdurou desde o início do curso e esteve sempre a meu lado. Obrigado por tudo que

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me proporcionaste e, sobretudo por me demonstrares a importância que alguns conceitos denotam na minha vivência, nomeadamente, altruísmo, companheirismo e amizade!

Aos elementos do Grupo Arkádia por constituírem uma família para mim, onde a presença de cada elemento e o espírito de cooperação e companheirismo contribuiu muitas vezes para o meu restabelecimento de energias.

À Filipa Marques e ao Carlos Aguiar, agradeço pelos laços de amizades que criamos, por todas as vivências, carinho, e sobretudo por todo o misto de emoções que experienciamos.

Um agradecimento muito especial à Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota, sem a qual o culminar desta etapa não teria o mesmo sentido. Agradeço por me ter prestado um apoio e incentivo incondicionais, pela partilha dos seus sábios conhecimentos, pela persistência, pelo rigor, e pela sua orientação que foi fundamental para o meu desempenho.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a todos os docentes inerentes ao mestrado de Psicologia Clínica, os quais contribuíram com todo o rigor para a minha formação académica.

A todos vocês, pela vossa significância na minha vida, um MUITÍSSIMO obrigado!

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“Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,

apesar de todos os desafios,

incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas,

e se tornar autor da própria história.

A felicidade exige valentia.”

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viii ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 1

ESTUDO EMPÍRICO I: “Papel do suporte social e personalidade no desenvolvimento do bem-estar psicológico em adolescentes institucionalizados e de famílias tradicionais” ... 3 Resumo ... 4 Abstract ... 6 Introdução ... 8 Objetivos do estudo ... 14 Metodologia... 14 Participantes ... 14 Instrumentos ... 14 Procedimentos ... 17

Estratégia de análise de dados ... 17

Resultados ... 18

Associações entre o suporte social, personalidade e bem-estar psicológico dos jovens ... 18

Análises diferenciais entre as dimensões do suporte social, personalidade e bem-estar psicológico em função das dimensões sociodemográficas da amostra (género, idade e configuração familiar) ... 20

Predição do bem-estar psicológico: Papel do suporte social e da personalidade 24 Papel moderador da configuração familiar na associação entre o suporte social e a personalidade com o bem-estar psicológico ... 28

Discussão ... 30

Implicações práticas, limitações e pistas futuras ... 41

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ESTUDO EMPÍRICO II:“O suporte social é significativo para os objetivos de vida de adolescentes de diferentes configurações familiares? Papel mediador da

personalidade” ... 52 Resumo ... 53 Abstract ... 54 Introdução ... 55 Objetivos do estudo ... 59 Metodologia... 60 Participantes ... 60 Instrumentos ... 60 Procedimentos ... 63

Estratégias de análise de dados ... 63

Resultados ... 65

Associação entre o suporte social, personalidade e objetivos de vida dos jovens adolescentes ... 65

Análises diferenciais entre as dimensões do suporte social, personalidade e objetivos de vida em função das dimensões sociodemográficas da amostra ... 66

Efeito mediador da personalidade na associação entre o suporte social e objetivos de vida de jovens provenientes de famílias tradicionais e institucionalizados .... 69

Discussão ... 72

Implicações práticas, limitações e pistas futuras ... 81

Referências bibliográficas... 83

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS ... 97

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS ... 111

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INTRODUÇÃO

De acordo com a teoria da vinculação preconizada por Bowlby (1988) e Ainsworth (1989), o ser humano necessita de se sentir seguro e protegido, de modo a que seja capaz de mobilizar recursos para um desenvolvimento resiliente. Nesta medida existe cada vez mais a necessidade de dar um enfoque aos domínios afetivo, emocional e social das crianças e jovens adolescentes, nomeadamente quando alguns destes são confrontados com transições ou vivências adversas. O processo de institucionalização de crianças e jovens adolescentes tem vindo a suscitar interesse na investigação científica, constituindo uma realidade que apresenta uma percentagem significativa em Portugal.

Assim sendo, dada a escassez de estudos em Portugal que comportam este contexto, esta temática assume relevância, sendo que vivências emocionais adversas, nomeadamente transições e perdas significativas que se associam à institucionalização podem fragilizar os jovens envolvidos nesse processo, condicionando o seu funcionamento biopsicossocial. Para tal, partimos do pressuposto que respeita ao facto do suporte social e determinadas características da personalidade terem vindo a ser evidenciadas na literatura como importantes fatores na promoção do bem-estar psicológico e na planificação e estabelecimento de objetivos de vida de jovens adolescentes (e.g. Bahar, 2010; Chu, Saucier, & Hafner, 2010; Samp, Parker, & Duvall, 2006; Schnittker, 2007; Tomé, Camacho, Matos, & Diniz, 2011).

Neste sentido, a presente investigação, assente na teoria da vinculação, tem como objetivo estudar as possíveis relações que poderão existir entre o suporte social e a personalidade no desenvolvimento de bem-estar psicológico e objetivos de vida em jovens adolescentes. A dissertação encontra-se dividida em dois estudos empíricos distintos, que se complementam, abarcando as variáveis supramencionadas. Assim sendo, numa primeira investigação, intitulada “Papel do suporte social e personalidade no

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desenvolvimento do bem-estar psicológico em adolescentes institucionalizados e de

famílias tradicionais”, será dada ênfase ao papel que o suporte social e a personalidade

denotam no desenvolvimento do bem-estar psicológico em adolescentes de diferentes configurações familiares. Assim, procurou-se analisar em que medida o suporte social e a personalidade exercem um efeito preditor no desenvolvimento do bem-estar psicológico, testando-se ainda o efeito moderador das diferentes configurações familiares na associação anterior. O segundo estudo empírico, por sua vez, intitulado “O suporte social é significativo para os objetivos de vida de adolescentes de diferentes

configurações familiares? Papel mediador da personalidade” pretende averiguar a

significância do suporte social para o desenvolvimento de objetivos de vida nos jovens adolescentes de diferentes configurações familiares, testando a mediação da personalidade na associação anterior.

Ambos os estudos empíricos pretendem tornar-se um contributo para uma melhor compreensão no que concerne à associação entre o suporte social, personalidade, bem-estar psicológico e objetivos de vida em adolescentes, dada a escassez de estudos em Portugal que coadunem a associação das mesmas. Para além disso pretendeu-se contribuir para o avanço do conhecimento, dadas as lacunas inerentes a evidências empíricas em Portugal, que tenham como alvo jovens institucionalizados, nomeadamente no que concerne à associação das variáveis em estudo. Após a discussão dos resultados das investigações, encontram-se dispostas implicações práticas, as quais devem ser consideradas, dada a importância que o (re)estabelecimento das relações de afetividade exerce para o desenvolvimento adaptativo dos jovens adolescentes. Para além disso, pretende-se alertar para o papel relevante das instituições de acolhimento enquanto promotoras de um desenvolvimento emocional saudável dos jovens institucionalizados.

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ESTUDO EMPÍRICO I

Papel do suporte social e personalidade no desenvolvimento do bem-estar psicológico em adolescentes institucionalizados e de famílias tradicionais

Role of social support and personality in the development of psychological well-being in institutionalized adolescents and traditional families

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4 Resumo

O suporte social e as características da personalidade têm vindo a ser evidenciadas na literatura como importantes fatores na promoção do bem-estar psicológico de jovens adolescentes. Vivências emocionais adversas, nomeadamente transições e perdas significativas podem fragilizar os jovens envolvidos nesse processo, condicionando o seu funcionamento emocional. A presente investigação tem como objetivo analisar em que medida o suporte social e a personalidade exercem um efeito preditor no desenvolvimento do bem-estar psicológico, testando-se ainda o efeito moderador das diferentes configurações familiares na associação anterior. A amostra foi constituída por 350 jovens adolescentes portugueses de ambos os géneros, com idades compreendidas entre 13 e os 18 anos, provenientes de famílias tradicionais e em regime de institucionalização. Para recolha de dados recorreu-se ao Social Support Appraisals (SSA), Inventário de Personalidade dos Cinco Fatores (NEO-FFI-20) e à Escala de Medida de Manifestação

de Bem-Estar Psicológico (EMMBEP). Os resultados sugeriram existe uma predição do

bem-estar psicológico através das dimensões do suporte social e da personalidade. Verificou-se o papel moderador da configuração familiar nas associações anteriores, sugerindo os resultados apenas a existência de uma interação significativa entre a variável da personalidade neuroticismo e a configuração familiar no que concerne à variável do bem-estar psicológico felicidade. Assim, foi notório que os jovens com baixos níveis de neuroticismo assumem níveis de felicidade maiores, porém, quando reportados altos níveis de neuroticismo, os jovens institucionalizados reportaram níveis superiores de felicidade comparativamente aos jovens provenientes de famílias tradicionais. Em suma, os jovens que atravessam um processo de institucionalização parecem estar mais vulneráveis no que concerne ao seu suporte social, personalidade e bem-estar psicológico. No entanto, torna-se pertinente ressalvar o papel da qualidade das ligações afetivas com

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as figuras da própria instituição, as quais parecem constituir um fator protetor para um desenvolvimento mais resiliente dos jovens.

Palavras-chave: Institucionalização, suporte social, personalidade, bem-estar psicológico.

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6 Abstract

The social support and personality characteristics have been highlighted in the literature as important factors in promoting psychological well-being of young adolescents. Adverse emotional experiences, including significant transitions and losses can weaken young people involved in this process, influencing their emotional functioning. This research aims to analyze the extent to which social support and personality play a predictor effect on the development of psychological well-being, testing even the moderating effect of the different family configurations in the previous association. The sample consisted in 350 young portuguese adolescents of both genders, aged between 13 and 18 years, from traditional families and institutions. For data collection it was used the Social Support Appraisals (SSA), Inventário de Personalidade dos Cinco Fatores (NEO-FFI-20), Escala de Medida de Manifestação de Bem-Estar

Psicológico (EMMBEP). The results suggested there is a prediction of psychological

well-being through the dimensions of social support and personality. We verified the existence of a significant interaction between the variable of neuroticism personality and family configuration with respect to the variable of psychological well-being happiness. Thus, it was clear that young people with low levels of neuroticism assume greater levels of happiness, but when reported high levels of neuroticism, institutionalized youth reported higher levels of happiness compared to young people from traditional families. In short, young people going through a process of institutionalization seem to be more vulnerable with regard to their social support, personality and psychological well-being. However, it is pertinent to caveat the role of quality of affective bonds with the figures of the institution itself, which seems to be a protective factor for a more resilient youth development.

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Keywords: Institutionalization, social support, personality, psychological well-being.

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8 Introdução

O bem-estar tem vindo a denotar saliência na literatura científica, sendo alvo de inúmeras investigações no que concerne às suas duas perspetivas teóricas de base, nomeadamente o bem-estar subjetivo e o bem-estar psicológico (Ryan & Deci, 2001; Ryff, 1989; Ryff & Keyes, 1995). Embora não exista um consenso na definição global do construto de bem-estar, todas as teorias são unânimes na compreensão do conceito como complexo e multidimensional, uma vez que é influenciado por fatores de ordem biológica, social, cognitiva e de personalidade (Remédios, 2010).

Atendendo à orientação delineada no presente estudo, será dado enfoque ao bem-estar psicológico que, assenta um modelo multidimensional, baseado numa conceção de maturidade como sendo a qualidade ou virtude de cada indivíduo em procurar desenvolver o seu potencial para a excelência pessoal (e.g., Coleta & Coleta, 2006; Ryan & Deci, 2001; Siqueira & Padovam, 2008). Assim sendo, o bem-estar psicológico refere-se a um conjunto de recursos psicológicos (processos cognitivos, emocionais e afetivos) que o indivíduo dispõe, o qual engloba dimensões psicológicas como sendo: a aceitação pessoal, a qual remete para a avaliação que o indivíduo tende a fazer da sua vida e de si

próprio; as relações positivas, que correspondem à capacidade que o indivíduo tem para estabelecer relações de afetividade com os outros, bem como para manter o seu suporte social; a autonomia, que se encontra relacionada com o locus interno do indivíduo no que concerne à apreciação e independência das aprovações externas; o domínio do ambiente, que reflete a competência do indivíduo para controlar as exigências extrínsecas, através do qual evidencia a sua capacidade no que diz respeito à escolha ou criação de ambientes adequados às suas características pessoais; o sentido de vida, que se refere à aptidão do indivíduo para estabelecer planos de vida, concedendo significação à própria vida; e por último, o crescimento pessoal, que corresponde a toda a vivência do indivíduo, a qual

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aduz novas experiências e desafios imprescindíveis para a maximização do seu potencial (Ryff, 1989; Ryff & Keyes, 1995).

De acordo com Massé et al. (1998) o bem-estar psicológico baseia-se na autorrealização e crescimento pessoal, remetendo para a presença de sinais de felicidade, autoestima, autocontrolo, equilíbrio mental, sociabilidade e envolvimento social que são manifestados pelo indivíduo. Neste sentido, o construto de bem-estar psicológico encontra-se relacionado com sinais de satisfação e felicidade evidenciados pelos indivíduos face a determinados domínios e recursos psicológicos que dispõe (Ryff, 1989).

Algumas evidências têm denotado a influência de alguns fatores na promoção do bem-estar psicológico dos jovens adolescentes, como sendo a perceção do suporte social e a personalidade (Batista & Santos, 2008; Dick & Holtzman, 2013; Gulaçti, 2010; Heponiemi et al., 2006; Jibeen & Khalid, 2010; Lavasani, Borhanzadeh, Afzali, & Hejazi, 2011; Pinheiro & Ferreira, 2005; Ramalho, 2008; Remédios, 2010; Rodrigues & Madeira, 2009; Sarason & Sarason, 2009).

Estudos demonstram que são os indivíduos com uma maior rede de apoio social, amigos e contactos os que reportam níveis mais elevados de bem-estar psicológico, denotando níveis superiores de felicidade e satisfação com a vida (e.g., Chu, Saucier, & Hafner, 2010; Tomé, Camacho, Matos, & Diniz, 2011). Neste sentido é pertinente salvaguardar a relevância que as ligações de afetividade aduzem no desenvolvimento psicológico dos jovens adolescentes.

De acordo com a teoria da vinculação preconizada por Bowlby (1969), o ser humano nasce com uma predisposição inata para conceber laços de afetividade com as figuras significativas, as quais devem proporcionar aos indivíduos confiança, segurança, proteção e bem-estar, de modo a que seja passível despoletar uma base segura. Assim, quando a relação de proximidade com as figuras primordiais de cuidado é pautada por

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este tipo de características, os indivíduos tendem a sentir-se idóneos para se explorarem a si mesmos, aos outros e ao seu meio envolvente (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1969). É ainda através da qualidade da relação obtida com as figuras primordiais de cuidado que a criança tende a assimilar as representações, sentimentos e crenças da mesma, a qual contribui para a elaboração de modelos internos dinâmicos. Deste modo, estes permitem orientar o comportamento dos indivíduos, proporcionando uma adaptação aos diferentes contextos (Bowlby, 1988), podendo ser reestruturados ao longo do ciclo vital, através do restabelecimento de relações de afetividade com outras figuras de referência (Mota & Matos, 2010; Siqueira, Betts, & Dell’Aglio, 2006).

Ainsworth (1969) refere ainda que as figuras iniciais de proximidade tendem a incidir em figuras que pertencem ao contexto familiar, nomeadamente a indivíduos alusivos à família biológica. Todavia, as relações de proximidade estabelecidas tendem a desenvolver-se progressivamente ao longo do ciclo vital, e vão sendo direcionadas para outras figuras significativas (Bowlby, 1998; Pratta & Santos, 2007). Neste sentido, Gulaçti (2010) evidencia que o suporte social se inicia no contexto familiar, tendendo a expandir-se a todos os contextos do indivíduo.

Assim sendo, é passível inferir que o seio familiar fornece suporte para que os indivíduos denotem níveis de bem-estar elevados. Porém, aquando vivências emocionais adversas, nomeadamente transições e perdas significativas, as quais o processo de institucionalização parece implicar, a rede de suporte social tende a ficar circunscrita, podendo despoletar problemas emocionais nos jovens adolescentes (Hetch & Silva, 2009; Sarason & Sarason, 2009; Shaw, Krause, Liang, & Bennett, 2007; Siqueira, et al., 2006). Segundo Attlar-Schwartz (2008), as crianças e jovens adolescentes sob regime institucional constituem um grupo de risco para o despoletar de problemas psicológicos, comportamentais e sociais, comparativamente com os que provém de famílias biológicas.

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Todavia, é de mencionar que para as crianças e jovens adolescentes institucionalizados, o principal suporte social transcende o núcleo familiar e engloba membros da própria instituição, como sendo os funcionários, monitores, professores e outros jovens adolescentes com os quais tende a conviver na instituição (Siqueira & Dell’Aglio, 2006). Neste sentido, Siqueira, Tubino, Schwarz e Dell’Aglio (2009) evidenciaram que as figuras da instituição são muito importantes, constituindo-se como o maior suporte para as crianças e jovens adolescentes institucionalizados, os quais passam a agregar o seu suporte social.

Embora nem sempre aceite pelos indivíduos, face a perda e rejeição por parte do seio familiar, a institucionalização parece despoletar inúmeras mudanças na vida das crianças e jovens adolescentes, gerando sentimentos negativos de perda, solidão e abandono (Fante & Cassab, 2007; Mota & Matos, 2008; Siqueira & Dell’Aglio, 2006). Porém, apesar de conceber complexidades nas vivências dos jovens adolescentes, esta parece facilitar o desenvolvimento adequado dos mesmos (Salina-Brandão & Williams, 2009). Segundo Salina-Brandão e Williams (2009) mediante situações de vulnerabilidade vivenciadas em contexto familiar, o acolhimento institucional parece evidenciar-se uma oportunidade para os jovens presenciarem afeto, proteção e amor. Para além de poder propiciar este tipo de sentimentos aos jovens abrigados, parece ainda passível de gerar o desenvolvimento de aptidões de enfrentamento de adversidades.

Mota e Matos (2010) acrescentam ainda o facto de a institucionalização conceber uma oportunidade para os jovens negociarem novas relações de proximidade, as quais auxiliam no seu desenvolvimento (Prata & Santos, 2007; Siqueira, 2009). De acordo com Dalbem e Dell’Aglio (2008) a institucionalização parece denotar um contributo para o bem-estar dos adolescentes, na medida em que proporciona uma oportunidade para o estabelecimento de novas relações de afeto, o que parece possibilitar o desenvolvimento

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dos jovens. Assim, o facto de ser dada a oportunidade aos jovens institucionalizados para dar continuidade ao estabelecimento de relações com outras figuras significativas, parece atenuar as vivências adversas patenteadas por estes jovens, o que favorece a construção de interpretações mais positivas sobre si e o mundo ao longo do seu desenvolvimento (Dalbem & Dell’Aglio, 2008; Mota & Matos, 2008; Siqueira, 2009). Um estudo realizado por Siqueira et al. (2006) vem corroborar esta ideia, na medida em que a perceção face ao suporte social parece ser distinta entre os adolescentes em contexto institucional e aqueles que vivem com as famílias de origem.

A literatura, embora escassa, aponta ainda para o facto do bem-estar psicológico parecer ser explicado por fatores de personalidade (e.g., Garcia, 2011; Garcia & Erlandsson, 2011; Kokko, Tolvanen, & Pulkkinen, 2010). Entenda-se por personalidade um construto que corresponde a padrões de comportamento, pensamentos, sentimentos e atitudes que estão inerentes a um indivíduo e que tende a variar de acordo com cada um (Chapman, Duberstein, Sorensen, & Lyness, 2007; Hall, Lindzey, & Campbell, 2000; Schmitt, Realo, Voracek, & Allik, 2008). Segundo Prinzie, Dekovic, Reijmtjes, Stams e Belsky (2009), o estudo do modelo fatorial da personalidade com base nos cinco grandes fatores têm vindo a ganhar saliência, evidenciando ser um modelo compreensivo dos traços de personalidade que está inerente a uma organização da personalidade por hierarquias, em função de cinco dimensões fundamentais, nomeadamente a extroversão, socialização, conscienciosidade, neuroticismo e abertura (Nunes, Hutz, & Giacomoni, 2009). A extroversão, prende-se com o facto de o indivíduo ser assertivo, socialmente ativo, dominante, expressivo, comunicativo e potenciado por emoções positivas. Porém, indivíduos introvertidos tendem a ser mais retraídos, submissos, quietos, sérios, inibidos e tendem a evitar a companhia de outras pessoas (Nunes & Hutz, 2007). Relativamente à socialização (também mencionada como “amabilidade”), esta remete para tendências

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sociais, como sendo a generosidade, lealdade, confiança, cooperação, modéstia, flexibilidade e altruísmo (Nunes & Hutz, 2007). A conscienciosidade está relacionada com características como sendo a competência, cautela, determinação, persistência, disciplina e organização (Nunes & Hutz, 2007; Shanahan, Hill, Roberts, Eccles, & Friedman, 2012). O neuroticismo prende-se com o grau de ansiedade, sensibilidade, tensão, melancolia, depressão, impulsividade, raiva e afetos negativos na generalidade, os quais representam indicadores de sofrimento psicológico. Por último, a abertura que diz respeito a aspetos que envolvem a curiosidade intelectual, interação social, criatividade, flexibilidade e complexidade de experiências novas (Nunes & Hutz, 2007; Vasconcellos & Hutz, 2008).

Porém, ainda que a relação entre bem-estar psicológico e traços de personalidade não seja muito clara, tem-se vindo a averiguar que algumas dimensões da personalidade, nomeadamente a extroversão, conscienciosidade e neuroticismo, têm um papel preditivo sobre o bem-estar psicológico, com especial ênfase naquela que é a sua dimensão da felicidade (e.g. Kokko et al., 2013; Lu, Wang, Liu, & Zhang, 2014; Purvis, Howell, & Iyer, 2011). Embora a maioria dos estudos sejam efetuados com a população adulta, a relação entre a personalidade e o desenvolvimento de bem-estar psicológico parece denotar uma similitude nos resultados. Neste sentido, Kokko et al. (2013) realizaram um estudo com adultos entre os 33 e os 50 anos que visava averiguar as associações entre traços de personalidade e o desenvolvimento de bem-estar psicológico, onde evidenciaram que baixos níveis de neuroticismo associados a altos níveis de extroversão, tendem a correlacionar-se com altos níveis de bem-estar psicológico. Ainda Schmutte e Ryff (1997) evidenciaram que o bem-estar psicológico tende a encontra-se associado a baixos níveis de neuroticismo e altos níveis de extroversão e conscienciosidade. Porém, a literatura denota algumas lacunas no estudo da relação entre as variáveis do presente

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estudo, pelo que se considera pertinente focalizar investigações que averiguem esta temática, principalmente no que concerne ao papel da personalidade no desenvolvimento de bem-estar psicológico de jovens adolescentes em diferentes contextos de vida.

Objetivos do estudo

O presente estudo procura analisar em que medida o suporte social e a personalidade exercem um efeito preditor no desenvolvimento do bem-estar psicológico, testando-se ainda o efeito moderador das diferentes configurações familiares na associação entre o suporte social e a personalidade no desenvolvimento de bem-estar psicológico. Para além disso, pretendem-se analisar as associações entre o suporte social, a personalidade e o bem-estar psicológico dos jovens. Pretende-se de igual modo analisar as diferenças do suporte social, a personalidade e o bem-estar psicológico em função das dimensões sociodemográficas da amostra (género, idade e configuração familiar).

Metodologia Participantes

No estudo participaram 350 adolescentes portugueses, 125 provenientes de instituições (35.7%) e 225 de famílias tradicionais (64.3%). Os jovens compreendem idades entre os 13 e os 18 anos (M = 15.00; DP = 1.61), respeitando 178 (50.9%) ao género feminino e 172 (49.1%) ao género masculino.

Instrumentos

Questionário Sociodemográfico, o qual foi elaborado no sentido de obter informações pessoais acerca dos participantes, como sendo o género, a idade e o tipo de configuração familiar.

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Social Support Appraisals (Vaux, 1986; adaptação de Antunes & Fontaine, 1994), empregado para avaliar a perceção do suporte social. Trata-se de um instrumento composto por 30 itens, com 4 quatro dimensões, nomeadamente a perceção do apoio face à família (7 itens; “A minha família estima-me muito”), amigos (8 itens; “Os meus amigos respeitam-me”), professores (7 itens; “Os meus professores estimam-me”) e à generalidade (8 itens; “Sinto que as pessoas me dão valor”). Cada item encontra-se

disposto por uma escala de tipo Likert, com seis alternativas de resposta, que variam entre “Discordo totalmente e Concordo totalmente”. Importa referir que alguns itens encontram-se apresentados de forma invertida (4, 11,18, 22, 28, 29 e 30). A consistência interna do instrumento foi medida através do alfa de Cronbach, apresentando respetivamente: apoio família = .89, apoio amigos = .84, apoio professores = .81, apoio em geral = .82. Efetuou-se uma análise fatorial confirmatória de primeira ordem, sendo

que se reportaram adequados valores dos índices de ajustamento χ2 (44) =204.26; p = .001; Ratio = 4.64; CFI = .94; SRMR = .04 e RMSEA = .09.

Inventário de Personalidade dos Cinco Fatores (NEO-FFI-20), adaptado para a população portuguesa por Bertoquini e Pais-Ribeiro (2006), a partir da Revised NEO Personality Inventory (McCrae & Costa, 2004). Diz respeito a um instrumento que visa

avaliar a personalidade em jovens e adultos, através de 20 itens distribuídos por 5 fatores, nomeadamente o neuroticismo (4 itens; “houve alturas em que experimentei ressentimento e amargura”), extroversão (4 itens; “Sou uma pessoa alegre e bem-disposta”), abertura à experiência (4 itens; “Não dou grande importância às coisas da arte e da beleza), amabilidade (4 itens; “Tendo a pensar o melhor acerca das pessoas”) e conscienciosidade (4 itens; “Esforço-me por ser excelente em tudo o que faço”). Este

instrumento não foi utilizado na sua íntegra, sendo que apenas se considerou pertinente incluir as dimensões que foram mais significativas, nomeadamente o neuroticismo,

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extroversão e conscienciosidade. Neste sentido, a consistência interna do instrumento foi medida através do alfa de Cronbach, denotando respetivamente: neuroticismo = .51, extroversão = .72 e conscienciosidade = .78. Os itens estão distribuídos num escala de tipo Likert com quatro alternativas de resposta que variam entre “discordo fortemente e concordo fortemente”. Importa referir que alguns itens encontram-se apresentados de forma invertida (1, 3, 11, 13, 14, 18 e 19). Relativamente aos resultados da análise fatorial confirmatória na presente amostra confirma-se o ajustamento dos valores χ2 (77) = 193.73, p = .001; Ratio = 2.52, CFI = .90, SRMR = .06 e RMSEA = .07.

Escala de Medida de Manifestação de Bem-Estar Psicológico (EMMBEP) adaptada para a população portuguesa por Monteiro, Tavares e Pereira (2006) a partir da versão original da Échelle de Mesure dês Manifestations du Bien-Être Psychologique de Massé et al. (1998). Esta constitui uma escala de autorrelato composta por 25 itens, que se encontram agrupados por 6 subescalas que visam avaliar fatores como a autoestima (4 itens; “Senti que os outros gostavam de mim e me apreciavam”), equilíbrio (3 itens; “A minha vida foi bem equilibrada, entre as minhas atividades familiares, pessoais e académicas”), envolvimento social (3 itens; “Tive objetivos e ambições”), sociabilidade (4 itens; Relacionei-me facilmente com as pessoas à minha volta”), controlo de si e dos acontecimentos (3 itens; “Fui capaz de enfrentar situações difíceis de uma forma positiva”), e felicidade (8 itens; “Senti-me bem, em paz comigo próprio”). Os itens estão distribuídos num escala de tipo Likert com cinco alternativas de resposta que variam entre “nunca e quase sempre”. A consistência interna do instrumento foi medida através do alfa de Cronbach, evidenciando respetivamente: autoestima = .79, equilíbrio = .72, envolvimento social = .65, sociabilidade = .81, controlo de si e dos acontecimentos = .81

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presente amostra confirma-se o ajustamento dos valores χ2 (120) = 327.60, p = .001; Ratio = 2.73 ,CFI = .94, SRMR = .04 e RMSEA = .07.

Procedimentos

A recolha dos dados foi realizada de forma aleatória em escolas secundárias e instituições da zona Norte, Centro e Sul de Portugal, em apenas um momento, evidenciando assim o presente artigo um delineamento transversal. Previamente foi realizado um pedido de autorização junto das direções, onde foi exposto e devidamente explicado o âmbito e finalidade do estudo. Após a autorização das direções das respetivas entidades, nomeadamente das direções de alguns agrupamentos de escolas (básica e secundária) pertencentes ao distrito de Viseu e instituições de acolhimento de jovens, abrangentes dos distritos de Braga, Porto, Aveiro, Vila Real, Viseu e Faro, procedeu-se à administração dos protocolos de autorrelato, onde foram dadas instruções de esclarecimento no que concerne ao objetivo e preenchimento dos mesmos. Para além disso, foram salvaguardados todos os procedimentos éticos, nomeadamente a confidencialidade e anonimato da informação recolhida inerente aos protocolos, bem como a voluntariedade de participação na investigação.

Estratégia de análise de dados

Procedeu-se à análise dos dados, sendo que, em primeira instância foram realizadas análises correlacionais, médias e desvio padrão das variáveis propostas em estudo, através do programa estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 20.0. Posteriormente recorreu-se à limpeza da base de dados, através da exclusão de missings e outliers. De modo a verificar os pressupostos de normalidade dos dados efetuou-se o cálculo dos valores de assimetria (skeweness) e achatamento (kurtosis).

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18

Ainda de modo a explorar a normalidade dos dados recorreu-se à análise do teste Kolmogorov-Smirnov, histograma e Q-Q plots, (Pallant, 2002).

Face aos objetivos propostos, realizaram-se ainda análises de correlação e análises de variância multivariada (MANOVAS) entre as variáveis dos instrumentos e as sociodemográficas. Para tal, as análises de variância realizadas tiveram em consideração a significância p <.05, bem como o valor do eta square total (observed power) considerando os valores de compreendidos entre 0 e 1 (Pierce, Block, & Aguinis, 2004; Richardson, 2011). De modo a testar o efeito preditor do suporte social e da personalidade no desenvolvimento de bem-estar psicológico dos jovens realizaram-se análises de regressão múltipla hierárquicas. Posteriormente, de modo a analisar o papel moderador da configuração familiar na associação entre o suporte social e o bem-estar psicológico, foram realizadas análises diferenciais univariadas (ANOVAS). O modelo hipotetizado que explica a moderação anteriormente supracitada encontra-se exposto na figura 1.

Figura 1. Modelo conceptual teórico representativo do efeito do suporte social e personalidade no bem-estar psicológico e do efeito moderador da configuração familiar na associação entre o suporte social e o bem-estar psicológico.

Resultados

Associações entre o suporte social, personalidade e bem-estar psicológico dos jovens De modo a dar resposta aos objetivos propostos inicialmente, foram realizadas correlações entre os instrumentos utilizados. Os resultados das correlações, médias e

Suporte Social Bem-estar

psicológico

Configuração familiar (famílias tradicionais e institucionalizados) Personalidade

(29)

19

desvios-padrão das variáveis em estudo apresentam-se na tabela 2, onde é passível constatar que, tal como hipotetizado, existem correlações significativas entre todas as variáveis. Os resultados evidenciam uma associação positiva e significativa, de magnitude moderada, entre o suporte social e as variáveis do bem-estar psicológico (r = .198 até r = .500, p < .01). O mesmo se constata no que concerne à associação entre o suporte social e as variáveis da personalidade, verificando-se correlações moderadas e significativas no sentido positivo com as variáveis extroversão e conscienciosidade (r = .230 ate r= .509, p < .01) e, no sentido negativo, entre o suporte social e a variável neuroticismo (r = -.159 até r = -.336, p < .01). Por último, denotam-se, de igual modo, correlações moderadas e significativas entre as dimensões do bem-estar psicológico e personalidade, sendo estas no sentido positivo entre as dimensões do bem-estar psicológico e as variáveis extroversão e conscienciosidade (r = .362 até r = .535, p <.01 e, no sentido negativo, na associação com a variável neuroticismo (r = -.276 até r = -.514, p < .01).

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20

Tabela 1. Correlações entre o suporte social (SSA), personalidade (NEO-FFI-20) e bem-estar psicológico (EMMBEP), médias e desvios-padrão (N=350).

* p < .05 ; ** p < .01

Análises diferenciais entre as dimensões do suporte social, personalidade e bem-estar psicológico em função das dimensões sociodemográficas da amostra (género, idade e configuração familiar)

Realizaram-se análises de variância multivariada (MANOVAS) entre as variáveis do suporte social, personalidade e bem-estar psicológico em função das variáveis sociodemográficas (género, idade, e configuração familiar). No que concerne às dimensões em estudo face ao género, os resultados indicam que existe uma diferença significativa no que respeita ao bem-estar psicológico F(6, 343) = 7.52; p =.001; ƞ2 = .99. Analisando detalhadamente, é passível denotar diferenças significativas no que concerne às variáveis autoestima F(1,348) = 16.10; p =.001; ƞ2 = .98, apresentando maiores níveis o género masculino (M = 3.76, DP = .76), comparativamente ao género feminino (M =

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Suporte Social

1. Apoio da família - 2. Apoio dos amigos .590** -

3. Apoio da professores .416** .489** - 4. Apoio em geral .578** .736** .539** - Bem-estar psicológico 5. Autoestima .357** .436** .305** .525** - 6. Equilíbrio .299** .377** .246** .337** .579** - 7. Envolvimento social .248** .381** .299** .381** .617** .533** - 8. Sociabilidade .314** .500** .223** .434** .574** .523** .506** - 9. Controlo de si e dos acontecimentos .274** .418** .198** .400** .612** .549** .558** .616** - 10. Felicidade .360** .433** .317** .480** .692** .626** .549** .639** .692** - Personalidade 11. Neuroticismo -.265** -.336** -.159** -.369** -.391** -.365** -.276** -.416** -.387** -.514** - 12. Extroversão .392** .509** .230** .496** .475** .438** .391** .535** .448** .524** -.415** - 13. Conscienciosidade .381** .433** .325** .434** .484** .445** .490** .362** .436** .490** -.278** .510** - M 5.02 4.83 4.20 4.55 3.60 3.71 3.57 3.88 3.46 3.75 2.80 3.83 3.70 SD 1.02 0.81 0.93 0.81 0.83 0.83 0.79 0.80 0.81 0.78 0.76 0.73 0.71

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21

3.44, DP = .75) e felicidade F(1,348) = 13.61; p =.001; ƞ2 = .96, apresentando índices superiores o género masculino (M = 3.91, DP = .70), comparativamente ao género feminino (M = 3.61, DP = .83). Os resultados apontam ainda para uma diferença significativa no que confere à personalidade F(3,345) = 3.76; p =.011; ƞ2 = .81, sendo as

diferenças encontradas incidentes na dimensão neuroticismo F(1,347) = 9.37; p =.002; ƞ2 = .86, a qual reporta níveis superiores o género feminino (M = 2.92, DP = .77),

comparativamente ao género masculino (M = 2.67, DP = .74).

Relativamente às dimensões em estudo face à idade, importa referir que, para se proceder à análise, estas foram categorizadas em dois grupos, nomeadamente dos 13 aos 15 anos e, dos 16 aos 18 anos. Os resultados reportam que existe uma diferença significativa no que concerne à personalidade F(3,345) = 8.27; p =.001; ƞ2 = .99. As diferenças verificadas incidem nas dimensões extroversão F (1,347) = 18.07; p =.001; ƞ2 = .99, evidenciando maiores níveis os jovens mais novos, entre 13 e 15 anos (M = 3.94, DP = .69), comparativamente aos jovens mais velhos, entre 16 a 18 anos (M = 3.59, DP = .75) e conscienciosidade F(1,347) = 6.75; p =.010; ƞ2 = .74, denotando níveis superiores os jovens mais novos, entre 13 e 15 anos (M = 3.77, DP = .71), comparativamente aos jovens mais velhos, entre 16 a 18 anos (M = 3.56, DP = .69).

No que concerne às dimensões em estudo face à configuração familiar, é de evidenciar uma diferença significativa no que concerne ao suporte social F(4,345) = 16.15; p =.001; ƞ2 = .99, nomeadamente nas variáveis apoio da família F(1,348) = 26.86, p =.001; ƞ2 = .99, que apresenta níveis superiores nos jovens provenientes de famílias tradicionais (M = 5.22, DP = .88) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 4.66, DP = 1.17); e, apoio dos amigos F(1,348) = 24.95; p =.001; ƞ2 = .99, que apresenta níveis superiores nos jovens provenientes de famílias tradicionais (M = 4.98, DP = .74) em comparação com os jovens institucionalizados (M = 4.55, DP = .85).

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Evidenciaram-se ainda diferenças significativas em todas as variáveis do bem-estar psicológico F(6,343) = 6.28; p =.001; ƞ2 = .99, seja; autoestima F(1,348) = 5.00; p =.026; ƞ2 = .61, que apresenta níveis superiores nos jovens provenientes de famílias tradicionais

(M = 3.67, DP = .78) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 3.47, DP = .74); equilíbrio F(1,348) = 31.19; p =.001; ƞ2 = .99, que apresenta níveis superiores nos jovens provenientes de famílias tradicionais (M = 3.89, DP = .80) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 3.39, DP = .78); envolvimento social F(1,348) = 6.95; p =.009; ƞ2 = .75, que apresenta níveis superiores nos jovens provenientes de famílias tradicionais (M = 3.65, DP = .78) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 3.41, DP = .79); sociabilidade F(1,348) = 17.56; p =.001; ƞ2 = .99, que apresenta níveis superiores nos jovens provenientes de famílias tradicionais (M = 4.01, DP = .79) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 3.64, DP = .76); controlo de si e dos acontecimentos F(1,348) = 11.80; p =.001; ƞ2 = .93, que apresenta níveis superiores nos jovens provenientes de famílias tradicionais (M = 3.57, DP = .81) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 3.27, DP = .77); e, felicidade F(1,348) = 11.17; p =.001; ƞ2 = .91, que apresenta níveis superiores nos jovens de famílias tradicionais (M = 3.86, DP = .81) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 3.57, DP = .69).

Verificaram-se igualmente diferenças significativas no que diz respeito a todas as variáveis da personalidade F(3,345) = 17.44; p =.001; ƞ2 = .99, seja o neuroticismo F(1,347) = 31.25; p =.001; ƞ2 = .99, que apresenta níveis superiores nos jovens institucionalizados (M = 3.09, DP = .62) comparativamente com os jovens provenientes de famílias tradicionais (M = 2.63, DP = .78); extroversão F(1,347) = 35.51; p =.001; ƞ2 = .99, que apresenta níveis superiores nos jovens de famílias tradicionais (M = 4.00, DP = .69) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 3.54, DP = .70); e

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conscienciosidade F(1,347) = 21.75; p =.001; ƞ2 = .99, que apresenta níveis superiores nos jovens de famílias tradicionais (M = 3.83, DP = .67) comparativamente com os jovens institucionalizados (M = 3.47, DP = .71) (Tabela 2).

Tabela 2. Análises diferenciais do suporte social, personalidade e bem-estar psicológico em função das variáveis sociodemográficas género, idade e configuração familiar. Género Variáveis 1-Feminino M ± DP 2-Masculino M ± DP 95% IC Direção das ≠ significativas Bem-estar psicológico Autoestima 3.44 ± .75 3.76 ± .76 [3.52, 3.68] 1 < 2 Felicidade 3.61 ± .83 3.91 ± .70 [3.68, 3.84] 1 < 2 Personalidade Neuroticismo 2.92 ± .77 2.67 ± .74 [2.71, 2.87] 1 > 2 Idade Variáveis 1-13 a 15 anos M ± DP 2-16 a 18 anos M ± DP 95% IC Direção das ≠ significativas Personalidade Extroversão Conscienciosidade 3.94 ± .69 3.59 ± .75 3.59 ± .75 3.56 ± .69 [3.69, 3.85] [3.58, 3.74] 1 > 2 1 > 2 Configuração familiar Variáveis 1-Instituc. M ± DP 2-Fam.tradicionais M ± DP 95% IC Direção das ≠ significativas Suporte Social Perceção de apoio da família 4.66 ± 1.17 5.22 ± .88 [4.83, 5.05] 1 < 2

Perceção de apoio dos

amigos 4.55 ± .85 4.98 ± .74 [4.68, 4.85] 1 < 2

Perceção de apoio em geral 4.45 ± .81 4.60 ± .80 [4.44, 4.62] 1 < 2

Bem-estar psicológico Autoestima 3.47 ± .74 3.67 ± .78 [3.48, 3.65] 1 < 2 Equilíbrio 3.39 ± .78 3.89 ± .80 [3.55, 3.73] 1 < 2 Envolvimento social 3.41 ± .79 3.65 ± .78 [3.44, 3.62] 1 < 2 Sociabilidade 3.64 ± .76 4.01 ± .79 [3.74, 3.91] 1 < 2 Controlo de si e dos acontecimentos 3.27 ± .77 3.57 ± .81 [3.33, 3.51] 1 < 2 Felicidade 3.57 ± .69 3.86 ± .81 [3.63, 3.80] 1 < 2 Personalidade Neuroticismo 3.09 ± .62 2.63 ± .78 [2.78, 2.94] 1 > 2 Extroversão 3.54 ± .70 4.00 ± .69 [3.69, 3.85] 1 < 2 Conscienciosidade 3.47 ± .71 3.83 ± .67 [3.58, 3.73] 1 < 2

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Predição do bem-estar psicológico: Papel do suporte social e da personalidade Foram realizadas análises de regressão múltipla hierárquica com a finalidade de clarificar o papel preditor do suporte social e da personalidade no desenvolvimento do bem-estar psicológico. Foram introduzidos cinco blocos, sendo o bloco 1 correspondente ao género, o bloco 2 à configuração familiar e o bloco 3 à idade, que foram controladas na regressão múltipla hierárquica, posteriormente pelo bloco 4 e 5 para testar o papel do suporte social e da personalidade, respetivamente.

No que concerne à análise face à autoestima é revelado o contributo significativo de quatro variáveis com 43.5% de variância no modelo total, a qual é explicada nomeadamente pelas variáveis: personalidade F(3,338) = 26.04; p =.001 que explica 43.5% da variância do modelo total (R2 = .435), contribuindo de forma particular com

9.7% da variância para o modelo (R2change = .097), através de todas as variáveis, isto é, neuroticismo (β = -.129) extroversão (β = .147) e conscienciosidade (β = .248); o suporte social F(4,341) = 24.87; p =.001 que explica 3.8% da variância da totalidade do

modelo (R2 = .038), contribuindo individualmente com 27% da variância para o modelo (R2change= .270), através da variável apoio em geral (β = .265); e o género F(1,347) =

15.75; p =.001 que explica 4.3% da variância do modelo total (R2 = .043), contribuindo de forma particular com 4.3% da variância para o modelo (R2change = .043) através do género masculino (β = -.172). Em suma, é passível constatar que cinco variáveis assumem uma contribuição significativa, com a seguinte ordem de relevância: a dimensão do suporte social apoio em geral (β = .265), a variável da personalidade conscienciosidade (β = .248), o género com um contributo masculino (β = -.172) e as variáveis da personalidade extroversão (β = .147) e neuroticismo (β = -.129).

Relativamente ao equilíbrio é revelado o contributo significativo de quatro variáveis com 31.4% de variância no modelo total, a qual é explicada nomeadamente

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pelas variáveis: personalidade F(3,348) = 15.46; p = .001 que explica 31.4% da variância do modelo total (R2 = .314), contribuindo de forma particular com 10.8% da variância para o modelo (R2change = .108), através de todas as variáveis, ou seja, neuroticismo (β = -.162), extroversão (β = .166) e conscienciosidade (β = .234); e por último a configuração familiar F(1,345) = 16.00; p =.001, que explica 8.5% da variância para a totalidade do modelo (R2 = .085) o qual contribui de forma particular com 8.4% da variância para o modelo (R2change = .084) com um contributo dos jovens provenientes de famílias tradicionais (β = -.119). Sintetizando, nota-se a existência de quatro variáveis detentoras de uma contribuição significativa para a explicação da dimensão equilíbrio, sendo elas, por ordem de relevância: todas as dimensões da personalidade conscienciosidade (β = .234), extroversão (β = .166) e neuroticismo (β = -.162), e, a configuração familiar com um contributo dos jovens provenientes de famílias tradicionais (β = -.119).

A análise face ao envolvimento social revela um contributo significativo de apenas duas variáveis com 30.8% de variância no modelo total, a qual é explicada nomeadamente pelas variáveis da personalidade F(3,338) = 15.06; p =.001 que explica 30.8% da variância do modelo total (R2 = .308), contribuindo individualmente com 11.7% da variância para o modelo (R2change = .117), mais precisamente através da variável extroversão (β = .113) e conscienciosidade (β = .334). Resumindo, é passível constatar que apenas duas variáveis apresentam uma contribuição significativa para a explicação do envolvimento social, nomeadamente as dimensões da personalidade conscienciosidade (β = .334) e extroversão (β = .113).

Relativamente à análise de regressão múltipla hierárquica face à dimensão sociabilidade, foi reportado o contributo significativo de três variáveis com 39.2% da variância total explicada, nomeadamente: a personalidade F(3,338) = 21.83; p =.001 que

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explica 39.2% da totalidade de variância do modelo (R2 = .392), contribuindo de forma particular com 11.2% da variância para o modelo (R2change = .112), através das variáveis neuroticismo (β = -.194) e extroversão (β = .300); e suporte social F(4,341) = 19.00; p =.001 que denota 28.1% da variância total do modelo (R2 = .281), tendo um peso

individual de 22.6% da variância para o modelo (R2change = .226), através da variável apoio dos amigos (β = .278). Em síntese, é notória a contribuição significativa de três variáveis, por ordem de relevância: a variável da personalidade extroversão (β = .300), a variável do suporte social apoio dos amigos (β = .278) e, a variável da personalidade neuroticismo (β = -.194).

Na análise de regressão múltipla hierárquica face à dimensão controlo de si e dos acontecimentos, evidencia-se o contributo significativo de quatro variáveis com 32.8% do total de variância explicada, nomeadamente: a personalidade F(3,338) = 16.46; p =.001 que explica 32.8% da totalidade de variância do modelo (R2 = .328), contribuindo de forma particular com 11.2% da variância para o modelo (R2change = .112), através

de todas as variáveis, nomeadamente, o neuroticismo (β = -.196), a extroversão (β = .156) e a conscienciosidade (β = .229); e o suporte social F(4,341) = 13.40; p =.001 contribuindo com 21.6% de variância no modelo total (R2 = .216), explicando individualmente 17.2% da variância do modelo (R2change = .172), através da variável apoio dos amigos (β = .176). Em suma, denota-se o contributo significativo de quatro variáveis, entre elas: as dimensões da personalidade conscienciosidade (β = .229) e neuroticismo (β = -.196), a dimensão do suporte social apoio dos amigos (β = .176), e, a

dimensão da personalidade extroversão (β = .156).

Face à dimensão felicidade, a análise de regressão múltipla hierárquica reportou o contributo de quatro variáveis, a saber: a personalidade F(3,338) = 30.97; p =.001 que explica 47.8% da totalidade de variância do modelo (R2 = .478), contribuindo de forma

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particular com 17.1% da variância para o modelo (R2change = .171), através de todas as variáveis, designadamente , o neuroticismo (β = -.289), a extroversão (β = .195) e a conscienciosidade (β = .228); e ,por último, o género F(1,347) = 13.76; p =.001 que explica 3.8% da variância total (R2 = .038), contribuindo individualmente com 3.8% da

variância para o modelo (R2change = .038) através do género masculino (β = -.138). Resumindo, constata-se a contribuição significativa de quatro variáveis, por ordem de relevância: as dimensões da personalidade neuroticismo (β = -.289), conscienciosidade (β = .228) e extroversão (β = .195) e, o género com um contributo masculino (β = -.138) (Tabela 3).

Tabela 3. Análises de regressão múltiplas hierárquicas para a predição do bem-estar psicológico.

AUTOESTIMA R2 R2Change B SE β t p

Bloco 1 Género (dummy) .043 .043 -2.66 .066 -.172 -4.02 .001

Bloco 2 Configuração Familiar (dummy) .066 .022

Bloco 3 – Idade (dummy) .068 .002

Bloco 4 – Suporte social .038 .270

Apoio da família Apoio dos amigos Apoio dos professores

Apoio em geral .255 .066 .265 3.86 .001 Bloco 5 – Personalidade .435 .097 Neuroticismo -.131 .049 -.129 -2.68 .008 Extroversão .156 .059 .147 2.64 .009 Conscienciosidade .270 .055 .248 4.92 .001 EQUILÍBRIO R2 R2Change B SE β t p

Bloco 1 Género (dummy) .001 .001

Bloco 2 Configuração Familiar (dummy) .085 .084 -.206 .091 -.119 -2.27 .024

Bloco 3 – Idade (dummy) .087 .002

Bloco 4 – Suporte social .206 .119

Apoio da família Apoio dos amigos Apoio dos professores Apoio em geral

Bloco 5 – Personalidade .314 .108

Neuroticismo -.176 .058 -.162 -3.04 .003

Extroversão .189 .070 .166 2.72 .007

Conscienciosidade .273 .065 .234 4.21 .001

ENVOLVIMENTO SOCIAL R2 R2Change B SE β t p

Bloco 1 Género (dummy) .001 .001

Bloco 2 Configuração Familiar (dummy) .022 .021

Bloco 3 – Idade (dummy) .023 .002

Bloco 4 – Suporte social .192 .168

Apoio da família Apoio dos amigos Apoio dos professores Apoio em geral

Bloco 5 – Personalidade .308 .117

Neuroticismo

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Conscienciosidade .374 .063 .334 5.99 .001

SOCIABILIDADE R2 R2Change B SE β t p

Bloco 1 Género (dummy) .001 .001

Bloco 2 Configuração Familiar (dummy) .050 .050

Bloco 3 – Idade (dummy) .054 .004

Bloco 4 – Suporte social .281 .226

Apoio da família

Apoio dos amigos .274 .069 .278 4.00 .001

Apoio dos professores Apoio em geral Bloco 5 – Personalidade .392 .112 Neuroticismo -.203 .052 -.194 -3.87 .001 Extroversão .329 .063 .300 5.22 .001 Conscienciosidade CONTROLO DE SI E DOS ACOTECIMENTOS R 2 R2Change B SE β t p

Bloco 1 Género (dummy) .002 .002

Bloco 2 Configuração Familiar (dummy) .038 .036

Bloco 3 – Idade (dummy) .044 .006

Bloco 4 – Suporte social .216 .172

Apoio da família

Apoio dos amigos .176 .073 .176 2.41 .017

Apoio dos professores Apoio em geral Bloco 5 – Personalidade .328 .112 Neuroticismo -.208 .056 -.196 -3.72 .001 Extroversão .167 .067 .156 2.49 .013 Conscienciosidade .261 .063 .229 4.16 .001 FELICIDADE R2 R2Change B SE β t p

Bloco 1 Género (dummy) .038 .038 -.215 .064 -.138 -3.35 .001

Bloco 2 Configuração Familiar (dummy) .079 .040

Bloco 3 – Idade (dummy) .081 .003

Bloco 4 – Suporte social .307 .226

Apoio da família Apoio dos amigos Apoio dos professores Apoio em geral

Bloco 5 – Personalidade .478 .171

Neuroticismo -.295 .048 -.289 -6.21 .001

Extroversão .209 .057 .195 3.66 .001

Conscienciosidade .251 .053 .228 4.71 .001

Nota. B, SE e β para um nível de significância de p < .05

Bloco 1- Género; Bloco 2.Configuração familiar; Bloco 3- Idade; Bloco 4- Dimensões do suporte social (SSA); Bloco 5- Dimensões da personalidade (NEOFFI-20).

Papel moderador da configuração familiar na associação entre o suporte social e a personalidade com o bem-estar psicológico

Foi testado o papel moderador da variável configuração familiar na associação entre o suporte social e o bem-estar psicológico através da análise diferencial multivariada (MANOVA). Neste sentido, foram categorizados os níveis de suporte social como altos, caso estes fossem superiores à média (M ≥ 4.56), e baixos, caso se evidenciassem inferiores à mesma (M < 4.56). Para a personalidade recorreu-se à testagem das dimensões isoladamente, tendo em conta o mesmo procedimento da categorização dos

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níveis (níveis de conscienciosidade elevados (M ≥ 3.70) ou baixos (M < 3.70), níveis de extroversão elevados (M ≥ 3.83) ou baixos (M < 3.83) e níveis de neuroticismo elevados (M ≥ 2.80) ou baixos (M < 2.80). A análise efetuada permite constatar que não existe uma interação significativa entre o suporte social e a configuração familiar, em função do bem-estar psicológico F(6,341) = 1.47, p = .187, ƞ2 = .14, o que significa que configuração familiar não denota um papel moderador na associação anterior.

De igual modo, foi testado o papel moderador da configuração familiar na associação entre as dimensões da personalidade (conscienciosidade, extroversão e neuroticismo, de forma separada) e o bem-estar psicológico. Mediante os resultados, denota-se, de igual modo, que não se reportaram interações significativas da configuração familiar na associação entre a variável da personalidade conscienciosidade e o bem-estar psicológico F(6,340) = 1.14, p = .34, ƞ2 = .02, o que revela a inexistência de um papel moderador por parte da configuração familiar. O mesmo acontece no que concerne à associação entre a dimensão da personalidade extroversão, sendo que os resultados não evidenciaram a existência de um papel moderador por parte da configuração familiar F(6,341) = .98, p = .44, ƞ2 = .04.

No que respeita a dimensão da personalidade neuroticismo, os resultados reportaram a existência de apenas uma interação significativa entre o neuroticismo e a configuração familiar no que respeita à variável do bem-estar psicológico felicidade F(6,341) = 4.81, p = .03, ƞ2 = .01. Como seria expectável, os jovens provenientes de famílias tradicionais com um baixo neuroticismo (M = 4.18, DP = .64) apresentam maiores níveis de felicidade do que os jovens institucionalizados com baixos níveis de neuroticismo (M = 3.86, DP = .60). Por sua vez, os jovens provenientes de famílias tradicionais com um alto neuroticismo (M = 3.38, DP = .81) apresentam níveis inferiores de felicidade comparativamente aos jovens institucionalizados que detém de níveis baixos

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de neuroticismo (M = 3.86, DP = .64). De ressaltar que os jovens institucionalizados com altos níveis de neuroticismo (M = 3.41, DP = .68) se apresentam como mais felizes do que os jovens provenientes de famílias tradicionais com altos níveis de neuroticismo (M = 3.38, DP = .81). Em suma, evidencia-se o papel moderador da configuração familiar na associação entre a dimensão da personalidade neuroticismo com o bem-estar psicológico (na dimensão felicidade).

Discussão

O presente estudo pretendeu analisar em que medida o suporte social e a personalidade exercem um efeito preditor no desenvolvimento do bem-estar psicológico, testando-se ainda o efeito moderador das diferentes configurações familiares na associação anterior. Procurou-se inicialmente analisar as associações entre o suporte social, a personalidade e o bem-estar psicológico dos jovens, bem como analisar as diferenças do suporte social, a personalidade e o bem-estar psicológico em função das dimensões sociodemográficas da amostra (género, idade e configuração familiar). No presente estudo foi passível averiguar que todas as dimensões das variáveis da amostra se correlacionam de forma positiva, à exeção do neuroticismo, a qual denota uma correlação negativa com todas as variáveis de todos os instrumentos.

No que confere à associação entre as variáveis em causa, esta parece ser pouco abordada na literatura, especialmente no que concerne a jovens adolescentes em contexto institucional. Porém, foi passível denotar uma associação positiva entre as dimensões do suporte social e as dimensões do bem-estar psicológico. Este resultado seria expetável, na medida em que o bem-estar psicológico é influenciado por fatores de ordem biológica, social, cognitiva e de personalidade (Remédios, 2010). Assim, seria previsível que jovens adolescentes com uma maior perceção do suporte da família, amigos e professores,

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denotassem autoestima, equilíbrio, envolvimento social, sociabilidade, controlo de si e dos acontecimentos e felicidade. Para além disso, investigações recentes corroboram estes resultados, no sentido de que são os jovens com uma maior rede de apoio social, amigos e contactos os que reportam níveis mais elevados de bem-estar psicológico, denotando maior felicidade e satisfação com a vida (e.g., Chu et al., 2010; Tomé et al., 2011). Deste modo, Tomé et al. (2011) realizaram um estudo com 4877 jovens adolescentes com o objetivo de analisar a influência que a relação das figuras parentais e grupos de pares têm nos jovens adolescentes, chegando à conclusão que de facto são os jovens com um maior suporte social que se evidenciam mais felizes e satisfeitos com a vida, denotando níveis superiores de bem-estar psicológico.

Por sua vez, foi ainda passível verificar correlações significativas entre as variáveis do suporte social e da personalidade. Embora as evidências se denotem escassas parece passível aduzir que a perceção que os jovens têm acerca do suporte da família, amigos, professores e em geral, parece ter relevância no desenvolvimento de determinados traços de personalidade. A literatura parece corroborar os resultados obtidos, na medida em que são os indivíduos com uma maior perceção do seu suporte social os que denotam níveis inferiores de neuroticismo (e.g., Heponiemi et al., 2008). Shanahan, Hill, Roberts, Eccles e Friedman (2012) apontam também para o facto do suporte, nomeadamente o familiar, constituir uma das principais influências no desenvolvimento da conscienciosidade. Ainda que não se tenham encontrado evidências que associem o suporte social com a extroversão, os resultados seriam expectáveis na medida em que uma maior perceção de suporte social parece estar relacionado com uma maior predisposição e abertura dos jovens adolescentes para a exploração do meio envolvente, o que não tende a acontecer com jovens adolescentes introvertidos, os quais são mais inibidos.

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Os resultados reportaram ainda uma associação entre a personalidade e o bem-estar psicológico. Assim, as dimensões da extroversão e conscienciosidade demonstraram-se associadas positivamente ao bem-estar psicológico, sendo que o neuroticismo denotou uma associação negativa no mesmo. Os resultados obtidos corroboram evidências empíricas que demonstram que fatores de personalidade parecem influenciar o bem-estar psicológico dos jovens adolescentes (Garcia & Erlandsson, 2011; Lu, Wang, Liu, & Zhang, 2014; Kokko, et al. 2013; Purvis, Howell, & Iyer, 2011; Remédios, 2010). Assim sendo, parece passível inferir que o bem-estar psicológico tende a encontra-se associado a baixos níveis de neuroticismo e altos níveis de extroversão e conscienciosidade (Schmutte & Ryff, 1997). Embora os estudos se denotem escassos no que concerne a esta associação, nomeadamente em jovens adolescentes, foi passível averiguar resultados similares numa evidência empírica realizada com adultos. Kokko e colaboradores (2013) corroboram esta ideia num estudo longitudinal realizado em adultos, o qual visava analisar a associação entre a personalidade e o bem-estar psicológico ao longo de dezassete anos, denotando os resultados que os níveis de bem-estar psicológico tendem aumentar aquando a presença de altos índices de extroversão e conscienciosidade. Ainda assim, parece pertinente referir que os baixos níveis de neuroticismo apresentaram-se como o fator mais fortemente associado com níveis de bem-estar psicológico superiores. Assim, são os jovens potenciados por emoções positivas, cuja vivência é pautada por características como a competência, disciplina e organização e, que apresentam menor grau de afetos negativos na generalidade, aqueles que denotam um maior bem-estar psicológico, isto é, uma maior autoestima, equilíbrio, envolvimento social, sociabilidade, controlo de si e dos acontecimentos e felicidade.

Ainda, de uma forma geral, os resultados obtidos apontam para a existência de diferenças significativas ao nível do género, idade e configuração familiar. No que

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Figura  1.  Modelo  conceptual  teórico  representativo  do  efeito  do  suporte  social  e  personalidade no bem-estar psicológico e do efeito moderador da configuração familiar  na associação entre o suporte social e o bem-estar psicológico.
Tabela 1. Correlações entre o suporte social (SSA), personalidade (NEO-FFI-20) e bem- bem-estar psicológico (EMMBEP), médias e desvios-padrão (N=350)
Tabela  2.  Análises  diferenciais  do  suporte  social,  personalidade  e  bem-estar  psicológico  em  função  das  variáveis  sociodemográficas  género,  idade  e  configuração  familiar
Tabela 3. Análises de regressão múltiplas hierárquicas para a predição do bem-estar  psicológico
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