07 DEZ 2014 • 18:00 • SALA SUGGIA
ElizabEth lEonskaja
pIAno
CICLo pIAno EDp
1ª Parte
Franz schubert
Sonata em Dó menor, D.958 [1828; c.30min.] 1. Allegro 2. Adagio 3. Minuetto 4. Allegro Sonata em Lá maior, D.959 [1828; c.38min.] 1. Allegro 2. Andantino 3. Scherzo 4. Allegretto2ª Parte
Franz schubert
Sonata em Si bemol maior, D.960
[1828; c.42min.]
1. Molto moderato
2. Andante sostenuto
3. Allegro vivace con delicatezza
3
Franz schubErt
viena, 31 de janeiro de 1797 viena, 19 de novembro de 1828
3 Últimas Sonatas D.958, D.959, D.960
No último ano de vida, a actividade cria dora de Franz Schubert foi vasta e prolí fera. Datam de 1828 a “Grande” Sinfonia em Dó maior D.944, a Missa nº 6 em Mi bemol maior D.950, o Quinteto de Cordas em Dó maior e as últimas três sonatas para piano, para citar apenas as obras de maior envergadura. É ainda na fase final da existência que o compositor austríaco assiste ao progressivo interesse que a sua música começa a ter junto do meio musi cal de Viena e das principais editoras. Até então, apenas os lied e algumas das obras
para piano haviam sido executadas no cír culo restrito de amigos do compositor.
As sonatas são muito provavelmente as obras menos tocadas do repertório pianís tico de Schubert, já que o protagonismo é frequentemente voltado para os Improvi sos, para os Momentos Musicais e para a Fantasia Wanderer. Mas o compositor nas
cido em Viena, que dominava como nin guém as pequenas formas, foi também um mestre absoluto no domínio da forma sonata. Foi, talvez, o último grande compo sitor do Romantismo a dar uma importân cia central à sonata na sua produção pia nística ao escrever vinte e três destas obras. Os manuscritos autógrafos das últimas três sonatas em Dó menor, Lá maior e Si bemol maior, D.958, D.959 e D.960, respec tivamente, foram todos escritos durante o mês de Setembro de 1828. Eva Badura Skoda salienta a semelhança entre as cir
cunstâncias que rodearam a composição destas sonatas e a das três últimas sinfo nias de Mozart (escritas no Verão de 1788): as duas trilogias foram escritas num cur tíssimo período de tempo, ambas repre sentam o ponto culminante da criação pianística e sinfónica, respectivamente, dos dois compositores, e cada uma delas contém uma obra de carácter trágico numa tonalidade menor (a Sonata D.958 em Dó menor de Schubert e a Sinfonia nº 40 em Sol menor de Mozart) e duas mais serenas em tonalidades maiores.
Mas a influência musical das derradei ras sonatas de Beethoven, as opp.109, 110 e 111, é enorme e impossível de escamotar nesta trilogia schubertiana. É sobejamente conhecida a admiração de Schubert pela música do seu colega alemão; e o parale lismo na forma e no carácter daquelas em relação a estas é notório. “Schubert não é o arquitecto que era Beethoven” afirma o mu
sicólogo americano Joseph Machlis. “Mas as suas sonatas são especiais, são como fan-tasias que contêm todas as características do seu estilo musical – espontaneidade me-lódica, expressividade e riqueza harmónica, vitalidade rítmica, encantadoras mudanças de tonalidade, emotivas mudanças de modos maiores para modos menores – aliadas a uma enorme liberdade no tratamento e manusea-mento das formas clássicas.”
A Sonata em Dó menor, D.958, é a mais dramática, intensa e agitada das três; é também a mais beethoveniana em espíri to. Os acordes que abrem o 1º andamento – Allegro – evocam o início da última Sonata
de Beethoven, com a sua força titânica e a sua pujança dramática. Aliás, todo o an damento inicial, estruturado na forma
mecenas cIcLO PIanO
A Sonata em Lá maior, D.959, apesar de
ser a mais extensa das três é, sem dúvida, a mais equilibrada do ponto formal. Abre com a nota lá, que dá nome à tonalidade em que está escrita, sustentada por uma progressão harmónica límpida e cristalina que assenta num desenho rítmico pleno de energia e determinação, bem ao estilo de Beethoven. Subitamente, o desenho rítmico é interrompido por uma suces são interminável de tercinas que se apo deram de todo o andamento. O segundo andamento, Andantino, foi apelidado por
Brahms de “Canção de embalar a dor”. De facto, o ritmo balançante da mão esquer da faz lembrar uma barcarola veneziana que embala uma melodia pungente e lan cinante (secção A). A secção central (B) é inquieta e agitada, cheia de dissonâncias, trilos, escalas cromáticas e acordes súbi tos. No Scherzo, Schubert presenteia nos
com um dos seus trechos mais encanta dores. Parece que o compositor decidiu, finalmente, depois da seriedade e da cir cunspecção dos andamentos anteriores, trazer luz e alegria. O Allegretto final, na
forma rondó, contém um dos temas mais cativantes que saiu da pena do músico aus tríaco. É um trecho longo, bem longo, onde abunda a alegria e a felicidade. Parafra seando Robert Schumann, é a apoteose da música de “dimensão celestial”.
A Sonata em Si bemol maior, D.960 é a última obra de grande envergadura que Franz Schubert compõe antes de morrer. De dimensões gigantescas, saturada de be líssimos momentos líricos, e sem nunca perder a coerência formal, esta Sonata é uma espécie de testamento, de legado do compositor.
sonata no sentido clássico do termo, é de um dramatismo extremo expresso pela fi guração rápida, pelas escalas cromáticas e pelos abruptos contrastes dinâmicos. O lirismo do segundo tema, uma belíssima melodia em oitavas na mão direita, é ofus cado pela agitação das tercinas da mão es querda. O segundo andamento, Adagio, é,
contrariamente ao que é habitual em Schu bert, um andamento lento e solene. Escri to na forma rondó, as suas duas secções são um fiel contraste entre a serenidade (secção A) e a inquietação (secção B). O pianista Charles Fisk, fazendo um parale lismo com o ciclo Winterreise, para canto e
piano, composto em 1827, afirma que este
Adagio “reflecte a solidão e a dor do poeta que protagoniza o ciclo, com quem Schubert se identificava”. Schubert intitula o terceiro
andamento de Minuetto (Allegro), quando
ele é, na realidade, um scherzo. Mas o mo vimento incessante da mão esquerda, as sucessivas variações dinâmicas e os silên cios inesperados conferem lhe um carác ter mordaz e angustiado. O trio é de uma elegância ímpar onde sobressai uma linda cantilena que vagueia pelas duas mãos do pianista. A Sonata termina com uma im petuosa Tarantella (Allegro) de dimensões
e forma pouco habituais para um anda mento final: um extenso trecho escrito na forma sonata. A vivacidade proporcionada pela subdivisão ternária do tempo não es conde o ambiente macabro e fantasmagó rico expresso pela dualidade maior menor do tema principal e pela densidade har mónica. Um breve êxtase lírico é deixado entrever na parte central da Tarantella,
mas a reexposição traz de volta uma ale gria mórbida, como se Schubert adivinhas se que o seu fim estava próximo.
forte cor bethoveniana com oitavas na mão direita e tercinas na esquerda.
ana maria liberal [2014]
Logo a abrir, uma melodia de simplici dade desarmante parece querer transmi tir uma sensação de calma e de serenida de. Esta termina com um misterioso trilo tocado no registo grave do piano, como se viesse das profundezas, do fundo da alma. Este tema é apresentado por mais três vezes sempre com ligeiras modifi cações, num crescendo de intensidade, mas sem nunca perder a beleza nem a se renidade. O segundo andamento, Andan-te sosAndan-tenuto, é a piéce de résistance desta
Sonata. Escrito numa tonalidade menor, começa com um ostinato rítmico sobre uma nota pedal que percorre quatro oita vas do teclado e que sustenta uma belíssi ma linha melódica, calma mas introspec tiva, como se fosse um lamento. Contrasta com uma secção central em modo maior que lembra a canção “Der Lindenbaum” do ciclo Winterreise, na qual uma árvore
consola a tristeza do peregrino. O lamento inicial retorna mas agora o modo menor é gradualmente transformado em maior e o andamento termina de forma alegre. Segue se um Scherzo de uma delicadeza
e elegância ímpares, bem ao estilo schu bertiano, que emoldura um trio central, de carácter mais cinzento, com um sem número de acentuações a imitarem ritmos sincopados. O último andamento, Allegro ma non troppo, começa com um ponto de
interrogação: uma oitava sobre a nota sol fica a pairar durante algum tempo, como se estivesse a levantar uma questão. A per gunta é de imediato respondida de forma categórica. Schubert faz a música fluir e desenvolver se com alguma turbulência e agitação, como se pairasse algum temor. Mas a Sonata termina de forma positiva com um Presto final, brilhante e alegre, de
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chenbach, Christoph von Dohnanyi, KurtSanderling, Maris Jansons, Yuri Temirka nov e muitos outros.
Elisabeth Leonskaja é convidada habi tual de importantes festivais, tais como os de Salzburg, Viena e Lucerna, Schleswig Holstein, Schubertiade em Hohenems e Schwarzenberg. Apresenta se em recital nas principais capitais da música, como Paris, Madrid, Barcelona, Londres, Edim burgo, Munique, Zurique e Viena. Em música de câmara, apresenta se frequen temente com os quartetos Emerson, Bo rodin e Artemis.
A sua extensa discografia foi reconhecida pelo Prémio Caecilia (sonatas de Brahms) e o Diapason d’Or (Liszt). Gravou também Concertos para piano de Tchaikovski (Fi larmónica de Nova Iorque e Kurt Masur), Chopin (Filarmónica Checa e Vladimir Ashkenazy) e Chostakovitch (Orquestra de Câmara Saint Paul). O CD recente Paris,
com obras de Ravel, Debussy e Enescu (edi tado pela eaSonus), foi eleito “Disco a Solo do Ano 2014” pelo júri dos International Classical Music Awards. Para o Outono de 2015 prevê se a edição da integral das So natas de Schubert (eaSonus).
Elisabeth Leonskaja é Membro Honorá rio da Konzerthaus de Viena. Em 2006, foi agraciada com a Cruz de Honra da Áustria (1ª Classe), pelos serviços prestados à vida cultural do país – a mais elevada condeco ração austríaca neste domínio.
Elizabeth Leonskaja piano
Apelidada de “a última grande Dama da Escola soviética” e de “anti diva” pela crí tica, Elisabeth Leonskaja construiu, ao longo de décadas, uma reputação que a coloca no grupo restrito dos pianistas mais celebrados do nosso tempo. A sua modés tia quase lendária contrasta com a força que transmite no palco, mostrando que a música é e sempre foi para si um projec to de vida.
Nasceu em Tbilisi (Geórgia), numa famí lia russa, e foi considerada uma menina prodígio. Deu os seus primeiros concer tos aos 11 anos, e o seu talento excepcio nal levou a a ingressar no Conservatório de Moscovo e a conquistar prémios nos prestigiantes concursos internacionais de piano Enescu, Marguerite Long e Rainha Isabel. O seu desenvolvimento musical foi decisivamente influenciado pela sua cola boração com Sviatoslav Richter, que a en sinou, aconselhou e com quem tocou em duo. Em 1978, Elisabeth Leonskaja deixou a União Soviética e fixou se em Viena. O sua apresentação no Festival de Salzburg, em 1979, causou sensação e assinalou o início de uma carreira florescente como concertista no ocidente.
Elisabeth Leonskaja foi solista com pra ticamente todas as grandes orquestras do mundo, tais como as Filarmónicas de Nova Iorque, Los Angeles, Londres, Berlim e Checa, a Royal Philharmonic, a Sinfóni ca da BBC em Londres, as Orquestras de Cleveland, da Tonhalle de Zurique e da Gewandhaus de Leipzig e as orquestras das rádios de Hamburgo, Colónia e Mu nique; sob a direcção de maestros como Kurt Masur, Sir Colin Davis, Christoph Es
CONSELHO DE FUNDADORES PRESiDENtE
Luís VaLente de OLIVeIra
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