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PREVISÕES METEOROLÓGICAS EMITIDAS PELA TELEVISÃO: A CONFIANÇA DOS AGRICULTORES DO SEMIÁRIDO BAIANO

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Academic year: 2021

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PREVISÕES METEOROLÓGICAS EMITIDAS PELA TELEVISÃO: A

CONFIANÇA DOS AGRICULTORES DO SEMIÁRIDO BAIANO

Natália de Brito Lima

natalia_lima97@hotmail.com

Bacharelado em Geografia Bolsista de Iniciação Científica - PROBIC Universidade Estadual de Feira de Santana

Manuel Cabalar Fuentes

manuel.cabalar@gmail.com

Universidade Estadual de Feira de Santana

Introdução:

Grande parte da população recebe as previsões meteorológicas por meio da televisão. Isto, provavelmente, é decorrido pela grande facilidade de acesso que se tem e sua grande difusão nos lares brasileiros. O mesmo acontece com os produtores rurais do semiárido baiano.

Neste espaço, as condições climáticas não são tão favoráveis para a produção agrícola. Por este motivo, é de grande importância o planejamento das diferentes fases da produção, para que a safra tenha sucesso. Um dos principais fatores para que tal circunstância aconteça é o clima, e neste contexto, dispor de informação meteorológica acessível e compreensível tem a maior importância. Tendo isto em vista, o presente trabalho visa analisar qual o nível de confiança que os produtores rurais do semiárido baiano têm nas informações meteorológicas/climáticas que obtêm através do meio televisivo e, ainda, se estes usam estas informações como base para o planejamento do seu trabalho. O recorte espacial para o desenvolvimento da

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pesquisa foram os municípios de Retirolândia, Valente e São Domingos, componentes do denominado Território de Identidade do Sisal.

Objetivos:

- Observar se as informações meteorológicas transmitidas pela televisão são compreensíveis ou não para os produtores rurais;

-Verificar o nível de confiança destes produtores nas previsões meteorológicas obtidas através da televisão;

- Analisar a utilização destas previsões meteorológicas para o planejamento dos trabalhos agrícolas.

Fundamentação Teórica:

Atualmente, a televisão é um dos mais importantes meios de comunicação. Isto é dado pelo fato de ser um meio de comunicação com grande facilidade de acesso. De acordo com Campanella (2011, p. 254)

“Diferentemente dos seus primórdios, quando ela era quase unicamente encontrada nas salas de estar de alguns domicílios privilegiados das classes média e alta urbana, a TV, atualmente, é uma tecnologia ubíqua em todas as camadas da sociedade nacional.”

Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada no ano de 2015, 95% dos brasileiros assistem TV regularmente e 74% a veem diariamente.

O domínio climático semiárido ocupa um total de 86% do território brasileiro (MARENGO, 2008) e o Estado da Bahia apresenta cerca de 70% de sua área sob este domínio climático (Projeto Áridas/CAR. AOUAD, 1995). O que mais caracteriza este domínio é a irregularidade na distribuição das chuvas, com frequente incidência de secas persistentes; índices de aridez acentuados – entre o árido (0,05 a 0,20) e o semiárido (0,21 a 0,50); assim como predomínio de depressões pediplanadas com solos pouco desenvolvidos, por vezes rochosos ou pedregosos, recobertos por caatingas arbóreo- arbustivas (AB’SABER, 1970, 1974, 1977, 2003). Este domínio climático costuma não ser favorável às produções agrícolas, dado que a baixa fertilidade dos solos une-se a escassez e incerteza da chuva.

Dadas estas circunstancias, para que os produtores agrícolas do semiárido do estado da Bahia produzam em quantidades adequadas, é necessário que anteriormente seja feito um planejamento das atividades a serem exercidas. Este

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planejamento é baseado em grande parte nas condições meteorológicas/climáticas vigentes naquele período, assim como as previstas no futuro mais ou menos imediato. Isto é importante para que os níveis de produção sejam suficientes.

Metodologia:

Para o desenvolvimento do presente trabalho, partiu-se da construção de um arcabouço teórico-conceitual dos principais temas abordados: televisão como meio de comunicação de massas, importância das previsões meteorológicas para o planejamento agrícola, e características principais da região sisaleira.

Em seguida, foi realizado o trabalho de campo nos municípios de Retirolândia, Valente e São Domingos (Fig. 1) para a aplicação dos questionários aos agricultores para a obtenção das informações necessárias para a pesquisa. Após esta etapa, os dados recolhidos no questionário foram tabulados e analisados.

Fig. 1: Mapa de Localização dos municípios de Retirolândia, São Domingos e Valente no estado da Bahia.

Resultados Finais:

Foram aplicados um total de 100 questionários nos municípios de Valente, Retirolândia e São Domingos. De início, questionamos aos agricultores se eles faziam

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um acompanhamento da previsão do tempo e por qual meio de comunicação tinham acesso á informação. Dos 100 entrevistados, 24 não acompanhavam a previsão do tempo, e 76 faziam esse acompanhamento com frequência. Destes 76, 90.78% (69 agricultores) utilizavam a televisão como meio principal para obter informações climáticas/meteorológicas.

Como o foco da presente pesquisa são as previsões meteorológicas emitidas pela televisão, em seguida, continuamos apenas com os 69 agricultores que faziam o acompanhamento da previsão meteorológica por esta via. Perguntamos se eles achavam confiável a informação: 39.13% (27 agricultores) afirmaram não confiar, 14.49% (10 agricultores) disseram que não tinham certeza do grau de confiança, e 39.13% (27 agricultores) responderam que confiavam na previsão do tempo transmitida pelos telejornais. Mas, mesmo dizendo confiar, alguns ainda têm dúvidas e acreditam que só Deus sabe das coisas. Os que alegaram não confiar ou não tinham certeza, na maior parte, justificaram que a previsão do tempo não é certa e que só Deus sabe quando deve chover.

Em seguida, indagamos se percebiam a forma como eram transmitidas as informações do tempo de fácil entendimento. 71.01% (49 agricultores) declararam ser sim de fácil compreensão. Porém, ao questionarmos o por quê de entenderem, a grande maioria não quis justificar ou deram uma resposta muito ambígua. Já 17.39% (16 agricultores) alegaram não entender e 5.79% (4 agricultores) disseram que entendem só algumas vezes. O motivo disso, de acordo com suas opiniões, é que na maioria das vezes a linguagem que é utilizada pelos meteorologistas nos telejornais é de difícil entendimento. Nos telejornais com frequência são utilizados alguns termos técnicos ou palavras mais “elaboradas” e as pessoas que não têm uma boa base educacional acabam não compreendendo muito bem. Vale ressaltar que, do total dos entrevistados (100), apenas 7 chegaram a concluir o ensino médio.

O seguinte questionamento foi se eles fazem uso das informações meteorológicas para o seu trabalho. 57.97% (40 agricultores) revelaram fazer sim uso das informações e que as utilizam para fazer o planejamento do cultivo. Já 42.02% (29 agricultores) reconheceram não utilizar as informações, pois preferem utilizar outros métodos para fazer o planejamento de suas produções.

Por fim, pedimos aos entrevistados que indicassem sugestões de como poderia vir a melhorar as informações climáticas/meteorológicas que são transmitidas pelo meio televisivo. Quase metade dos entrevistados (47.82% - 33 agricultores) que fazem o acompanhamento da previsão do tempo pelos telejornais não souberam dar sugestões do que deveria ser melhorado. 8.69% (6 agricultores) fortaleceram a fé de

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que é Deus quem sabe das coisas. Os que colocaram alguma sugestão, disseram que a linguagem como é passada deveria ser de mais fácil entendimento, que deveriam dar a previsão com mais precisão e com maior detalhamento, que deveriam ser instalados mais equipamentos climáticos na região semiárida do estado da Bahia, e, ainda, que o conhecimento de quem produz e passa as informações deveria ser melhorado.

Conclusões:

Em vista dos resultados que foram mostrados aqui, conclui-se que, de acordo com os agricultores investigados, as informações meteorológicas obtidas por meio da televisão não são muito confiáveis. Logo, eles não costumam utilizá-las para fazer o planejamento do cultivo. Isto por conta do deficiente entendimento que se tem. Muitos reconhecem não compreender muito bem o que os meteorologistas dizem. O motivo disso é o reduzido nível da escolaridade ligado ao uso de termos técnicos pelos meteorologistas que apresentam os telejornais.

Bibliografia:

AB’SABER, Aziz Nacib. O domínio morfoclimático semi-árido das caatingas

brasileiras. Geomorfologia, n. 43. 1974.

AB’SABER, Aziz Nacib. Os Domínios de natureza no Brasil – Potencialidades

Paisagísticas. São Paulo Ateliê Editorial. 2003.

AB’SABER, Aziz Nacib. Províncias geológicas e domínios morfoclimáticos no

Brasil. Geomorfologia, n.20, 1970.

AB'SABER, Aziz Nacib. Problemática da desertificação e da savanização no Brasil

intertropical. São Paulo: Instituto de Geografia da USP. Geomorfologia, 53. 1977.

AOUAD, Marilene dos Santos. Desertificação. Salvador, CAR - Projeto Áridas Bahia, 1995.

CAMPANELLA, Bruno. A TV no Brasil: seis décadas e muitas histórias. jan./jun. 2011; Nº2: p. 253-259.

MARENGO, Jose A. Vulnerabilidade, impactos e adaptação à mudança do clima

no semi-árido do Brasil. BRASÍLIA,DF: PARCERIAS ESTRATÉGICAS, 2008.

PENNESI, Karen. Improving forecast communication: Linguistic and Cultural

Considerations. Ontario, Canadá. American Meteorological Society, July 2007 p.

1033-1044.

SECOM. Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela

Referências

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