Informação nº. 0062/2011/JURÍDICO/CNM Interessados: Municípios Brasileiros
Assunto: Cartão de Pagamento de Defesa Civil
Trata-se de consulta formulada por diversos prefeitos e servidores municipais a respeito do Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC).
A criação do cartão foi anunciada no dia 11 de abril do corrente ano, pelo Ministério da Integração Nacional durante a abertura do primeiro Seminário Internacional sobre Gestão Integrada de Riscos e Desastres.
Porém, coube ao Decreto nº 7.505, de 27 de junho de 2011 regulamentar as disposições sobre a utilização do CPDC.
A intenção é que a transferência de recursos federais para Estados, Distrito Federal e Municípios em situação reconhecida de emergência e calamidade pública, seja feita exclusivamente pelo cartão.
Embora as regras no que se refere ao CPDC sejam as mesmas para Estados, Distrito Federal e Municípios, nesta informação citaremos apenas os Municípios, uma vez que estes é que apresentaram questionamentos a esta entidade.
O cartão trará diversos benefícios tais como:
• dispensar a abertura de conta bancária para recebimento de recursos;
• evitar erros na transmissão de dados cadastrais;
• melhorar significativamente a transparência na execução dos recursos, servindo como
ferramenta para acompanhamento e fiscalização de prestação de contas;
• permitir o acompanhamento de sua utilização através do acesso a extratos o que
evitará a propagação de mau uso do recurso ou equívocos na sua aplicação.
A fiscalização no que se refere à aplicação dos recursos será feita pelo Ministério da Integração Nacional.
Objetivo
O objetivo do cartão é agilizar o repasse de recursos federais aos Municípios em situação de emergência ou calamidade pública com reconhecimento pela Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), bem como fortalecer a gestão pública interfederativa, fomentar o controle governamental e social e promover a transparência do gasto público por meio da divulgação dos pagamentos realizados pelo novo instrumento.
Provavelmente no final do ano, uma vez que o cartão está sendo desenvolvido por um grupo de trabalho do Ministério da Integração Nacional, com análise e sistematização de normas e rotinas necessárias à sua operacionalização. O trabalho é feito em parceria com os Ministérios da Fazenda, do Planejamento e com a Controladoria-Geral da União (CGU).
O lado operacional e as possibilidades do CPDC estão sob a responsabilidade do Banco do Brasil, que introduzirá diversos filtros no sistema, indispensáveis para o controle, e para a parametrização dos gastos, com especificações, limitações por dia ou mês e ramos de atividade.
Cita-se que em audiência realizada pela Comissão Temporária de Alterações no Sistema Nacional de Defesa Civil, o Ministro da Integração Nacional informou que o cartão será implantado de forma gradativa, com início em até três Estados e em um total de dez Municípios.
Responsabilidades
O representante legal do Município beneficiário será a autoridade responsável pela administração dos recursos com o uso do CPDC e o principal portador do cartão, competindo-lhe, além de outras responsabilidades estabelecidas na legislação e na regulamentação específica:
• Definir os servidores ou empregados públicos, com vínculo permanente, portadores do
CPDC;
• Definir o limite de utilização e o valor disponível para cada portador do CPDC;
• Alterar o limite de utilização e o valor disponível para cada portador do CPDC; e
• Expedir a ordem para disponibilização dos limites, eletronicamente, junto à instituição
financeira.
Destaca-se que o representante legal poderá delegar tais competências a secretários municipais, bem como a servidor com vínculo permanente no âmbito municipal.
Porém, a autoridade responsável pela administração dos recursos com o uso do CPDC, assinará Termo de Responsabilidade de Administrador de Recursos Federais de Defesa Civil, que conterá suas obrigações e deveres no uso do cartão, conforme especificação contida em ato do Ministro de Estado da Integração Nacional.
O Município beneficiário remeterá ao Ministério da Integração Nacional e à Controladoria-Geral da União listagem contendo os seguintes dados dos portadores do CPDC:
• Nome;
• Cargo, emprego ou função, além de sua matrícula funcional no ente;
• Endereço residencial; e
• Número no Cadastro de Pessoa Física - CPF.
São deveres do portador do CPDC, além de outros definidos no termo de responsabilidade: I - guarda e zelo do cartão;
II - bom emprego dos valores nele contidos;
IV - comunicação às autoridades sobre perda ou roubo; e
V - guarda de notas fiscais, recibos ou qualquer outro documento que comprove a despesa paga com o CPDC, e que contenha, no mínimo:
a) o nome do beneficiário do pagamento;
b) o número no Cadastro de Pessoa Física - CPF ou Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ;
c) o endereço da pessoa física ou do estabelecimento comercial; d) o valor pago; e
e) a descrição sumária do objeto do pagamento, com quantitativos.
Até que o CPDC esteja completamente implementado, as formas de execução já existentes dos recursos transferidos poderão ser utilizadas, competindo ao Ministério da Integração Nacional a expedição de portaria específica dispondo sobre as fases de implementação do CPDC.
Operacionalização
Para a operacionalização do CPDC, será firmado:
a) acordo de cooperação técnica entre a União e a instituição financeira oficial federal, que
conterá a obrigação de envio, por meio eletrônico ou magnético, das informações de movimentação do CPDC ao Ministério da Integração Nacional e à Controladoria-Geral da União, bem como disciplinará a forma e a periodicidade desse envio.
b) contrato específico entre a instituição financeira oficial federal e o Município beneficiário, que
concederá expressa autorização de acesso aos extratos de movimentação do CPDC ao Ministério da Integração Nacional e à Controladoria-Geral da União, para fins de controle e divulgação no Portal da Transparência, instituído pelo Decreto no 5.482, de 30 de junho de 2005.
Prestação de contas
Cita-se que o cartão não será um cheque em branco, pois terá que haver prestação de contas por parte dos gestores municipais.
Assim, o fato de utilizar o CPDC não dispensará o Município beneficiário da apresentação ao Ministério da Integração Nacional da prestação de contas do total de recursos recebidos, nos termos da legislação vigente.
Utilização
De acordo com o art. 9A do Decreto 7.257, de 4 de agosto de 2010, o cartão poderá ser utilizado, exclusivamente, para a execução das ações especificadas nos incisos V, VI e VII do art. 2º do mesmo decreto.
Significa dizer que somente poderão ser utilizados para:
• ações de socorro: ações imediatas de resposta aos desastres com o objetivo de
atendimento pré-hospitalar e o atendimento médico e cirúrgico de urgência, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional;
• ações de assistência às vítimas: ações imediatas destinadas a garantir condições de
incolumidade e cidadania aos atingidos, incluindo o fornecimento de água potável, a provisão e meios de preparação de alimentos, o suprimento de material de abrigamento, de vestuário, de limpeza e de higiene pessoal, a instalação de lavanderias, banheiros, o apoio logístico às equipes empenhadas no desenvolvimento dessas ações, a atenção integral à saúde, ao manejo de mortos, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional;
• ações de restabelecimento de serviços essenciais: ações de caráter emergencial
destinadas ao restabelecimento das condições de segurança e habitabilidade da área atingida pelo desastre, incluindo a desmontagem de edificações e de obras-de-arte com estruturas comprometidas, o suprimento e distribuição de energia elétrica, água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem das águas pluviais, transporte coletivo, trafegabilidade, comunicações, abastecimento de água potável e desobstrução e remoção de escombros, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional.
Má utilização
Ao se constatar vícios na documentação apresentada, malversação, desvios ou má utilização do CPDC o Ministério da Integração Nacional suspenderá a liberação dos recursos e não efetuará novas transferências até que a situação seja regularizada, bem como suspenderá a utilização do CPDC, quando for o caso.
Após notificado pelo Ministério, o Município beneficiário, poderá apresentar sua justificativa em até 30 dias.
Confirmadas as irregularidades, o ente terá a obrigação de devolver os recursos devidamente atualizados, no prazo de 30 dias, conforme legislação aplicável.
Não havendo a devolução o Ministério da Integração Nacional deverá comunicar o fato aos órgãos de controle interno ou externo competentes para adoção das medidas cabíveis.
Nos casos em que as hipóteses de malversação, má utilização e desvio dos recursos transferidos forem constatadas pelo próprio Município beneficiário, o CPDC deverá ser imediatamente bloqueado em relação ao portador responsável pela conduta, podendo o representante legal ou a quem ele delegou a competência, designar novo portador.
Nesse caso, o processo administrativo instaurado para fins disciplinares deverá ser reproduzido em meio físico ou eletrônico para imediata comunicação ao Ministério da Integração Nacional e à CGU.
Vedações
• A aceitação de qualquer acréscimo no valor da despesa decorrente da utilização do CPDC;
• A utilização do CPDC no exterior;
• A cobrança de taxas de adesão, manutenção, anuidades ou quaisquer outras despesas
decorrentes da obtenção ou do uso do CPDC; e
• A realização de saque em dinheiro por meio do CPDC.
Em razão do que foi solicitado são as informações que temos a prestar.
Vanessa Rezende OAB/DF 26.562 Jurídico/CNM. Elena Garrido OAB/RS nº 10.362 Diretora Jurídica da CNM.