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CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DA POLPA DO NONI (MORINDA CITRIFOLIA) CULTIVADO NO ESTADO DO CEARÁ

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ISSN 2179-4448 on line v. 22, n. 4, p. 609-615, out./dez. 2011

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DA

POLPA DO NONI (M

ORINDA

CITRIFOLIA

) CULTIVADO NO

ESTADO DO CEARÁ

Antonia Alaís da Silva CORREIA* Maria Leônia da Costa GONZAGA*

Andréa Cardoso de AQUINO** Paulo Henrique Machado de SOUZA* Raimundo Wilane de FIGUEIREDO* Geraldo Arraes MAIA*

* Departamento de Tecnologia de alimentos – Universidade Federal do Ceará – Campus Universitário do Pici – 60021-970 – Fortaleza – CE – Brasil. E-mail: alaisc@yahoo.com.br.

** Departamento de Engenharia química – Universidade Federal do Ceará – Campus Universitário do Pici – 60021-970 – Fortaleza – CE – Brasil.

RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo avaliar as características químicas e físico-químicas da polpa do noni cultivado no estado do Ceará. Frutos maduros prove-nientes de um plantio localizado na cidade Horizonte (Cea-rá-Brasil) foram despolpados e a polpa extraída, embalada em sacos de polietileno, selados e armazenados a -20°C para posteriores análises. Foi determinada a composição centesimal: umidade (91,91%); carboidratos (0,63%); li-pídeos totais (0,08%); proteínas (1,06%); cinzas (6,32%); fi bra (1,76%); valor energético (30,25kcal.100g-1) e

análi-ses químicas e físico-químicas: pH (4,25); sólidos solúveis totais (9,2°Brix); acidez total titulável (0,63g.100g-1); SST/

AAT (14,66); vitamina C (122,54mg de AA.100g-1);

açúca-res totais (5,45g.100g-1); açúcares redutores (5,32g.100g-1);

fenólicos totais (216,67mg de EAG.100g-1);

antioxi-dante (6,27μmol. TEAC g-1); atividade de água (0,93);

(AIR) resíduo insolúvel em álcool (2,8g.100g-1), pectina

(1,14g.100g-1), hemicelulose (0,25g.100g-1) e celulose

+lig-nina (0,45g.100g-1). Os resultados mostram que a polpa de

noni possui um baixo teor de proteína e lipídeo, é rica em carboidratos e apresenta uma signifi cativa quantidade de antioxidantes, com destaque para a vitamina C e compos-tos fenólicos.

PALAVRAS-CHAVE: Morinda citrifolia; composição; vitamina C; antioxidantes.

INTRODUÇÃO

Morinda citrifolia Linn, conhecida popularmente

como noni, é uma planta da família Rubiaceae originária do Sudoeste da Ásia que vem sendo utilizada como medica-mento pelos habitantes da Polinésia há mais de 2000 anos.

36 O Gênero Morinda foi derivado de duas palavras em

la-tim, morus, amora e indicus, Índia, devido à semelhança do fruto de noni ao da verdadeira amora (Morus alba). O nome

da espécie indica a semelhança da folhagem da planta para com algumas espécies de citros. 22 O noni é encontrado em

várias partes do mundo, como nas regiões tropicais da Áfri-ca (Centro e Sul), no Caribe, em países como Austrália, China, Malásia, Indonésia, Índia,19 na América Central e

América do Sul. 28

Os frutos da Morinda citrifolia são ovais (3-10cm de comprimento e 3-6cm de largura) e possuem uma super-fície grumosa coberta de secções com formatos poligonais castanhos, variando da cor verde para amarelo ou branco opalescente quando maduros, podendo chegar a pesar 800 gramas. 20, 36 A polpa, creme, carnosa e suculenta, apresenta

sabor e aroma não muito agradáveis, lembrando o sabor de um queijo maturado. 34

Na farmacopeia tradicional alega-se que a fruta pre-vine e cura várias doenças, onde é usada principalmente para estimular o sistema imunológico, portanto, para com-bater bactérias, infecções virais, parasitárias, fúngicas e também para prevenir a formação e a proliferação de tumo-res, incluindo malignos. 7 Baseados nisso, várias

pesqui-sas foram direcionadas para as propriedades terapêuticas do noni com intuito de comprovar o que o conhecimento popular defende. 11, 18, 23, 24, 35 No entanto, são poucas as

in-formações científi cas relacionadas ás características físico-químicas e nutricionais.

Até agora, mais de 100 metabólitos foram identi-fi cados nos frutos noni, com destaque para os compostos fenólicos, ácidos orgânicos e alcaloides. Esses componen-tes ativos são classifi cados como fl avonoides, lignanas, irri-doides, cumarinas, antraquinonas, polissacarídeos, esteróis, terpenoides e ácidos graxos. 11, 24 Os efeitos destes

compo-nentes estão relacionados com os benefícios à saúde por apresentarem propriedades antioxidante, anti-infl amatória e efeito imune.

A fruta contém 90% de água e os principais compo-nentes da matéria seca, parecem ser sólidos solúveis, fi bras alimentares e proteínas. 7 Em quantidade substancial estão

(2)

os carboidratos, incluindo proporções variáveis de sacaro-se, frutose e glicose. 14 De acordo com Chunhieng10 o noni

apresenta 11,9g/L de glicose e 8,2g/L de frutose e seus prin-cipais aminoácidos são o ácido aspártico, ácido glutâmico e isoleucina. Elevada porcentagem de minerais, 8,4% da matéria seca, também é verifi cada, e os principais são o potássio, enxofre, cálcio e fósforo. As vitaminas encontra-das em maior quantidade no fruto são o ácido ascórbico, e provitamina A. 7 O noni é uma fruta rica em polifenóis

(51,1mg GAE/100g). Os compostos fenólicos como, a ru-tina (6,06±0,41μg/g) e a escopoleru-tina (27,9±1,7μg/g) e o valor de 8,0±0,4μmol Trolox®/g mostra que o noni tem um importante poder antioxidante. 8

A tentativa de cultivo do noni no Brasil é bastante re-cente, realizado empiricamente por pessoas que trouxeram algumas sementes do Caribe ou da Polinésia e se tornaram vendedores de sementes e mudas pela internet. O fruto foi introduzido como uma matéria-prima de forte apelo comer-cial devido a todas as características benéfi cas a ele atri-buídas e aos benefícios relacionados ao seu consumo. 31 O

cultivo do noni é relatado nos Estados do Acre, São Paulo, Minas Gerais, Pará, Sergipe, Ceará, dentre outros. Contu-do, são poucos os trabalhos de pesquisa desenvolvidos com essa espécie no país. Além disso, a composição química dos frutos pode variar de acordo com fatores ambientais, genéticos, distribuição geográfi ca e estádios de maturação. Assim, torna-se imprescindível estudar a composição do fruto cultivado no Brasil. Desta forma, este trabalho teve por objetivo obter dados sobre as características químicas e físico-químicas da polpa do noni (Morinda citrifolia) culti-vado no Ceará (Brasil).

MATERIAL E MÉTODOS Matéria-Prima

Frutos de noni provenientes de um plantio localiza-do na cidade de Horizonte (Ceará-Brasil) foram colhilocaliza-dos no mês de março de 2009 no estádio maduro. Realizou-se uma pré-seleção descartando os frutos danifi cados e em fase de senescência avançada. Lavaram-se os frutos em água con-tendo 200mg de cloro ativo por litro em imersão durante 20 minutos. Em seguida, os frutos foram despolpados para a remoção da casca e da semente. A polpa extraída de um mix de vários frutos foi embalada em sacos de polietileno e congelada a -20°C em freezer doméstico para análises posteriores.

Análises Químicas e Físico-Químicas

A caracterização da polpa de noni in natura foi re-alizada no Laboratório de Frutas e Hortaliças do Departa-mento de Tecnologia de AliDeparta-mentos da Universidade Fede-ral do Ceará.

O teor de umidade foi determinado em estufa a 105°C até peso constante segundo método descrito por IAL, 13 sendo o resultado expresso em g.100g-1 de polpa.

O teor de cinzas foi determinado pela calcinação da amostra em mufl a a 550°C, segundo o método recomen-dado por IAL. 13 O resultado foi expresso em g.100g-1 de

polpa.

O teor de lipídeos totais foi determinado através da extração em aparelho de Soxhlet utilizando hexano como solvente, durante 6h, segundo IAL. 13 O resultado foi

ex-presso em mg.100g-1 de polpa.

Para a quantifi cação de proteína foi utilizado o mé-todo de Kjeldah tradicional. A concentração de proteína bruta foi obtida pelo produto da quantidade de nitrogênio total, em gramas, pelo fator de conversão 6,25. 1 Os

resul-tados foram expressos em g.100g-1 de polpa.

A análise de fi bra bruta foi realizada submetendo as amostras à digestão ácida, com solução de ácido sulfúrico 1,25%, seguida por digestão alcalina com hidróxido de só-dio 1,25%. 6

O teor de carboidrato, incluindo as fi bras, foi obtido pela diferença entre o valor numérico 100 e o somatório dos teores de umidade, cinzas, lipídeos totais e proteínas.

O valor energético total (kcal.100g-1) foi

estima-do consideranestima-do-se os fatores de conversão de Atawer de 4kcal/g de proteína, 4kcal/g de carboidratos e 9kcal/g de lipídeo, seguido do somatório desses valores. 17

O pH foi determinado em potenciômetro digital, por imersão direta do eletrodo na polpa. 13

O teor de sólidos solúveis totais, expresso em °Brix foi obtido em refratômetro digital (ATAGO PR-101) com escala de 0 a 45 °Brix, através da leitura direta após fi ltração, em pa-pel de fi ltro qualitativo, da amostra diluída 1:1 (p/p). 13

A determinação da acidez total titulável foi realiza-da utilizando 1mL de amostra, segundo a técnica descri-ta pelo IAL, 13 sendo o resultado expresso em g de ácido

cítrico.100mL-1 de amostra.

O conteúdo de vitamina C foi determinado por meio do método titulométrico baseado na redução do indicador 2,6-diclorofenolindofenol pelo ácido ascórbico, 25 sendo

o resultado expresso em mg de ácido ascórbico.100g-1 de

polpa.

As determinações dos açúcares totais e redutores, expressos em g.100g-1 de polpa, foram realizados segundo

Miller, 21 utilizando o ácido 3,5 dinitrossalicílico (DNS).

O conteúdo de Fenólicos totais foi analisado pelo método espectrofotométrico de Folin-Ciocalteau utilizando ácido gálico como padrão de referência, segundo a metodo-logia descrita por Singleton & Rossi, 32 com modifi cações.

Para obtenção do extrato utilizou-se uma diluição polpa: água (1:1), homogeneizou-se durante 1 minuto, centrifu-gou-se (3.000rpm/10min) e fi ltrou-se. Em tubo de ensaio foram pipetados 100μL do extrato e adicionado 900μL de água, adicionados 1mL do reagente Folin-Ciocalteau (1:9), agitado e mantido por 5 minutos para reagir. Adicionou-se 2mL de carbonato de sódio (10%) e 2mL de água, nova-mente, foram agitados e mantidos por 30 minutos para rea-gir, em seguida foi feita a leitura a 765nm. O resultado foi expresso em mg equivalente de ácido gálico (EAG).100g-1

(3)

A atividade antioxidante foi avaliada através da ação redutora da amostra frente ao radical ABTS•+, o cátion

do ácido 2,2’-azinobis-3-etil-benzotiazolino-6-sulfônico (ABTS), a partir da metodologia descrita por Re et al., 27

com modifi cações. Para obtenção do extrato, utilizou-se uma diluição polpa: água (1:1), homogeneizou-se durante 1 minuto, centrifugou-se (3.000rpm/10min) e fi ltrou-se. A partir do extrato obtido, foi preparado quatro diluições uti-lizando as alíquotas 6, 4, 2, 1mL em balões de 10mL, em triplicata. Em ambiente escuro, transferiu-se uma alíquota de 30μL de cada diluição do extrato para tubos de ensaio e adicionou-se 3,0mL do radical ABTS·+ e homogenei-zou-se. Após 6 minutos de reação no escuro foi realizada a leitura a 734nm. O resultado foi expressos como Capa-cidade Antioxidante Equivalente ao Trolox (TEAC) em mmol.100g-1 de polpa.

A atividade de água foi determinada através do me-didor digital de Aw (AQUALAB CX-2), com sensibilidade de 0,001 à temperatura de (28°C ± 2°C).

Os resíduos insolúveis em álcool (pectina, hemice-lulose e cehemice-lulose + lignina) foram quantifi cados de acordo com a metodologia de Schieber et al., 29 sendo os resultados

fi nais expressos em g.100g-1 de polpa.

Todas as análises foram realizadas em triplicatas e os dados foram submetidos à análise estatística descri-tiva onde foram calculados a média aritmética e o desvio padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores encontrados nas análises de composição centesimal da polpa de noni são mostrados na Tabela 1. As maiores frações encontradas foram para os teores de umi-dade e de carboidrato e menores para lipídeos e proteínas, perfi l nutricional semelhante à maioria das frutas.

O teor de umidade encontrado na polpa de noni do presente estudo, 91,9%, está de acordo com os teores

di-vulgados na literatura, os quais apresentam a água como o maior componente desse fruto, variando entre 90 e 92%. 5, 7, 8, 10, 37 O valor encontrado para Aw (0,93) caracteriza o fruto

como alimento de alta umidade (Aw>0,85), favorecendo a deterioração por micro-organismos.2Diante do exposto,

deve-se ter bastante cuidado com a colheita, o transporte e o processamento do noni, pois elevada umidade e Aw fa-vorece a perecibilidade, afetando assim a estabilidade, a qualidade e a composição do produto.

Em relação aos lipídios encontrados, observa-se uma baixa porcentagem média de 0,08%, porém bastante relevante, haja vista que a maioria dos frutos apresenta nor-malmente baixos teores destes constituintes. Estudos mos-tram que o teor de lipídeos da polpa de noni variaram de 0,016% a 0,30%, 5, 8, 10, 30, 37 estando o valor encontrado no

intervalo de valores divulgados.

O valor médio para o teor de proteína determina-do no atual trabalho, de 1,06%, se mostrou maior determina-do que estudos com frutos provenientes de Pohnpei e da Poliné-sia Francesa, de 0,4 e 0,55%, respectivamente, 30, 37 porém,

inferior aos 2,5% relatados por Chunhieng10 com frutos de

Cambodge. Os diferentes valores encontrados pelos diver-sos autores se devem ao fato de haver variações de clima, solo, ponto de maturação e armazenamento de cada região onde foram colhidos os frutos.

O maior componente da matéria seca são os carboi-dratos, com 6,32% (Tabela 1), resultado este, próximo ao encontrado por West et al., 37 de 7,21%.

O conteúdo de cinzas (Tabela 2) está de acordo com o encontrado por West et al., 37 de 0,54%. As cinzas variam

de 0,4% a 2,1% em frutas frescas e representam os minerais contidos nos alimentos que podem estar em grandes quan-tidades como o K+, Na+ e Ca+ e pequenas, como o ferro,

Mn e Zn. 6

De acordo com Raseira & Antunes26 os frutos cuja

película é consumida conjuntamente, apresentam teores de fi bra bruta em torno de 2%, resultando em possíveis bene-fícios relacionados à sua ingestão como uma possível re-Tabela 1 – Composição Centesimal da polpa de noni (Morinda

citrifolia). Parâmetros Valores(1) Umidade (%) 91,91±0,06 Cinzas (%) 0,63±0,03 Lipídeos Totais (%) 0,08±0,02 Proteína (%) 1,06±0,07 Fibra bruta (%) 1,76±0,02 Carboidratos totais(2) (%) 6,32

Valor energético(3) (kcal.100g-1) 30,25

(1)Valores médios obtidos a partir da análise de 3 amostras em base

úmi-da e desvio padrão; (2)Carboidratos totais = 100 – (Umidade + Lipídeos

Totais + Proteína + Cinzas); (3)Valor Energético = (9* Lipídeos Totais +

(4)

gulação do trato intestinal. Em acordo com os autores, os resultados do presente estudo mostram que o valor de fi bra bruta do noni é de 1,76%.

O valor energético do noni foi de 30,25kcal.100g-1

de polpa, com quase totalidade atribuída aos carboidratos, que correspondeu a 83,58% das calorias contidas na polpa, ao passo que, apenas 14,04% equivalem à energia oriunda da proteína e 2,38% aos lipídeos. West et al. 37 encontraram

um valor bem próximo com frutos da Polinésia Francesa, 32,4kcal.100g-1 de polpa.

Na Tabela 2 estão apresentadas concentrações mé-dias das características químicas e físico-químicas da polpa de noni. O pH encontrado foi 4,25, muito próximo ao rela-tado por Canuto et al., 5 Chan-Blanco et al. 8 e Chunhieng10

que obtiveram valores 4,1; 4 e 3,72 respectivamente. Ba-seado na classificação de Baruffaldi & Oliveira3 a polpa de

noni é caracterizada como ácida (pH entre 3,7 e 4,5). O teor de sólidos solúveis é utilizado como uma medida indireta do teor de açúcares, não representa o teor exato dos açúcares porque outras substâncias também se encontram dissolvidas. 9 Tal comportamento pôde ser

ob-servado na polpa de noni estudada, a qual apresentou gran-de quantidagran-de gran-de ácidos, vitamina C, polifenois e pectina (Tabela 2), conferindo um conteúdo de sólidos solúveis totais de 9,2 °Brix, bem maior que o de açúcares totais, 5,45g.100g-1. Frutos com altos teores de sólidos solúveis

são geralmente preferidos para consumo in natura e para

industrialização, por oferecerem maior peso e consequente-mente maior rendimento do produto processado.

Com relação à acidez titulável, o valor médio detec-tado encontra-se próximo aos valores cidetec-tados por Canuto et al. 5 e Silva et al. 31 com 0,32 e 0,39g.100g1,

respectiva-mente.

A relação SST/ATT propicia uma boa avaliação do sabor dos frutos, sendo mais representativa do que a medi-ção isolada de açúcares e de acidez. Canuto et al. 5 e Silva

et al. 31 encontraram valores bem maiores, do que o

apre-sentado na Tabela 2, com uma média de 28,13 e 26,69, res-pectivamente.Para o mercado consumidor de frutas frescas e/ou processadas, a relação SST/ATT elevada é desejável, indicando altos teores de sólidos solúveis e baixa acidez, o que confere sabor mais agradável e torna as frutas mais atrativas.

O conteúdo de vitamina C foi de 122,54mg.100g-1,

valor próximo aos encontrados por Shovic &Whistler,30 de

155mg.100g-1 e West et al.,37 de 113mg.100g-1, porém

supe-rior aos 51,2mg.100g-1 apresentados por Canuto et al.5 com

polpa da região Amazônica e inferior aos 316mg.100g-1

apresentados por Chan-Blanco et al. 8 em estudo com o

noni cultivado na Costa Rica. Silva et al. 31 estudando frutos

em três diferentes estádios de maturação encontrou valores entre 101 a 38mg.100g-1, sendo que os frutos maduros

apre-sentaram menores valores de vitamina C. Tabela 2 – Características químicas e físico-químicas da polpa de noni (Morinda citrifolia).

Parâmetros Valores(1)

pH 4,25±0.01

Sólidos solúveis totais (ºBrix) 9,20± 0,4 Acidez total titulável (g.100g-1) 0,63±0,01

SST/ATT(2) 14,66±0,6

Vitamina C (mg de AA.100g-1) 122,54±1,35

Açúcares Totais (g.100g-1) 5,45±0,3

Açúcares Redutores (g.100g-1) 5,32±0,10

Fenólicos Totais (mg de EAG.100g-1) 216,67±3,77

Antioxidante (µmol. TEAC g-1) 6,27±0,15

Atividade de água- AW 0,93±0,004

AIR(3) (g.100g-1) 2,80±0,02

Pectina* (g.100g-1) 1,14±0,03

Hemicelulose* (g.100g-1) 0,25±0,03

Celulose + Lignina* (g.100g-1) 0,45±0,02

(1)Valores médios obtidos a partir da análise de 3 amostras em base úmida e

desvio padrão; (2)SST/ATT=relação entre sólidos solúveis totais e acidez total

titulável; (3)AIR =Resíduos insolúveis em álcool; * Pectina, Hemicelulose ou

celulose+lignina=(Peso do resíduo seco x Peso do AIR)/(0,8g/Peso da amostra) x100.

(5)

Sabendo-se que para adultos a Ingestão Diária Re-comendada (IDR) de vitamina C é de 45mg.dia-1, 12

pode-se obpode-servar que a ingestão de 100g de noni fornece 272% da IDR. De acordo com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação-NEPA, 33 a laranja fornece teor de

vitami-na C equivalente a 57mg.100g-1 que representa 127% da

IDR. Pelos resultados obtidos o noni caracteriza-se como uma excelente fonte de vitamina C, apresentando o dobro do teor presente na laranja que é a fonte mais consumida de vitamina C, um poderoso antioxidante com potencial de oferecer proteção contra algumas doenças e contra os as-pectos degenerativos do envelhecimento.

O noni apresentou alto conteúdo de compostos fe-nólicos totais (216,67mg de EAG.100g-1) quando

compa-rado com algumas frutas como açaí, uva, graviola, goiaba, abacaxi, cupuaçu e maracujá, com exceção da acerola e da manga. 15 Os compostos fenólicos têm participação no

sa-bor, na coloração, na vida de prateleira e na ação do produ-to como alimenprodu-to funcional, notadamente correlacionado com a capacidade antioxidante. 9

Burke et al. 4 sugerem que o consumo de antioxidan-tes pode trazer benefícios a saúde através da proteção con-tra a formação de radicais livres. A atividade antioxidante do noni é de 6,27±0,15μmol. TEAC.g−1, estando este valor

muito próximo dos valores encontrados em uva 7,0±0,3 e açaí 6,9±0,2μmol. TEAC.g−1, segundo Kuskoski et al., 16

destacando-se o elevado potencial antioxidante deste fruto. Chan-Blanco et al. 8 também relata uma capacidade

antio-xidante relativamente alta de, 8±0,4μmol.Trolox® g−1.

O conteúdo de resíduos insolúveis em álcool (AIR – “alcohol insoluble residues”) foi quantifi cado em 2,8g.100g-1, na sua maior parte constituído por

pec-tina; 1,138g.100g-1, uma vez que o conteúdo de

hemice-lulose e cehemice-lulose + lignina, foram 0,252g.100g-1 e 0,453

g.100g-1, respectivamente. Os dados apresentam a

pecti-na como o polissacarídeo presente em maior quantidade na polpa de noni, sendo os carboidratos ricos em polis-sacarídeos pécticos.

CONCLUSÃO

A caracterização da polpa do noni cultivada no es-tado do Ceará mostra que o fruto possui um baixo teor de proteína e lipídeo, sendo composto predominantemente por carboidratos e a pectina é o polissacarídeo presente em maior quantidade.

O noni apresenta um bom conteúdo de vitamina C, onde uma porção de 100g é sufi ciente para suprir o dobro do valor de referência de ingestão diária para um adulto.

Os resultados confi rmam a alta capacidade antioxi-dante, bem como o alto teor de compostos fenólicos e vita-mina C atribuídos a este fruto, os quais contribuem para os efeitos benéfi cos à saúde.

CORREIA, A. A. S.; GONZAGA, M. L. C.; AQUINO, A. C.; SOUZA, P. H. M.; FIGUEIREDO, R. W.; MAIA, G. A. Chemical and physical-chemical pulp noni (Morinda

citrifolia) grown in the state of Ceará. Alim. Nutr.,

Araraquara, v. 22, n. 4, p. 609-615, out./dez. 2011.

ABSTRACT: This study aimed to evaluate the chemical and physical-chemical pulp noni grown in the state of Ceara. Ripe fruit from a plantation located in the city Horizonte (Ceara-Brazil) were pulped and the pulp extracted, packaged in polyethylene bags, sealed and stored at -20°C for further analysis. The centesimal composition was determined: moisture (91.91%); carbohydrates (0.63%); total lipids (0.08%); protein (1.06%); ash (6.32%); fi ber (1.76%); energy value (30,25kcal.100g-1)

and chemical and physical-chemical properties: pH (4.25); total soluble solids (9.2°Brix); acidity (0.63g.100g-1); ratio

(14.66); vitamin C (122.54mg of AA.100g-1); total sugars

(5.45g.100g-1); reducing sugars (5.32g.100g-1); phenolic

content (216.67mg of EAG.100g-1); antioxidant (6.27µmol.

TEAC g-1), water activity (0.93); (AIR) alcohol insoluble in

residue (2.8g.100g-1), pectin (1.14g.100g-1), hemicellulose

(0.25g.100g-1) and cellulose + lignin (0.45g.100g-1). The

results show that the noni pulp has a low content of protein and fat, is rich in carbohydrates and has a signifi cant amount of antioxidants, especially vitamin C and phenolic compounds.

KEYWORDS: Morinda citrifolia; composition; vitamin C; antioxidants.

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Recebido em: 24/04/2011 Aprovado em: 10/10/2011

Referências

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