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DESENVOLVIMENTO MOTOR DE BEBÊS PREMATUROS DE DUAS REGIÕES DO BRASIL

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Academic year: 2021

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DESENVOLVIMENTO MOTOR DE BEBÊS PREMATUROS DE DUAS

REGIÕES DO BRASIL

Thalita Galdino de Oliveira1; Renan Neves Urzêda2; Amanda Martins Campos2;

Cibelle Kayenne Roberto Martins Formiga3,4; Maria Beatriz Martins Linhares4

1 Voluntário de Iniciação Científica PVIC/UEG, graduanda do Curso de Fisioterapia, UnU

ESEFFEGO – UEG.

2 Bolsista PBIC/UEG, graduandos do Curso de Fisioterapia, UnU ESEFFEGO - UEG. 3 Orientadora, docente do Curso de Fisioterapia, UnU ESEFFEGO – UEG.

4Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo, USP.

RESUMO

Entre os fatores que podem ser responsáveis pelos problemas do desenvolvimento infantil podem-se citar os fatores biológicos e ambientais. O presente estudo teve como objetivo comparar o desenvolvimento motor de bebês pré-termo de 0 a 6 meses de duas amostras regionais brasileiras. Foi realizado um estudo transversal envolvendo 70 bebês nascidos pré-termo (Grupo de Estudo) no Hospital Materno Infantil de Goiânia (GO) e 43 bebês pré-pré-termo (Grupo de Comparação) oriundos da Maternidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (SP). Foram excluídos lactentes com distúrbios neurológicos ou ortopédicos. Os bebês foram avaliados conforme o roteiro da escala canadense Alberta Infant Motor Scale (AIMS) em grupos etárias: recém-nascidos, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 meses de idade corrigida. As comparações entre o desenvolvimento motor dos bebês de ambos os grupos foram realizadas por meio de teste T de Student. O instrumento de avaliação utilizado foi a Alberta Infant Motor Scale (AIMS). Não foi observada diferença estatisticamente significativa na pontuação total obtida na AIMS dos bebês estudados. Portanto, o desenvolvimento motor até seis meses de idade corrigida foi considerado semelhante nas duas amostras estudadas.

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Introdução

O estudo do desenvolvimento infantil apresenta três objetivos principais: compreender as mudanças universais, comuns a todas as crianças; explicar as diferenças individuais e; entender a forma como o comportamento da criança é influenciado pela situação ou contexto ambiental. Dessa forma, pode-se dizer que são dois os determinantes do desenvolvimento: fatores biológicos e fatores ambientais (NEWCOMBE, 1999).

Segundo Figueiras et al. (2005), entre os fatores biológicos estão os eventos pré, peri e pós-natais que afetam o desenvolvimento de maneira positiva ou negativa, tais como a idade gestacional e os genes herdados dos pais. As experiências adversas de vida ligadas à família, ao meio ambiente e à sociedade são consideradas como fatores ambientais.

O desenvolvimento infantil pode ser influenciado por diversos fatores, de maneira positiva ou negativa, sendo que, nesse último caso, pode ocorrer uma potencialização dos fatores de risco, transformando-se nos denominados problemas do desenvolvimento (NAKAHARA, MARTINS & CAVALCANTI, 2002). Para Figueiras et al. (2005), a detecção de problemas do desenvolvimento, como também os seus motivos, é importante, pois o tratamento depende muito do que está causando o atraso.

O nascimento prematuro é uma condição que envolve bebês que nascem com mais de 20 e menos de 37 semanas de idade gestacional (CARRARA & ZUGAIB, 1994). Os sistemas, principalmente o sistema nervoso, dos bebês pré-termo e de baixo peso ao nascimento ainda não estão maduros ao nascer, o que dificulta a interação entre o bebê e o meio ambiente, tornando os recém-nascidos mais susceptíveis a complicações neonatais (BARBOSA, FORMIGA & LINHARES, 2007).

As diferenças no desempenho motor de crianças prematuras são observadas tanto nos componentes neuromotores quanto na qualidade da função motora (BORGES et al., 2008). Essas causas orgânicas (fator biológico), adicionadas à estimulação prévia (fator ambiental) são determinantes cruciais de como a criança desenvolverá seu repertório motor.

Nesse contexto, faz-se necessário avaliar o comportamento motor da criança, principalmente o daquela envolvida com algum fator de risco para atraso no desenvolvimento, de forma a identificar precocemente os fatores responsáveis por alguma possível disfunção motora. Para isso são utilizadas escalas padronizadas, com alta precisão, capazes de mensurar qualitativamente os movimentos da criança durante determinada e esperada idade motora.

O objetivo do presente estudo foi verificar possíveis diferenças entre o desenvolvimento motor de bebês pré-termo desde o nascimento até os seis meses de idade corrigida, oriundos de duas diferentes regiões do Brasil.

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Materiais e Métodos

Neste estudo foram utilizadas duas amostras de bebês nascidos pré-termo: grupo de estudo (GE) e grupo de comparação (GC). Na amostra do GE foram incluídos 70 bebês pré-termo, de ambos os sexos, selecionados entre lactentes nascidos no Ambulatório de Alto Risco do Hospital Materno Infantil de Goiânia (GO), com idade gestacional menor que 37 semanas, peso ao nascimento inferior a 2.500g e apresentando entre 0 e 6 meses de idade corrigida.

A amostra do GC foi composta por 43 bebês nascidos pré-termo oriundos do Berçário Anexo à Maternidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). A referida amostra foi extraída do estudo publicado por Restiffe (2004).

O estudo referente ao GE foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Geral de Goiânia e os pais ou responsáveis autorizaram a participação dos bebês no estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Para a avaliação das crianças foi utilizada a Alberta Infant Motor Scale (AIMS), escala constituída por 58 itens que ilustram a seqüência de desenvolvimento do controle postural em quatro posições: prono, supino, sentado e em pé (PIPER & DARRAH, 1994). A coleta dos dados do GE foi realizada no Hospital Materno Infantil de Goiânia e os dados foram analisados no Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa da ESEFFEGO (NIPE).

Os bebês foram avaliados em uma sala do Ambulatório de Alto Risco do Hospital Materno Infantil, conforme o roteiro da escala AIMS. Cada bebê avaliado teve seus escores anotados em fichas de registro individual. Esses dados foram armazenados em vídeo-gravações. Foi realizada a análise dos vídeos e obtido uma pontuação total, a partir da somatória dos itens observados nas quatro posições da escala: prono, supino, sentado e em pé.

A análise estatística dos dados coletados foi feita com auxílio do programa SPSS - Statistical Package for the Social Sciences (versão 15.0). A comparação do desenvolvimento motor foi realizada pelo teste T-Student e foi utilizado o nível de significância de 5% em todas as análises.

Resultados e Discussão

A Tabela 1 apresenta os resultados da comparação do desenvolvimento motor entre os bebês pré-termo do estudo. Observa-se que não houve diferença estatisticamente significativa na pontuação total dos bebês pela AIMS em nenhuma das idades comparadas. Neste sentido, os bebês do GE e do GC foram considerados semelhantes quanto ao desenvolvimento motor.

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Tabela 1 - Comparação de grupos quanto à pontuação total obtida na AIMS

Idade Avaliada Grupo Avaliado n Média Desvio Padrão Valor de p Recém-nascido GE 30 3,7 1,9 GC 28 4,3 1,6 1 mês GE 30 5,3 2,1 GC 36 6,7 1,7 2 meses GE 30 7,2 2,6 GC 36 8,8 1,9 3 meses GE 30 9,3 2,8 GC 34 12,0 2,7 4 meses GE 30 13,0 4,0 GC 35 14,9 3,2 5 meses GE 30 17,8 5,8 GC 33 20,7 4,2 6 meses GE 30 21,0 6,6 GC 34 23,9 4,5

GE (grupo de estudo); GC (grupo de comparação);

*p<0,05 (diferença estatisticamente significante); Teste T-Student

0,851 0,099 0,220 0,088 0,163 0,245 0,413

Os bebês estudados são provenientes de duas capitais brasileiras com condições e hábitos de vida diferentes: Goiânia e São Paulo. Sabe-se que o desenvolvimento de crianças biologicamente saudáveis pode sofrer influência negativa ou positiva do ambiente (BARROS et al., 2003). Nesse sentido pode-se dizer que os bebês estão submetidos a influências ambientais não semelhantes.

No estudo de Schoeps et al. (2007), que teve como objetivo avaliar os fatores de risco da mortalidade neonatal precoce, foi descrito que não somente os aspectos biológicos exercem influência sobre os fatores de risco para mortalidade, mas também variáveis ambientais que expressam a dimensão socioeconômica, a escolaridade materna e as condições de assistência pré-natal e do parto. Nesse contexto, não foram observadas diferenças entre os grupos do presente estudo, com média de renda mensal, em ambos, variando entre 3 e 4 salários mínimos.

Quanto à escolaridade materna, a maior parte das mães do GE apresentou o ensino médio (completo ou incompleto), sendo que esses dados foram observados também no GC. Em relação à escolaridade dos pais, o que predominou foi o ensino fundamental (completo ou incompleto) em ambos os grupos.

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No estudo de Santa-Maria-Mengel e Linhares (2007) foi indicado que a chance de risco para problemas de desenvolvimento da criança é inversamente proporcional à escolaridade dos pais (chefes das famílias) e à baixa renda familiar.

Vários trabalhos sobre o desenvolvimento motor de lactentes têm verificado diferenças temporais de surgimento de algumas habilidades no primeiro ano de vida, como também em seus padrões motores. Estas diferenças referem-se a crianças de grupos culturais diferentes, ou até mesmo do mesmo grupo cultural (SANTOS, 2001). Foi feita a comparação dos grupos quanto à pontuação total obtida na AIMS, não se observando diferenças significativas em nenhuma das idades comparadas.

Conclusão

Ambos os grupos dos bebês estudados foram considerados semelhantes quanto à pontuação total obtida na AIMS em todas as idades avaliadas, quando avaliados individualmente em relação ao desempenho motor. Esses resultados sugerem que bebês pré-termo de diferentes regiões apresentam a mesma evolução em seu desenvolvimento motor, mesmo se submetidos a influências ambientais diferentes.

Referências Bibliográficas

BARBOSA, V. C.; FORMIGA, C. K. M. R.; LINHARES, M. B. M. Avaliação das variáveis clínicas e neurocomportamentais de recém-nascidos pré-termo. Revista Brasileira de

Fisioterapia. São Carlos, v. 11, n. 4, p. 275-281, jul./ago., 2007.

BARROS, K. M. F. T.; FRAGOSO, A. G. C.; OLIVEIRA, A. L. B.; CABRAL FILHO E.; CASTRO, R. M. et al. Do environmental influences alter motor abilities acquisition? A comparison among children from day-care centers and private schools. Arquivos de

Neuropsiquiatria. v. 61, n.2-A, p. 170-175, jun., 2003.

BORGES, P. T.; TAROCCO, R. M.; PAULIN, E.; GONZAGA, C. D. T. Método de Prechtl como instrumentos de avaliação neurológica do recém-nascido de risco. Arquivos de

Ciências da Saúde da Unipar. Umuarama, v. 12, n. 1, p. 19-24, jan./abr., 2008.

CARRARA, W.; ZUGAIB, M. Parto Prematuro: Fatores Predisponentes e Prevenção. In: MARCONDES, E. Pediatria Básica. 8.ed. São Paulo: Sarvier, 1994. p. 329-331.

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NEWCOMBE, N. Desenvolvimento Infantil: Abordagem de Mussen. 8 ed. Porto Alegre: Artmed, 1999.

FIGUEIRAS, A. C.; SOUZA, I. C. N.; RIOS, V. G.; BENGUIGUI, Y. Manual para

Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI: Módulo II. Washington:

OPAS, 2005.

NAKAHARA, A. L.; MARTINS, A. C.; CAVALCANTI, F. P. B. Repercussões no desenvolvimento neuropsicomotor em recém-nascidos de risco. Revista Fisio & Terapia. Rio de Janeiro, n. 35, p. 10-12, out./nov., 2002.

PIPER, M.; DARRAH, J. Motor assessment of the developing infant. EUA: W. B. Saunders Company, 1994.

SANTA-MARIA-MENGEL, M. R. S.; LINHARES, M. B. M. Fatores de risco para problemas de desenvolvimento infantil. Revista Latino-americana de Enfermagem. n. 15 (n. especial), set./out., 2007.

SANTOS. D. C. C.; GABBARD, C.; GONÇALVES, V. M G. Motor development during the first 6 months: a comparative study. Journal of General Psychology. v. 162, n. 2, p. 143-153, 2001.

SCHOEPS, D.; ALMEIDA, M. F.; ALENCAR, G. P.; FRANCA JR, I.; NOVAES, H. M. D.; SIQUEIRA, A. A. F.; CAMPBELL, O.; RODRIGUES, L. C. Fatores de risco para mortalidade neonatal precoce. Revista de Saúde Pública. v. 41, n. 6, pp. 1013-1022, 2007.

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