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Imposto de Renda no Brasil: Excesso de cobrança ou instrument de justiça social?

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1 EALR, V. 8, nº 1, p. 311-322, Jan-Jun, 2017

Universidade Católica de Brasília – UCB Brasília-DF

Economic Analysis of Law Review

Imposto de Renda no Brasil: Excesso de cobrança ou instrument de justiça

social?

Ilmara Kelli Rocha de Oliveira1

Universidade Católica de Brasília

Liziane Angelotti Meira2

Universidade Católica de Brasília

RESUMO

Este artigo tem como escopo tratar sobre o Imposto de Renda no Brasil através dos seus princípios constitu-cionais elencados no art. 153, §2º, I da Constituição, que são: progressividade, generalidade e universalida-de; os critérios da regra matriz, e por fim, avaliar a alta carga tributária que acomete a sociedade brasileira e fazer ainda um comparativo com diversos países que se beneficiam do recolhimento desse imposto. Vere-mos ao final que, algumas nações incidem percentuais altos sobre o imposto de renda; porém alcançam a sua real finalidade. Outros possuem um índice mais baixo; em contrapartida, a desigualdade social é um ponto característico. Mas, o objeto do estudo é saber se re-almente o recolhimento do imposto de renda no Brasil consegue atingir a justiça social, e se essa cobrança desse tributo é, de fato, excessiva.

ABSTRACT

This article has as scope to deal with the Income Tax in Brazil through its constitutional principles listed in art. 153, §2, I of the Constitution, which are: progres-sivity, generality and universality; the criteria of the matrix rule, and, finally, to evaluate the high tax bur-den that the Brazilian society undertakes and also to make a comparison with several countries that benefit from the collection of this tax. We will see at the end that, some nations charge high percentages on the income tax; but they achieve their real purpose. Others have a lower index; on the other hand, social inequali-ty is a characteristic point. But the object of the study is to know if the actual collection of income tax in Brazil can achieve social justice, and whether this collection of tax is in fact excessive.

Palavras-chave: Imposto de renda. Princípios.

Socie-dade. Brasil. Justiça Social.

Keywords: Income tax. Principles. Society. Brazil.

Social justice.

JEL: K35 R:02/05/2017 A:20/05/2017 P:30/06/2017

1 E-mail: ilmarakelli@gmail.com 2 E-mail: lizianemeira@gmail.com

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Introdução

imposto de renda e proventos de qualquer natureza tem previsão constitucional no art. 153 da Carta Maior; bem como, no Código Tributário Nacional, em seus artigos. 43, 44 e 45. É um tributo federal e tem como fato gerador a aquisição da disponibili-dade econômica ou jurídica. Essa disponibilidisponibili-dade econômica está intimamente ligada ao acréscimo patrimonial.

A Constituição Federal traz em seu art. 153, §2º, I princípios norteadores do referido tributo, que são: princípio da progressividade, generalidade e universalidade.

Pelo princípio da progressividade, a alíquota aumenta na medida em que a base de cál-culo aumenta, e essa cadeia consagra o aumento da carga tributária.

O princípio da universalidade baseia-se em abranger todas as rendas e proventos, sen-do vedada qualquer distinção. O imposto de renda deve incidir sobre toda a renda lucrativa que foi auferida no ano base (01/01 a 31/12).

No que tange ao princípio da generalidade, quer dizer que a regra matriz de incidência do imposto de renda deve abranger a todos, sem diferença. Ou seja, esse tributo deve ser co-brado de forma igualitária, sem benesses e isso serve tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas. É o significado do próprio princípio da isonomia.

Além dos princípios informadores do IR, o referido artigo ainda traz a regra matriz de incidência desse imposto, abrangendo seus critérios: material, espacial e temporal.

E por fim, foi feita uma pesquisa comparando o Brasil a diversos outros países até chegar a conclusão se a incidência do Imposto de Renda no Brasil é considerada um abuso na tributação ou de fato, é necessário para alcançar a justiça social e se realmente existe essa jus-tiça no país.

1 OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO IMPOSTO SOBRE A RENDA 1.1 O PRINCÍPIO DA PROGRESSIVIDADE

Dentre os princípios gerais do Direito Tributário e que são inerentes ao Imposto sobre a renda, existem três diretamente traçados para o referido imposto e estão expressamente deli-neados no art. 153, §2º, I da Constituição Federal, são eles: generalidade, universalidade e progressividade.

Sobre o Princípio da Progressividade, Leandro Paulsen traz em sua recente obra que “É critério que exige variação positiva da alíquota à medida que há aumento da base de cálcu-lo. Como imposto de natureza pessoal, o IR deve necessariamente ser graduado segundo a capacidade econômica do contribuinte também por força de determinação expressa

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3 EALR, V. 8, nº 1, p. 311-322, Jan-Jun, 2017

constante do art. 145, §1º da CRFB. A progressividade, aliás, serve de instrumento para a tri-butação da renda conforme a capacidade contributiva”.3

“Com efeito, quem tem rendimentos mais expressivos deve ser proporcionalmente mais tributado, por via de IR, do que quem os tem menores. E não nos parece despropositado sustentar que quem tem parcos rendimentos, apenas suficientes para sobreviver (digamos, ganha salário mínimo), está imune a tal tributação. Por quê? Simplesmente porque o assalari-ado mínimo, por força do que estatui a Constituição, ganha o mínimo indispensável (mínimo

vital) para manter-se e a seus familiares. Sendo assim, não tem capacidade econômica de

su-portar qualquer ônus tributário”.4

O princípio em comento revela um aumento da carga tributária que se dá através das suas alíquotas na medida em que há aumento da base de cálculo. Ou seja, há uma redistribui-ção da riqueza. Esse princípio está intimamente ligado ao princípio da isonomia e da capaci-dade contributiva. Objetivamente, à medida que o poder aquisitivo vai aumentando, aumenta também o valor do imposto de renda a ser pago.

1.2 PRINCÍPIO DA GENERALIDADE

O princípio da generalidade é uma concepção do princípio da igualdade, onde quer di-zer que todos aqueles que auferirem renda estarão sujeitos a cobrança do imposto, sem qual-quer discriminação de ordem pessoal.

O legislador ao criar as leis não pode afrontar o princípio da isonomia. A Carta Magna é contrária a qualquer regalia em matéria de ordem fiscal, principalmente no tocante ao im-posto de renda. Ficarão excluídas da incidência do citado imim-posto apenas as pessoas que são imunes por determinação constitucional.

“O princípio da igualdade tributária no sentido jurídico é uma limitação ao legislador na medida em que proíbe de editar regras que estabeleçam privilégios, em especial em virtude da classe ou posição social, da raça, da religião, do sexo, das convicções políticas ou dos car-gos ocupados pelo indivíduo. A lei que violar esse princípio será inconstitucional”.5

“Além disso, o princípio da igualdade constitui-se em uma regra de interpretação. O juiz e todo aquele que tiver que aplicar uma lei deverá dar a ela o entendimento que não crie privilégios, de qualquer tipo. Em suma, nem está autorizado o legislador, ao editar a lei, fazer

3 PAULSEN. Leandro. Curso de Direito Tributário. 8ª ed. Ver. E atual. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 332. 4 CARRAZZA. Antônio Roque. Imposto Sobre a Renda. 3ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Malheiros Editora,

2009, p. 71.

5 GUTIERREZ. Miguel Delgado. Tese de Doutorado. O Imposto de Renda e os Princípios da Generalidade, da

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discriminações, nem pode o aplicador, diante da lei, discriminar. O princípio da generalidade visa a garantia do indivíduo, evitando perseguições e favoritismos”.6

É importante trazer a baila que, os benefícios fiscais podem ser oferecidos sem burlar o real sentido do princípio da generalidade, desde que, seja pra atender positivamente a eco-nomia do país.

“Registramos que em matéria de IR também poderá haver – sem prejuízo do critério da generalidade – incentivos e benefícios fiscais, ‘destinados a promover o equilíbrio do de-senvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país’ (art. 151, I da CF) ou a implementar o princípio da igualdade (art. 5º, I da CF), fazendo com que pessoas em situa-ções econômicas diversas sejam igualmente tratadas, na medida de suas desigualdades”.7

1.3 PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE

O Princípio da Universalidade, como próprio nome já diz, é universal, o que quer dizer que engloba toda e qualquer renda auferida, sem distinção, para a incidência do imposto de renda.

O imposto de renda deverá incidir sobre todas as rendas e provimentos auferidos, seja pela pessoa física, seja pela pessoa jurídica, desde que possuam capacidade contributiva, sen-do que só haverá imunidade ou isenção para aqueles casos previstos na Carta Maior.

“Universalidade implica que o imposto deve tratar igualmente todo e qualquer tipo de renda ou provento, ou seja, todo acréscimo patrimonial deve receber o mesmo tratamento. Não poderá haver tributação diferente, dependendo do tipo de rendimentos auferidos, de sua providência ou da qualificação jurídica de quem os recebe. O imposto de renda deve incidir sobre todos os rendimentos auferidos pelo contribuinte, os quais deverão ser submetidos a um mesmo tratamento tributário”.8

Roque Carrazza preceitua que “o IR deve alcançar todos os ganhos ou lucros, de quaisquer espécies ou gêneros, obtidos pelo contribuinte no território brasileiro e – desde que respeitados os acordos que visam evitar a bitributação internacional - também no exterior. Em linha de princípio, nada deve escapar à sua incidência, pouco importando a denominação dos rendimentos, sua origem, a condição jurídica de quem os aufere ou a nacionalidade da

6 GUTIERREZ. Miguel Delgado. Tese de Doutorado. O Imposto de Renda e os Princípios da Generalidade, da

Universalidade e da Progressividade. Universidade de São Paulo: São Paulo, 2009, p. 80.

7 CARRAZZA. Antônio Roque. Imposto Sobre a Renda. 3ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Malheiros Editora,

2009, p. 69.

8 GUTIERREZ. Miguel Delgado. Tese de Doutorado. O Imposto de Renda e os Princípios da Generalidade, da

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5 EALR, V. 8, nº 1, p. 311-322, Jan-Jun, 2017

fonte. Tal avaliação global conecta o tributo aos princípios da capacidade contributiva e da igualdade”.9

Leandro Paulsen descreve de forma sucinta sobre o referido princípio entendendo que “ em face do critério constitucional da universalidade , ter-se-ia de considerar a totalidade das rendas do contribuinte como uma unidade, sem estabelecer distinções entre tipos de rendas para efeito de tributação diferenciada.”10

2 REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IRPF

“A regra-matriz de incidência tributária é a norma jurídica que prescreve a incidência tributária. O seu antecedente descreve um fato lícito com conteúdo econômico e seu conse-quente estabelece uma relação jurídica que tem por sujeito ativo o Estado, ou quem lhe faça as vezes. O sujeito passivo desta relação será uma pessoa, física ou jurídica, acometida do dever jurídico de prestar o objeto, qual seja, entregar uma certa quantia em dinheiro. Esta relação é designada por relação jurídica tributária. Trata-se de norma primária (dispositiva), de conduta, geral e abstrata”.11

Para que exista essa relação jurídica tributária, aquele fato lícito que existe no antece-dente deve conter elementos necessários para preencher os critérios fixados na regra-matriz de incidência tributária, que são: critério material, espacial e temporal.

2.1 CRITÉRIO MATERIAL

A princípio, no que diz respeito ao aspecto material da hipótese de incidência tributá-ria, o art. 43 do CTN aproxima-se do conceito constitucional quando se fala em renda e pro-ventos.

Para Regina Helena Costa “renda é o aumento de riqueza obetivo num dado período de tempo, deduzidos os gastos necessários à sua aquisição e manutenção. A renda constitui acréscimo patrimonial, que não se confunde com o patrimônio de onde deriva – o capital, o trabalho ou a combinação de ambos.”12

“Proventos, como visto, constituem os acréscimos patrimoniais referentes a remunera-ções da inatividade (aposentadorias e pensões). Portanto, a expressão renda e proventos de

9 CARRAZZA. Antônio Roque. Imposto Sobre a Renda. 3ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Malheiros Editora,

2009, p. 69.

10 PAULSEN. Leandro. Curso de Direito Tributário. 8ª ed. Ver. E atual. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 332.

11 FORTES, Maurício Cezar de Araújo. Dissertação de Mestrado. A regra-matriz de incidência do Imposto Sobre

Serviço de Qualquer Natureza. Universidade de São Paulo: São Paulo, 2009, p. 36.

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qualquer natureza corresponde, singelamente, aos ganhos econômicos do contribuinte

gera-dos por seu capital, por seu trabalho ou pela combinação de ambos, num determinado perío-do; é a variação patrimonial positiva apurada em certo lapso de tempo.”13

2.2 CRITÉRIO ESPACIAL

Por intermédio do critério espacial, analisa-se o local estabelecido pela legislação para a concretização da conduta, ação e prática do imposto de renda.

O legislar ordinário tem liberdade para exarar os rendimentos no território nacional ou se achar pertinente, abranger esse espaço através do princípio da universalidade.

Helena Costa entende que “quanto ao aspecto espacial, este é o território nacional, ainda que seja possível a tributação de renda obtida no exterior, respeitados os acordos que visam evitar a bitributação, em função do mesmo critério da universalidade”.14

2.3 CRITÉRIO TEMPORAL

É através do critério temporal que se tem o momento exato em que ocorreu o fato ge-rador descrito na lei. No caso do Imposto de Renda, o marco temporal do nascimento da obri-gação corresponde ao último dia do ano de cada exercício.

“O aspecto temporal desse imposto, por sua vez, enseja importante observação. Como a conduta de auferir renda e proventos de qualquer natureza é aferida à vista de determinado lapso de tempo, o aspecto temporal há de ser fixado no encerramento desse período-base. As-sim, o marco temporal do nascimento da obrigação correspondente é 31 de dezembro de cada exercício.”15

3 RECOLHIMENTO DO IR COMPARANDO O BRASIL A ALGUNS PAÍSES: TRIBUTAÇÃO EXCESSIVA OU INSTRUMENTO DA JUSTIÇA SOCIAL?

A Carta Magna exprime através do seu art. 3º os direitos fundamentais da República Federativa do Brasil e, enquanto Estado Democrático de Direito visa construir uma sociedade livre, justa e sociedade; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a margina-lização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e por fim, promover o bem de todos,

13 COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. 6ªed. ver, e atual. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 366. 14 COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. 6ªed. ver, e atual. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 366. 15 COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. 6ªed. ver, e atual. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 367.

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7 EALR, V. 8, nº 1, p. 311-322, Jan-Jun, 2017

sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimina-ção.

Sob essa ótica, fica claro e evidente que a progressividade dos impostos é ferramenta importante para garantir uma melhor redistribuição de riqueza.

No Brasil, o imposto de renda é um tributo direto, com maior índice de arrecadação e possui critérios constitucionais que os regem, conforme já fora mencionado anteriormente, que são eles: progressividade, universalidade e generalidade. Esse caráter progressivo, que tem ligação direta com a capacidade contributiva do contribuinte e possibilidade de isenção aos menos afortunados, é uma forte característica para alcançar a justiça social de uma nação. Porém, no Brasil existe dificuldade em alcançar uma forma uniforme de distribuir as riquezas, pois os impostos indiretos, principalmente sobre o consumo, são aplicados de maneira iguali-tária a todos, sem distinção de renda. Ou seja, as alíquotas dos impostos indiretos são as mesmas tanto para aqueles com maior renda, quanto para aqueles menos favorecidos, desvi-ando assim, os objetivos fundamentais do País e afrontdesvi-ando os princípios da igualdade e da capacidade contributiva.

No Brasil, a distribuição da carga tributária é extremamente injusta e excessiva, fican-do notória a desproporcionalidade no pagamento fican-dos tributos. Proporcionalmente, os pobres pagam muito mais tributos que os ricos, pois a incidência da tributação indireta é muito maior que a tributação direta, conforme veremos no gráfico adiante.

BRASIL: CARGA TRIBUTÁRIA POR DÉCIMOS DE RENDA, 2002-2003

Fonte: POF, IBGE. Elaboração: DISOC/IPEA, a partir de GAIGER, 2008.

1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o Tributação Indireta 29,1 24,2 20,7 19,4 18,3 17,6 16,4 16,4 14,6 10,7 Tributação Direta 3,7 2,8 4,1 4,5 4,9 5,7 6,9 7,7 8,8 12,0 Tributação Total 32,8 27,0 24,8 23,9 23,2 23,3 23,3 24,1 23,4 22,7 29,1 24,2 20,719,4 18,3 17,6 16,416,414,6 10,7 3,7 2,8 4,1 4,5 4,9 5,7 6,9 7,7 8,8 12,0 32,8 27,0 24,823,9 23,2 23,323,324,123,422,7

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Ao compararmos o Brasil com outros países no ano de 2002, percebemos a diferença da tributação direta (principalmente os tributos que incidem sobre o patrimônio e sobre a ren-da) em países desenvolvidos com alto índice de IDH (índice de desenvolvimento humano), onde essa tributação é bem menor que em nosso País. Vejamos:

Quanto ao Imposto de Renda no Brasil, as alterações foram significativas ao longo do tempo:

Alíquotas de IRPF no Brasil

Período de vigên-cia Quantidade de classes de renda (faixas) Alíquotas 1979 a 1982 12 0% a 55% 1983 a 1985 13 0% a 60% 1986 a 1987 11 0% a 50% 1988 9 0% a 45%

País Faixas Mínima Máxima Alemanha 3 22,9 53,0 Argentina 7 9,0 35,0 Austrália 4 7,0 47,0 Áustria 5 2,0 50,0 Azerbaijão 6 12,0 35,0 Barbados 2 25,0 40,0 Bélgica 7 5,0 55,0 Bolívia 5 15,0 30,0 Brasil 2 15,0 27,5 Bulgária 4 16,0 38,0 Canadá 4 5,0 29,0 Chile 6 5,0 45,0 China 9 15,0 45,0 Espanha 6 15,0 39,6 Estados Unidos 5 15,0 39,6 França 12 5,0 57,0 Grécia 5 5,0 42,5 Holanda 4 6,2 60,0 Israel 5 10,0 50,0 Itália 5 18,0 45,0 Japão 4 10,0 37,0 Nova Zelândia 3 19,5 39,0 Peru 2 15,0 20,0 Portugal 6 12,0 40,0 Reino Unido 3 20,0 40,0 Suíça 3 31,0 57,0 Média Aritmética 5 12,9 42,2 Fonte: Price Waterhouse & Coopers - Tax Individual, 2002 Elaboração: Assessoria Econômica do Unafisco Sindical

IRPF de países selecionados

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9 EALR, V. 8, nº 1, p. 311-322, Jan-Jun, 2017 1989 a 1991 2 10% e 25% 1992 2 15% e 25% 1995 3 15% a 35% 1996 a 1997 2 15% e 25% 1998 a 2007 2 15% e 27,5%

Fonte: Regulamentos do Imposto de Renda

Fazendo uma equiparação dos percentuais do Imposto de Renda entre diversos outros países, observamos que o Brasil não possui um percentual tão expressivo, afinal, a alíquota

máxima é de 27,5%. Os países escandinavos, por exemplo, possui um índice altíssimo; porém, a tributação indireta é proporcional, e a arrecadação do imposto sobre a renda é direci-onada a finalidade com a qual foi criada, gerando desta forma, a verdadeira justiça social. A seguir:

E o que é justiça social? Conceituando de uma forma simplória, pode-se dizer que é a garantia dos direitos básicos de sobrevivência a toda uma nação, sem distinção entre os seus indivíduos. Esses direitos básicos são educação, saúde, justiça, segurança, trabalho. Para al-cançar a justiça social há uma interligação direta entre as desigualdades sociais e os meios de resolução desse problema.

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“Los tributos, vienen a integrar um justo orden social si se insertan em um sistema coerente y razonable y si responden al principio de igualdad mate-rial. Y son los fines económicos, políticos y sociales perseguidos em el momento del reparto los que crean la diferencia, los que satisfacen los ob-jetivos de solidariedade y de redistribución, los que desvían (si es lo queri-do por las mayorías políticas) la producción y el consumo de la dirección impuesta por el mercado y los que calibran em consecuencia, los derechos patrimoniales potenciándolos o reduciéndolos”.16

No Brasil, parte dos tributos arrecadados é direcionado ao custeio da saúde, educação e segurança. Pois bem, além da desproporcionalidade no pagamento dos tributos, muitas das vezes essa arrecadação se perde em meio a sua finalidade e acaba financiando interesses par-ticulares. Isso faz da República Federativa um país desigual, onde nem mesmo as necessida-des básicas são atendidas.

Definitivamente, podemos dizer que o Brasil possui uma carga tributária excessiva, principalmente no tocante aos tributos indiretos e que a justiça social está longe na nossa rea-lidade; porém, nada impede que ela possa ser alcançada, desde que haja reajuste no cenário político e econômico do país.

CONCLUSÃO

O Imposto de Renda, tributo de competência da União, tem seus critérios constitucio-nais elencados no art. 153, §2º, I da Carta Magna, que são: progressividade, universalidade e generalidade. Basicamente, significa dizer que, o referido tributo deve incidir sobre toda e qualquer renda e proventos (universalidade) auferidas por qualquer espécie de pessoas sem distinção (generalidade), e quanto maior o acréscimo do patrimônio, maior deverá ser a apli-cação da alíquota (progressividade).

Os princípios constitucionais que direcionam o Imposto de Renda são a base para a formação da Regra Matriz da incidência tributária desse imposto.

A progressividade dos tributos é uma das mais importantes ferramentas para promover uma melhor redistribuição da riqueza e garantir o acesso de uma vida digna a todos, princi-palmente através da tributação sobre a renda e o patrimônio.

Através dos quadros comparativos, observou-se que os países com o maior índice de desenvolvimento humano, possui um menor percentual na tributação indireta (principalmente no que diz respeito ao consumo) e um maior percentual na tributação direta (principalmente no tocante a renda e ao patrimônio), gerando assim uma maior proporcionalidade no paga-mento dos tributos. Ou seja, quem possui mais paga mais e quem possui menos paga menos.

Em relação ao Brasil, objeto principal desse estudo, paga-se muito mais tributos indi-retos do que os diindi-retos. Ou seja, no tributo indireto, a carga tributária paga é a mesma para

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rico ou para pobre, fazendo com que, ao contrário do desejável, essa tributação indireta seja maior sobre os mais necessitados.

Para alcançar uma maior justiça social na República Brasileira, deverá haver uma rees-truturação tributária visando uma proporcionalidade na cobrança dos tributos, sejam eles dire-tos ou indiredire-tos; bem como, os tribudire-tos devem atingir sua real finalidade, e após a divisão, aquela fração que é direcionada ao custeio das necessidades básicas da sociedade, devem ser aplicadas de forma coletiva.

REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 9ª ed. atual., rev. e ampl. São Paulo: Método, 2015.

MACHADO. Hugo de Brito. Curso de Direito Constitucional Tributário. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

PAULSEN. Leandro. Curso de Direito Tributário. 8ª ed. Ver. E atual. São Paulo: Saraiva, 2017.

CARRAZZA. Antônio Roque. Imposto Sobre a Renda. 3ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Malheiros Editora, 2009.

GUTIERREZ. Miguel Delgado. Tese de Doutorado. O Imposto de Renda e os Princípios da

Generalidade, da Universalidade e da Progressividade. Universidade de São Paulo: São

Paulo, 2009.

FORTES, Maurício Cezar de Araújo. Dissertação de Mestrado. A regra-matriz de

incidên-cia do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza. Universidade de São Paulo: São

Pau-lo, 2009.

GALLO, Franco. Las Razones del Fisco. Ética Y Justicia en los Tributos. Madrid: Marcial Pons, 2011.

COSTA, Regina Helena. Direito de Direito Tributário. 6ª ed. rev. E atual. São Paulo: Sarai-va, 2016.

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