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Etica Na Saude

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Academic year: 2021

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autora

autora

ANA CLAUDIA ROSIN BONIFÁCIO

ANA CLAUDIA ROSIN BONIFÁCIO

1ª edição 1ª edição SESES SESES rio

rio de de janeiro janeiro 20152015

ÉTICA NA SAÚDE

(4)

Conselho editorial

Conselho editorial sergio augusto cabral; roberto paes; gladis linharessergio augusto cabral; roberto paes; gladis linhares Autora do original

Autora do original ana claudia rosin ana claudia rosin bonifáciobonifácio Projeto editorial

Projeto editorial roberto paesroberto paes Coordenação de produção

Coordenação de produção gladis linharesgladis linhares Projeto gráfico

Projeto gráfico paulo vitor bastospaulo vitor bastos Diagramação

Diagramação bfs mediabfs media Revisão linguística

Revisão linguística bfs mediabfs media Revisão de conteúdo

Revisão de conteúdo michel shpielmanmichel shpielman Imagem de capa

Imagem de capa ginasanders | dreamstime.comginasanders | dreamstime.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright

qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyrightseses, 2015.seses, 2015.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação(cip)(cip)

 R82

 R821e 1e Rosin, Ana Rosin, Ana ClaudiaClaudia

Ética

Ética na na saúde saúde / / Ana Ana Claudia Claudia Rosin.Rosin. Rio

Rio de de Janeiro: Janeiro: SESESESES, S, 2015.2015.

120 p: il. 120 p: il. isbn:

isbn: 978-85-55978-85-5548-109-348-109-3 1.Bioética. 2. É

1.Bioética. 2. Ética. tica. I. SESES. I. SESES. II. EstII. Estácio.ácio.

cdd 174.2 cdd 174.2

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo,

Rua do Bispo,8383, bloco, bloco FF, Campus João Uchôa, Campus João Uchôa Rio Comprido — Rio de Janeiro —

(5)

Sumário

Prefácio

7

1. Ética e Filosofia: Dimensões Éticas em Bioética 9

1.1 Um histórico da ética: o domínio ético como disciplina

filosófica especial no quadro do Ocidente 11

1.1.1 Ética grega 11

1.1.2 Ética Cristã 15

1.1.3 Ética moderna 16

1.1.4 Ética contemporânea 18

1.2 O conceito de ética e seus aspectos distintos: 20 1.3 Dimensões éticas em bioética: metaética;

Ética normativa e ética prática. 26

2. Movimento Bioético: Surgimento e

Discussões Atuais

31

2.1 A história da bioética e seus princípios 33

2.2 Conceito de bioética 38

2.3 Contexto cultural da bioética 40

2.3.1 Individualismo 42 2.3.2 Hedonismo 43 2.3.3 Utilitarismo 43 2.4 Paradigmas da bioética 44 2.4.1 A bioética secular 44 2.4.1.1 O ponto de partida 45 2.4.1.2 O pluralismo ético 45

2.4.1.3 Ética procedimental, mínima e secular 46

2.4.2 A bioética confessional 47

2.4.2.1 O personalismo 48

(6)

2.4.2.1.2 Princípios derivados: a metabioéica 49 2.4.2.2 A antropologia personalista 50 2.4.3 O principialismo: autonomia, beneficência e justiça 52 2.4.4 Ética e bioética fenomenológica 53

3. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de

Pesquisas Envolvendo Seres Humanos –

um estudo comentado

57

3.1 Diretrizes e Normas para a

Pesquisa Envolvendo Seres Humanos-Resolução Nº 466/2012. 59 3.2 Diretrizes Éticas Internacionais para a Pesquisa Envolvendo Seres

Humanos 63

4. Movimento Bioético: Discussões Atuais e

Possiblidades Futuras

67

4.1 Ética, Bioética e construção de conhecimento 69 4.1.1 Avaliação de riscos e benefícios nas pesquisas em seres humanos à

luz dos princípios éticos 70

4.1.2 Uso de animais em pesquisa biomédica 72 4.2 Transplante de órgãos e tecidos humanos 73 4.2.1 Transplante de órgãos humanos 73 4.2.2 Transplante de tecido fetal 75

4.2.3 Células tronco 77

4.3 Ética e reprodução humana 79

4.3.1 Reprodução assistida 80

4.3.2 Projeto Genoma Humano 82

4.3.3 Aspectos éticos na redução embrionária 84 4.3.4 Aconselhamento genético e engenharia genética 85 4.3.5 Aborto, planejamento familiar e aborto terapêutico 86

4.4 Ética e tanatologia 88

(7)

4.4.2 Determinação da hora da morte 92

4.4.3 Paciente terminal 92

4.5 Ética e epidemias 94

4.5.1 AIDS e Epidemia de HIV 95

4.5.2 Outras epidemias 96

5. A Bioética e a Formação Ética dos

Profissionais de Saúde

101

5.1 Relação da equipe de saúde 103

5.2 Humanização da relação paciente/profissional de saúde 105

5.2.1 Direitos do paciente 106

5.2.2 Direitos de cuidados da saúde da criança 107 5.3 Atendimento a pacientes especiais 109 5.3.1 Direitos do deficiente mental 111

5.3.2 Atenção psiquiátrica 112

(8)
(9)

7

Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

Se pensarmos um pouco, veremos como a palavra ética e seu conceito é apli-cado em diversas áreas da nossa vida. Esse livro tem como objetivo fazer uma reflexão sobre a ética na formação do profissional de saúde. E, além disso, com-preender o conceito de ética no contexto da moral social contemporânea.

No capítulo I, traçaremos um histórico das ideias sobre a ética, no âmbi-to do seu entendimenâmbi-to na disciplina como filosofia no mundo ocidental, em seguida a conceituaremos como doutrina e observaremos seus aspectos dis-tintos no cenário da multiculturalidade, no contexto da convivência humana e na questão da responsabilidade, por fim, trataremos das dimensões éticas na bioética.

No capítulo II, vamos abordar a parte filosófica e histórica da bioética, com seus fundamentos, princípios e conceitos enquanto movimento social, desde sua origem até os dias atuais. Abordaremos também o contexto cultural da bio-ética e ao final da unidade falaremos de seus paradigmas.

Passaremos para o capítulo III, em que apresentaremos as Diretrizes e Nor-mas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos - Resolução 466/96 – e as Diretrizes Éticas Internacionais para a Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.

No capítulo IV preparamos tópicos que abordam a ética e a bioética enquan-to construção do conhecimenenquan-to e faremos discussões atuais da bioética e sua conclusão com possibilidades futuras.

Por fim, no capítulo V, relacionaremos a ética com a formação do profissio-nal de saúde, no contexto com a equipe de saúde, na humanização de sua re-lação com o paciente, de seus direitos e do atendimento a pacientes especiais.

Esperamos poder contribuir para o início de uma reflexão que nunca se fin-da e para sua formação como profissional fin-da saúde.

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(11)

Ética e Filosofia:

Dimensões Éticas

em Bioética

(12)

10

• capítulo 1

Olá, iremos iniciar uma longa conversa sobre a formação ética do profissional de saúde, nesse contexto vamos falar sobre as dimensões éticas em bioética, que vem trazendo práticas e teorias que buscam interpretar os problemas le- vantados pela biotecnociência e biomedicina. Dessa forma, iniciaremos con-textualizando a história da ética e depois a conceituaremos e falaremos de aspectos distintos.

Espero poder colaborar para sua formação!

OBJETIVOS

• Compreender o histórico da ética desde os primórdios da antiguidade; • Refletir sobre o conceito da ética e seus aspectos distintos;

• Abordagem da ética na bioética em seus conceitos de metaética, ética normativa e ética

(13)

capítulo 1 •

11

1.1 Um histórico da ética: o domínio ético

como disciplina filosófica especial no quadro

do Ocidente

 Ao iniciarmos os estudos, convido você a fazer uma reflexão de como se deu o surgimento da ética? Desde quando será que as pessoas entenderam a necessi-dade de se falar no assunto? Com quais influências vieram esses pensamentos? Será que há fundamentos que nasceram há muito tempo e têm sido utilizados até os dias atuais? Somente a partir dessas inquietações será possível iniciar o movimento de pensar o papel da ética junto à prática de formação do profissio-nal da saúde.

Penso que todos vocês, estudantes da área da saúde, já trazem em si uma identidade ética, incorporado à maneira de agir e pensar, mas que não esta aflorada enquanto profissionais de saúde, pela falta de necessidade até aqui. Será que existe uma só ética? A ética tem variações de acordo com a sociedade em que o indivíduo está centralizado? Vamos responder a essas questões nos baseando em estudos e pesquisas? Vamos lá!

1.1.1 Ética grega

 A história da ética vem ao longo do tempo, entrelaçada com a história da filoso-fia, buscando fundamentos para regulação do desenvolvimento histórico-cul-tural da humanidade. Vindo de muito tempo atrás, a partir de textos de Platão e Aristóteles, no Ocidente, a ciência moral ou ética, se inicia com Sócrates, que defendia que o conceito de ética se baseava no corpo que era a prisão da alma, sendo assim imutável e eterna. Isso significava que existia “um bom em si” pró-prios da alma, e que poderiam ser lembrado pelo aprendizado, ou seja, uma bondade absoluta do homem que tem uma relação com a ética apriorística, pertencente à alma e que para o corpo ser purificado este tem que a reconhecer. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002) Assim, Sócrates impõe ao homem e na questão do autoconhecimento, a melhor maneira de viver com sabedoria e encontrar a felicidade.

(14)

12

• capítulo 1

Para Demo (1992) quandose fala em criar na perspectiva dialética histórico-cultural tem influência subjetiva:

Nunca se cria do nada, porque a história tem sempre antecedentes e consequentes, mas na fase nova pode predominar o novo, ao que se dá o nome de revolução. Qualquer dinâmica criativa não cria o léu, porque a realidade histórica é pelo menos regularmente condicionada, ainda que não determinada. O próprio fato simples de que a ciência se dirige ao geral, não ao individual – de indivíduo no est scientia – já denota que, se existe

conceito de revolução, é porque nesse fenômeno há estruturas que se repetem, ao lado da criação histórica. (DEMO, 1992, p.31).

Para esse autor, a criação do novo está condicionada por ideias que sofrem e sofreram influência de antecessores, e que sofrerão de sucessores, mas que no momento daquela criação, é ela quem predomina. Com o conceito de – de in-divíduo noest scientia  – ele expressa a intenção de que a ciência se guia a nível

geral e não individual, finalizando assim o conceito de revolução. Assim, pas-saremos para o próximo filósofo, Platão, que teve influência direta de Sócrates.

CONEXÃO

Para compreender melhor a história da ética, acesse:

O vídeo filosofia socrática do prof. Dr. Marcello Arias Danucalov

https://www.youtube.com/watch?v=Lcp0gb6eaFY&list=PLZMi9ymwdN8qfo9R8rtH lHlVhz1Uj_Hd8&index=3

Para Platão, que é considerado o primeiro e grande filósofo grego, que le- vanta as principais questões éticas até os dias atuais. Seus diálogos, chamados “socráticos”, provêm de uma influência de Sócrates, assim Platão começa a ela-borar e desenvolver sua metafísica, o nome que se deu a teoria das formas ou ideias. Em suas obras, a forma do bem (agathós) é caracterizada como “supre-ma for“supre-ma” ou princípio metafísico “supre-mais importante. Platão dedica a trilogia dos Mitos do Sol, da Linha Dividida e da Caverna, com uma linguagem figura-da, a natureza do Bem. E conclui na apresentação da alegoria da Caverna, com um discurso de Sócrates que afirma “Nos últimos limites do mundo inteligível

(15)

capítulo 1

capítulo 1 • •

13

13

aparece-me a ideia (ou forma) do Bem, que se percebem com dificuldade, mas aparece-me a ideia (ou forma) do Bem, que se percebem com dificuldade, mas que não se pode ver se concluir que ela é causa de tudo que há de reto e de que não se pode ver se concluir que ela é causa de tudo que há de reto e de be-lo.”(

lo.”(apudapudMARCONDES, 2007, p.147)MARCONDES, 2007, p.147)

 Assim

 Assim Platão Platão diz que diz que o sábio o sábio é aqé aquele queuele que, tendo , tendo atingido atingido a visão a visão ou o ou o conhe- conhe-cimento do Bem pela via dialética, ou

cimento do Bem pela via dialética, ou seja, da ascensão de sua alma até o seja, da ascensão de sua alma até o planoplano mais abstrato do real, atinge assim a forma justa. Pois conhecendo o Bem, mais abstrato do real, atinge assim a forma justa. Pois conhecendo o Bem, co-nhecerá também a Verdade, a Justiça e a

nhecerá também a Verdade, a Justiça e a Beleza. Por este motivo a concepção deBeleza. Por este motivo a concepção de Platão ficou conhecida como a “metafísica do Bem”. Portanto, a f

Platão ficou conhecida como a “metafísica do Bem”. Portanto, a forma do Bemorma do Bem é o fundamento da ética. (MARCONDES, 2007)

é o fundamento da ética. (MARCONDES, 2007)

Na discussão platônica, dois pontos são fundamentais sobre as questões éticas: Na discussão platônica, dois pontos são fundamentais sobre as questões éticas:

• Uma de que o Uma de que o indivíduo que age de modo indivíduo que age de modo ético é considerado como aque-ético é considerado como

aque-le capaz de autocontroaque-le, ou seja, de “governar

le capaz de autocontrole, ou seja, de “governar a si mesmo”.a si mesmo”.

• E a outra de que E a outra de que a possibilidade de a possibilidade de agir corretamentagir corretamente e de ter dece e de ter decisõesisões

éticas necessita de um conhecimento do Bem, que é concebido pelo indivíduo éticas necessita de um conhecimento do Bem, que é concebido pelo indivíduo através de um longo e

através de um longo e lento processo de amadurecimento espiritual, ou seja, delento processo de amadurecimento espiritual, ou seja, de “ascensão da alma”. (MARCONDES, 2007)

“ascensão da alma”. (MARCONDES, 2007)

Com Aristóteles, a ética não será mais vista como uma ontologia do Bem, Com Aristóteles, a ética não será mais vista como uma ontologia do Bem, adquirindo então o poder de uma disciplina própria com aplicação prática: adquirindo então o poder de uma disciplina própria com aplicação prática:

 praktikéepisthéme 

 praktikéepisthéme . O imperativo socrático na qual é necessário conhecer o. O imperativo socrático na qual é necessário conhecer o

que é o

que é o Bem, para que, assim, possamos tornar melhores em relação àquilo queBem, para que, assim, possamos tornar melhores em relação àquilo que somos, assim adquire em Aristóteles a feição de uma “doutrina da vida reta”. somos, assim adquire em Aristóteles a feição de uma “doutrina da vida reta”. (LASTÓRIA, 2003)

(LASTÓRIA, 2003)  Aristóteles

 Aristóteles concebeu concebeu duas clduas classes asses de virtudes de virtudes que correspque correspondem a ondem a duas paduas par- r-tes básicas e comunicáveis entre si: a parte irracional (álogon) e a parte dotada tes básicas e comunicáveis entre si: a parte irracional (álogon) e a parte dotada de razão (logos). A parte irracional remete a uma subparte responsável pelas de razão (logos). A parte irracional remete a uma subparte responsável pelas funções de natureza vegetativa como por exemplo, a nutrição e o crescimento, funções de natureza vegetativa como por exemplo, a nutrição e o crescimento, comum a todos os seres vivos, e

comum a todos os seres vivos, e outra subparte que, apesar de outra subparte que, apesar de “privada de ra-“privada de ra-zão”, apresenta-se sensível aos seus apelos. A segunda parte da alma (o logos) zão”, apresenta-se sensível aos seus apelos. A segunda parte da alma (o logos) compreende tanto a chamada parte “alma desperta” – de onde nascem às compreende tanto a chamada parte “alma desperta” – de onde nascem às vir-tudes que ouvem a razão –

tudes que ouvem a razão – como o logos propriamente dito. (LASTÓRIA, 2003)como o logos propriamente dito. (LASTÓRIA, 2003)   Assim, as virtudes dianoéticas, que provém da parte racional da alma e   Assim, as virtudes dianoéticas, que provém da parte racional da alma e  visam

 visam o o aprimoramento aprimoramento de de nossas nossas capacidades capacidades intelectuais intelectuais (como (como a a inteli- inteli-gência e o discernimento, por exemplo); e as virtudes éticas (que tais como a gência e o discernimento, por exemplo); e as virtudes éticas (que tais como a moderação e a liberalidade) que, embora procedam da parte racional (“alma moderação e a liberalidade) que, embora procedam da parte racional (“alma

(16)

14

14

•• capítulo 1capítulo 1

desperta”), objetivam aquela parte inconsciente – porém sensível aos apelos da desperta”), objetivam aquela parte inconsciente – porém sensível aos apelos da razão –, onde se

razão –, onde se situam fundamentalmesituam fundamentalmente as diversas emoções (nte as diversas emoções ( páthe  páthe ) e tam-) e

tam-bém o desejo (

bém o desejo (órexis órexis ). Porém as virtudes ). Porém as virtudes dianoéticas acontecedianoéticas acontecem nos indivíduosm nos indivíduos

por intermédio da instrução – e por isso exigem experiência e tempo – as por intermédio da instrução – e por isso exigem experiência e tempo – as virtu-des éticas são o produto

des éticas são o produto dos hábitos. (LASTÓRIA, 2003)dos hábitos. (LASTÓRIA, 2003)

CONEXÃO

CONEXÃO

Para compreender melhor a história da ética, acesse: Para compreender melhor a história da ética, acesse:

Filosofia Aristotélica: https://www.youtube.com/watch?v=Lcp0gb6eaFY&list=PLZ Filosofia Aristotélica: https://www.youtube.com/watch?v=Lcp0gb6eaFY&list=PLZ Mi9ymwdN8qfo9R8rtHlHlVhz1Uj_Hd8&index=3

Mi9ymwdN8qfo9R8rtHlHlVhz1Uj_Hd8&index=3

Nos pensamentos filosóficos Nos pensamentos filosóficos anti-gos, os indivíduos aspiram ao bem e à gos, os indivíduos aspiram ao bem e à felicidade, que só pode ser conseguida felicidade, que só pode ser conseguida através de atitudes virtuosas. Para esta através de atitudes virtuosas. Para esta ética essencialista, o homem é visto ética essencialista, o homem é visto como um indivíduo livre, que está em como um indivíduo livre, que está em constante busca da perfeição. E esta, por constante busca da perfeição. E esta, por sua vez, se equivaleria a valores morais sua vez, se equivaleria a valores morais inscritos na essência do ser humano. inscritos na essência do ser humano. Dessa maneira, para o indivíduo ser Dessa maneira, para o indivíduo ser éti-co, para alcançar a perfeição, teria de co, para alcançar a perfeição, teria de es-tar em contato com a própria essência. tar em contato com a própria essência. Sendo o homem um ser em busca de sua Sendo o homem um ser em busca de sua perfeição, como qualquer outro ser, esta perfeição, como qualquer outro ser, esta se dará quando sua essência estiver se dará quando sua essência estiver ple-namente realizada. (CAMPOS; GREIK; namente realizada. (CAMPOS; GREIK;  VALE, 20

 VALE, 2002)02)

Para CAMPOS; GREIK; VALE, 2002, resumir à ética essencialista em três Para CAMPOS; GREIK; VALE, 2002, resumir à ética essencialista em três aspectos é:

aspectos é:

• o agir em constante conformidade com a razão.o agir em constante conformidade com a razão. •

• o agir conforme a natureza e o agir conforme a natureza e com o caráter natural de cada ser com o caráter natural de cada ser humano.humano. •

• a união que deve acontecer permanentea união que deve acontecer permanentemente entre ética (conduta do ho-mente entre ética (conduta do

ho-mem) e a política (valores da sociedade). mem) e a política (valores da sociedade).

   ©    ©    M    M    O    O    H    H    A    A    M    M    E    E    D    D    O    O    S    S    A    A    M    M    A    A     |     |   D   D    R    R    E    E    A    A    M    M    S    S    T    T    I    I    M    M    E    E . .    C    C    O    O    M    M

(17)

capítulo 1

capítulo 1 • •

15

15

 A ética era

 A ética era uma maneira uma maneira de educar o sede educar o ser humano em r humano em sua moral, sesua moral, seu caráter,u caráter, com o objetivo de

com o objetivo de propiciar a harmonia epropiciar a harmonia entre o sujeito e os ntre o sujeito e os valores coletivosvalores coletivos,, tendo assim, em ambos, virtudes. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

tendo assim, em ambos, virtudes. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

1.1.2 Ética Cristã

1.1.2 Ética Cristã

Para Agostinho, o ser humano teria um

Para Agostinho, o ser humano teria um telostelos (fim) para atingir, o qual é algo,(fim) para atingir, o qual é algo,

uma realidade diferente de um mero signo, pois o signo apenas guia, aponta, uma realidade diferente de um mero signo, pois o signo apenas guia, aponta, significa alguma coisa que vai além dele mesmo. Porém, para que se atinja o significa alguma coisa que vai além dele mesmo. Porém, para que se atinja o fim desejado, é importante ter claro que existem duas maneiras de se fim desejado, é importante ter claro que existem duas maneiras de se relacio-nar ou aderir aos seres em

nar ou aderir aos seres em geral: o frui e o geral: o frui e o uti. Isso compreendido, vê-se que háuti. Isso compreendido, vê-se que há seres que são objeto do uti (uso), servem como intermediários, enquanto seres que são objeto do uti (uso), servem como intermediários, enquanto ou-tros são objetos do frui (fruição, gozo), funcionando como fim. Bem, entender tros são objetos do frui (fruição, gozo), funcionando como fim. Bem, entender tudo isso e viver de acordo com essa hierarquia é se posicionar

tudo isso e viver de acordo com essa hierarquia é se posicionarnaordinatadilec- naordinatadilec-  tio 

tio  (ordem do amor), percebendo que a (ordem do amor), percebendo que acaritas caritas  (caridade) é o princípio primeiro (caridade) é o princípio primeiro

e fundamental. (GRACIOSO, 2012) e fundamental. (GRACIOSO, 2012)

S. Tomás de Aquino e Santo Agostinho advêm da ideia de que a virtude se S. Tomás de Aquino e Santo Agostinho advêm da ideia de que a virtude se define através da relação com Deus e não com a sociedade ou com os outros define através da relação com Deus e não com a sociedade ou com os outros in-divíduos. Nesse momento, Deus é considerado o único mediador

divíduos. Nesse momento, Deus é considerado o único mediador entre os seresentre os seres humanos. Para esse período histórico, as duas principais virtudes eram a fé humanos. Para esse período histórico, as duas principais virtudes eram a fé e ae a caridade. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

caridade. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)  Através do cristian

 Através do cristianismo, impera taismo, impera também a ética mbém a ética do livre-arbítrio, que consdo livre-arbítrio, que consi- i-dera que o primeiro passo para a liberdade seria o pecado (o mal). O indivíduo dera que o primeiro passo para a liberdade seria o pecado (o mal). O indivíduo passa a ser dividido em bem e mal, visto assim como um ser fraco e pecador. passa a ser dividido em bem e mal, visto assim como um ser fraco e pecador.  Assim, a ética

 Assim, a ética estabelece para aquele momento histórico, estabelece para aquele momento histórico, três tipos três tipos de condu-de condu-tas: a moral ou ética (com base no dever), a moral ou antiética e a indiferente à tas: a moral ou ética (com base no dever), a moral ou antiética e a indiferente à moral. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

moral. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)  A prim

 A primeira foeira fonte da mnte da moral coral cristristã é a bíbliã é a bíblia, ou a saga, ou a sagrada erada escriscrituratura, suas n, suas narra arra--ções trazem intenarra--ções moralizadoras, fica até difícil diferenciar o elemento ções trazem intenções moralizadoras, fica até difícil diferenciar o elemento reli-gioso do elemento moral. Deus é considerado um ser supremo ideal a ser exemplo gioso do elemento moral. Deus é considerado um ser supremo ideal a ser exemplo para o homem, a mais especial das criaturas criadas por Ele. (NALINI, 2009, p. 79) para o homem, a mais especial das criaturas criadas por Ele. (NALINI, 2009, p. 79)

CONEXÃO

CONEXÃO

Através do vídeo a seguir, entenderemos melhor a ética cristã, acesse: Através do vídeo a seguir, entenderemos melhor a ética cristã, acesse:

Ética Cristã: https://www.youtube.com/watch?v=A7JjmBF5vno Ética Cristã: https://www.youtube.com/watch?v=A7JjmBF5vno

(18)

16

• capítulo 1

 Através desse vídeo podemos observar que a ética cristã coloca a liberdade absoluta ao indivíduo. Para Lutero, vindo após São Tomaz Aquino, há separa-ção da moral natural ditada por nossa própria razão da moral religiosa, da fé. Segundo ele, o pecado original supôs a corrupção total da natureza humana e colocou o mal em cada um, porém se o ser humano viver como Deus mandou e confiar cegamente Nele terá a graça e a salvação.

Como também observado no vídeo, a ética Cristiana, coloca que a perfei-ção e a vida estão no amor a Deus, perfeiperfei-ção esta que se consegue cumprindo fielmente a vontade divina e somente vivendo nesta vontade, será modelo de  vida moral e perfeição traçada por Deus, determinando assim a bondade ou

maldade humana.

1.1.3 Ética moderna

Na era moderna, as transformações trazidas do período antigo atingem sua cul-minância, com a afirmação principal do indivíduo perante o grupo social, o de-senvolvimento das ciências e a separação entre os elementos componentes do mundo do dever-ser, consideradas, a ética, a religião e o direito. Um olhar am-plo e o predominante do direito e sua titulação como direito estatal, delegando a ética e a religião ao âmbito dos assuntos privados. O inverso do que acontecia no mundo antigo, em que a tradição era considerada autoridade máxima e o novo era visto com total desconfiança, o mundo moderno atribui papel prin-cipal ao novo, tomando-o assim em si mesmo. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

 A ética moderna também advém de um contexto de revoluções religiosas, através de Lutero, científica com Copérnico e a filosófica com Descartes, inti-midam um novo pensamento na era moderna, profundamente marcada pelo racionalismo cartesiano, que defende que a razão é o caminho para toda ver-dade, e para alcançá-la é necessário discernimento, considerado um método. O contrário do que temos visto até agora, em que a fé é o poder, a partir desse momento o poder é exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar. Há nesse momento um completo cenário de mudanças, que influencia no desen- volvimento das relações capitalistas de produção e na força de uma também

nova classe social, a burguesia, que para manter sua hegemonia, luta através de revoluções. A unidade cristã medieval é destruída pela reforma religiosa e há uma predominância do modo científico de pensar, com o nascimento da ciên-cia moderna com Galileu e Newton que iniciên-ciam o contexto da ética naturalista. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

(19)

capítulo 1 •

17

O conceito de que os indivíduos precisam ser tratados como fim de ação nunca para um meio de alcançar seus objetivos é trazido pela também ética moderna. Defendida por Immmanuel Kant, um dos principais filósofos da modernidade. Da filosofia de Kant, também vem o termo dignidade associado à humanidade e na forma da proposição de um princípio da dignidade, mais certamentena Fundamentação da Metafísica dos Costumes. (PIROTTA, 2006)

 Vamos refletir sobre algumas frases de Kant:

não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, cru-éis, ávidos de prazeres e que nunca nos saciamos e por isso matamos, mentimos e roubamos. (apud CHAUÍ, 2000, p.170)

Observamos, com a frase acima citada, que Kant defendia que para sermos indivíduos morais se fazia necessário sermos submetidos ao dever, já discutido anteriormente. Essa lógica vinda da Idade Média em que os cristãos difundi-ram a ideologia de que o homem era incapaz de praticar o bem por si próprio.  Justamente por esse motivo, o indivíduo deve obedecer aos princípios divinos,

formalizando assim a ideia de dever.

Não podemos nos deixar ser levados por nossos impulsos, apetites, desejos e paixões. Não teremos autonomia ética, pois a natureza nos conduz pelos interesses de tal ma-neira que usamos as pessoas e as coisas como instrumentos para o que desejamos. Não podemos ser escravos do desejo. (apud CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

Para que seja assim, devemos agir de acordo com o Imperativo Categórico, ou seja, o ato moral deve sempre concordar com a vontade e com as leis univer-sais que esta dá a si própria, (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002) fazendo também referência à frase citada abaixo.

Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. (apud CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

(...) a moralidade de um ao não deve ser julgada por suas consequências, mas apenas por sua motivação ética. (apud CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

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• capítulo 1

 Assim, Kant também afirmava que o homem é o centro do conhecimento e da moral, sendo o agir ético e moral criado e guiado por ele, e isso passa a ser incondicionado e absoluto. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

1.1.4 Ética contemporânea

No século XIX, o alemão Friedrich Hegel propõe uma nova perspectiva ho-mem – cultura e história, não abordada pelos filósofos da modernidade, esta dissemina que a ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como indi- víduos históricos culturais, nossa subjetiva vontade deve ser submetida à

von-tade social, das instituições da sociedade. Desta maneira a vida ética deve ser determinada pela harmonia entre a vontade individual subjetiva e a cultural. (ABBAGNANO, 1998, p. 384)

Dessa forma, interiorizamos os valores culturais de tal forma que passa-mos a praticá-los sem pensar, ou seja, instintivamente. E se não ocorrer assim é porque esses valores não são intrínsecos de nossa realidade e por isso devem ser modificados. Quando ocorrer essa situação pode acontecer de termos cri-ses internas entre os valores vigentes e a transgressão deles. (CAMPOS; GREIK;  VALE, 2002)

CONEXÃO

Para melhor entendimento da ética contemporânea, acesse ao vídeo:

Ética Contemporânea: https://www.youtube.com/watch?v=uJDD0THeKAs

Eesse vídeo, muito explicativo e interessan-te, faz uma síntese da era desse último filósofo que vamos estudar, Hegel. Em sua filosofia, ele tenta resgatar o foco e estudar o ser, o dever ser, na busca pela verdade. Com isso ele faz duras críticas a Kant que buscou a razão em suas ex-plicações e também volta a ideias anteriores.  Vimos que Hegel tenta utilizar a fenomenologia do espírito, explicando como a nossa consci-ência observa os fenômenos ao nosso redor, e

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capítulo 1 •

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ele faz isso tentando justamente não interferir, daí a dialética hegeliana, em que surge um embate de ideias. Assim, ele traz o estudo da consciência que é pautado ao nosso redor, das relações pessoais, da natureza e da linguagem. Diz também sobre os estágios da consciência, da consciência sensível, para a cons-ciência feliz e finalmente para o espírito absoluto, que é o em si para si, dotada de ação, para modificar o que está ao seu redor. Observamos uma filosofia mais compreensível, um histórico do que sofremos, do que vivemos e assim nos for-mamos o que realmente somos.

 Já na atualidade, para CAMPOS; GREIK; VALE, 2002, o conceito de ética se fundiu em duas correntes de pensamentos:

•  A primeira na visão daética praxista, em que o homem tem a capacidade

de julgar, ele tem uma corresponsabilidade frente as suas ações.

• E a ética pragmática, que tem a alteridade (misericórdia,

responsabiliza-ção, solidariedade) como desafio, para a transformação do ter, o saber e o po-der em recursos éticos para a solidariedade, contribuindo para a equidade dos homens.

Nietzsche atribui os valores éticos à emoção, e não a razão. Para ele, o ho-mem que é considerado forte é aquele que não reprime seus impulsos e desejos, aquele que não se submete a moral repressiva e demagógica. É também nesse contexto que surge, Freud com a descoberta do inconsciente, designada como a instância que controla o homem, confundindo sua consciência para trazer à tona a sexualidade represada e que o neurotiza, e que também defende que o indivíduo deve equilibrar a paixão e a razão. (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002)

Karl Marx, em seu materialismo dialético, também exprime a necessidade de uma lei moral:

A estrutura econômica da sociedade – forças produtivas, relações de produção e sua interação dialética – forma a base real de todo o processo social. Sobre essa base emerge uma superestrutura e, em primeiro lugar, uma superestrutura político-jurídica que vive numa dependência imediata em relação à base (assim, estado e direito não são outra coisa senão instrumentos da classe economicamente dominante) e, em se-gundo lugar, uma superestrutura ideológica sob a forma de filosofia, ciência, arte, moral e religião. (apud NALINI, 2009, p. 84)

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• capítulo 1

O conceito de ética marxista tende ao reducionismo, concorda em relacio-nar a ética como um ramo prático da filosofia, mas a vincula com a economia. Para ele, a moral está completamente subordinada aos interesses da luta de classes. (NALINI, 2009, p. 84)

1.2 O conceito de ética e seus aspectos

distintos:

 A ética esta presente em todos os discursos. Considerando as condutas huma-nas, ainda chocamos a sociedade tão acostumada a tantos desatinos, os mo-ralistas sempre a postos para invocar a necessidade do repensar o comporta-mento humano. Não é raro assistirmos a discursos de pessoas de maior ênfase falando no assunto, sem nem poder passar perto do rótulo de pessoa ética. Tal- vez por esse motivo, o descrédito desse propósito. Trivializou-se o apelo à ética para objetivos mais distintos imagináveis, porém não compatíveis com o con-ceito que a palavra expressa. Segundo Nalini: “Ética no Brasil, sofre de anemia.  Já se disse que ela é anoréxica!” (NALINI, 2009, p. 15)

Hoje, mais do que em outras épocas, é essencial reconhecer e resgatar a ética em todo o seu entendimento. A crise humana presente atualmente é na verdade uma crise de ordem moral. Tudo o que assistimos e presencia-mos no dia a dia, com reflexos na violência, na exclusão, no egoísmo e na in-diferença pela sorte do próximo, são advindos na perda de valores morais, na frouxidão moral. A falta de sensibilidade com a natureza demonstra a conta-minação da consciência humana pela epidemia da mais terrível insensatez. (NALINI, 2009, p. 16)

 Aproveito a discussão levantada pelo autor acima citado e lembro-me de uma frase usada frequentemente em nosso meio:

Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado,

vocês vão entender que dinheiro não se come.

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capítulo 1 •

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Para KOERICH, MACHADO, COSTA (2005) a definição de ética é dada como:

“Ética é uma palavra de origem grega “éthos” que significa caráter e que foi traduzida para o latimcomo “mos”, ou seja, costume, daí a utilização atualda ética como a “ciên-cia da moral” ou “filosofia damoral” e entendida como conjunto de princípiosmorais que regem os direitos e deveres de cada um de nós e que são estabelecidos e aceitos numa época por determinada comunidade humana. A ética se ocupa com o ser hu-mano e pretende a sua perfeição por meio do estudo dos conflitos entre o bem e o mal, que se refletem sobre o agir humano e suas finalidades.” (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005, p. 107)

 A ética é a teoria ou a ciência do comportamento moral dos indivíduos que convivemem sociedade. Ou seja, é ciência de uma maneira específica de comportamento humano. (VÁSQUEZ, 1995, p.5) É ciência porque tem objeto próprio (a moral), leis próprias e método próprio, na simples identificação do caráter científico de um específico ramo do conhecimento. A moral é um dos aspectos do comportamento humano, ou seja, conjunto de normas oriundas do hábito reiterado de sua prática. (NALINI, 2009, p. 20)

Fazendo um paralelo entre as definições citadas, observamos que a ética se baseia em uma filosofia que tem como norte a ciência da moral e o conjunto de condutas morais estabelecidos e aceitos em uma determinada época por uma determinada sociedade humana. Apesar de talvez nunca tivessem lido um con-ceito propriamente dito de ética, acredito que muitos de vocês já tinham uma ideia nata do que se tratava, não é? Mas e agora? Em todas as culturas existe uma só ética? Vamos então estudar agora os aspectos distintos das éticas e res-ponder melhor essas questões.

Quando falamos dos aspectos distintos das éticas, primeiro, tomamos no plural, pois, no cenário da multiculturalidade, não se poderia fundamentar éti-ca úniéti-ca. Este reconhecimento não isola vias comuns que toda convivência hu-mana supõe, eles apenas encobrem que são realizados a partir de uma partida no espaço e no tempo, já que viemos datados, natureza e sociedade. Devemos assumir e não confundir o plano das formalidades lógicas que podem vir como universais, em sentido formal, no plano da realidade evolucionária e histórica.

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• capítulo 1

No ambiente formal, dois mais dois será e sempre foi quatro em todos tempo e lugar, isso já é sabido e assim assumimos e aceitamos que existe uma lógica, uma matemática particular. No ambiente prático, concreto, modelos de existir estão enraizados em modos de vir a ser e vice-versa, como na “dialética histó-rico-estrutural”. Estrutura também se dispersa no tempo, se colocarmos que a natureza é dialética, embora seja a mais resistente ao tempo. Tomando a his-tória como não linear, incorporando não só a sociedade, mas também a geolo-gia. Considerando o tempo humano, bilhões de anos são números intangíveis se levarmos em comparação com nossas efêmeras vidas. Para os humanos, 70 anos são uma vida inteira. Para a pedra isso não significa nada, não há impacto relevante. Assim observamos que para o tempo geológico também as estrutu-ras físicas se dissipam, com menor rapidez, mas não menos profundamente. Fazemos assim uma ilustração entre as mudanças sociais com base nas mu-danças geológicas. (DEMO, 2005, p. 17)

Em outras palavras, a "dialética histórico-estrutural" é uma entre outras, fenômeno histórico-estrutural que é aquele que contém a "consistência" da estrutura e a "dinâmica" da história. No modernismo, a estrutura seria inva-riante, um ótimo exemplo é o formalismo estruturalista de Lévi-Strauss, sem-pre igual, recorrente indefinidamente, sem história, e esta ideia geralmente leva à noção de história sem sujeito, à medida que a história estaria pré-deter-minada. No pós-modernismo, estrutura institui "modos de ser" no "vir a ser". Exemplificando, é a ossatura que sustenta o corpo, mas é corpo também, por isso pode mudar, ainda que seu ritmo muito mais lento. Com o conceito de caos estruturado, ou de estrutura dissipativa, estrutura não pode mais ser con-siderada invariante, apesar de ser o que menos varia. Em toda dinâmica, por mais complexa que seja, há sempre modos de ser, sendo que nos quais sempre podemos descobrir recorrências relativas. (DEMO, 2005, p.17)

Há uma expectativa na sociedade de que a ética seja única, mas devido às diversidades evolucionárias e históricas, avaliamos que essa ideia seja funda-mentalismo. Exemplo: o cérebro é uma ferramenta que todos nós utilizamos, mas ela só se realiza de maneira datada, localizada e multicultural. E é exata-mente aí que ele se torna criativo, irrepetível e individual. Da mesma maneira que hoje não se acredita que os direitos humanos possam ser definidos univer-salmente, é impossível praticar uma única ética para todos. E se isso aconteces-se, teríamos de ver nisso a mais absurda ditadura. (DEMO, 2005, p. 18)

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capítulo 1 •

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O filme Julgamento Nuremberg narra a história do julgamento que

aconte-ceu na Alemanha em 1948, os líderes nazistas eram réus, e os exterminadores nazistas e os horrores de Auschwitz, os prováveis responsáveis pelo maior cri-me contra o ser humano que o mundo alguma vez presenciou, a serem julgados pelos crimes organizados e praticados de forma fria e cruel contra o ser huma-no. A ética e bioética no Julgamento Nuremberg são questões importantes, pois colocam uma grande responsabilidade naqueles que eram responsáveis pelo  julgamento, visto que a abordagem ética dos acontecimentos vividos, se mal  julgados, poderia trazer sérios problemas sociais de relevância mundial.

O extermínio nazista, na história do século XX, foi e ainda continua sendo um dos maiores atentados contra a vida, a liberdade, a justiça e a ética. Com uma política de extermínio contra, especialmente, judeus, homossexuais, co-munistas e doentes mentais, eles matam em escala industrial. Por se acharem superiores e supremos, os nazistas exterminam todos aqueles que não pos-suem sangue ariano, pois acham que estes não são dignos de viver.Algumas, e não foram poucas, “mentes privilegiadas” da Ciência colaboraram com o regi-me nazista. Muitos dos médicos alemães da época tornaram-se fiéis ao regiregi-me nazista, aderindo a suas práticas discriminatórias e cooperando com Hitler em realizar a “purificar a raça ariana”.

 Assim, os responsáveis pelos julgamentos vivenciavam um grande dilema de julgar um dos maiores casos da história sem se deixar guiar por opiniões pessoais ou emoções, porque sabiam da responsabilidade que tinham em mãos e que o mundo esperava que se fizesse justiça.

O ponto principal do filme se dá, quando há percepção, nos constantes questionamentos e comentários dos personagens, muito pelo fato do mundo estar à espera do veredito ou pela responsabilidade que esse julgamento será para com a sociedade e as suas consequências não só no momento mas tam-bém futuramente.

 Ao final, a maioria dos réus foram condenados a pena de morte por enforca-mento, outros por anos na prisão e alguns a prisão perpétua.

Coloquei um pouco da história do filme para fazermos uma reflexão sobre o que conversamos anteriormente, cada um de nós, se fosse possível por um instante sermos os responsáveis por esse julgamento, daríamos sentenças di-ferentes, não é mesmo? Alguns concordariam com a sentença, outros não por acharem que todos deveriam ser condenados da mesma maneira, alguns não concordariam com a pena de morte e assim por diante.

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• capítulo 1

 Voltando a pontuar os aspectos distintos das éticas. Segundo, observamos de que forma a ética atua como referência crucial no contexto da convivência humana: o que vivemos impacta diretamente na vida do outro. A sociologia ig-nora, alguma vezes, a individualidade humana, porque está o tempo todo pren-dendo os processos de um grupo, não do indivíduo. Mas como agir dessa ma-neira, se todo grupo é composto de indivíduos irredutíveis? E está justamente aí a beleza da sociedade, não somos indivíduos justapostos e replicados, mas sim indivíduos polarizados. Somos ao mesmo, tempo, diferentes e iguais. Iguais, pelas características comuns e fisiológicas. E diferente, pois um ser humano não é cópia linear do outro. Assim, geramos o tempo todo culturas diferentes, é impossível reproduzir as pessoas, mesmo quando são gêmeos idênticos. As relações sociais são sempre compostas de dinâmicas de polos, de atração e re-pulsão, dialéticas, enraizadas em uma trama de influência e poder, em que ora somos mais sujeitos, ora mais objetos. Dessa maneira, na sociedade não existe relação estática ou neutra. Não é possível traçar seu destino sozinho, todo des-tino individual na trama social é tecido. Sociologicamente, ética entranha no contexto natural de toda e qualquer sociedade, no sentido negativo (conflitos sociais) e positivos (boa convivência). (DEMO, 2005, p. 19)

 Assim, no momento em que falamos em sociedade, volto ao filme

 Julgamento Nuremberg , e reflito sobre como essa “sociedade” de nazistas

pra-ticam e são coniventes com tudo isso, até médicos eram responsáveis por ativi-dades de extermínio, já que estamos falando de profissionais de saúde e ética, penso que era uma sociedade que no contexto natural tinham o sentido negati- vo e acham tudo absolutamente normal.

 A questão da responsabilidade, é o último ponto dos aspectos distintos das éti-cas, é um dos esteios mais praticáveis da ética. Nas autonomias, com muita facili-dade perdemos o ponto pelo que excesso de autonomia em um lado compromete a autonomia do outro. No jogo das liberdades, o antigo ditado impera, onde minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro. Dessa maneira, há sempre a necessidade de negociar um tipo de convivência boa para ambos os lados. Assim, concordo que meu comportamento impacta no comportamento do meu próximo, não podendo assim, alegar que não tenho nada a ver com isso. (DEMO, 2005, p. 20)  A proposta da democracia é igualar a sociedade, sem extinguir as relações de poder. Toda sociedade gera clivagens sociais, pois é parte da dialética so-cial, da unidade de contrário, ou da unitas multiplex . (Morin, 2002) e acabar

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capítulo 1 •

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poder desmedido e desvairado. A democracia, afirma que, na forma, somos to-dos iguais, como conta na Constituição, mas na prática, não há como existir igualdade estrita, pois a convivência nos leva a termos pretensões diferentes, a convivência é de gente diferente, sobretudo conflitante. Se imaginássemos, que hoje seria distribuída a riqueza disponível de forma igual para todos, no momento seguinte já teríamos diferenças alarmantes, porque cada um faria com a riqueza o que bem lhe parecesse melhor, uns optariam por querer mais, outros menos, uns são mais solidários, outros mais predatórios, uns mais ton-tos, outros mais espertos. (SACHS, 2000)

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Na dialética social igualitária, sempre uns serão os privilegiados e outros os desprivilegiados, em virtude das diferenças incontornáveis, porém deve haver uma regulação comum que faça o papel de cessar os privilégios e privilegiar os desprivilegiados. Aí então, observamos outro ponto, a lógica de mercado capi-talista é incompatível com a ética. (DEMO, 2005, p. 24)

Como na figura acima, nos parece agora que a ética não é aquele caminho linear e único que alguns tinham em mente antes do estudo da disciplina, não é? Mas é justamente essa inquietude que queremos provocar, o pensar em cada todo, sendo ele macro ou micro.

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Assistindo um filme (especificamente o filmeJuramento Nuremberg ) pode constituir-se

um artefato cultural bom para pensar algumas dimensões da ética?

1.3 Dimensões éticas em bioética: metaética;

ética normativa e ética prática.

 A partir de agora, incorporaremos a bioética em nossos estudos, a conceituare-mos no próximo capítulo, mas já nos vem à cabeça o que ela significa. Bio-ética, a ética na área biológica, da saúde. Em síntese sim, isso é o suficiente para ini-ciarmos a conversa.

 Apesar de benéfica, a relação entre a ética e a biomedicina não é tão pacífi-ca quanto se pensa. Muitos cientistas, filósofos e teólogos conflitam diante de suas posições, falaremos de três em especial, por serem muito significativas, segundo Pegoraro 2010, p. 87:

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capítulo 1 •

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a) A primeira parte do princípio de reflexão ética e bioética não se aplica no processo de produção científica, que tem autonomia para reformular hipóteses e verificá-las. É pensado que o problema ético é posterior e se aplica aos resultados científicos, quando se avalia riscos e consequências decorrentes do uso. Dessa maneira, o cientista acre-dita trabalhar em um campo “eticamente neutro”.

b) A segunda tese defende que o código de honestidade é fator intrínseco ao trabalho de produção científica, pois se baseia na obediência rigorosa ao método científico, na comunicação correta dos resultados, de tal forma que a comunidade possa avaliá-los. Assim, esse é considerado o compromisso ético do cientista. Neste modelo de filosofia, também a ética e a bioética não devem interferir, visto que a ciência cria para o seu próprio caminho de conduta ética.

c) E o modelo personalista, ao contrário, coloca a pesquisa científica em uma dimensão mais ampla, ontológica e axiológica da realidade e impera critérios de julgamento ético que não excluem o da pesquisa científica, mas dá sentido geral da realidade pesquisa-da. Por exemplo, a intervenção científica sobre o indivíduo não pode rejeitar o que é o ser humano, seu valor, seu destino, dignidade e transcendência.

Portanto, para o modelo personalista são insuficientes os paradigmas éti-cos para solução de problemas, baseado em um consenso flexível; ao contrário, é exigido uma justificação de caráter ontológico e a “demonstração da razão última”, na qual alguma ação deverá ser considerada lícita ou ilícita. Ou seja, precisamos de uma metaética, para justificar racionalmente valores, princípios e normas adotadas no campo da bioética. Assim, é sobre a metaética – ética não normativa - que é construída a metabioética. São necessários os pilares de apoio para a construção da bioética. Esses pilares são dois: o primeiro, de uma ética global, de princípios gerais e teóricos – metaética. E o segundo, o da metabioética, bem próximo conceitualmente do primeiro. Isso significa que é necessário recorrer a princípios gerais e abstratos como respaldo às normas concretas da bioética. (PEGORARO, 2010, p. 88)

 A postura metaética, no entanto, submetem duas desvantagens pedagó-gicas: a de prorrogar a própria natureza da ética, por um lado, e a de inferio-rizar os níveis de questionamentos éticos aos ditames das normas. Coloca-se a ética no mais alto imperativo das regras e/ou sob o nível da interrogação,

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• capítulo 1

problematizando-a sem regulamentá-la, ainda que haja contínuo questiona-mento da ética das práticas profissionais, seja necessária, isso significa que não há como negar que nenhuma prática social pode passar ao largo da ética construída na sociedade. (SOUZA; SARTOR; PRADO, 2004)

 Algumas abordagens da ética são normativas. Se pensarmos em quais são as normas gerais para a orientação e avaliação da conduta que devem ser moral-mente aceitas e por quais razões, a resposta seria a ética normativa geral(CAS-TILHO; KALIL, 2005). A ética normativa, em geral, não se prende em apenas uma escola filosófica ética na análise e no exame dos procedimentos de uma ação correta ou incorreta. Ela se alinha nas diversas éticas, e suas variações, como: a utilitarista – avaliação das consequências – bem como da deontológica – avaliação a partir do dever. (SOUZA; SARTOR; PRADO, 2004)

E as formas de desvendar as implicações de teorias gerais para maneiras mais específicas de conduta e julgamento moral é usualmente denominada de ética prática, embora muitas vezes seja erroneamente chamada ética aplicada. Sendo também uma ética normativa, ela também é descritiva, que é a inves-tigação propriamente dita do comportamento e das crenças morais, utilizan-do técnicas científicas para o estuutilizan-do de como os indivíduos pensam e agem. (CASTILHO; KALIL 2005)

ATIVIDADES

01. Quando falamos em discussões platônica, quais são os dois pontos principais relaciona-dos as questões éticas?

02. Qual a definição de ética?

REFLEXÃO

A comissão científica e tecnológica da UNESCO, a COMEST, preocupada com o ensino da ética em universidades e outras instituições fez um documento em que recomenda, entre outros tópicos, a oportunidade do estudo da ética a todos os estudantes, em todos os níveis acadêmicos. E você, futuro profissional da área da saúde, tem dado a devida importância a este estudo?

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capítulo 1

capítulo 1 • •

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Atendendo a estratégias como a citada acima, acredita-se que tenhamos profissionais Atendendo a estratégias como a citada acima, acredita-se que tenhamos profissionais com uma formação mais sólida e capaz de enfrentar mais fácil e claramente os conflitos de com uma formação mais sólida e capaz de enfrentar mais fácil e claramente os conflitos de interesses do mercado de trabalho e norteando-se sempre em argumentações baseadas na interesses do mercado de trabalho e norteando-se sempre em argumentações baseadas na ética.

ética.

CONEXÃO

CONEXÃO

Para compreender melhor a ética e bioética em suas interfaces contemporâneas, acesse: Para compreender melhor a ética e bioética em suas interfaces contemporâneas, acesse:

Revista Latino Americana de Bioética: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_  Revista Latino Americana de Bioética: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_  arttext&pid=S1657-47022014000200001&lang=pt

arttext&pid=S1657-47022014000200001&lang=pt

LEITURA

LEITURA

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NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 10. ed. rev. atual. profissional. 10. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: e ampl. São Paulo: RTRT, 2013., 2013.

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Movimento

Movimento

Bioético:

Bioético:

Surgimento e

Surgimento e

Discussões Atuais

Discussões Atuais

2

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• capítulo 2

 A história da bioética pode ser compreendida por meio das principais refe-rências mundiais que impactaram a construção desse conceito, de seus prin-cípios, e de como se deu a origem das diretrizes de normatização desta. Será por meio do estudo de obras que fazem referência a essa história e apresen-tam os embates teóricos e ideológicos que vamos compreender o movimento bioético.

OBJETIVOS

• Entender os problemas éticos de maior relevância que deram origem à bioética; • Compreender seu histórico, conceitos e princípios;

• Analisar o contexto cultural contemporâneo da bioética; • Aprender os paradigmas bioéticos.

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capítulo 2 •

33

2.1 A história da bioética e seus princípios

Como estudamos no capítulo I, durante muito tempo as inovações culturais do mundo ocidental foram baseadas no éthos  com uma mínima sustentação

de uma metafísica mais ou menos compartilhada. As etapas da modernidade ficaram marcadas por serem as etapas pelas quais a ética comunitária ficou se-parada de toda metafísica. Especificamente após a II Guerra Mundial, com o aceleramento das inovações tecnocientíficas, a sociedade sentiu como um se-tor particularmente vulnerável o de sua saúde, tanto do corpo como da mente. E foi a partir deste fenômeno que se deu o nascimentoda bioética, através da observação dos males que uma higidez mal defendida fazia correr aos mem-bros de nossa espécie. Como sabemos todo fenômeno histórico de relevância não provém apenas de uma causa, mas é resultado de um conjunto de fatores, agentes e ocorrências. Porém, entrelaçado à aparição da bioética alinha-se a re-pulsa por paradigmas antigos como a absolutização de dogmas que trazem do céu todas as respostas, a sacralização do éthos  ancestral, a crença numa

incon-tornável lei da natureza, supostamente única e capaz de fazer a vontade divina.  Aprendemos que é quase impossível negar o impacto do éthos  ambiental, ou

seja, do costuma, pois a lei natural é absorvida pela mente humana através de uma inevitável interpretação. (LEPARGNEUR, 2009)

O problema da ética adquiriu maior visibilidade em 1930, momento em que ocorre o episódio conhecido como “o desastre de Lübeck”, que ocasionou a morte de 75 de 100 crianças submetidas a um teste com uma vacina para prevenção da tuberculose, os pesquisadores acharam que o vírus estava atenuado o suficiente para imunizá-las não estava e mais sem o consentimento dos seus responsáveis. Em 1931, a Alemanha estabelece as Diretrizes para Novas Terapêuticas e Pesquisa em Seres Humanos; porém, ao mesmo instante estava acontecendo a Segunda Guerra Mundial, que também ficou marcada por atrocidades - sob a denomina-ção de ‘pesquisas’ - com judeus, ciganos e com outros grupos vulnerados. Após o término da Segunda Guerra Mundial e a criação do Tribunal de Nuremberg, onde os nazistas eram julgados – incluindo os médicos, que usavam de seu prestígio para “eliminarimpuros”– foi elaborado um conjunto de 10 princípios norteadores da pesquisa envolvendo seres humanos – com bastante ênfase no consentimento informado –, os quais foram denominados Código de Nuremberg. Em 1949, esse código foi um documento internacional que marcou muito claramente a neces-sidade de que os seres humanos envolvidos em atividade científica tivessem seus direitos respeitados. (MOTTA; VIDAL; SIQUEIRA-BATISTA, 2012)

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• capítulo 2

Nas décadas de 50 e 60, com o uso generalizado de antibióticos e técnicas artificiais de respiração, abrem-se os olhares e as perspectivas para o prolonga-mento da vida humana. A partir daí, a medicina dá um salto em relação a trans-plante de órgãos (o primeiro bem sucedido em 1954) há contestações sobre os critérios de morte cerebral (hoje chamada de morte encefálica), a descoberta da técnica de depuração sanguínea em Seattle, pelo Dr. Belding Scribner em 1961. A introdução da pílula anticoncepcional no mercado impõe uma mudan-ça radical no comportamento sexual e abre novos horizontes de planejamento familiar e profissional inconcebíveis até os anos sessenta do século XX. O de-senvolvimento de técnicas mais seguras e legalmente acessíveis de aborto leva a uma reavaliação normativa das práticas usuais de interrupção da gravidez. (HECK, 2005)

Em 1970, o médico oncologista estadunidense Van Ressenlaer Potter, fez a proposta de defesa do nome bioética e a concebeu como uma ligação entre a ciência da natureza e as humanidades, dando maior ênfase no conhecimento biológico e os valores humanos, que julgava ser importante para o caminho da sabedoria. (REGO; PALÁCIOS; SIQUEIRA-BATISTA, 2009)

De 1932 a 1972, outro caso que marcou a história da bioética foi o Tuskegee SyphilisStudy– em que 399 negros que tinham contraído sífilis participaram de uma pesquisa sobre a entidade mórbida, sem sequer ter garantido o trata-mento com a penicilina e muito menos o acesso a tal intervenção terapêutica. (MOTTA, VIDAL, SIQUEIRA-BATISTA 2012)

Em fevereiro de 1975 aconteceu uma reunião com 140 cientistas norte-ame-ricanos e estrangeiros realizada no Centro de Convenções de Asilomar, locali-zado em Pacific Grove, Califórnia. Nesta reunião científica ocorreu da proposta de moratória nas pesquisas que envolvessem manipulação genética, feita em 1974, por um grupo de pesquisadores. Esta proposta foi publicada simulta-neamente nas revistas Nature e Science. Em abril de 1974, esta moratória foi discutida e implantada em uma reunião científica realizada no Massachusetts Instituteof Technology (MIT). Lá ficou decidido que o Comitê Assessor para DNA recombinante (RAC), que foi criado em 1974, seria o responsável pela elaboração das diretrizes de Asilomar para a segurança dos experimentos com DNA recombinante. Este documento foi aprovado em 23 de junho de 1976. A reunião de Asilomar também foi um marco na história da ética aplicada à pes-quisa, pois foi a primeira vez que foram discutidos os aspectos de proteção aos pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realiza o projeto de pesquisa. (BERG, et al 1974; MILANO, 1997, p. 182; BERG, et al 1975)

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capítulo 2 •

35

Em uma reação institucional aos absurdos relatados acima o governo e o congresso norte-americano constituíram em 1974 o Relatório Belmont, a

National Comission for the Protection of Human Subjects of Biomedical and Behavioral Research . Foi estabelecido, como principal objetivo da Comissão,

a identificação dos princípios éticos “básicos” que deveriam nortear a experi-mentação em seres humanos, o que ficou conhecido com Belmont Report, que apresentou os princípios éticos, considerados básicos, que deveriam nortear a pesquisa biomédica com seres humanos, segundo Alves; Costa, 2011:

PRINCÍPIO DO

RESPEITO ÀS

PESSOAS OU DA

AUTONOMIA

que exige que aceitemos que as pessoas sejam autô-nomas, tanto nas suas escolhas como em seus atos, ou seja, liberdade para que as pessoas se autogover-nem. O princípio da autonomia define que o médico respeite a vontade do paciente ou do seu responsável, assim como seus valores morais e crenças.

PRINCÍPIO DA

BENEFICÊNCIA

que dá o direito ao paciente de que sejam atendidos os interesses importantes e legítimos de cada indivíduos e que, na medida do possível, sejam evitados danos. Na Bioética, esse princípio é também conhecido como o princípio do bem-estar e interesses do paciente por in-termédio da ciência médica e de seus representantes.

PRINCÍPIO DA

JUSTIÇA

que exige equidade no que se refere ao exercício da medicina ou qualquer área da saúde, na distribuição de bens e benefícios. Uma pessoa considerada injustiça-da quando lhe é negado um bem ao qual tem direito e que, portanto, Ihe é devido.

Em 1991, os Estados Unidos criou o Código de Regulamentos Federais que serviu, naquele momento, como regra geral para toda e qualquer pesquisa en- volvendo seres humanos, suas principais designações eram:

• aprovação prévia das pesquisas por um comitê de ética;

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• capítulo 2

• recrutamento equitativo dos participantes na pesquisa; • proteção especial para grupos vulneráveis;

• acompanhamento contínuo das pesquisas aprovadas.

O conselho de organizações internacionais de ciências médicas, em 1993, elaborou e divulgou as diretrizes éticas internacionais para pesquisa bioética envolvendo seres humanos, que colocava sobre:

• o consentimento informado;

• pesquisa em países em desenvolvimento; • proteção de populações vulneráveis;

• compartilhamento de responsabilidades e benefícios; • papel desempenhado pelos comitês de ética.

Com a crescente demanda por diretrizes cada vez mais localizadas e pró-prias, cada país foi aprimorando e adequando as primeiras diretrizes estaduni-denses ás suas realidades. Hoje, no Brasil, segue-se a NORMAS PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS (Res. CNS n.o 466/12 e outras).

Portanto vimos que o termo bioética surgiu na metade do século passado  juntamente com os avanços tecnológicos, descobertas e aplicações na área da biologia. E trouxeram consigo os problemas éticos, pois vieram com grande poder de intervenção sobre a vida e a natureza. Nos anos 80, com a chegada da AIDS, a bioética se afirmou, levando a população a uma grande e profunda reflexão em virtude de suas consequências para os indivíduos e a sociedade. (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005)

 A palavra bioética, em seu surgimento, não agradou a todos, pois para al-guns ela ocupava o lugar de outras palavras como a de ontologia, ética médica entre outras. Assim, começaram ainda outras expressões de propostas como ética biomédica, ética biológica, médica e etc. Sem muito sucesso! Ainda assim a palavra bioética continua seguindo seu caminho e sendo cada vez mais utili-zada no mundo ocidental. Nela cabe quase tudo, e ela indica bem o que se quer dizer. Para Durand, 2007 ela designa três principais pontos:

1. práticas e discursos;

2. que objetiva esclarecer ou resolver questões éticas;

3. que suscita o desenvolvimento tecnocientífico no campo da saúde e da  vida humana.

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capítulo 2 •

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 A disciplina bioética trata de temas específicos como nascer ou não nascer (aborto), morrer e não morrer (eutanásia), saúde e doença (ética biomédica), bem-estar e mal-estar (ética biopsicológica) e se preocupa com os novos cam-pos de atuação do conhecimento, como clonagem (ética genética), falta de res-ponsabilidade diante dos pósteros (ética de gerações), degradação da nature-za extra-humana circundante e agressões ao equilíbrio sistêmico das espécies (ecoética), e assim por diante. Diante das diversas práticas da bioética damos um olhar mais amplo às atividades terapêuticas em sentido macro. Todo exer-cício das relações profissionais de médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, nutricionistas, biólogos, fisioterapeutas e demais técnicos estabelecidos na área da saúde e doença, bem como os usuários dessas novas técnicas biomédi-cas e farmacológibiomédi-cas tornam-se plateia do discurso bioético e ficam, também na condição de pacientes, devendo respostas à bioética. (DURAND, 2007)

O que podemos dizer também sobre a bioética é que o agir do indivíduo não apenas é sentido, constatado e descrito, mas também comparado, obser- vado e avaliado positiva ou negativamente pelo respectivo agente e seus pares. Dentro de tal quadro macro analítico, a bioética ganha bastante atenção por suas narrativas épico-fundacionais, através da busca do resgate da vulnerabili-dade da socievulnerabili-dade e do ser humano, quando não está exaustivamente engajada em favor de massas discriminadas, grupos oprimidos e indivíduos vulneráveis ou desamparados. (HECK, 2005)    ©    A    N    D    R    E    Y    B    U    R    M    A    K    I    N     |   D    R    E    A    M    S    T    I    M    E .    C    O    M

Referências

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