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COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO. sobre a Iniciativa de Cidadania Europeia «Minority SafePack um milhão de assinaturas para a diversidade na Europa»

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COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 14.1.2021 C(2021) 171 final COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO

sobre a Iniciativa de Cidadania Europeia « Minority SafePack – um milhão de assinaturas para a diversidade na Europa»

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1. INTRODUÇÃO

A diversidade está no cerne da União Europeia. O artigo 2.º do Tratado da União Europeia, estabelece que a União se funda nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos humanos, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias. O artigo 3.º estabelece ainda que «a União respeita a riqueza da sua diversidade cultural e linguística e vela pela salvaguarda e pelo desenvolvimento do património cultural europeu». Por conseguinte, esta diversidade é inerente à identidade europeia.

Foi criado um quadro jurídico para assegurar o respeito dos direitos das pessoas pertencentes a minorias. O artigo 21.º da Carta dos Direitos Fundamentais proíbe a discriminação em razão da raça, origem étnica, língua, religião ou pertença a uma minoria nacional. O seu artigo 22.º estabelece o respeito pela diversidade cultural, religiosa e linguística. Estes princípios são apoiados por iniciativas específicas que proíbem a discriminação, tais como a Decisão-Quadro do Conselho relativa à luta contra o racismoe a xenofobia1.

Este quadro geral é ainda apoiado por quadros políticos específicos e esta Comissão está empenhada em levá-lo por diante no âmbito de uma União da Igualdade. Estes quadros políticos incluem, por exemplo, o Plano de Ação da UE contra o Racismo2, a Estratégia para a Igualdade de Género 2020-20253, a Estratégia LGBTIQ 2020-20254 e o Quadro estratégico da UE para a igualdade, a inclusão e a participação dos ciganos5,6,7.

Ao mesmo tempo, a UE não tem competência legislativa geral no domínio específico da proteção das minorias nacionais. O artigo 2.º do TUE refere «os direitos das pessoas pertencentes a minorias» como um dos valores em que a União se funda e que devem ser tidos em conta na execução das suas políticas. Os artigos 21.º e 22.º da Carta dos Direitos Fundamentais não preveem competências legislativas no domínio da proteção das minorais nacionais, exceto as conferidas à União pelas bases jurídicas aplicáveis a domínios políticos específicos.

O artigo 11.º, n.º 4, do Tratado da União Europeia prevê a iniciativa de cidadania europeia. O referido artigo estabelece que «um milhão, pelo menos, de cidadãos da União, nacionais de um número significativo de Estados-Membros, pode tomar a iniciativa de convidar a Comissão Europeia a, no âmbito das suas atribuições, apresentar uma proposta adequada em matérias sobre as quais esses cidadãos considerem necessário um ato jurídico da União para aplicar os Tratados». As regras específicas para o

1

Decisão-Quadro 2008/913/JAI do Conselho, de 28 de novembro de 2008, relativa à luta por via do direito penal contra certas formas e manifestações de racismo e xenofobia.

2 COM(2020) 565. 3 COM(2020) 152. 4

COM(2020) 698. 5 COM(2020) 620.

6A Comissão apresentará também, no início de 2021, uma estratégia global sobre os direitos da criança, que reforçará o apoio às crianças e a respetiva proteção, incluindo os direitos das crianças de grupos minoritários.

7

O princípio 3 do Pilar Europeu dos Direitos Sociais estabelece que «independentemente do género, raça ou origem étnica, religião ou crença, deficiência, idade ou orientação sexual, todas as pessoas têm direito à igualdade de tratamento e de oportunidades em matéria de emprego, proteção social, educação e acesso a bens e serviços disponíveis ao público. Deve ser promovida a igualdade de oportunidades dos grupos sub-representados.»

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funcionamento da iniciativa de cidadania europeia são estabelecidas num regulamento revisto em 2019, com vista a realizar todo o seu potencial enquanto instrumento de promoção do debate8.

A iniciativa Minority SafePack – Um milhão de assinaturas pela diversidade na

Europa («Iniciativa Minority SafePack») é a quinta iniciativa de cidadania europeia a

cumprir os requisitos estabelecidos no Regulamento sobre a iniciativa de cidadania europeia. Tem por objetivo melhorar a proteção das pessoas pertencentes a minorias nacionais e linguísticas e reforçar a diversidade cultural e linguística na União. Exorta a UE a aprovar uma série de atos legislativos para melhorar a proteção das pessoas pertencentes a minorias nacionais e linguísticas e a reforçar a diversidade cultural e linguística na União.

O Regulamento sobre a iniciativa de cidadania europeia estabelece o quadro para o registo de iniciativas de cidadania pela Comissão, desde que estejam preenchidas as condições de registo. Assim que uma iniciativa de cidadania é registada, os organizadores podem iniciar a recolha de assinaturas. A decisão da Comissão também define o âmbito de aplicação da iniciativa. Uma das condições para a Comissão proceder ao registo da iniciativa é que esta, ou partes desta, não caia manifestamente fora da competência da Comissão para apresentar propostas de ato jurídico da União para efeitos de aplicação dos Tratados.

Propostas apresentadas pelos organizadores reconhecidas na Decisão de Registo da Comissão tendo em vista:

— uma recomendação do Conselho «relativa à proteção e à promoção da diversidade cultural e linguística na União»,

— uma decisão ou um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho destinado a adaptar «os programas de financiamento, para facilitar o acesso aos mesmos por parte das pequenas línguas regionais e minoritárias»,

— uma decisão ou um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho destinado a criar um centro para a diversidade linguística que reforçará a consciência da importância das línguas regionais e minoritárias, promoverá a diversidade a todos os níveis e será essencialmente financiada pela União,

— um regulamento destinado a adaptar as disposições gerais aplicáveis às missões, aos objetivos prioritários e à organização dos fundos com finalidade estrutural, de forma a que neles sejam incluídas, enquanto objetivos temáticos, a proteção das minorias e a promoção da diversidade cultural e linguística, desde que as ações a financiar conduzam ao reforço da coesão económica, social e territorial da União,

— um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho destinado a alterar o regulamento relativo ao programa «Horizonte 2020», com a finalidade de melhorar a investigação sobre o valor acrescentado que as minorias nacionais e a diversidade cultural e linguística podem ter para o desenvolvimento social e económico nas regiões da UE,

— a alteração da legislação da União para garantir uma quase igualdade de tratamento entre os apátridas e os cidadãos da União,

— um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho para introduzir um direito de autor uniforme que permita considerar toda a União um mercado interno em matéria de direitos de autor,

— uma alteração da Diretiva 2010/13/UE do Parlamento Europeu e do Conselho para garantir a livre prestação de serviços e a receção de conteúdos audiovisuais nas regiões em que residem minorias nacionais,

— um regulamento ou uma decisão do Conselho com vista a uma isenção, por categorias, para

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projetos que promovam as minorias nacionais e respetiva cultura, com fundamento no artigo 108.º, n.º 2, do TFUE.

A decisão da Comissão autorizou os organizadores a recolher declarações de apoio a esta iniciativa. Em 10 de janeiro de 2020, os organizadores apresentaram oficialmente a sua iniciativa à Comissão. Até essa data, foram verificadas e validadas pelas autoridades nacionais 1 128 422 declarações de apoio, tendo sido atingido o limiar em 11 Estados-Membros. A Comissão recebeu os organizadores em 5 de fevereiro de 2020. Em 15 de outubro de 2020, os organizadores apresentaram a sua iniciativa e as suas propostas numa audição pública organizada no Parlamento Europeu. O Regulamento sobre a iniciativa de cidadania europeia estipula que, a partir deste ponto, a Comissão dispõe de três meses para adotar uma comunicação que estabeleça as suas conclusões jurídicas e políticas acerca da iniciativa9.

Com base numa proposta de resolução apresentada nos termos do artigo 222.º, n.º 8, do Regimento, a iniciativa «Minority SafePack foi debatida na sessão do Parlamento Europeu de 14 de dezembro de 2020. A resolução adotada em 17 de dezembro de 2020 manifestou o seu apoio à iniciativa de cidadania europeia «Minority SafePack», solicitou à Comissão que lhe dê seguimento e proponha atos jurídicos, salientou que a iniciativa registada pela Comissão apela à apresentação de propostas legislativas em nove domínios distintos e recordou o pedido da iniciativa de que cada proposta seja verificada e avaliada com base no seu mérito próprio, tendo em conta os princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade.

Durante o debate, a Comissão sublinhou que a inclusão e o respeito pela rica diversidade cultural da Europa constituem um dos seus principais objetivos e prioridades e insistiu que qualquer discriminação em razão da pertença a uma minoria nacional é expressamente proibida nos termos do artigo 21.º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. A Comissão confirmou igualmente o seu compromisso com o apoio político e com o financiamento.

A presente comunicação aborda os pontos suscitados na resolução, em resposta a cada uma das nove propostas da iniciativa «Minority SafePack».

2. AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS

2.1. Uma recomendação do Conselho relativa à proteção e à promoção da diversidade cultural e linguística na União.

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» propõem uma recomendação na qual a UE defina formas de proteger e promover a diversidade cultural e linguística, em especial, no que respeita à proteção da utilização de línguas regionais e minoritárias nos domínios da administração pública, dos serviços públicos, da educação, da cultura, do sistema judiciário, dos meios de comunicação social, da saúde, do comércio e da defesa do consumidor (incluindo a rotulagem).

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Análise

Nos termos do artigo 2.º do Tratado da União Europeia (TUE), o respeito pelos direitos das pessoas pertencentes a minorias constitui um dos valores fundadores da UE. Além disso, os artigos 21.º e 22.º da Carta dos Direitos Fundamentais proíbem a discriminação por qualquer razão, incluindo a pertença a uma minoria nacional, e exigem que a União respeite a diversidade cultural, religiosa e linguística. Estabelecem igualmente o respeito pela diversidade cultural, religiosa e linguística.

A União não tem competência legislativa em questões como a utilização de línguas regionais ou minoritárias no ensino público ou noutro local. Estas questões são da responsabilidade dos Estados-Membros.

Instrumentos em vigor e iniciativas em curso

O âmbito de aplicação das questões identificadas para uma recomendação do Conselho já é objeto de dois importantes instrumentos internacionais:

• A Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias do Conselho da Europa (1992). A UE, que incentiva os seus Estados-Membros a assinarem a Carta, refere-se regularmente a esta como o instrumento jurídico que define as orientações para a promoção e a proteção das línguas regionais e minoritárias.

• A Convenção da UNESCO sobre a proteção e a promoção da diversidade das expressões culturais (2005), da qual a própria UE é parte, bem como todos os seus Estados-Membros. O artigo 7.º da Convenção estabelece que «as Partes procurarão criar no seu território um ambiente que encoraje os indivíduos e os grupos sociais a: criar, produzir, divulgar e distribuir as suas próprias expressões culturais e a elas ter acesso incluindo as pessoas pertencentes a minorias e os povos autóctones». A Convenção recorda igualmente que a diversidade linguística é um elemento fundamental da diversidade cultural e reafirma o papel crucial que a educação desempenha na proteção e na promoção das expressões culturais.

A Comissão aplicou efetivamente o artigo 7.º da Convenção de 2005, organizando reuniões com os Estados-Membros e diálogos do setor cultural sobre o contributo da cultura para a inclusão social e o diálogo intercultural. Estas instâncias10 consideraram especificamente o papel da cultura em vários domínios, nomeadamente a inclusão de minorias nacionais/linguísticas, dos ciganos, dos refugiados e dos migrantes.

Um novo grupo de peritos em multilinguismo e tradução, instituído ao abrigo do plano de trabalho para a cultura do Conselho11, deverá recomendar medidas concretas ao abrigo do programa Europa Criativa para promover a diversidade linguística e a difusão de obras europeias nos setores culturais e criativos.

No âmbito das suas competências, a Comissão está igualmente a trabalhar com os Estados-Membros na execução de várias recomendações do Conselho e outros documentos estratégicos, que incluem aspetos mencionados na iniciativa de cidadania europeia:

• A Recomendação do Conselho (2018/C 195/01) relativa à promoção de valores comuns, da educação inclusiva e da dimensão europeia do ensino (adotada em maio de 2018), que visa reforçar a coesão social e contribuir para a luta contra a ascensão

10

https://ec.europa.eu/policies/cultural-policy-cooperation-eu-level www.voicesofculture.eu. 11 https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A52018XG1221%2801%29.

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do populismo, da xenofobia, do nacionalismo fraturante e da disseminação da desinformação. A recomendação exorta os Estados-Membros a incentivaram um entendimento do contexto europeu e do património e dos valores comuns e uma consciência da unidade e da diversidade, a nível social, cultural e histórico, da União e dos seus Estados-Membros. A recomendação deve ajudar a promover um sentimento de pertença mais profundo a nível local, nacional e da União.

• A Recomendação do Conselho (2019/C 189/03) relativa a uma abordagem global do ensino e aprendizagem das línguas (adotada em maio de 2019), que reconhece a vasta diversidade linguística na Europa e faz uma referência explícita às línguas regionais e minoritárias no considerando 14.

• A Comunicação da Comissão intitulada «Concretizar o Espaço Europeu da Educação até 2025» (adotada em setembro de 2020)12. Os Estados-Membros são convidados a rever as suas políticas linguísticas para as escolas, em conformidade com a Recomendação do Conselho relativa a uma abordagem global do ensino e aprendizagem das línguas13. O conceito de «sensibilização para as línguas» desenvolvido no anexo da recomendação inclui as práticas existentes nas regiões bilingues e multilingues, nas quais as línguas maternas e as línguas regionais ou minoritárias são ensinadas juntamente com outras línguas de escolarização.

• O Quadro estratégico da UE para a igualdade, a inclusão e a participação dos ciganos de 2020-2030 e uma proposta de Recomendação do Conselho relativa à igualdade, à inclusão e à participação dos ciganos (atualmente em análise pelo Conselho). A nova iniciativa inclui igualmente orientações em matéria de promoção da arte, da história e da cultura ciganas, bem como de inovação social e experimentação de políticas. Solicita aos Estados-Membros que incluam a língua romani e a história dos ciganos nos programas e manuais escolares destinados a alunos tanto ciganos como não ciganos, bem como que promovam atividades e campanhas de sensibilização multicultural nas escolas. A fim de promover a igualdade dos ciganos, combatendo o anticiganismo, a Comissão apoiará atividades de promoção de discursos positivos e modelos de referência ciganos, combatendo os estereótipos negativos, sensibilizando para a história e a cultura ciganas e promovendo a verdade e a reconciliação ao abrigo do programa Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores.

Tal como previsto na estratégia da Comissão em matéria de direitos fundamentais, a Comissão apresentará, a partir de 2021, um novo relatório anual sobre a aplicação da Carta na UE, que analisará de forma mais aprofundada a aplicação da Carta nos Estados-Membros e fornecerá novas informações à Comissão para a avaliação da conformidade da legislação nacional com o direito da UE. O relatório anual adotará uma abordagem temática, centrada em domínios de relevância estratégica regidos pelo direito da UE. Sempre que pertinente, as questões abrangidas pelo âmbito de aplicação do direito da UE relacionadas com os direitos das pessoas pertencentes a minorias farão parte integrante do relatório temático, em especial no que diz respeito à aplicação do artigo 21.º 22.º da Carta.

Estes instrumentos representam um conjunto substancial de medidas que dão resposta aos objetivos definidos na proposta em apreço. Uma vez que estas iniciativas da UE são recentes, os efeitos e resultados concretos só serão visíveis nos próximos anos. A Comissão continuará totalmente empenhada em garantir a sua aplicação eficaz.

12 COM(2020) 625 final.

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2.2. Uma decisão ou um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho destinado a adaptar «os programas de financiamento, para facilitar o acesso aos mesmos por parte das pequenas línguas regionais e minoritárias».

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» consideram que os programas de financiamento existentes nos domínios da educação, da cultura, dos meios de comunicação social e da juventude e as medidas dos programas para incluir comunidades minoritárias são muito complexos e onerosos para as pequenas comunidades culturais e linguísticas. Além disso, os programas atuais ainda contêm critérios que excluem línguas minoritárias como, por exemplo, o programa de cultura.

Instrumentos em vigor e iniciativas futuras

No âmbito do programa Erasmus+, o apoio à aprendizagem de línguas e à diversidade linguística é um objetivo global. O Erasmus+ disponibiliza ações de mobilidade destinadas a alunos e professores e parcerias estratégicas destinadas a organizações, para a execução de projetos de línguas regionais e minoritárias, independentemente do estatuto dessas línguas nos Estados-Membros em causa. Para projetos de aprendizagem de línguas, o Erasmus+ está disponível para todas as línguas, sem qualquer distinção quanto ao estatuto da língua.

Os projetos Erasmus+ têm a possibilidade de abordar as línguas regionais e minoritárias menos faladas. O programa proposto para suceder ao Erasmus+ criará possibilidades para parcerias em pequena escala, o que facilitará o acesso das pequenas organizações, incluindo aquelas que promovem línguas regionais e minoritárias.

Foram criadas agências nacionais em todos os países participantes no programa Erasmus+. Através destas agências, as organizações que atuam no domínio das línguas regionais e minoritárias podem obter informações e assistência técnica para se candidatarem aos fundos do programa.

Do mesmo modo, o programa Europa Criativa destina-se a todos os candidatos localizados nos países participantes, sem qualquer tipo de discriminação. Ao abrigo deste programa, já existe a possibilidade de criar parcerias em pequena escala para projetos de cooperação, e propõe-se a sua continuação no futuro programa, com uma maior simplificação dos procedimentos. Setenta por cento do financiamento destina-se a micro organizações (menos de 10 funcionários) ou a pequenas organizações (menos de 50 funcionários).

Exemplos de projetos de cooperação que abrangem línguas minoritárias:

«Other Words – Literary Circuit for Small and Minority Languages» [Outras palavras – Circuito literário para as línguas minoritárias de menor difusão], um projeto que visa criar uma rede de estágios criativos para escritores europeus. Entre 2015 e 2019, a rede recebeu 200 000 EUR do programa Europa Criativa.

«Minority languages – good travelling companions» [Línguas minoritárias, bons companheiros de viagem]. Tratou-se de uma parceria escolar centrada nas línguas regionais ou minoritárias de Espanha, Itália e Bélgica. Entre 2015 e 2017, a parceria recebeu cerca de 80 000 EUR do programa Erasmus+, destinados a atividades.

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Estes e muitos outros exemplos de projetos financiados que promovem as línguas regionais ou minoritárias são analisados de forma mais exaustiva na brochura da Comissão intitulada «Linguistic diversity in the European Union – the case of regional and minority languages» [Diversidade linguística na União Europeia: o caso das línguas regionais e minoritárias]14.

Além disso, no âmbito do programa Europa Criativa, a iniciativa de tradução literária apoia especificamente a diversidade cultural e linguística na UE e nos países participantes, reforçando a difusão transnacional e a diversidade das obras literárias. O acesso a este regime está aberto a qualquer língua reconhecida nos países participantes. O programa Europa Criativa já financiou mais de 2 700 traduções, publicações e promoção de livros em mais de 40 línguas europeias, incluindo línguas minoritárias.

Os instrumentos de financiamento do novo Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 foram reformulados de modo a serem mais acessíveis e fáceis de utilizar. Tal inclui trabalhar no sentido de criar balcões únicos para os candidatos, através da rede de Centros de Informação Europa Criativa, em todos os Estados-Membros participantes. Os centros e a sua rede permitiriam o acesso de todas as organizações culturais e criativas à informação e à assistência técnica e a possibilidade de se candidatarem a todas as ações e iniciativas abrangidas pelo programa Europa Criativa, bem como a outras oportunidades de financiamento relevantes da UE. A Comissão formulará igualmente orientações suplementares e mais claras destinadas aos candidatos.

Após a adoção dos novos programas Erasmus+ e Europa Criativa, as agências nacionais responsáveis pela execução do programa Erasmus+ e a rede de Centros de Informação Europa Criativa poderão disponibilizar orientações suplementares, incluindo reuniões com representantes nacionais de pequenas comunidades culturais e linguísticas nacionais, a fim de os assistir, com apoio prático, na elaboração dos seus processos de candidatura a financiamento. Tal permitiria assegurar que os programas são acessíveis para as pequenas línguas regionais e minoritárias.

2.3. Uma decisão ou um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho destinado a criar um centro para a diversidade linguística que reforçará a consciência da importância das línguas regionais e minoritárias, promoverá a diversidade a todos os níveis e será essencialmente financiada pela União.

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» propõem a criação de centros para a diversidade linguística que se interliguem e coordenem entre si. Estes centros seriam financiados pela UE e mandatados para sensibilizar para a importância da diversidade linguística e da aprendizagem de línguas. A decisão de 2017 da Comissão15 (ver ponto 1

supra) registou o objeto da proposta como «um centro para a diversidade linguística». Iniciativas em curso: o Centro Europeu de Línguas Modernas do Conselho da Europa

14

Linguistic diversity in the European Union – the case of regional and minority languages. Serviço das Publicações da União Europeia, 2018.

15 Decisão (UE) 2017/652 da Comissão, de 29 de março de 2017, sobre a proposta de iniciativa de cidadania europeia intitulada «Minority SafePack — one million signatures for diversity in Europe» [C(2017) 2200].

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Os esforços da UE no sentido de aumentar a sensibilização para a importância da diversidade linguística, incluindo a utilização da língua gestual e a aprendizagem de línguas, estão orientados para as atividades que desenvolve em estreita cooperação com o Conselho da Europa, cuja Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias proporciona um quadro sólido para a sua ação neste domínio. Especificamente, o Centro Europeu de Línguas Modernas (CELM) do Conselho da Europa, que a Comissão Europeia apoia e com o qual coopera, funciona como um centro de competência para o ensino e a aprendizagem de línguas (designadamente, em salas de aula multilingues) e apoia o ensino na língua materna do aluno, incluindo nas línguas minoritárias.

A Comissão coopera com o CELM no âmbito de acordos comuns específicos, com o objetivo de melhorar a qualidade, a eficiência e a atratividade do ensino de línguas, bem como de elaborar exames e avaliações dos resultados da aprendizagem, estabelecendo assim progressivamente um quadro comum para os sistemas de avaliação nacionais baseados no Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (CEFR). Em 2021, a Comissão reservou 700 000 EUR para ações comuns com o CELM.

O CELM está a planear igualmente um conjunto de atividades ao abrigo do seu programa para 2020-2023, com incidência nos progressos e desafios das abordagens multilingues (pedagogias culturalmente adequadas, sensibilização para as línguas, ensino sensível à questão da língua, etc.). As línguas regionais e minoritárias estão plenamente incluídas nesta abordagem, e o CEML apoia o ensino e a aprendizagem dessas línguas em diferentes contextos nacionais. No próximo acordo de cooperação entre a Comissão Europeia e o CEML, que está a ser negociado, a Comissão estará atenta às necessidades da diversidade linguística. Por exemplo, poderá ser possível aprofundar os resultados da atual experimentação de políticas do Conselho da Europa relativas à abordagem multilingue para a inclusão educacional das crianças ciganas na escola. Tal poderia servir de ponte entre o novo Quadro estratégico da UE para a igualdade, a inclusão e a participação dos ciganos e as ações específicas do Conselho da Europa relacionadas com a língua.

A Comissão tem trabalhado no sentido de apoiar os Estados-Membros da UE na execução da Recomendação do Conselho de 201916, relativa a uma abordagem global do ensino e aprendizagem das línguas, e as línguas regionais ou minoritárias são frequentemente apresentadas como exemplos de boas práticas para a educação bilingue ou multilingue. Recentemente, têm surgido alguns sinais positivos do ressurgimento de algumas línguas regionais17.

A Comissão considera que o trabalho em estreita coordenação com o Conselho da Europa e o seu Centro Europeu de Línguas Modernas constitui uma forma eficaz de sensibilizar para a importância da diversidade linguística e da aprendizagem de línguas.

2.4. Um regulamento destinado a adaptar as disposições gerais aplicáveis às missões, aos objetivos prioritários e à organização dos fundos com finalidade estrutural, de forma a que neles sejam incluídas, enquanto objetivos temáticos, a proteção das minorias e a

16 Recomendação do Conselho, de 22 de maio de 2019, relativa a uma abordagem global do ensino e aprendizagem das línguas (2019/C 189/03).

17

https://nesetweb.eu/wp-content/uploads/2020/05/NESET_AR_2020_Future-of-language-education_Full-report.pdf.

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promoção da diversidade cultural e linguística, desde que as ações a financiar conduzam ao reforço da coesão económica, social e territorial da União.

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» propõem que os projetos relativos ao quadro legislativo aplicável aos fundos da Política de Coesão sejam concebidos de forma a que neles sejam incluídas a proteção das minorias e a promoção da diversidade cultural e linguística, com o objetivo global de reforçar a coesão económica, social e territorial.

Instrumentos em vigor e iniciativas em curso

Os fundos da Política de Coesão estão entre os maiores instrumentos de investimento da UE, tendo por objetivo combater as desigualdades sociais e territoriais em toda a Europa. O apoio inclui medidas que visam ajudar a integração de comunidades marginalizadas, de minorias étnicas, incluindo os ciganos, e de pessoas de origem migrante, para que estas possam participar plenamente em todos os aspetos da sociedade.

A proposta já está contemplada no quadro regulamentar aplicável à Política de Coesão, tendo na devida conta o princípio da não discriminação. No período de programação atual e pós-2020, os «princípios horizontais» estão incluídos nos regulamentos relativos à Política de Coesão. Estes exigem que todos os investimentos da UE promovam a igualdade de oportunidades para todos, sem discriminação das pessoas em razão, nomeadamente, da raça ou origem étnica. Além disso, no novo Regulamento Disposições Comuns para o período de 2021-2027, o requisito de não discriminação será reforçado, assegurando o respeito da Carta dos Direitos Fundamentais enquanto princípio horizontal e «condição favorável horizontal», aplicável a todos os domínios estratégicos. Tal significa que os Estados-Membros terão de garantir que existem mecanismos eficazes para assegurar a conformidade dos programas com a Carta, incluindo mecanismos de comunicação de informações ou o cancelamento do apoio em casos de incumprimento. A Comissão elaborou orientações com o objetivo de garantir a observância, por parte dos Estados-Membros, dos princípios da Carta18 na aplicação dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI), incluindo as suas disposições em matéria de não discriminação e diversidade linguística.

Além disso, para assegurar uma utilização eficaz e eficiente dos fundos, existem ou foram propostas várias outras condições favoráveis e respetivos critérios para a sua avaliação, a fim de manter um quadro de investimento propício. À semelhança do que aconteceu no período anterior, o período de programação 2021-2027 incluirá uma condição favorável temática específica, a saber, a existência de um quadro político estratégico nacional para a inclusão dos ciganos. Esta é uma condição prévia para utilizar os fundos ao investir no objetivo específico de promover a integração socioeconómica de comunidades marginalizadas, tais como os ciganos. Por exemplo, os critérios para o cumprimento da condição favorável dizem respeito à diversidade da população cigana, com particular atenção para os jovens, as crianças e as mulheres, a uma maior ênfase no combate à discriminação e ao «anticiganismo», à combinação entre a integração eficaz da inclusão dos ciganos em todos os domínios, a nível regional e local, e a consequente

18 Aviso da Comissão — Guia para assegurar o respeito da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia na aplicação dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento («FEEI»), C/2016/4384, JO C 269, 23.7.2016, p. 1.

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necessidade de cooperação entre todos os níveis de governação e à necessidade de mais medidas para eliminar a segregação.

No período de programação 2014-2020, foram afetados 21,5 mil milhões de EUR do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) ao apoio das prioridades de crescimento inclusivo (tais como o emprego, a inclusão social e a educação). Esta dotação inclui montantes afetados aos investimentos no desenvolvimento de infraestruturas e em equipamentos e acesso a serviços de emprego, educação, saúde, habitação e assistência social, incluindo com o objetivo de apoiar a integração socioeconómica de minorias étnicas e comunidades marginalizadas. Além disso, os fundos têm contribuído para reforçar a cooperação e o intercâmbio de experiências nestes temas. Os projetos financiados no período de programação 2014-2020 incluíram a promoção da coesão cultural através do desenvolvimento de novos métodos de ensino destinados a promover a sensibilização para o multilinguismo e para a cultura. Por exemplo, no âmbito do programa URBACT, nove cidades europeias criaram o projeto ROMA-NeT, com o objetivo de ajudar a melhorar a inclusão social e o desenvolvimento comunitário dos bairros ciganos. Enquanto rede transnacional de intercâmbio e aprendizagem, o projeto ROMA-NeT permitiu que as nove cidades europeias partilhassem as suas experiências, a fim de melhor compreender os valores europeus comuns na perspetiva da integração dos ciganos.

No período de programação 2014-2020, foram afetados 22,3 mil milhões de EUR a medidas de inclusão social ao abrigo do FSE, incluindo 1,5 mil milhões de EUR para a integração de comunidades marginalizadas, tais como os ciganos. Em Espanha, por exemplo, mais de 600 000 pessoas de origem estrangeira/migrante e outras minorias (incluindo comunidades marginalizadas, tais como os ciganos) beneficiaram de medidas do FSE. Estas medidas incluem orientação personalizada na procura de emprego, formação profissional para melhorar as perspetivas de encontrar um emprego, melhoria da alfabetização digital, apoio educacional, etc.

Enquanto principal instrumento da UE para investir nas pessoas e aplicar o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, o Fundo Social Europeu Mais (FSE+) apoiará e complementará as políticas dos Estados-Membros, conferindo-lhes valor acrescentado, com o objetivo de garantir a igualdade de oportunidades, o acesso ao mercado de trabalho, condições de trabalho equitativas, proteção social e inclusão. A proposta de regulamento que estabelece o FSE+ para o novo período de financiamento prevê requisitos e medidas suplementares para a igualdade e a não discriminação: todos os Estados-Membros têm a obrigação de adotar uma abordagem dupla, ou seja, 1) aplicar os princípios da não discriminação e da integração da igualdade de género em todas as fases de preparação, execução, acompanhamento e avaliação dos programas; e 2) apoiar ações específicas destinadas a promover estes princípios.

O «princípio da parceria» e o Código de Conduta Europeu sobre Parcerias19 estão a ser reforçados no quadro jurídico dos regulamentos relativos à Política de Coesão para 2021-2027. Estes preveem o envolvimento de parceiros relevantes no planeamento e na execução dos programas da Política de Coesão, ou seja, as autoridades regionais, locais, urbanas e outras autoridades públicas competentes, os parceiros económicos e sociais, os organismos que representam a sociedade civil, as organizações ambientais e os organismos responsáveis pela promoção da inclusão social, dos direitos fundamentais,

19

As disposições do Regulamento Delegado (UE) n.º 240/2014 continuam a ser aplicáveis em 2021-2027, em conformidade com o artigo 6.º, n.º 3, do Regulamento Disposições Comuns.

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dos direitos das pessoas com deficiência, da igualdade de género e da não discriminação. Podem incluir igualmente organismos que representam comunidades minoritárias. Tendo em conta que os fundos da Política de Coesão são executados em gestão partilhada, os Estados-Membros e as autoridades regionais e locais são responsáveis pela execução dos fundos e pelo cumprimento dos princípios horizontais.

O novo quadro legislativo proporcionará oportunidades significativas para apoiar as necessidades e os interesses das minorias. Em dezembro de 2020, o Parlamento Europeu e o Conselho chegaram a um acordo geral sobre os objetivos políticos dos regulamentos relativos à Política de Coesão para 2021-2027 e sobre o Regulamento Disposições Comuns. Prevê-se a continuidade do apoio dos fundos da UE no período pós-2020, através de um objetivo político específico, intitulado «Uma Europa mais social: aplicação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais». O Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) apoia a inclusão através de investimentos em infraestruturas, equipamentos e acesso a serviços de educação, emprego, habitação, sociais, de saúde e de acolhimento de crianças. Será dado destaque às medidas de integração de membros de comunidades marginalizadas, incluindo étnicas, em estreita cooperação com o apoio do FSE+.

2.5. Um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho destinado a alterar o regulamento relativo ao programa «Horizonte 2020», com a finalidade de melhorar a investigação sobre o valor acrescentado que as minorias nacionais e a diversidade cultural e linguística podem ter para o desenvolvimento social e económico nas regiões da UE.

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» propõem que o programa Horizonte 2020 dê prioridade à investigação dos desafios sociais, incluindo o papel das minorias nacionais e da diversidade cultural e linguística em relação às alterações demográficas, ao desenvolvimento económico e social transfronteiriço e ao seu impacto nas regiões da Europa.

Instrumentos em vigor e iniciativas em curso

Os investigadores e as instituições que trabalham com minorias nacionais e diversidade cultural e linguística beneficiaram de várias oportunidades de financiamento ao abrigo do programa Horizonte 2020, tais como os convites à apresentação de propostas, lançados segundo uma abordagem «ascendente», no âmbito das Ações Marie Skłodowska-Curie (MSCA) e do Conselho Europeu de Investigação (ERC). Os seguintes projetos constituem exemplos de projetos financiados ao abrigo deste programa: «Voices of Belonging» («Minority Identities, Language and Education in the Netherlands», MSCA, 2017-2021), COLING («Minority Languages, Major Opportunities. Collaborative Research, Community Engagement and Innovative Educational Tools», MSCA, 2018-2021), N-T-AUTONOMY («Non-Territorial Autonomy as Minority Protection in Europe: An Intellectual and Political History of a Travelling Idea, 1850-2000», ERC, 2018-2023), LaFS («Language, Families, and Society», MSCA, 2019-2021), YEELP («Youth Engagement in European Language Preservation, 1900-2020», ERC, 2019-2024) e «Speaking Freely» («Linguistic Domination, Republicanism and Federalism», MSCA, 2021-2023).

Foram igualmente disponibilizadas oportunidades de financiamento ao abrigo dos programas de abordagem «descendente» do pilar «Desafios Societais», nomeadamente,

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atividades de investigação sobre minorias no contexto da identidade europeia. O programa dedicado à investigação no domínio das ciências sociais e humanas, intitulado «A Europa num mundo em mudança – sociedades inclusivas, inovadoras e reflexivas» tem sido especialmente relevante. Os projetos financiados relevantes para as minorias incluíram os seguintes: EduMAP («Adult Education as a Means for Active Participatory Citizenship» 2016-2019), REACH («Re-designing access to CH for a wider participation in preservation, (re)use and management of European culture», 2017-2020), CHIEF («Cultural Heritage and Identities of Europe's Future», 2018-2021), IMPACTOUR («Improving Sustainable Development Policies and Practices to assess, diversify and foster Cultural Tourism in European regions and areas», 2020-2023). Outro dos projetos financiados ao abrigo do programa Horizonte 2020 é o ENGHUM («Engaged humanities in Europe: Capacity building for participatory research in linguistic-cultural heritage», 2016-2018). A Comissão Europeia lançou, em janeiro de 2021, um projeto financiado pelo Horizonte 2020 para um Centro de Competências para a preservação e conservação digitais do património cultural, que funcionará como uma infraestrutura virtual que prestará conhecimentos especializados, aconselhamento e serviços utilizando TIC de ponta, com especial destaque para a tecnologia 3D20.

O próximo programa-quadro de investigação e inovação (2021-2027), Horizonte Europa, abrange todos os domínios de investigação, proporcionando oportunidades de financiamento a investigadores e instituições, com o objetivo de promover a excelência científica, enfrentar os desafios sociais e gerar inovação. Os atos de base não são prescritivos, uma vez que apenas indicam as principais orientações da investigação nos diferentes domínios, não abordando os domínios de investigação específicos. Os convites à apresentação de propostas e os temas para promover a investigação em domínios específicos serão identificados nos programas de trabalho. No âmbito do segundo pilar «Desafios Globais e Competitividade Industrial Europeia» do programa Horizonte Europa, o agregado «Cultura, Criatividade e Sociedade Inclusiva» («agregado 2») pode proporcionar oportunidades de investigação de abordagem descendente que visem minorias nacionais ou culturais e a diversidade linguística, associadas ao desenvolvimento social e económico das regiões europeias e/ou no contexto da identidade europeia. Estas atividades de investigação podem ser executadas num ou mais domínios de intervenção deste agregado, a saber, democracia e governação, património cultural e transformações sociais e económicas. A investigação sobre minorias nacionais ou diversidade cultural e linguística pode ser realizada a partir de diferentes perspetivas e com recurso a metodologias pertencentes a diferentes áreas das ciências sociais e humanas.

O documento de orientações para a elaboração do primeiro plano estratégico do programa Horizonte Europa («Orientations towards the first Strategic Plan for Horizon Europe») estabelece claramente que as atividades de investigação e inovação no âmbito do «agregado 2» ajudarão a proteger as línguas como parte integrante do património cultural europeu. Refere especificamente que estas atividades contribuirão igualmente para a preservação das línguas ameaçadas de extinção. Neste contexto, é provável que, nos programas de trabalho do Horizonte Europa para este domínio, seja dada uma atenção significativa às atividades de investigação destinadas a salvaguardar as línguas minoritárias, regionais e locais e a promover a diversidade cultural e linguística na Europa e o desenvolvimento social e económico nas diferentes regiões europeias. Tal

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poderá envolver a participação de comunidades regionais e locais, universidades e organizações que trabalham no domínio das línguas minoritárias.

O programa Horizonte Europa integrará em todos os seus agregados uma dimensão intersetorial que tem em conta as necessidades de diferentes grupos sociais, incluindo as minorias étnicas e nacionais, em domínios como a saúde, a cultura, a segurança, a indústria digital, o clima e a agricultura. Por conseguinte, os projetos e resultados de investigação têm como objetivo criar um impacto social mais inclusivo e combater as desigualdades intersetoriais relacionadas com a etnia, o género, a idade, a religião, a classe ou outras categorias sociais.

Os investigadores e as instituições também poderão candidatar-se às oportunidades de investigação de abordagem «ascendente» que o novo programa-quadro Horizonte Europa disponibilizará no âmbito das Ações Marie Skłodowska-Curie (MSCA) e do Conselho Europeu de Investigação (ERC). Por conseguinte, a Comissão considera que, no próximo período de financiamento, estão previstas oportunidades de investigação importantes com o objetivo de apoiar a diversidade cultural e linguística.

2.6. A alteração da legislação da União para garantir uma quase igualdade de tratamento entre os apátridas e os cidadãos da União.

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» propõem uma alteração das diretivas para permitir a aproximação dos direitos dos apátridas de longa duração e respetivas famílias aos direitos dos cidadãos da UE. Solicitam uma extensão dos direitos de cidadania aos apátridas e respetivas famílias que tenham residido desde sempre no seu país de origem.

Instrumentos em vigor e iniciativas em curso

O artigo 67.º, n.º 2, do TFUE estabelece que, para efeitos do título V (o espaço de liberdade, segurança e justiça), os apátridas são equiparados aos nacionais de países terceiros.

O artigo 79.º do TFUE constitui a base jurídica para o desenvolvimento de uma política comum de imigração destinada a garantir, nomeadamente, um tratamento equitativo dos nacionais de países terceiros que residam legalmente nos Estados-Membros.

Desde 2003, foram adotadas várias diretivas que regulamentam os direitos de determinadas categorias de nacionais de países terceiros. Estas diretivas estabelecem o princípio de igualdade de tratamento entre os nacionais de países terceiros e os nacionais da UE em áreas importantes da vida, tais como o trabalho, a segurança social, o acesso a bens e serviços e a educação. Por força do artigo 67.º, n.º 2, do Tratado, estas diretivas também abrangem os apátridas.

A iniciativa «Minority SafePack» sugere que a Diretiva 2003/109/CE relativa aos residentes de longa duração seja alterada de forma a que os apátridas tenham acesso facilitado à obtenção do estatuto de residentes de longa duração e que beneficiem também de mais direitos (em comparação com os nacionais de países terceiros).

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A Comissão, no seu Novo Pacto em matéria de Migração e Asilo, adotado em 23 de setembro de 202021, anunciou que irá propor uma revisão da Diretiva 2003/109/CE, com o objetivo de criar um verdadeiro estatuto de residente de longa duração na UE, reforçando nomeadamente o direito dos residentes de longa duração de circular e trabalhar noutros Estados-Membros.

Análise

Dentro dos limites do disposto no artigo 67.º, n.º 2, do TFUE, poderá ser adotado um ato jurídico no domínio dos direitos dos nacionais de países terceiros que residam legalmente num Estado-Membro. Contudo, nesta fase, a Comissão não vê razões específicas para alterar a legislação em vigor, a fim de aproximar ainda mais os direitos dos nacionais de países terceiros dos direitos conferidos aos cidadãos da UE.

Ao mesmo tempo, podem ser adotadas outras medidas para dar resposta à situação específica dos apátridas, através de uma melhor aplicação da legislação existente ou de outros instrumentos, tais como o instrumento de financiamento em matéria de asilo, migração e integração, e, mais genericamente, através da política da UE relativa à integração dos migrantes.

Um importante instrumento neste domínio é o novo Plano de Ação global sobre a integração e a inclusão para 2021-2027, adotado pela Comissão em 24 de novembro de 202022. Este plano de ação abrange todos os nacionais de países terceiros que residam legalmente na UE , bem como os cidadãos da UE que tenham uma origem migrante através dos seus familiares e das sociedades de acolhimento. A execução do plano de ação terá em conta a situação dos apátridas e dos cidadãos da UE pertencentes a minorias nacionais, em especial, a sua necessidade de serem mais bem integrados na sociedade através de melhores oportunidades de emprego, educação e inclusão social. As medidas do plano de ação serão financiadas pelo novo Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração para o período de programação 2021-2027, bem como pelo FSE+ e o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

2.7. Um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho para introduzir um direito de autor uniforme que permita considerar toda a União um mercado interno em matéria de direitos de autor.

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» propõem a criação de um direito de autor europeu uniforme que permita considerar toda a UE um mercado único em matéria de direitos de autor. Esta solução conduziria à eliminação dos obstáculos em matéria de concessão de licenças na União e permitiria às pessoas pertencentes a minorias nacionais acederem a conteúdos em condições de igualdade com os cidadãos do Estado-Membro em que o serviço é prestado.

22

COM(2020) 758 final. 22 COM(2020) 758 final.

(16)

Análise

O artigo 118.º do TFUE proporciona uma base jurídica para a criação de títulos europeus, a fim de assegurar uma proteção uniforme dos direitos de propriedade intelectual na União.

Já houve uma harmonização significativa dos direitos de autor, tendo por base, nomeadamente, os artigos 53.º, n.º 1, 62.º e 114.º do TFUE. Em especial, as últimas medidas adotadas em 2019 representam um passo significativo para encontrar resposta às preocupações dos organizadores da iniciativa «Minority SafePack».

Instrumentos em vigor e iniciativas em curso

Nos últimos anos, foram adotados vários instrumentos legislativos para modernizar o quadro de direitos de autor da UE. Uma das metas consiste em facilitar o acesso a conteúdos além-fronteiras, bem como eliminar os obstáculos que limitam o acesso a conteúdos culturais e linguísticos diversificados. Estes instrumentos oferecem soluções para atenuar as dificuldades de apuramento dos direitos de concessão de licenças necessários para disponibilizar conteúdos além-fronteiras:

 A Diretiva (UE) 2017/1564 e o Regulamento (UE) 2017/1563, que aplicam o Tratado de Marraquexe na UE, facilitam o acesso, por parte das pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades de acesso a textos impressos, a livros e outros materiais impressos de toda a União Europeia, disponibilizados em formatos acessíveis, e o seu intercâmbio com o resto do mundo.

 A Diretiva relativa às transmissões e retransmissões em linha dos organismos de radiodifusão (Diretiva (UE) 2019/789) visa proporcionar aos europeus uma escolha mais ampla de programas de televisão e de rádio provenientes de outros Estados-Membros, de particular importância para as minorias linguísticas. A diretiva contribuirá para aumentar a disponibilidade transfronteiras de programas de televisão e rádio, simplificando o apuramento dos direitos para certos serviços em linha e serviços de retransmissão dos organismos de radiodifusão. Os Estados-Membros têm de transpor as novas regras previstas na diretiva até 7 de junho de 2021.

 O Regulamento relativo à portabilidade transfronteiriça dos serviços de conteúdos em linha (Regulamento (UE) 2017/1128), permite que os consumidores que adquiram ou assinem serviços de conteúdos em linha, com o intuito de ver filmes ou eventos desportivos, ouvir música, transferir livros eletrónicos e jogar jogos, continuem a aceder a esses serviços quando viajam noutros países da UE. Foi lançado um estudo com vista à elaboração de um relatório sobre a execução do «Regulamento Portabilidade».

• A Diretiva relativa aos direitos de autor no mercado único digital (Diretiva (UE) 2019/790) inclui medidas que irão simplificar a concessão de licenças e facilitar o acesso a conteúdos. Introduz, nomeadamente, um mecanismo jurídico que facilitará às instituições responsáveis pelo património cultural a digitalização e disponibilização

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além-fronteiras de «obras fora do circuito comercial»23 que possuem nas suas coleções. Inclui igualmente um mecanismo de negociação para facilitar o licenciamento de obras audiovisuais em plataformas de vídeo a pedido. Por último, moderniza as regras da UE aplicáveis a limitações e exceções fundamentais nos domínios do ensino, da investigação e da conservação do património cultural, centrando-se, em especial, nas utilizações digitais e transfronteiriças. Esta diretiva também tem de ser transposta até 7 de junho de 2021.

A Comissão continuará a acompanhar e a garantir a correta aplicação destes instrumentos. No caso da Diretiva (UE) 2019/789 e da Diretiva (UE) 2019/790, que têm de ser transpostas até junho de 2021, a Comissão está a assistir os Estados-Membros no sentido de garantir uma transposição atempada e eficaz para uma aplicação efetiva das diretivas. Após a conclusão da transposição, a Comissão analisará eventuais problemas de aplicação. As partes afetadas poderão colocar esses problemas à consideração da Comissão.

No que respeita a um possível único título de direito de autor e à plena harmonização do direito de autor, tendo em conta a recente modernização das normas da UE em matéria de direito de autor e as regras específicas adotadas para facilitar o acesso a conteúdos, conforme descrito acima, a Comissão considera que estas vertentes de trabalho constituem uma importante resposta política às preocupações dos organizadores da iniciativa «Minority SafePack».

Outro instrumento importante é o Regulamento relativo ao bloqueio geográfico (Regulamento (UE) 2018/302), que visa prevenir o bloqueio geográfico injustificado baseado na nacionalidade, no local de residência ou no local de estabelecimento dos clientes no mercado interno. Este regulamento não se aplica aos conteúdos audiovisuais e só se aplica parcialmente a outros tipos de conteúdos protegidos por direitos de autor (música, livros eletrónicos, jogos/software). Em dezembro de 2020, a Comissão publicou uma revisão do regulamento24, na qual avaliou o impacto do alargamento das regras em matéria de bloqueio geográfico aos serviços em linha que dão acesso a conteúdos protegidos por direitos de autor (audiovisuais e não audiovisuais). O relatório destaca os potenciais benefícios para os consumidores europeus resultantes da disponibilidade de uma escolha mais ampla de conteúdos além-fronteiras, caso o âmbito de aplicação do regulamento fosse alargado de forma a abranger os conteúdos audiovisuais. O relatório conclui ainda que o potencial impacto desse alargamento na dinâmica global do setor audiovisual necessita de uma avaliação mais aprofundada. Por estes motivos, e no âmbito do plano de ação para os meios de comunicação social25, a Comissão iniciará um diálogo com as partes interessadas do setor audiovisual, a fim de debater formas concretas de promover a circulação de conteúdos audiovisuais na UE, bem como de melhorar o acesso dos consumidores a esses conteúdos, antes de ponderar a adoção de medidas de acompanhamento.

2.8. Uma alteração da Diretiva 2010/13/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 10 de março de 2010, relativa à coordenação de certas disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-Membros respeitantes à oferta de serviços

23 A expressão «obras fora do circuito comercial»» refere-se a livros, filmes e outras obras que ainda estão protegidos por direitos de autor, mas que já não se encontram no circuito comercial.

24

Primeira avaliação a curto prazo do Regulamento relativo ao bloqueio geográfico. COM(2020) 766. 25 COM(2020) 784 final.

(18)

de comunicação social audiovisual, para garantir a livre prestação de serviços e a receção de conteúdos audiovisuais nas regiões em que residem minorias nacionais.

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» propõem uma alteração para garantir a livre prestação de serviços e a livre receção de conteúdos audiovisuais (serviços de radiodifusão analógica/digital e serviços a pedido, por via terrestre e por satélite) nas regiões em que residem minorias nacionais.

Análise

A circulação de conteúdos audiovisuais tem uma importância crescente para a sociedade e é relevante para a liberdade de informação e para a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação social, bem como para a promoção da educação e da cultura. A Diretiva «Serviços de Comunicação Social Audiovisual»26 (AVMSD) baseia-se no «princípio do país de origem», que garante que os prestadores apenas têm de observar as regras do seu Estado-Membro de jurisdição e não as de vários países. Assim, os governos da UE não podem impor restrições a serviços de comunicação social audiovisual com origem noutros Estados-Membros, se esses serviços cumprirem as regras da Diretiva no Estado-Membro de origem.

A Diretiva AVMSD facilita a circulação transfronteiriça de serviços audiovisuais e assegura a existência de regras mínimas harmonizadas de interesse público geral (p. ex., proteção de menores, promoção de obras europeias, publicidade, etc.). No entanto, não abrange questões em matéria de retransmissão relacionadas com direitos de autor.

Instrumentos em vigor e iniciativas em curso

No que respeita ao «princípio do país de origem», a Diretiva AVMSD revista estabelece com maior clareza qual o Estado-Membro cujas regras são aplicáveis, harmoniza os mesmos procedimentos de derrogação para os organismos de radiodifusão e os fornecedores de serviços a pedido, e introduz possibilidades de derrogações em caso de problemas de segurança pública e riscos graves para a saúde pública. A data-limite para a sua transposição era 19 de setembro de 2020.

Com a diretiva revista, certas regras aplicáveis aos conteúdos audiovisuais (p. ex., em matéria de publicidade, proteção de menores, proteção do público em geral contra o incitamento à violência ou ao ódio e o incitamento público à prática de infrações terroristas) são alargadas às plataformas de partilha de vídeos. Importa notar que a Diretiva AVMSD revista também reforçou a promoção de obras europeias, garantindo

que os fornecedores de vídeo a pedido (como a Netflix, a Amazon, etc.) contribuem ativamente para o objetivo de promover a diversidade cultural na UE, disponibilizando uma quota mínima de 30 % de obras europeias nos seus catálogos e garantindo-lhes uma

posição proeminente27. Nas orientações relativas ao cálculo da percentagem de obras

26 Diretiva 2010/13/UE, com a alteração que lhe é dada pela Diretiva (UE) 2018/1808, de 14 de novembro de 2018.

27

A obrigação dos organismos de radiodifusão de TV garantirem uma percentagem maioritária de obras europeias nos seus tempos de transmissão mantém-se inalterada.

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europeias28, a Comissão considerou que este objetivo de diversidade cultural só pode ser efetivamente atingido se a quota de 30 % de obras europeias for assegurada em cada um dos catálogos nacionais oferecidos pelos fornecedores de VOD multinacionais. Será assim garantido que os telespetadores em cada Estado-Membro no qual o fornecedor oferece catálogos nacionais tenham a exposição necessária a obras europeias. Esta abordagem apresenta também a vantagem de ser suscetível de incentivar a circulação e a disponibilidade de obras europeias em toda a União.

A Comissão acompanhará regularmente a aplicação das regras relativas à promoção de obras europeias, com base nos relatórios dos Estados-Membros e num estudo independente.

Por conseguinte, embora a Diretiva AVMSD facilite a livre circulação de conteúdos audiovisuais através do «princípio do país de origem» e da abordagem de «harmonização mínima», a disponibilidade transfronteiriça de conteúdos audiovisuais pode ser afetada por razões que ultrapassam o âmbito de aplicação da referida diretiva, tais como os direitos de propriedade intelectual, a disponibilidade de recursos técnicos ou considerações de natureza comercial/financeira.

Este quadro legislativo proporciona um enquadramento de apoio substancial aos objetivos dos organizadores da iniciativa «Minority SafePack». Tendo em conta a recente revisão da Diretiva AVMSD, não está prevista nenhuma iniciativa legislativa suplementar num futuro próximo. No entanto, a Comissão continuará a acompanhar a aplicação geral da mesma:

 Até 19 de dezembro de 2022 e, em seguida, de três em três anos, a Comissão apresentará ao Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité Económico e Social Europeu um relatório sobre a aplicação da Diretiva AVMSD;

 O mais tardar, até 19 de dezembro de 2026, a Comissão deve apresentar ao Parlamento Europeu e ao Conselho uma avaliação ex post do impacto da Diretiva AVMSD e do seu valor acrescentado, acompanhada, se for caso disso, de propostas de revisão da mesma.

2.9. Um regulamento ou uma decisão do Conselho com vista a uma isenção, por categorias, para projetos que promovam as minorias nacionais e respetiva cultura, com fundamento no artigo 108.º, n.º 2, do TFUE.

Finalidade pretendida

Os organizadores da iniciativa «Minority SafePack» solicitam uma isenção, por categorias, para atividades que promovam as minorias nacionais e respetiva cultura. Solicitam uma isenção que tenha igualmente em conta a promoção das línguas e da diversidade regional e respeite os direitos das pessoas pertencentes a minorias.

Regras atuais

28 Comunicação da Comunicação – Orientações nos termos do artigo 13.º, n.º 7, da Diretiva Serviços de

Comunicação Social Audiovisual sobre o cálculo da percentagem de obras europeias em catálogos a pedido e sobre a definição de baixas audiências e de baixo volume de negócios (2020/C 223/03).

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Quando o financiamento é concedido a pessoas que não exercem uma atividade económica ou quando o projeto em causa não afeta o comércio entre os Estados-Membros, o financiamento não constitui um auxílio estatal na aceção do artigo 107.º, n.º 1, do TFUE.

O artigo 53.º (auxílios à cultura e conservação do património até 75 milhões de EUR ou 150 milhões de EUR por ano) e o artigo 54.º (regimes de auxílio a obras audiovisuais até 50 milhões de EUR por ano) do Regulamento (UE) n.º 651/2014 da Comissão, de 17 de junho de 2014, em conjugação com o artigo 4.º, n.º 1, alíneas z) e aa), do mesmo regulamento, declaram certas categorias de auxílios compatíveis com o mercado interno, em aplicação dos artigos 107.º e 108.º do Tratado, desde que preencham determinadas condições.

O artigo 2.º, n.º 1, alínea a), no que respeita ao financiamento até um montante anual de 15 milhões de EUR e/ou o artigo 2.º, n.º 1, alínea c), no que respeita aos cuidados e inclusão social de grupos vulneráveis, juntamente com outras condições pertinentes estabelecidas na Decisão 2012/21/UE da Comissão, de 20 de dezembro de 2011, relativa à aplicação do artigo 106.º, n.º 2, do TFUE aos auxílios estatais sob a forma de compensação de serviço público concedidos a certas empresas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral, preveem um potencial adicional para apoiar os direitos das pessoas pertencentes a minorias e a respetiva cultura.

O financiamento até 200 000 EUR durante um período de três exercícios financeiros para qualquer projeto é considerado um auxílio de minimis nos termos do Regulamento (UE) n.º 1407/2013 da Comissão, de 18 de dezembro de 2013, relativo à aplicação dos artigos 107.º e 108.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia aos auxílios de

minimis.

O financiamento até 500 000 EUR durante um período de três exercícios financeiros concedido a empresas que prestam serviços de interesse económico geral nos termos do Regulamento (UE) n.º 360/2012, de 25 de abril de 2012, relativo à aplicação dos artigos 107.º e 108.º do TFUE, é igualmente considerado um auxílio de minimis concedido a empresas que prestam serviços de interesse económico geral.

As medidas que cumprem as condições acima estão isentas da obrigação de notificação à Comissão por parte do Estado-Membro em causa. Embora a Comissão considere que as atuais regras em matéria de auxílios estatais parecem suficientemente flexíveis para responder às necessidades do pedido apresentado pelos organizadores da iniciativa «Minority SafePack», nomeadamente, a isenção da notificação à Comissão de projetos que promovam as minorias nacionais e respetiva cultura, está sempre disponível para fornecer orientações aos Estados-Membros.

Orientações em curso

A Comissão mantém a sua disponibilidade para fornecer orientações, nos casos em que os Estados-Membros tenham dificuldade em tornar as suas medidas destinadas a promover os direitos das pessoas pertencentes a minorias nacionais e respetiva cultura compatíveis com as regras em vigor em matéria de auxílios estatais.

3. CONCLUSÃO

A inclusão e o respeito pela riqueza da diversidade cultural da Europa são uma das prioridades e objetivos da Comissão Europeia. A Comissão está empenhada em continuar a prestar apoio político e financiamento a este respeito.

(21)

Tendo em conta as competências que lhe foram atribuídas, bem como as iniciativas em vigor e em curso adotadas nos últimos anos que dão resposta a certos aspetos das propostas da iniciativa de cidadania,inicialmente apresentada em 2013, a Comissão considera que pode dar seguimento à iniciativa em vários domínios.

3.1 No que respeita à proposta específica (ver proposta 2.1 supra) de uma recomendação do Conselho relativa à proteção e à promoção da diversidade cultural e linguística na União.

 A Comissão acompanhará de perto a aplicação de uma série de iniciativas da UE adotadas desde 201729 que incluem aspetos mencionados na iniciativa de cidadania. A ambição prioritária de criar um Espaço Europeu da Educação deve apoiar os Estados-Membros na concretização dos objetivos das recomendações conexas, nomeadamente, a promoção de valores comuns, da educação inclusiva e de escolas conscientes da importância das línguas.

 A Comissão regista também que o quadro estratégico da UE para a igualdade, a inclusão e a participação dos ciganos de 2020-2030 e a proposta de recomendação do Conselho relativa à igualdade, à inclusão e à participação dos ciganos (atualmente em análise pelo Conselho) promoverão a (sensibilização para a) arte, a história e a cultura ciganas, bem como a inovação social e a experimentação de políticas orientadas para os ciganos.

 Tendo em conta o que precede, a Comissão considera que não é necessário qualquer ato jurídico adicional.

3.2 No que respeita à proposta (ver proposta 2.2. supra) de uma decisão ou de um regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho destinado a adaptar «os programas de financiamento, para facilitar o acesso aos mesmos por parte das pequenas línguas regionais e minoritárias»,

 A Comissão obseva que no seguimento da recente adoção dos novos programas Erasmus+ e Europa Criativa, as agências nacionais responsáveis pela execução do programa Erasmus+ e a rede de Centros de Informação Europa Criativa devem organizar reuniões com representantes nacionais de pequenas comunidades culturais e linguísticas nacionais, a fim de os assistir, com orientações práticas, na elaboração dos seus processos de candidatura a financiamento. Devem ser envidados mais esforços no sentido de criar balcões únicos para os candidatos, através da rede de Centros de Informação Europa Criativa, estabelecidos nos países participantes nos programas. Os centros e a sua rede permitiriam o acesso de todas as organizações culturais e criativas a informações e assistência técnica e a possibilidade de se candidatarem a todas as ações e iniciativas abrangidas pelo programa Europa Criativa, bem como a outras oportunidades de financiamento da UE, que possam ser pertinentes para estas organizações. A Comissão formulará igualmente orientações suplementares e mais claras, o que facilitará o acesso aos programas de financiamento por parte das pequenas línguas regionais e minoritárias.

29 Recomendação do Conselho relativa à promoção de valores comuns, da educação inclusiva e da dimensão europeia do ensino (2018/C 195/01); Recomendação do Conselho relativa a uma abordagem global do ensino e aprendizagem das línguas (2019/C 189/03); Comunicação da Comissão intitulada «Concretizar o Espaço Europeu da Educação até 2025» [COM(2020) 625].

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