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Moraes, Mauricio de 1; Rodrigues, Rubens 2; Barr, Robert 3; Ono, Nelson K 4; Milani, Carlo 5

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ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA

EM PACIENTES COM MENOS DE 65 ANOS DE IDADE SUBMETIDOS À ARTROPLASTIA TOTAL DO QUADRIL METAL-METAL DE SUPERFÍCIE

(“RESURFACING”)

Moraes, Mauricio de 1; Rodrigues, Rubens 2; Barr, Robert 3; Ono, Nelson K 4; Milani, Carlo 5

RESUMO

Objetivo - Demonstrar se houve melhora na qualidade de vida dos pacientes que foram analisados, nos quais foi implantada uma prótese metal-metal de superfície, descrita na literatura de língua inglesa como “resurfacing”.

Material e métodos- Vinte e quatro pacientes (25 quadris) abaixo de 65 anos de idade, com etiologias variadas, foram submetidos à artroplastia total do quadril. Todos os pacientes foram estudados e analisados por meio de avaliações clínicas. Foram utilizados critérios clínicos específicos e genéricos, com avaliações no pré e pós-operatório. Utilizou-se, como critério específico, a avaliação para o quadril de D’Aubigné e Postel e, como critério genérico de avaliação, o questionário SF-36 (qualidade de vida). O seguimento mínimo foi de 12 meses.

Resultados- 92,00% dos resultados clínicos foram satisfatórios no pós-operatório. Estatisticamente, houve significância (p<0,001) pelo teste t pareado, comparando os resultados da dor, marcha e mobilidade no pré e pós-operatório. Com relação à qualidade de vida analisada pelo SF-36, obtiveram-se resultados nos domínios que variaram de 82,20 à 93,00 em escala de zero à 100. Teste de correlação entre os critérios genéricos e específicos demonstrou significância estatística apenas para a variável DOR (Spearman).

Conclusão- A qualidade de vida nos pacientes estudados, submetidos à artroplastia total do quadril melhorou, baseada nos critérios analisados.

Descritores - Artroplastia total do quadril. Qualidade de vida. Humanos.

1. Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Fundação do ABC, membro titular da SBOT

2. Membro titular da SBOT e da Sociedade Brasileira do Quadril 3. Membro titular da SBOT

4. Doutor em Medicina, Prof. associado da disciplina de doenças do aparelho locomotor da Faculdade de Medicina do ABC

5. Livre-docente, Titular da disciplina de doenças do aparelho locomotor da Faculdade de Medicina do ABC

Trabalho apresentado para a obtenção de titulo de Mestre em Ciências da Saúde na Faculdade de Medicina do ABC (2006)

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ABSTRACT

Background- This study was performed to demonstrate the improvement of quality of life, in patients younger than 65 years, who were subjected to total hip replacement.

Patients and Methods- Twenty four patients (25 hips) from different etiologies, between 21 and 65 years old were subjected to total hip replacement. All the patients were studied clinically and statistically. The author performed clinical evaluations, specific and generic, before and after surgery. The specific criteria applied was the D’Aubigné and Postel classification and as a generic criteria, the questionnaire SF-36 (quality of life) was chosen. The minimum follow-up was 12 months (12 months to 40 months).

Results- The quality of life was increased both clinically and statistically. 92,00% of the patients studied were satisfied during the pos-surgical period.The author applied t-paired test with significance (p<0,001) according to the following criteria: pain, walking capability, and range of motion, before and after surgery. SF-36 showed results between 82,20 to 93,00, using scale variation of 0 to 100. The correlation test (Spearman) was applied between generic and specific criteria and showed significance only in the variable PAIN.

Conclusion-The author concluded that the quality of life in those patients, who were subjected to total hip replacement was improved.

Key-words - Total hip replacement. Quality of life. Human.

INTRODUÇÃO

A artroplastia total do quadril é um dos procedimentos cirúrgicos ortopédicos mais bem sucedidos e, nos indivíduos com grande limitação de deambulação devido ao desarranjo desta articulação, produz alívio da dor, ganho de mobilidade, possibilitando o retorno às atividades da vida diária.(1,2)Estudos neste sentido demonstraram uma durabilidade superior a 20 anos, aliada a bons resultados funcionais em pacientes submetidos à artroplastia total do quadril. (2,3,4)

Entretanto esta durabilidade constitui um desafio e, de uma forma geral, tem sido influenciada pelo fator idade, ou seja, na população abaixo de 65 anos que tem um perfil biológico mais jovem, provavelmente pela solicitação dos componentes que poderiam levar à sua soltura precoce. (5,6)

Os modernos desenhos e técnicas das próteses do quadril devem suprir as nossas expectativas, não só nos indivíduos mais jovens (abaixo dos 65 anos) como nos de faixas etárias maiores. (7,8)

Esta necessidade deve-se ao fato da expectativa média de vida da população estar em uma curva ascendente e refletir diretamente na sua qualidade de vida após estes tipos de intervenção.

A qualidade de vida, como objetivo principal, com parâmetros bem estabelecidos, tem sido analisada na área médica geral, porém na ortopedia o foi de maneira tímida. A sensação de bem estar, melhoria do humor, do estado geral e do dia a dia como um todo, devem ser analisadas no contexto do resultado final.

O objetivo deste estudo foi demonstrar se houve melhora na qualidade de vida dos pacientes que foram analisados, nos quais foi implantada uma prótese metal-metal de superfície, descrita na literatura de língua inglesa como “resurfacing”. Utilizou-se dois métodos de análise, um específico, pela avaliação clínica de D’Aubigné e Postel modificada por Charnley em 1972 (3,9) e outro, genérico, pelo questionário de qualidade de vida (SF-36). (10)

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MATERIAL E MÉTODOS

No período de 2002 a 2005, no Centro de Traumatologia e Ortopedia do Hospital Bandeirantes de São Paulo, 31 pacientes (33 quadris - 2 bilaterais) foram submetidos à artroplastia total do quadril tipo “resurfacing”.Todos foram acompanhados por pelo menos 12 meses após a cirurgia (variando de 12 a 51 meses).

Dois foram perdidos durante o seguimento, dois foram submetidos a artroplastia total convencional, quatro foram submetidos à revisão da artroplastia (dois por soltura asséptica e dois por soltura séptica), em menos de 12 meses, sendo excluídos.Tal fato ocorreu, pela necessidade do questionário SF-36 comparar o estado físico atual com o de 12 meses anteriores, podendo gerar viés na análise comparativa dos dados.

Desta forma, 24 pacientes (25 quadris – 1 bilateral), apresentando etiologias variadas, foram avaliados (tabela 1).Todos os pacientes incluídos no estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A média de idade dos pacientes foi de 54,40 anos.(variando de 21 a 65 anos)Os critérios de inclusão e exclusão estão relacionados no quadro 1.

Quadro 1 – Critérios de inclusão e exclusão dos pacientes Critérios de inclusão Critérios de exclusão Seguimento mínimo de 12 meses Artroplastia total convencional Etiologias: osteoartrose, seqüela de displasia,

seqüela de osteonecrose e artrite reumatóide ou artrose pós-traumática

Soltura asséptica /séptica (< 12 meses)

Pacientes ativos Não localização

Tabela 1 – Distribuição dos 25 quadris segundo as etiologias

Tipo N %

Osteoartrose Seqüela de osteonecrose

Seqüela de Displasia Congênita do Quadril Artrose pós-traumatica (fratura luxação do quadril)

Doença Inflamatória (artrite reumatóide)

14 5 1 4 1 25 56,00 20,00 4,00 16,00 4,00 100,00

14 pacientes eram do sexo masculino (1 bilateral ) e 10 do feminino.O lado predominantemente acometido foi o direito(14 quadris).

Análise clínica: no pré- operatório e no período pós- operatório pelos critérios de D’Aubigné e Postel (9) com seguimento mínimo de 12 meses (pós-operatório). Estes critérios levam em consideração a dor, a marcha (capacidade de deambular) e a mobilidade do quadril. Cada item é graduado de 1 a 6, sendo 6 o valor normal. Para a análise estatística dos resultados clínicos, utilizamos a metodologia de Ono el al (11,12,13), partindo da pontuação obtida seguindo os critérios de D’Aubigné e Postel (9), sendo satisfatório (igual ou maior do que 5 com relação à dor e à marcha e maior do que 4 com relação à mobilidade articular) e insatisfatório com valores inferiores aos anteriores.Os pacientes foram avaliados no pós- operatório pelos critérios de D’Aubigné e Postel (9) e o Questionário SF-36 (qualidade de vida) com seguimento mínimo de 12 meses. (10) Constitui-se de 36 itens, avaliando Saúde Física e Saúde Mental divididos em oito partes, sendo: Saúde Física (aspectos físicos-4 itens, capacidade funcional-10 itens, dor-2 itens, estado geral de saúde-5 itens) e, Saúde Mental (aspectos emocionais-3 itens, aspectos sociais-2 itens, saúde mental-5 itens,

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vitalidade-4 itens). Uma questão comparando saúde atual com a de um ano passado.(não entra na somatória dos pontos). Confere pontuações de zero a 100 pontos

Nas tabelas 2,3 e 4, estão relacionados os resultados da avaliação da dor, marcha e mobilidade, de acordo com a metodologia adotada.

Tabela 2 – Distribuição dos quadris segundo a avaliação da dor, de acordo com os critérios adotados, no período pré-operatório

Grau Características da dor Nº de quadris

1 2 3 4 5 6 Intensa e espontânea Intensa ao deambular

Tolerável com atividade limitada Após atividade,desaparece com repouso

No inicio da marcha, diminuindo com atividade Ausência da dor 2 7 16 - - - Total 25

Tabela 3 – Distribuição dos quadris segundo a avaliação da marcha, de acordo com os critérios adotados, no período pré-operatório

Grau Características da marcha N° de

quadris 1 2 3 4 5 6

Poucos metros ou acamado, usa duas muletas

Limitado em tempo e distancia, com ou sem bengala Limitada com bengala, tolera ortostatismo prolongado Longa distancia com bengala

Claudicante sem necessidade de bengala Normal - 3 10 10 2 - Total 25

Tabela 4 – Distribuição dos quadris, segundo a avaliação da mobilidade, de acordo com os critérios adotados, no período pré-operatório

Grau Características da mobilidade (°) N° de quadris 1 2 3 4 5 6 0 a 30 31 a 60 61 a 100 101 a 160 161 a 210 211 a 260 - 1 5 16 3 - Total 25

Para avaliação estatística foi feita a análise descritiva de todas as variáveis do estudo. As variáveis qualitativas foram apresentadas em termos de seus valores absolutos e relativos, e as variáveis quantitativas em termos de seus valores de tendência central e de dispersão. Para se comparar dor, marcha e mobilidade no pré e pós-operatório foi utilizado o Teste t pareado. Realizou-se análise prévia por Teste de Kolmogorov-Smirnov Levene. Aplicou-se,

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também, o teste de Spearman, realizando correlação entre todas as variáveis, tanto do instrumento genérico aplicado quanto do especifico. O intuito foi de verificar possíveis relações entre as variáveis.(SF-36 entre si e com dor, mobilidade e marcha no pré e pós- operatório). O teste de Spearman é não paramétrico. O nível de correlação significativa foi de 5% ou 0,05. (14,15,16,17)

Nos 25 quadris utilizou-se prótese de superfície (“resurfacing”) metal-metal modelo Cormet híbrida (Corin-Group/Reino Unido) (figura 2), com cimentação do componente femoral e colocação do componente acetabular por pressão (“press-fit”).

Figura 2 – Prótese modelo “resurfacing”

A via de acesso foi a ântero-lateral (Hardinge modificada), com luxação anterior da cabeça femoral.

Os pacientes foram estimulados a dar carga parcial com muletas no segundo dia pós-operatório, tendo recebido alta hospitalar entre o quarto e o 14º dia (média de 5,20 dias). Exercícios ativos e carga progressiva foram realizados até a terceira semana, iniciando carga total. Após a quarta semana foram orientados a utilizar bengala, conforme quadro álgico. O retorno aos esportes de baixo impacto foi liberado, naqueles que o praticavam, após doze semanas (três meses). Os controles por radiografia simples, nas posições de frente e perfil, foram realizados no primeiro, terceiro, sexto e décimo-segundo mês do pós-operatório. Após o primeiro ano, foram realizados controles radiográficos anuais.

RESULTADOS

Com a utilização do questionário especifico de D’Aubigné e Postel (9) com análise baseada em Ono et al (11) , obtivemos os resultados, conforme tabela 5.

Tabela 5 – Resultados no pós-operatório pelos critérios de D’Aubigné e Postel N % Satisfatório Insatisfatório 23 2 92,00 8,00 Total 25 100,00

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Foram analisados, estatisticamente, os resultados baseados no escore de D’Aubigné e Postel (9) , pelo teste t-pareado, mostrando significância (p<0,001). Utilizados os graus de dor, marcha e mobilidade antes da cirurgia e no pós-operatório mínimo de 12 meses.Com relação ao questionário genérico SF-36(10), onde os domínios estudados variam de zero a 100 pontos, a qualidade de vida foi tanto maior quanto mais próxima de 100 pontos.

No teste de correlação não paramétrico (Spearman) o domínio DOR(SF-36) apresentou correlação significativa com todos os outros domínios do SF-36 (excetuando-se para com o domínio saúde mental) e com DOR no pós-operatório (D’Aubigné e Postel) (9).A análise total dos resultados é mostrada nas tabelas 6 e 7.

Tabela 6 - Análise descritiva para os critérios de D’Aubigné e Postel, no pré-operatório e no pós-operatório Pré-operatório Pós-operatório p-value Dor µ ± dp mediana min-max 2,48(2,35-2,61) 3,00 1-3 5,48(536,-5,60) 5,00 4-6 p<0,001 Marcha µ ± dp mediana min-max 3,48(3,31-3,64) 3,00 2-5 5,16(5,08-5,23) 5,00 4-6 p<0,001 Mobilidade µ ± dp mediana min-max 3,84(3,70-3,98) 4,00 2-5 5,40(5,30-5,50) 5,00 5-6 p<0,001

µ= média; dp= desvio padrão; max= valor máximo;min= valor mínimo Tabela 7 – Análise descritiva para os domínios do SF-36 no pós-operatório mínimo de 12

meses

DISCUSSÃO

Apesar da melhoria nas técnicas e desenho dos componentes da próteses desenvolvidas para implante no quadril, os resultados são menos satisfatórios nos pacientes jovens, devido à soltura precoce, principalmente decorrente do desgaste do polietileno com conseqüentes osteólise.

Neste trabalho visamos o melhor resultado possível, analisando a melhora clínica-funcional e a qualidade de vida. Na prática ortopédica, isto deve ser alcançado, segundo nossa

Média Mínimo Máximo dp

Capacidade funcional Aspectos físicos

Dor

EGS-Estado geral de saúde Vitalidade Aspectos sociais Aspectos emocionais Saúde mental 83,20 93,00 83,76 88,96 82,20 90,50 86,67 86,72 30,00 0,00 22,00 52,00 40,00 50,00 0,00 32,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 16,95 22,27 20,40 14,16 14,22 15,84 30,43 15,31

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opinião, com a maior sobrevida possível dos componentes e, com os menores índices de complicações associadas. (5,6,18,19,20)

Entretanto, achamos ser fundamental o melhor posicionamento dos componentes, para que obtivéssemos o melhor resultado biomecânico e, por conseguinte, maior eficiência da prótese com menor desgaste, aliados ao melhor resultado precoce e tardio.

Diversas superfícies articulares tem sido exaustivamente estudadas na artroplastia total do quadril. Estudos de longo prazo com a artroplastia total cimentada utilizando superfícies de metal-polietileno (3,4) ; estudos com próteses não cimentadas, tanto do componente femoral quanto acetabular, com superfícies de metal-polietileno.(21,22,23)

Baseamo-nos, nos estudos recentes com artroplastias híbridas, superfície metal-metal do tipo resurfacing. Achamos que esta superfície parece apresentar índices menores de desgaste, associada a resultados promissores nos indivíduos selecionados para nosso estudo.(18,20)

As etiologias estudadas foram variadas, mas houve predomínio significativo da osteoartrose e seqüela da osteonecrose.(2,6,20)

Nosso interesse pela metodologia utilizada deveu-se ao fato da possibilidade de avaliarmos a qualidade de vida por instrumentos distintos. O instrumento especifico utilizado apresentou perguntas objetivas e diretamente relacionados com a doença do quadril, enquanto que o genérico pode ser aplicado a diversas outras doenças, com respostas subjetivas.

Nos itens avaliados pelos critérios de D’Aubigné e Postel (9), referentes à dor, marcha e mobilidade, observamos relação direta entre os mesmos. Quando havia dor importante, havia também limitação compatível da marcha e da mobilidade.

No critério dor, no período pré-operatório, o mais freqüente foi o grau 3 (tolerável com limitação) para 16 pacientes, talvez pela faixa etária estudada ser inferior à habitual (menores de 65 anos), mas outros sete pacientes apresentaram grau 2 (intensa ao deambular), totalizando 92,00% de pacientes com limitação importante.

Este resultado teve relação direta, na nossa opinião, com a limitação da marcha e dos movimentos, pois nenhum paciente apresentou, antes da cirurgia, marcha e mobilidade normais da articulação do quadril.

Analisando, separadamente, cada resultado médio de cada domínio especifico (dor, marcha e mobilidade), constatamos que o parâmetro dor demonstrou grande melhoria, tendo valor médio final de 5,48 (partindo de 2,48). Demonstrou-se que a cirurgia foi bem indicada. (tabela 6).

A marcha, também, melhorou, com média final de 5,16 (partindo de 3,48), podendo inferir melhoria na capacidade funcional, que foi comprovada pela avaliação genérica (SF-36) (10) (tabela 6).

A melhora da mobilidade também foi significativa, com média de 5,40 (partindo de 3,84) (tabela 6).

Tal fato deu-nos tranqüilidade para afirmar que a indicação cirúrgica foi correta e no momento certo, o que pôde ser comprovado pelos dados positivos do pós-operatório.

Os resultados obtidos demonstraram concretamente o que se imaginava hipoteticamente. Foram estatisticamente significantes (tabelas 5 e 6), quando analisamos a dor, a marcha e os movimentos, instrumentos específicos para a análise da evolução clínica destes pacientes, quando submetidos à artroplastia.(24)

Quando aplicamos o instrumento genérico SF-36(10), obtivemos variação dos resultados médios de 82,20 a 93,00 (escala de zero a 100 pontos) (tabela 9), que, se comparada apenas do ponto de vista absoluto, foi próxima do índice de satisfação alcançado de 92,00%, segundo a metodologia de Ono, a partir da pontuação obtida, seguindo os critérios de D’Aubigné e Postel.

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Analisando, separadamente, cada resultado médio de cada domínio do SF-36, podemos relatar alguns comentários (tabela 7).

O domínio aspecto físico obteve a maior média que foi de 93,00.

Parece-nos que, por serem pacientes jovens, com etiologias que geravam extrema limitação, o restabelecimento da vida habitual proporcionou grande benefício nas atividades físicas, tais como andar por vários quarteirões, subir escadas.

O domínio vitalidade, entretanto, obteve a menor média, que foi de 82,20. Este fato gerou um contra-senso na nossa opinião, pois, fisicamente o paciente se sentiu melhor, mas a sua vitalidade não acompanhou esta condição.

Podemos dizer que este domínio varia de indivíduo para indivíduo e tem relação com aspectos emocionais e de saúde mental, o que parece ser comprovado pela média muito próxima destes domínios (86,67 e 86,72).

Analisando dor e capacidade funcional, constatamos que as médias são equivalentes e próximas no sentido absoluto, talvez demonstrando relação direta entre dor e capacidade de realizar alguma atividade (83,76 e 83,20).

Quando aplicamos os testes de Spearman, realizamos correlação entre todas as variáveis, tanto do instrumento genérico aplicado quanto do especifico. O intuito foi de verificar possíveis relações entre as variáveis do D’Aubigné e Postel(9) e do S-36.(10)

Verificamos que no teste de correlação não paramétrico (Spearman) (17) o domínio DOR(SF-36) apresentou correlação significativa com todos os outros domínios do SF-36 (excetuando-se para com o domínio saúde mental) e com DOR no pós-operatório (D’Aubigné e Postel).

Podemos afirmar, por isto, que os dois métodos de avaliação, tanto específico quanto genérico, revelaram melhora da dor, queixa extremamente importante que leva o paciente a procurar o médico.

Trabalhos recentes apresentaram resultados dos estudos de qualidade de vida em pacientes submetidos à artroplastia total do quadril. Nenhum demonstrou enfaticamente que o instrumento genérico (SF-36, WOMAC, entre outros) foi mais conclusivo e eficiente na determinação de melhora da qualidade de vida.(25,26,27)

Estudo em pacientes idosos, com fratura do colo femoral submetidos à artroplastia parcial, concluiu que a qualidade de vida melhorou no pós-operatório.(28)

O instrumento genérico contribuiu para a confirmação destes resultados, mas nos pareceu insuficiente para estabelecer conclusões, se tivesse sido usado isoladamente. Este instrumento confere pontuação de 0 a 100, entretanto não define diferenças entre as pontuações. O paciente que recebeu nota 76 pode ser melhor ou pior do que o que recebeu nota 90. Intuitivamente nos pareceu que quanto maior a nota , melhor a qualidade de vida, mas isto não pode ser demonstrado e afirmado.

Este mesmo instrumento genérico (SF-36) foi utilizado apenas no pós-operatório, ficando difícil a análise comparativa, diferentemente do instrumento específico utilizado (D’Aubigné e Postel), que avaliou o pré e pós-operatório.

Achamos que seria interessante a possibilidade de adaptações no questionário genérico, tornando-o mais próximo da ortopedia. Quando analisamos dor, alguns pacientes confundem-se, pois a questão relaciona-se com “dor no corpo”.

Quando analisamos aspectos emocionais, disposição, vitalidade, foi freqüente a resposta positiva, mas, praticamente, em todos os casos houve dificuldade para relacionarem diretamente com o quadril, por serem questões de abrangência maior. Muitos relacionaram com o trabalho, situação sócio-econômica, com necessidade de interferência do entrevistador.

Na nossa opinião, a avaliação pelo instrumento específico foi diretamente relacionada com a limitação prévia (dor, mobilidade e marcha), e obteve respostas mais objetivas e diretas.(29)

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Entretanto, a tentativa de estabelecer relação entre as variáveis (domínios), através da analise de correlação de Spearman, foi realizada com intuito de demonstrar que se fossem melhorados os parâmetros clinicos objetivos, também os subjetivos seriam .

Tanto DOR, quanto MARCHA e MOBILIDADE, mostraram significativa melhora em todos os parâmetros específicos analisados.

Achamos que a qualidade de vida é fundamental para todos, e que sua importância é vital para o sucesso desejado no procedimento cirúrgico. Não há bom resultado se não há satisfação do paciente, independentemente dos critérios utilizados para esta analise.

CONCLUSÕES

Baseando-se nos critérios analisados, os pacientes obtiveram melhoria na qualidade de vida.

Foi possível demonstrar, com análise comparativa, melhora da variável DOR, tanto na avaliação específica quanto na genérica.

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