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ESTADO DA ARTE SOBRE O ADOLESCENTE TRABALHADOR: UM LEVANTAMENTO DOS ARTIGOS PUBLICADOS ENTRE 2003 E 2012

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ESTADO DA ARTE SOBRE O ADOLESCENTE TRABALHADOR: UM

LEVANTAMENTO DOS ARTIGOS PUBLICADOS ENTRE 2003 E 2012

Andréa Cristina Oliveira Ferreira

1

, Edna Maria Querido de Oliveira Chamon

2

1

Mestranda em Desenvolvimento Humano: Formação, Políticas e Práticas Sociais – Universidade de Taubaté – Rua Visconde do Rio Branco, 210 - Centro- Taubaté/ SP, andreac.oferreira@hotmail.com. 2

Coordenadora e docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Humano: Formação, Políticas e Práticas Sociais – Universidade de Taubaté – Rua Visconde do Rio Branco, 210 - Centro-Taubaté/SP,

edna.chamon@gmail.com.

Resumo- Este trabalho tem como objetivo geral analisar os artigos científicos que abordam a questão do adolescente trabalhador publicados entre os anos de 2003 e 2012. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico na base de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online), a partir da pesquisa com os descritores “adolescente trabalhador” e “adolescência e trabalho”. Como resultado, foram encontrados poucos artigos científicos que abordam a temática investigada, e, entre esses, a maioria enfoca as experiências e os significados que os adolescentes atribuem ao trabalho. Ainda são poucos os estudos sobre o tema, porém, ressalta-se como fator positivo o fato dos estudos levantados investigarem os próprios adolescentes.

Palavras-chave:Adolescência. Trabalho. Levantamento bibliográfico. Área do Conhecimento: Ciências Humanas e Sociais.

Introdução

O trabalho sempre esteve presente na vida das pessoas, mas, as suas formas de organização e seus principais atores são fortemente permeados por aspectos econômicos e sócio-históricos. Assim, a participação dos adolescentes no mundo de trabalho modificou-se ao longo dos tempos, principalmente, porque o próprio conceito de adolescência como um período de transição da infância para a vida adulta é uma concepção moderna.

A organização da sociedade em torno de uma economia capitalista e os recentes ideais de proteção aos “sujeitos em desenvolvimento” evidentes na Lei Federal 8.069 de 13 de Julho de 1990 que versa sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) colocaram a questão do trabalho de adolescentes como um problema social. Isso porque, os adolescentes trabalhadores são, em sua maioria, provenientes de classes sociais mais baixas que trabalham para complementar a renda familiar.

Dessa forma, esses adolescentes

trabalhadores precisam se submeter a trabalhos precários, exaustivos e mal remunerados que suprimem o tempo que deveria ser destinado à escola e ao lazer, comprometendo a sua educação e o seu desenvolvimento.

Por outro lado, alguns estudos também têm indicado aspectos positivos do trabalho para os adolescentes trabalhadores (MATTOS; CHAVES, 2006; OLIVEIRA et al., 2005). Contudo, a grande ressalva é que para sobressair os efeitos

benéficos do trabalho entre os adolescentes é necessário que este esteja integrado com uma dimensão educativa e não puramente produtiva (SILVA, 2011).

Esses aspectos apresentados indicam a grande relevância do estudo sobre o adolescente trabalhador que pode ser pesquisado por diversas disciplinas dependendo do foco adotado. Apesar disso, parte-se da hipótese que, de modo geral, as produções científicas devem contribuir com conhecimentos relevantes para sociedade, apresentando aspectos sócio-históricos-econômicos que permitem e/ou favorecem o trabalho de adolescentes, além de informações sobre a experiência do trabalho para essa faixa etária, discutindo a sua influência no desenvolvimento humano desse adolescente.

Assim, estabeleceu-se como objetivo geral analisar os artigos científicos publicados entre os anos de 2003 e 2012 que abordam a questão do adolescente trabalhador. Além disso, teve como objetivos específicos: levantar os artigos científicos sobre adolescente trabalhador, publicados entre 2003 e 2007; mapear as temáticas abordadas pelos artigos levantados e; categorizar as produções que efetivamente abordam a temática do trabalho de adolescentes. Metodologia

Para atingir aos objetivos propostos, foi realizado um levantamento bibliográfico, de natureza qualitativa, com objetivos exploratório-descritivos.

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O método de levantamento bibliográfico é o mais adequado para se alcançar os objetivos propostos pelo estudo, pois este considera como dado tudo aquilo que já foi publicado em determinado lugar a respeito de um assunto específico (LAKATOS; MARCONI, 2001). No caso da presente pesquisa, as fontes bibliográficas serão os artigos apontados pela base de dados SciELO, a partir da pesquisa com os descritores “adolescente trabalhador” e “adolescência e trabalho”.

A escolha pela base de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online) se deu pelo fato dessa reunir um grande número de artigos científicos, de diversas áreas do conhecimento e de nacionalidades diferentes, possibilitando o acesso virtual e gratuito a inúmeras produções científicas.

Com a escolha do local na qual se faria a pesquisa dos dados, reuniu-se 197 artigos a partir da pesquisa com o descritor “adolescência e trabalho” e 6 artigos com o descritor “adolescente trabalhador”, totalizando 203 artigos levantados e mapeados.

O processo de análise foi realizado em duas etapas: primeiro, utilizou-se a categorização do ano de publicação e da temática do estudo dentre as produções acadêmicas levantadas, a partir da pesquisa com os dois descritores. Depois, focalizando somente nos estudos que tinham a temática de “trabalho” (16 artigos), foi realizada uma segunda categorização dentro dos seguintes itens: foco da pesquisa, população pesquisada, método adotado e localização da coleta de dados. Resultados

A apresentação dos resultados será realizada em duas etapas: primeiro será relatada a quantidade de artigos encontrados a partir da pesquisa com dois diferentes descritores, organizados ano a ano, entre o período de 2003 a 2012. Depois, será realizada uma divisão entre as temáticas encontradas nos artigos levantados.

A segunda etapa da apresentação dos resultados focalizará apenas nos artigos que apresentam a temática do adolescente trabalhador, separando-os de acordo com as seguintes categorias: foco da pesquisa, população pesquisada, método adotado e localização da coleta de dados.

Para a primeira etapa, será adotada a separação entre os dois descritores pesquisados: “adolescente trabalhador” e “adolescência e trabalho”.

Assim, a partir da pesquisa com o descritor “adolescência e trabalho” foram encontrados 197 artigos ao longo dos dez anos pesquisados:

Ano Quantidade de artigos (N) % do total levantado 2012 9 4,57% 2011 30 15,23% 2010 32 16,24% 2009 20 10,15% 2008 23 11,68% 2007 18 9,14% 2006 20 10,15% 2005 15 7,61% 2004 14 7,11% 2003 16 8,12% TOTAL 197 100,00%

Tabela 1: Artigos por anos de publicação a partir da pesquisa com o descritor “adolescência e trabalho”.

É importante ressaltar que o ano de 2012 possui um número de publicações relativamente inferior aos demais devido a presente pesquisa ter incluído apenas os artigos publicados até o dia 31 de agosto de 2012.

Além disso, com a análise dos resumos dos artigos encontrados foi possível observar que nem todas as 197 publicações científicas levantadas abordavam a questão do adolescente trabalhador, sendo necessária uma categorização das temáticas estudadas por esses trabalhos:

Temáticas N %

Corpo, Sexualidade, Gravidez e

Maternidade/Paternidade 50 25,38%

Saúde mental e trabalho psicológico 25 12,69%

Saúde e doença 24 12,69%

Características e concepções da

adolescência 18 9,14%

Consumo de tabaco, álcool e outras

drogas 13 6,60%

Trabalho 10 5,08%

Educação e vivências escolares 8 4,06%

Relações e comportamentos sociais 7 3,55%

Violência física e sexual contra

adolescentes 7 3,55%

Elaboração do luto e suicídio 7 3,55%

Hábitos e transtornos alimentares 5 2,54%

Prática de atividade física entre

adolescentes 5 2,54%

Adolescentes com deficiências 4 2,03%

Escolha profissional 4 2,03%

Adolescentes abrigados 3 1,52%

Medidas socioeducativas e

criminalidade entre adolescentes 3 1,52%

Trabalhos que não se referem à

adolescência 3 1,52%

TOTAL 197 100,00%

Tabela 2: Temáticas encontradas entre os artigos levantados a partir da pesquisa com o descritor “adolescência e trabalho”.

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Como indicado pela tabela, a temática do trabalho entre esses estudos levantados é relativamente baixa, representando apenas 5,08% dos artigos encontrados. Assim, é possível apontar que existem outras temáticas que são mais frequentemente estudadas quando se adota a população adolescente em estudos científicos.

Em contrapartida, fica evidente o elevado índice de pesquisas que abordam a temática do

“Corpo, sexualidade, gravidez e

maternidade/paternidade” na adolescência (25,38%), assunto igualmente importante para o estudo dessa faixa etária devido, principalmente, às mudanças físicas que ocorrem nessa etapa do desenvolvimento humano.

Por sua vez, a partir da pesquisa com o descritor “Adolescente trabalhador” foram encontrados seis artigos no período de 2003 a 2012, divididos nos seguintes anos, conforme ilustrado pela tabela:

Ano Quantidade de artigos (N) % do total levantado 2012 0 0,00% 2011 0 0,00% 2010 1 16,67% 2009 1 16,67% 2008 1 16,67% 2007 0 0,00% 2006 0 0,00% 2005 2 33,33% 2004 0 0,00% 2003 1 16,67% TOTAL 6 100,00%

Tabela 3: Artigos por ano de publicação a partir da pesquisa como descritor “adolescente trabalhador”.

Apesar do número reduzido de artigos levantados a partir dessa pesquisa, é importante frisar que todas dizem respeito à temática do adolescente trabalhador ou ainda do trabalho realizado por adolescentes. A diferença entre essas duas temáticas é atribuída a abordagem distintas entre alguns artigos, isto é, alguns focam no adolescente enquanto outras priorizam a discussão sobre o trabalho.

Assim, para a segunda etapa da apresentação dos resultados e para realizar a análise do estado da arte sobre o adolescente trabalhador será reunido os artigos que abordam a temática do adolescente trabalhador, tanto a partir da pesquisa com o descritor “adolescência e trabalho” (dez resultados), como a partir do descritor “adolescente trabalhador” (seis resultados), totalizando 16 produções científicas.

Esses resultados serão apresentados em tabelas, ilustrando cada uma das categorias criadas para análise. A primeira diz respeito ao

foco da pesquisa do artigo e esses resultados podem ser verificados na tabela a seguir:

Foco de pesquisa Quantidade de artigos (N) % do total levantado Experiência e significados do trabalho 5 31,25% Trabalho e saúde 3 18,75% Estudo e trabalho 3 18,75% Prevenção e/ou acidentes de trabalho 2 12,50% Construção social e identitária 2 12,50% Erradicação do trabalho infanto-juvenil 1 6,25% TOTAL 16 100,00%

Tabela 4: Foco de pesquisa dos artigos que abordam a temática do trabalho.

Quanto à população pesquisada, a próxima tabela ilustra os resultados obtidos:

População pesquisada Quantidade de artigos (N) % do total levantado Adolescentes trabalhadores 2 12,50% Adolescentes trabalhadores e não trabalhadores 6 37,50% Adolescentes (não especificado se trabalhador) 4 25,00% Não adolescentes 4 25,00% TOTAL 16 100,00%

Tabela 5: População pesquisada pelos artigos que abordam a temática do trabalho.

No que se refere aos métodos utilizados na pesquisa obteve-se os seguintes dados:

Método Quantidade de artigos (N) % do total levantado Entrevistas 5 31,25% Questionário e grupo focal 2 12,50% Questionário e Escalas 1 6,25% Questionário 1 6,25% Grupo Focal 1 6,25%

Grupo Focal e Diário

de Campo 1 6,25%

Evocação livre 1 6,25%

Evocação livre e grupo

focal 1 6,25%

Biográfico 1 6,25%

Bibliográfico 1 6,25%

Relato de experiência 1 6,25%

TOTAL 16 100,00%

Tabela 6: Método adotado pelas pesquisas retratadas nos artigos que abordam a temática do trabalho.

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Por fim, as localidades da coleta dos dados pesquisados e indicados pelos artigos cuja temática refere-se ao trabalho estão relacionadas na tabela a seguir:

Localidade de coleta dos dados

Quantidade de artigos (N) % do total levantado São Paulo (SP) 6 37,50% Fortaleza (CE) 2 12,50% Porto Alegre (RS) 2 12,50% Interior de São Paulo 1 6,25% Vale Central da Costa Rica 1 6,25% Ipatinga (MG) 1 6,25% Rio de Janeiro (RJ) 1 6,25% Não declarado 2 12,50% TOTAL 16 100,00%

Tabela 7: Localidade de coleta dos dados nas pesquisas indicados pelos artigos que abordam a temática do trabalho.

Discussão

Assim como a apresentação dos resultados foi realizada em duas etapas, o mesmo precisará ser realizado na discussão.

Nessa primeira etapa, serão discutidos os artigos levantados a partir da pesquisa com os descritores “adolescência e trabalho” e “adolescente trabalhador”. O primeiro descritor indicou 197 artigos, pois, apontava não apenas os artigos que se referiam ao trabalho de adolescentes como a todos os artigos que discutiam o trabalho com adolescentes.

Nesse sentido, o elevado número de pesquisas sobre “Corpo, sexualidade, gravidez, maternidade/paternidade” na adolescência, “Saúde mental e trabalho psicológico” e “Saúde e doença” pode ser compreendido se entendermos que existem muitos programas de saúde e projetos sociais que buscam atender a essa demanda da/na adolescência (ASMUS, 2005; OLIVEIRA, 2011).

Por sua vez, ao considerar o segundo descritor (“adolescente trabalhador”) obtém-se menos artigos como resultado devido a sua grande objetividade e especificidade. Contudo, todos os resultados levantados dizem respeito ao fenômeno do trabalho realizado por adolescentes, ainda que seja investigado entre adultos que tiveram a experiência do trabalho na adolescência (MACIEL, 2011; MENJÍVAR, 2010) ou entre adolescentes que estejam cursando programas de formação técnica profissionalizante (RIZZO; CHAMON, 2011).

Na segunda etapa da discussão, são analisados apenas os artigos que abordavam a

temática do trabalho. Assim, de acordo com os resultados anteriormente apresentados, pode-se observar que o foco dos artigos estiveram em sua maioria nas “experiências e significados do trabalho”, buscando percepções, características e sentidos atribuídos ao trabalho tanto por adolescentes trabalhadores como não-trabalhadores, indicando uma tendência dos pesquisadores em investigar se o trabalho realizado por adolescentes já é algo naturalizado em nossa sociedade.

Contudo, com as inúmeras transformações das formas de organização do trabalho, principalmente, com a diminuição do emprego estável e com o aumento do trabalho informal e precário, os jovens têm encontrado dificuldades para se inserir no mercado de trabalho, o que, muitas vezes, impede-os de escolherem o local e as condições de inserção profissional. Assim, jovens de nível socioeconômico mais baixo, que precisam trabalhar para ajudar no sustento de suas famílias, acabam aceitando trabalhos precários que não os consideram como sujeitos em desenvolvimento, isto é, preservando suas necessidades biológicas, psicológicas e sociais. (AMAZARRAY et al., 2009).

Essas discussões também levam aos altos resultados de pesquisas que focalizam nas as relações entre “Trabalho e saúde” e “Estudo e trabalho”, o que pode ser atribuído à preocupação

dos pesquisadores em relação ao

desenvolvimento humano desses adolescentes trabalhadores, isto porque, o estudo, assim como o trabalho pode proporcionar uma rica experiência, também contribuindo para a formação da identidade desse futuro adulto (ROSSET, 2007).

No entanto, o que pode se observar é que os trabalhos que possuem uma dimensão educativa ou monitorada são mais positivamente percebidos pelos adolescentes, corroborando com os dados apresentados por Oliveira et. al. (2005).

Além disso, quanto à saúde e à prevenção de ocorrência de acidentes, pode-se justificar pela preocupação de que algumas atividades laborais possam prejudicar o desenvolvimento físico de adolescentes. Assim como acontecia no início da industrialização no Brasil, quando muitas crianças e adolescentes ficaram com sequelas físicas irreversíveis ou chegaram à morte, por conta de funções impróprias à sua idade e das instalações precárias das indústrias (MOURA, 1999).

Outro resultado que merece destaque é que 75% das pesquisas levantadas foram pesquisadas diretamente com os adolescentes, indicando que existe um grande cuidado entre os pesquisadores de ouvir as pessoas diretamente envolvidas com o fenômeno do trabalho realizado na adolescência. Esse é um fator bastante positivo, pois, ao estudar

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diretamente a população envolvida com o fenômeno pode-se ter uma visão mais próxima da realidade pesquisada.

Contudo, foi possível observar diferentes faixas de idade consideradas como a própria da adolescência. Alguns estudos consideram adolescentes pessoas acima dos 11/12 anos (MACIEL et. al, 2011; OLIVEIRA et. al., 2003a), enquanto outras (ARTECHE; BANDEIRA, 2003; OLIVEIRA et. al., 2003b; SANTOS et. al., 2009; NAGAI, et. al, 2007) cumpriram a determinação de 14 anos, como versado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990).

Também existiram diferenças em relação à idade que marcaria o término da adolescência, já que alguns estudos delimitaram os 18 anos (TORRES et. al., 2005; OLIVEIRA et. al., 2010), enquanto outros avançaram até a casa dos vinte anos (NAGAI et. al, 2007; OLIVEIRA, 2008).

A respeito dos métodos utilizados é possível perceber que é comum a combinação de diferentes instrumentos na investigação de adolescentes trabalhadores. No entanto, o predomínio está na utilização de entrevistas semi-estruturadas o que pode ser explicado pelo fato de essa permitir que o pesquisador acrescente ou modifique algo em seu roteiro de pesquisa a partir daquilo que for trazido pelo entrevistado

(MARCONI;LAKATOS,2001), dando maior

flexibilidade ao processo de coleta de dados. Além disso, é possível justificar o predomínio de coleta de dados em São Paulo, capital, por ser nessa localidade que se concentra o maior número de faculdades e universidades do país, sendo bastante comum que o pesquisador procure coletar os seus dados em locais de mais fácil acesso. No entanto, é necessário fazer a ressalva que outras localidades brasileiras, especialmente aqueles distantes dos grandes centros urbanos, também possuem altos índices de trabalho na adolescência (MARIN, 2010), sendo bastante interessante a investigação desses, até mesmo para a comparação com os resultados encontrados nas metrópoles, por exemplo.

Conclusão

Buscando responder ao objetivo proposto de analisar os artigos científicos publicados entre os anos de 2003 e 2012 que abordam a questão do adolescente trabalhador pode-se afirmar que são poucos os estudos que focalizam nessa temática.

Contudo, os estudos levantados são ricos nas diferentes focalizações que realizam, além de serem particularmente interessantes por dar voz aos próprios adolescentes.

Além disso, a preocupação dos pesquisadores com a relação entre estudo, saúde e trabalho

retrata a concepção que se tem de adolescentes como seres em desenvolvimento que, portanto, precisam ser cuidados e respeitados em sua particulariedades.

As diversas experiências que os adolescentes podem ter em um ambiente de trabalho podem ser bastante proveitosas para a formação de suas identidades e para seu desenvolvimento humano. No entanto, é fundamental que o trabalho seja algo complentar na vida do adolescente que também precisa ter experiências na escola, com pares, na família etc.

Assim, volta-se a ressaltar a importância do estudo do adolescente trabalhador visando a compreensão de em que medida e em quais condições o trabalho nessa faixa etária é benéfico, além de se verificar quais são as consequências desse para o desenvolvimento dos adolescentes.

Por fim, é importante que levantamentos como este sejam estendidos para outras bases de dados de modo a se conhecer mais estudos científicos que abordam a temática, complementando e/ou refultando os dados aqui apresentados.

Referências

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