PARTE 21
LIGAS METÁLICAS
Ligas Não‐Ferrosas
2
NORMAS MAIS UTILIZADAS
¤
UNS (Unified Numbering System). A normalização
unificada é uma norma mais recente que vem sendo
utilizada com freqüência cada vez maior.
¤
AA (The Aluminium Assotiation)
¤
ASTM (American Society of Testing and Materials)
¤
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
LIGAS NÃO‐FERROSAS
3
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Porque Utilizar estas Ligas?
¤
Apesar da versatilidade nas propriedades
das ligas ferrosas, facilidade de produção e
baixo custo, elas ainda apresentam
limitações como: alta densidade, maior
susceptibilidade a corrosão e outros.
¤
Diversificação ‐ existem ligas de uma
enorme variedade de metais como: Cu, Al,
Mg, Ti, refratários, super‐ligas, metais
preciosos e outros.
4
¤
O Alumínio (CFC) tem baixa densidade (2,7g/cm
3, 1/3 da
densidade de aço).
¤
Terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre depois do
O e do Si.
¤
Obtenção: produção primária através da Bauxita. Produção
primária do Al: Al
2O
3(ponto de fusão: 2045ºC) e produção
secundária a partir de sucata.
¤
Resistente à corrosão – formação de uma película estável e
homogênea de Al
2O
3.
¤
T fusão ≈ 660°C e T ebulição ≈ 1850°C.
¤
A resistência mecânica pode ser aumentada através de ligas com
Cu, Mg, Si, Mn e Zn e outros.
¤
Possui alta ductilidade.
¤
Excelente trabalhabilidade.
Ligas de Alumínio
LIGAS NÃO‐FERROSAS
5
OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO
Fonte: Profa. Andréa Bernardes – DEMAT - UFRGS
Mina de extração de bauxita da Companhia Brasileira de Alumínio
(CBA), do Grupo Votorantim na cidade de Miraí - Minas Gerais
6
OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO
Fonte: Profa. Andréa Bernardes – DEMAT - UFRGS
•
Bauxita: 50 a 70% de Al
2O
3, 0 a 25% de Fe
2O
3; 12 a 40% de H
2O, 2
a 30% de SiO
2além de TiO
2, V
2O
3;
•
Al
2O
3(alumina) é separado dos demais utilizando NaOH (soda
cáustica) a quente. O Al
2O
3dissolve‐se sendo separado por
decantação;
•
Al
2O
3: óxido muito estável;
•
Ponto de fusão: 2045°C;
•
Redução do Al
2O
3com CO: exige temperaturas acima de 2000ºC
com formação de carbetos indesejáveis;
•
Redução do Al
2O
3através de Eletrólise e Fusão em Sais:
temperaturas próximas a 1000ºC e formação de perfluorcarbonos
‐ tetrafluormetano (CF
4) e o hexafluoretano (C
2F
6) ‐ gases do efeito
estufa.
7 Fonte: Profa. Andréa Bernardes – DEMAT – UFRGS e Trabalho da UFRJ sobre Reciclagem de Lixo de Química Verde
FUNDIÇÃO DO ALUMÍNIO
Produção Primária
A produção do alumínio metálico, a partir da bauxita purificada, é
feita através de eletrólise do Al
2O
3dissolvido em criolita (Na
2AlF
3), à
temperatura de 940‐980°C, em uma cela de aço. O alumínio produzido
vai para o fundo da cela e é removido periodicamente.
8 Fonte: Profa. Andréa Bernardes – DEMAT – UFRGS e Trabalho da UFRJ sobre Reciclagem de Lixo de Química Verde
OBTENÇÃO DO ALUMÍNIO
A produção do alumínio
secundário (reciclagem) evita
a extração da bauxita, pois
para cada 1 tonelada de
alumínio reaproveitado,
deixa‐se de retirar do solo 5
toneladas do minério. Outra
grande vantagem é que se
gasta apenas 750 kWh,
enquanto que a mesma
quantidade com o uso do
alumínio primário, gasta
17.600 kWh, o que representa
uma economia de energia
95% de energia, seu principal
insumo para produção.
9 Fonte: Revista Escola de Minas www.scielo.br/scielo.php?pid=S0370-4467200100...e Trabalho da UFRJ sobre Reciclagem de Lixo de Química Verde
FUNDIÇÃO DO ALUMÍNIO
Produção Secundária
¤
Não é ferromagnético.
¤
Alto índice de reciclagem.
¤
Custo competitivo – ainda é 2 ½ mais caro que o aço.
¤
Excelente aspecto estético.
¤
Condutividade térmica e elétrica aproximadamente metade do
Cu. Ex. condutividade térmica do Cu C11000 (eletrolítico) =
388W/m‐K e o Al 1100 (recozido) = 222W/m‐K.
¤
Principal componente da Anodização ‐ processo eletrolítico que
promove a formação de uma camada de óxido na superfície do
metal.
¤
Resistência à tração máxima (σ
TM):
Al puro – comercialmente puro: 6 a 9 kgf/mm
2.
Ligas Al – pode chegar a 57 kgf/mm
2(572MPa).
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Fonte: http://www.infomet.com.br/h_alumínio.php, http://www.dcmm.puc-rio.br/cursos/cemat, aulas Profa. Andréa Bernardes
Ligas de Alumínio
Este processo eletrolítico
promove a formação de uma
camada controlada e uniforme de
óxido na superfície do metal. O Al
é um ex. muito comum de
anodização que ocorre por
conversão do Al em Al
2O
3(película
fina, resistente, impermeável e
homogênea).
Eletrólitos usados:
‐ Solução aquosa de ácido
sulfúrico
‐ Solução aquosa de ácido oxálico
‐ Solução aquosa de ácido crômico
Ânodo: própria peça
Cátodo: qualquer outro metal
ANODIZAÇÃO
Fe Al2O3 H2SO4 – 20% Al Há reação do Al com o eletrólito e conseqüente formação da camada de óxido protetora. Com a formação da camada, há o aumento da resistência à corrosão e o aumento da resistência mecânica superficial.12
¤
A qualidade das soldas de Al e suas ligas quando envolvem
processos de fusão é afetada por formar grão de grosseiros
típicos de estruturas brutas de fusão ‐ utilizada
preferencialmente a soldagem MIG (Metal Inert Gas) e TIG
(tungsten inert gas). Preferível a utilização de processos que não
envolvam fusão como soldas a fricção. Ex. friction stir welding
(FSW) – solda por fricção e mistura mecânica.
¤
Novas ligas com Al, Mg e Ti tem aplicação na indústria
automobilística, reduzindo o consumo a partir de redução do
peso. De 1976 a 1986 o peso médio dos automóveis caiu cerca de
16% devido à redução de 29% do uso de aços, ao
aumento de
63% no uso de ligas de Al
e de 33% no uso de polímeros e
compósitos.
Ligas de Alumínio
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Fonte: Apostila Plínio13
SOLDAGEM MIG E FSW
FSW
MIG/TIG
14
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Classificação – Processo de Fabricação:
¤
Ligas Trabalhadas – por laminação,
forjamento e outros processos.
¤
Ligas Fundidas
¤
Nomenclatura e Simbologia:
De acordo com a AA (Aluminium
Association)
Ligas Trabalhadas – XXXX
Ligas Fundidas – XXX.X
Ligas de Alumínio
15
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Classificação – Mecanismo de
Endurecimento:
¤
Divididas em:
Ligas termicamente
tratáveis (TT)
(séries 2XXX, 6XXX, 7XXX e a
maioria da série 8XXX) ‐ podem endurecer
por meio de tratamento térmico de
solubilização e envelhecimento e
Ligas
endurecidas por trabalho a frio
‐ (séries
1XXX, 3XXX, 4XXX e 5XXX).
¤
Tipos de TT:
F
(como fabricado),
O
(recozido),
W
(solubilizado),
T
(termicamente tratado, dentre eles os
mais importantes:
T4
‐ solubilizado e
envelhecido naturalmente e o
T6
‐
solubilizado e envelhecido artificialmente.
Fonte: http://www.infomet.com.br/h_alumínio.php, http://www.dcmm.puc‐rio.br/cursos/cemat
Ligas de Alumínio
16
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Fonte: http://www.infomet.com.br/h_alumínio.php, http://www.dcmm.puc‐rio.br/cursos/cemat
Série Elemento(s) de liga principal(is) Outros elementos de liga
1xxx Alumínio puro -2xxx Cu Mg , Li 3xxx Mn Mg 4xxx Si -5xxx Mg -6xxx Mg , Si Cu 7xxx Zn Cu, Mg, Cr, Zr, Sc 8xxx Sn, Li, Fe, Cu, Mg
-CLASSIFICAÇÃO
17
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Tratamentos Térmicos:
¤
Recozimento para alívio de tensões
¤
Recozimento para eliminar o encruamento
¤
Solubilização e Precipitação – aumento de resistência por adição de
elementos de liga (formação de solução sólida e/ou precipitação de
fases).
Ex. liga Al da série 2000 com 4% Cu em peso
(1)
aquecimento a 550°C para colocar todo o Cu em solução no Al;
(2)
resfriamento brusco em água ou óleo para manter o Cu em solução.
Ou seja, não deve‐se tocar o cotovelo da curva C para obtenção de
uma solução sólida supersaturada de Cu a temperatura ambiente;
(3)
Executar os trabalhos mecânicos de projeto;
(4)
Tratamento de precipitação: envelhecimento natural ou artificial a
uma temperatura de 150°C por 100 horas. A fase α ou Al
ssse
transformará na mistura em equilíbrio da fase α saturada com Cu +
θ (CuAl
2).
T(°C) ~ 120 – 200°C
18
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Alss + θ
Fonte: Metals vol.3
Onde:
θ composto
estequiométrico ~ 53%Cu e 47%Al
19
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Fonte: Engenharia de Materiais vol.II – Ashby e Jones
Diagrama TTT para a precipitação do CuAl2 a partir da solução . As partículas de segunda fase θ” são os precipitados coerentes com a matriz responsáveis pelo pico de resistência mecânica que coincide com o envelhecimento artificial da liga . As zonas de Guinier Preston (GP) não se formam acima de 180°C. As Zonas GP são concentrações de átomos de Cobre que também contribuem para o endurecimento da liga.
Ligas de Alumínio
20
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Fonte: Engenharia de Materiais vol.II – Ashby e Jones
Alteração do limite de resistência à tração da liga de Al + 4%Cu medido a temperatura ambiente a partir de diferentes tempos de envelhecimento a 150°C. Além do aumento no tamanho dos precipitados, há o aumento do espaçamento entre eles de 10nm para 1μm ou mais.
Ligas de Alumínio
21
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Microestruturas a temperatura ambiente da liga de Al + 4%Cu. (a) Produzida por resfriamento lento a partir de 550°C – precipitados grandes e espaçados. (b) Produzida por resfriamento moderado a partir de 550°C – precipitados pequenos e juntos.Fonte: Engenharia de Materiais vol.II – Ashby e Jones
Ligas de Alumínio
22
LIGAS NÃO‐FERROSAS
A – microestrutura lamelar no eutético de uma liga Al‐Cu (33,2%Cu). A matriz é uma solução sólida rica em Al com átomos de Cu (clara) com lamelas (relevo) de uma segunda fase θ constituída de CuAl2.
23
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Ligas de Alumínio
Aplicação ‐
Ligas Trabalhadas
a) Alumínio comercialmente puro (99,3%Al) + (Fe, Si, Cu e outros em pequenos teores) – endurecível por encruamento.
Usos: usadas para produtos de baixa resistência mecânica, como uso em panelas, perfis etc. A resistência a corrosão é menor do que o Al puro.
b) Al‐Mn: Ex. 1,2% Mn + Al + impurezas ‐ resistência à corrosão aliada às propriedades mecânicas conferidas pela adição de Mn – endurecível por encruamento.
Usos: tanques para armazenagem de combustíveis.
c) Al‐Mg‐Si ‐ Ex. AA6056 (Albal. + 0,71%Mg + 1,2%Si + 0,7%Cu + 0,66%Mn, adições de Zn, Fe, Cr e Ti) na condição T4 tem σTM= 293MPa e σy = 197MPa; na condição T6 tem σTM = 299MPa e σy = 218MPa. A liga 6061 (Albal. +
1%Mg, 0,6%Si, 0,3%Cu e 0,2%Cr na condição T4 tem σTM = 240MPa e σy = 145MPa. Usos em vagões de trem, caminhões, cascos de embarcações, mobília, aeronáutica e outros. d) Al‐Zn: Ex. 5,5%Zn, 2,5%Mg, 1,5%Cu + Cr + Mn + Al bal. ‐ apresentam a melhor resistência mecânica das ligas tratáveis termicamente. Ex. Al AA 7075 – 5,6%Zn, 2,5%Mg, 1,6%cu, 0,23%Cr + Al bal; T6; σTM = 572MPa e σy = 503MPa. Usado em fuselagem e peças de aeronaves e outros.
24
Exemplo da relação estrutura, propriedades e processo de
fabricação – laminação, aplicada a uma barra
de alumínio laminado
LIGAS NÃO‐FERROSAS
25
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Diagrama de equilíbrio pseudo‐
binário das ligas Al‐Mg‐Si (série
6000). Mostra o campo monofásico
alfa evidenciando que acima da
linha “solvus”, o Mg e o Si
dissolvem‐se na matriz do Al.
Ex. para um teor de 1,0 % de
Mg
2Si, a 500°C os precipitados de
Mg
2Si são termodinamicamente
instáveis e, com tempo suficiente,
dissolvem‐se na matriz de
alumínio. Quando é feito um
resfriamento rápido em água,
mantém‐se, à temperatura
ambiente, a solução sólida
supersaturada com Mg e Si
dispersos na matriz de Al.
Ligas de Alumínio
26
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Diagrama de transformação
apresentando as curvas em C
de 4 diferentes ligas de Al.
O tempo indica que o
resfriamento da liga AA7075
deve ocorrer em 3 segundos
enquanto que o resfriamento
da liga AA6063 pode ser em
meios mais brandos (óleo).
Ligas de Alumínio
27
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Aplicação ‐ Ligas Trabalhadas
e) Al‐Cu: as ligas trabalháveis deste grupo tem o teor de Cu inferior a 5,7%. Uma das ligas mais conhecidas desta classe é o “Duralumínio” – nome que vem da cidade de Düren – Alemanha. O duralumínio 2017 é o mais antigo e um dos mais usados. Composição: 93,2 a 95,5% Al; 3,5 a 5,5% Cu; 0,5 a 0,8% Mg. A presença desses elementos de liga eleva a resistência mecânica de 9 kgf/mm2 do Al comercialmente puro para 18,2 kgf/mm2 do AA2017 no estado recozido. Após tratamento térmico de solubilização e precipitação atinge o valor de 43 kgf/mm2. Na indústria aeronáutica a liga AA2017 é alterada para a liga AA2024 com composição química de 4,5%Cu, 0,6%Mn, 1,5% Mg + Al bal. Esta liga tratada termicamente apresenta melhor resistência mecânica e melhor limite de escoamento, permitindo redução de peso. As resistência à corrosão destas ligas sofre queda acentuada em função do aumento da resistência mecânica pela formação das partículas de segunda fase. Para evitar a corrosão intergranular , principalmente em atmosferas salinas, desenvolveu‐se os ALCLADS AA2017 e AA2024.
Ligas de Alumínio
28
LIGAS NÃO‐FERROSAS
É um “sanduíche” de materiais onde uma chapa de
duralumínio é revestida em ambas as faces por camadas
de Al puro que, geralmente, compreende a 10% da seção
transversal.
O ALCLAD destas ligas de Al alia resistência a corrosão
do Al puro a resistência mecânica do duralumínio.
Este processo pode ser por laminação conjunta,
soldagem e outros processos.
Duralumínio Al puroALCLAD
Ligas de Alumínio
Al + Si Si + L Al 29
LIGAS NÃO‐FERROSAS
Aplicação ‐
Ligas Fundidas
Estas ligas, além das características das ligas trabalhadas, devem apresentar: ‐ Boa fluidez e fundibilidade; ‐ Baixa contração volumétrica; ‐ Baixa tendência à formação de trincas, tanto a quente quanto a frio; Principais ligas para fundição: Al‐Si, Al‐Cu, Al‐Cu‐Si, Al‐Mg Eutético de uma liga Al‐Si (12,6%Si). As ligas eutéticas e levemente hipereutéticas apresentam estrutura grosseira, dura e frágil – ocorre devido à plaquetas de Si (cristais primários) que se formam no resfriamento lento.Ligas de Alumínio
30