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POR QUE O CÉU É AZUL?: APRENDENDO ATRAVÉS DA MÚSICA, LEITURA E

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Academic year: 2021

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OR QUE O CÉU É AZUL

?:

APRENDENDO ATRAVÉS DA MÚSICA

,

LEITURA E EXPERIÊNCIA

Isa Costaa [isa@nitnet.com.br]

Rafael Lourenço Ancelmeb a

Universidade Federal Fluminense - Departamento de Física b

Universidade Federal Fluminense – Curso de Graduação em Física RESUMO

O Curso de Graduação em Física da Universidade Federal Fluminense oferece como componentes curriculares opcionais as Atividades Acadêmicas Curriculares – AAC- em três modalidades: Iniciação à Pesquisa; Iniciação à Docência/Monitoria; e Iniciação à Extensão. O desenvolvimento deste trabalho ocorreu ao longo da AAC – Iniciação à Extensão, durante o 1º/2004, visando a elaboração de uma proposta de ensino para a escola média. Optou-se, dentre as diversas formas em que se manifesta a arte, por trabalhar inicialmente com a música, não para decorar fórmulas, mas sim explorando a poesia da letra quando cita ou explora fenômenos físicos. Percebe-se que a música é um recurso simples, dinâmico, contextualizado, que se aproxima da realidade do jovem. O tema Por que o céu é azul? foi escolhido uma vez que todos os alunos do ensino médio sabem que o céu é azul e também já observaram que ao entardecer ele fica avermelhado; mas destes, poucos um dia já pararam para se perguntar por que isso ocorre. O professor fará uso de um roteiro de aula dividido em momentos: sensibilização dos alunos para o estudo do tema, ao ouvirem e lerem a letra da música “Azul”, de Djavan; aplicação de um pré-teste, para conhecer as representações prévias dos alunos; leitura de um texto científico; demonstração de um modelo experimental do fenômeno; verificação da aprendizagem. Espera-se que com a utilização de temas comuns ao cotidiano do aluno e com a forma diferente que são apresentados, o aprendiz possa demonstrar interesse pela Física e buscar – com auxílio do professor – outras fontes de leitura que complementem o seu aprendizado e aumentem o seu hábito de ler, possibilitando a formação do espírito crítico no estudante e que este passe a olhar com outros olhos o universo no qual está inserido.

INTRODUÇÃO

Com o objetivo de tornar o ensino de Física mais atraente e próximo do cotidiano do aluno da escola média, o presente trabalho visa apresentar uma proposta de ensino com o uso da música, da literatura e da experimentação, fugindo das formas tradicionais de apresentar um conteúdo. A elaboração foi uma atividade da formação inicial na Licenciatura em Física, na disciplina optativa Atividade Acadêmica Curricular - Iniciação à Extensão I e será divulgada na íntegra em página de acesso público no site do Instituto de Física da UFF.

A diversificação dos recursos didáticos é uma tentativa de superar o desinteresse pela Física no ensino médio, mostrando que essa disciplina vai muito além de cálculos e memorização de fórmulas. Procura-se atender ao diagnóstico de Zanetic (1998), ao afirmar que;

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O significado físico de tais teorias, suas limitações e suas possibilidades de transformação, bem como as metodologias envolvidas e as teorias de diálogo com o cotidiano não são abordadas.

USO DA ARTE COMO RECURSO DIDÁTICO: MÚSICA/LITERATURA

Optou-se, dentre as diversas formas em que se manifesta a arte, por trabalhar inicialmente com a música, não a usando para decorar fórmula e conceitos, mas sim explorando a poesia das letras, quando tratam de fenômenos físicos. Percebe-se que a música é um recurso didático simples, dinâmico, contextualizado, que se aproxima da realidade do jovem, ajudando no diálogo entre professor e aluno e favorecendo a interdisciplinaridade (Gilio, 2000), além de ser uma arte extremamente rica e que dispõe de farto e vasto repertório acessível em qualquer lugar.(Ferreira, 2002).

A exploração de textos musicais permite estabelecer uma relação entre a Física e a Literatura, contrariando os que afirmam que a Ciência nada tem de poético, como se nada tivesse em comum com a Literatura (Silva, 1998).

A música e o texto poético favorecem a aprendizagem conceitual e estimulam a manutenção do interesse por temas científicos (Zanetic, 1996), reabilitando o imaginário e o poético como fonte

do saber.

A música possui uma ótima capacidade de contextualização dos temas abordados em Física, despertando e desenvolvendo nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de questões próprias à disciplina e proporcionando ao professor um segundo caminho comunicativo, diferente do verbal: a poesia musical (Ferreira, 2002).

De acordo com Giglio (2000) são encontradas as seguintes vantagens de se trabalhar com música em sala de aula: aulas mais interessantes e dinâmicas, pois os alunos aprendem coisas de que gostam; ensino mais prático, unindo escola e vida cotidiana; interpretações diversas das letras de música, e saber o que os outros entendem é um meio de aprender; Ciência mais próxima do aluno, que a percebe como uma obra aberta para novas conclusões.

Na visão de Almeida, Fortes e Inneco (s. d.):

A música gera um clima de descontração na turma, favorecendo: a explicação de idéias/representações dos estudantes a cerca do mundo físico; a introdução da leitura de textos não convencionais em aulas de física; o diálogo professor - aluno, aluno - aluno e professor – turma; a compreensão dos modelos físicos e da linguagem científica, diferenciando da linguagem poética.

Fica bem evidenciada nessa proposta a interdisciplinaridade entre a Física e a Literatura através da música: o tema de uma aula quando incluído num contexto rico de interações pode aumentar o interesse do aluno pela Física, consequentemente sua compreensão (Almeida e Rincon, 1993). Além do mais, a música atende perfeitamente aos chamados temas transversais, propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, como um caminho de interação entre diferentes disciplinas se forem escolhidos e estruturados em coletividade, quebrando as fronteiras entre as disciplinas e aprofundando a compreensão dos conteúdos (Silva, 1998).

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Cabe ao professor selecionar as músicas que utilizará em sala de aula de acordo com seus critérios pedagógicos e, para isso, deverá desenvolver seu espírito crítico como ouvinte. Também será de sua responsabilidade ajustar os seus objetivos à capacidade cognitiva de seus alunos (Ferreira, 2002), preocupando-se não apenas com a apresentação de conteúdos,

mas também com a formação de sujeitos capazes de transformar o mundo a partir de suas vivências de aprendizagem, imaginando outras formas de ser e de existir em sociedade (Silva, 1998).

ELABORAÇÃO DA PROPOSTA

O tema Por que o céu é azul? foi escolhido, uma vez que todos os alunos sabem que o céu é azul e também já tiveram a oportunidade de observar ao entardecer que o céu fica avermelhado; mas destes, poucos já pararam para se perguntar por que isso ocorre. O tom azulado do céu se dá devido ao espalhamento da luz na atmosfera – Espalhamento Rayleigh – mas das poucas vezes que se obtém alguma resposta de alunos, esta geralmente é equivocada. Em geral, o fenômeno é atribuído à cor do mar, que apenas reflete a cor azul do céu, ou ao arco-íris, onde ocorre decomposição da luz por refração e não por espalhamento.

A seguir apresenta-se o roteiro da aula, dividido em momentos.

1º momento: Contextualização do tema Por que o céu é azul? – distribuição da letra da música “Azul”, sugerindo que durante a execução da mesma, os alunos destaquem toda e qualquer ligação com a Física. Após a audição, o professor enumera no quadro as observações dos estudantes.

2º momento: Exploração das representações dos estudantes – com a classe dividida em grupos de três a cinco alunos, o professor passa um pré-teste com questões a serem debatidas.

3º momento: Modelo científico – com a leitura do texto Por que o céu diurno é azul? (Gualter, Villas Boas, Doca, 2001). Após esclarecer dúvidas, o professor poderá sistematizar tópicos, tais como: princípios da Óptica Geométrica; eclipses solares e lunares; refração e reflexão da luz.

4º momento: Consolidação da aprendizagem – com o auxílio do modelo experimental, proposto por Krapas e Santos (2002), o professor realiza uma demonstração que simula a cor azulada do céu diurno e a avermelhada durante o pôr do Sol.

5º momento: Avaliação da aprendizagem – teste com questões complementares às do pré-teste já aplicado, para ser observado o desenvolvimento cognitivo dos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de ensino apresentada foi elaborada baseando-se nas idéias de que as esferas da arte e da ciência não devem ser consideradas como dois mundos metodológicos distintos e de que ensinar ciência através da música pode ser feito de várias maneiras, de acordo com a disciplina e com o conteúdo que se pretenda abordar. Além disso, não se espera que a aprendizagem ocorra pela

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simples audição de músicas, ou pela leitura de suas poesias, mas ressalta-se o papel motivador dessas atividades no ensino de Física, possibilitando ao aluno um grande envolvimento naquele processo.

Apesar do tópico Espalhamento Rayleigh não ser assunto obrigatório e usual no programa de Física para o ensino médio, é interessante a abordagem desse tema pelo professor, pois serve de ponte para se chegar a outros assuntos.

Na forma em que foi exposta, a proposta permite a interdisciplinaridade com outras disciplinas; por exemplo, com geografia e história, com a citação no pré-teste de um trecho da letra da música “Pais e Filhos”, de Renato Russo. Neste caso, pode-se observar a mudança na vida da família moderna diante da independência dos filhos que precisam encarar um mundo de conflitos sociais. O professor também pode usar a música “Azul da cor do mar”, de Tim Maia, para fazer uma ligação com biologia e explorar o fato da cor do mar ser esverdeada ou azulada, o que além de depender da reflexão da luz vinda do céu, sofre a influência da presença de certos microorganismos na água.

Espera-se que com a utilização de temas comuns ao cotidiano do aluno e com a forma diferente que são apresentados, o aprendiz possa demonstrar mais interesse pela Física e buscar, com auxílio do professor, outras fontes de leitura que complementem o seu aprendizado e aumentem o seu hábito de ler, propiciando a formação de espírito crítico e de um novo olhar para o universo que o cerca.

REFERÊNCIAS BIBLIOGR ÁFICAS

ALMEIDA, L., FORTES, C. A., INNECO, H.. A Música Popular Brasileira como Recurso

Didático. IF/UFF, mimeo., s. d..

ALMEIDA, M. J. P. M., RINCON, A. L.. Divulgação Científica e Texto Literário – uma

perspectiva literária em aula de Física. Caderno Catarinense de Ensino de Física. V. 10, nº

1,Florianópolis, abril, 1993.

_____________________________________. O Texto Escrito na Educação em Física: enfoque na

divulgação científica. In: Linguagens, Leituras e Educação em Física. Almeida, M. J. P M. e

Silva, H. C. (orgs.), Campinas: Mercado das Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998. FERREIRA, M.. Como Usar a Música na Sala de Aula. São Paulo: Editora Atual, 2002.

GILIO, A., M. C.. Pra que Usar de Tanta Educação para Destilar Terceiras Intenções?: jovens,

canções e escola em questão. Movimento: Revista da Faculdade de Educação UFF, nº 1,

Niterói, 2000.

GUALTER, J. B.., VILLAS BOAS, N., DOCA, R. H.. Tópicos de Física 2. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.

KRAPAS, S., SANTOS, P. A. M.. Modelagem do Espalhamento Rayleigh da Luz com Propósitos

de Ensino e Aprendizagem. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 19, n. 3, dez. 2002.

SILVA, E. T.. Ciência , Leitura e Escola. In: Almeida, M. J. P. M. e Silva, H. C. (orgs.), Linguagens, Leituras e Educação em Física. Campinas: Mercado das Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998.

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ZANETIC, J.. Física e Leitura: uma possível integração do ensino. Atas do V Encontro de Pesquisadores em Ensino de Física, São Paulo, 1996.

___________. Literatura e Cultura Científica. In: Almeida, M. J. P. M. e Silva, H. C. (orgs.), Linguagens, Leituras e Educação em Física. Campinas: Mercado das Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998.

Referências

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