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A Escola e a Produção de Subjetividades numa Sociedade Tecnológica 1

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Academic year: 2021

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A Escola e a Produção de Subjetividades numa Sociedade Tecnológica1

Carlos Alexandre Holanda Pereira – UECE Universidade Estadual do Ceará – UECE profalexandreholanda@yahoo.com.br

Osmar Hélio Araújo – UFC Universidade Federal do Ceará – UFC osmarhelioufc@gmail.com Emmanuel Alves Carneiro Instituto Federal do Ceará emanuel_fic@yahoo.com.br RESUMO

O trabalho tem o intuito de fazer uma análise sobre a constituição das novas subjetividades e dos valores construídos socialmente, que vem surgindo na instituição escolar no contexto de uma sociedade tecnológica, consumista e competitiva. Para tanto, fizemos uma pesquisa bibliográfica, utilizando como referencial teórico a obra, Redes ou Paredes: a escola em tempos de dispersão, de autoria da Paula Sibilia. A análise se centrou como a escola vem se transformando diante do surgimento das novas tecnologias, os acessos e redes incidem nos estilos de vida, sua repercussão na escola e na constituição de novas subjetividades. Diante do exposto, podemos entender que os autores consultados contribuíram para uma reflexão necessária sobre o papel da escola na constituição da subjetivação dos alunos.

Palavra-chave: Escola, Subjetividade e Sociedade Tecnológica.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é uma análise sobre a constituição das novas subjetividades e dos valores construídos socialmente, que vem surgindo na instituição escolar no contexto de uma sociedade tecnológica, consumista e competitiva. Acrescente-se, a isso, a inserção da tecnologia na educação, que vem mudando as formas de relacionamento no âmbito da educação, trazendo consigo implicações socioafetivas, e não apenas cognitivas.

Para tanto, foi adotada como metodologia a pesquisa bibliográfica, devido ofertar a possibilidade de consulta em livros, artigos, dissertações e teses. O referencial

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teórico escolhido para o estudo foi a obra da Paula Sibilia intitulada, Redes ou Paredes:

a escola em tempos de dispersão, que discute o papel da escola na atualidade

questionando sua identidade e finalidades, com o objetivo de encontrar respostas para crise que essa instituição vem atravessando nos dias atuais. Uma vez que a temática exige uma abordagem interdisciplinar nos baseamos em Charlot (2013), que contribui para a discussão da História Social, e o Bauman (2007) e Giddens para tratar da dimensão sociológica.

Nesse sentido, a escola enfrenta este novo desafio de formar subjetividades para se inserir na sociedade contemporânea, que é uma sociedade envolvida nos avanços tecnológicos. Então o desafio da escola é formar sujeitos para usarem a tecnologia ao seu favor, para que os mesmo não virem escravo da tecnologia.

REVISITANDO A TEORIA

Paula Sibilia (2012) toma como ponto de partida a discussão sobre os motivos, pelos quais a escola adentrou em crise. Para responder essas questões ela recorre à historiografia refazendo a trajetória da escola desde a sua criação, até a crise e decadência do modelo em vigor e as repercussões do uso das mídias eletrônicas no seu interior. Em outras palavras, a autora analisa como a escola se transforma numa tecnologia de época.

No início da obra, a autora aborda as mudanças sociais e educacionais, entre o passado e o presente e suas repercussões na constituição da subjetividade dos alunos. Isso pode ser constatado, quando a autora afirma:

...a escola é uma tecnologia de época. Ainda que hoje pareça tão “natural”, algo cuja inexistência seria inimaginável, o certo é que essa instituição nem sempre existiu na ordem de uma eternidade improvável, como a água e o ar, tampouco como as ideias de criança, infância, filho ou aluno, igualmente naturalizadas, mas também passíveis de historicidade. Ao contrário o regime escolar foi inventado algum tempo atrás em uma cultura bem definida, isto é, numa confluência de espaço temporal concreta e identificável, diríamos até que recente demais para ter arraigado a ponto de se tonar inquestionável. De fato, essa instituição foi concebida com o objetivo de atender a um conjunto de demandas específicas do projeto histórico que a planejou e procurou pô-la em prática: a modernidade. (Sibilia, 2012, pág. 16)

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Em ultima instância Sibilia (2012) trata de uma subjetividade disciplinada, que é esperado na educação no contexto da modernidade, como parte de um projeto iluminista de educação, que defendia um projeto coercitivo voltado para disciplinar as mentes e os corpos, pois o futuro esperado para essas crianças era de se tornarem trabalhadores ativos, numa sociedade industrial.

Destarte, a autora vai abordando como escola vem sofrendo com esse alarde da tecnologia e da globalização que vai mudar o eixo da subjetividade para as necessidades do mercado e mudança de estilo e vida e modo de ser.

A autora discute, ainda, que a escola é uma tecnologia de época, faz uma comparação da escola do século XV ao XVIII que tinha como objetivo formar cidadãos que atendesse as necessidades da sociedade industrial, assim tornando-os cidadãos exemplares. No século XXI as crianças já têm outras concepções, são indivíduos precoces, estimulados ao consumismo pela a sociedade inovadora com outros princípios, entretanto priorizam os dispositivos móveis e de redes de informáticas.

Sibilia (2012) problematiza, ainda, levantando questões sobre a escola, são elas: “Para que serve a escola? Será que a escola se tornou obsoleta?” (p. 09). Seu objetivo é discutir os corpos e as subjetividades para os quais essa instituição foi criada. Relata, ainda, todas as mudanças que a escola vem sofrendo de acordo com sua genealogia até os dias atuais. Ela reflete, ainda, sobre como os corpos e a subjetividade vem se posicionando no contato com esses dispositivos e até que ponto isso vai repercutir na crise da escola.

No âmbito da sociologia vamos encontrar a contribuição de Bauman apud Moreira e Kramerb (2007), indagando sobre os sentidos que são atribuídos a palavra em moda, globalização que se caracteriza por uma polissemia e por se mostrar cada vez mais opaca à medida que é empregada para explicar uma multiplicidade de experiências.

Charlot (2013), contribui para a discussão ao definir globalização nos seguintes termos:

“É se detendo ao próprio processo, sem incluir na definição suas consequências ou um julgamento de valor, a globalização é “a crescente integração das economias e das sociedades no mundo devido aos fluxos maiores de bens, de serviços, de capital, de tecnologia e de ideias”. (p. 46)

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De acordo com a historiografia pesquisada por Sibilia (2012) a escola está se tornando incompatível com os corpos e as subjetividades das crianças como se fosse uma máquina antiquada. Essa instituição não tem conseguido entra em sintonia com os jovens do século XXI. Tal situação, pode ser atribuída, em parte, pelas circunstâncias de uma sociedade contemporânea globalizada que faz com que essa máquina desengrene. Uma das explicações concedidas por Sibilia (2012) por defender que a escola é uma tecnologia de época, por não acompanhar os avanços da sociedade contemporânea, desencadeando uma concorrência desleal, pois, os professores se comportam de uma forma tradicional, com instrumentos e métodos tradicionais e por outro lado o mundo globalizado oferece tudo mais modernizado possível, aspecto que evidência o quanto a escola se torna obsoleta. “Segundo Sibilia (2012), a escola passa por uma divergência de época tendo como consequência um desajuste entre alunos e colégios da contemporaneidade” (p.14).

Sibilia (2012) para de definir os momentos que a escola vem percorrendo até os dias atuais, remete ao significado da disciplina concebido no século XVII por Kant, pai da filosofia crítica ao defender, que esse seria o objetivo prioritário da educação, com a seguinte afirmação: “A disciplina converte a animalidade em humanidade” Kant apud Sibilia (2012, p.18). Para ele, somente através da educação que o homem pode alcançar, sua humanidade. O ideal filósofo do iluminismo kantiano se traduz no desenvolvimento da razão como condição para atingir a maioridade. Por essa trilha, a escola e a educação, fundamentada nos ideais kantiano focaram o desenvolvimento das crianças na sua dimensão cognitiva, uma vez que isso possibilitava a transformação das crianças em pessoas autonômas.

Outro aspecto importante para ser destacado para a compreensão do objetivo deste trabalho reside na posição adotada pelo o Estado, ao defender que a formação de bons cidadãos era obrigação da família e da escola. Hoje em dia, o Estado não é mais ligado a essas instituições, realidade que deveria ter intervenção do mesmo, para juntos mudassem está conotação, as famílias não dividem as responsabilidades, pois, os pais acham que é dever somente da escola formar um cidadão de bem, assim sobrecarregando a mesma, prejudicando o funcionamento das engrenagens que é um dos motivos da crise atual escolar.

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Nos dias atuais os avanços tecnológicos vêm fazendo parte da vida do ser humano e do seu cotidiano, chegando ao ponto de nos questionarmos se seria possível viver sem tecnologia.

A partir dessa reflexão nos cabe a questionarmos se seria possível fazer com que a tecnologia da educação não se inserisse na educação. Giddens, (2012) aponta que a tecnologia da informação já está tomando conta da educação nas escolas, causando grandes impactos de diversas formas. Vimos nos dias atuais que a tecnologia se encontra presente no contexto social, pois estamos vivendo uma nova era da sociedade contemporânea (p.618).

Desta forma é visto que as novas tendências tecnológicas aparecem para contribuir de alguma forma, com o processo de ensino e aprendizagem na escola. Giddens, (2012) diz que essas novas tecnologias irão apenas acrescentar ao currículo existente, chegam no contexto de transforma-los para que acompanhe o desenvolvimento da sociedade tecnológica .

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A intenção do presente trabalho consistiu em discutir o papel da escola na contemporaneidade, diante dos desafios apresentados pelo avanço das redes informáticas dentro e fora de suas paredes. A análise se centrou como a escola vem se transformando diante do surgimento das novas tecnologias, os acessos e redes incidem nos estilos de vida, sua repercussão na escola e na constituição de novas subjetividades. A tecnologia cresce e toma conta da sociedade e na educação não acontece de forma diferente, os recursos começam a se modernizar também no âmbito da sala de aula entrando em conflito com modelo convencional de ensino e comportamental dos sujeitos. Atualmente, assistimos o aluno, receptor dessa transformação, se comportando de uma forma ativa, construindo sua forma de aprender e conhecer o mundo. Tal situação leva a uma alteração no cotidiano escolar e nas relações professor-aluno, aluno-aluno e escola-família, ao possibilitar a comunicação mais restrita que no passado. Essa análise nos possibilita realizar uma análise dos corpos dos último tempos e os novos modos de ser e estar no mundo e por via de consequência a relação do aluo com a escola.

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Hoje a escola vive um processo de transformação através da tecnologia, que vai colocar para a reflexão do ser com o mundo. Isso provoca que o individual nos alunos e professores, que vai interferir no processo de construção dos atores sociais envolvidos na escola.

Diante do exposto, podemos entender que os autores consultados contribuíram para uma reflexão necessária sobre o papel da escola na constituição da subjetivação dos alunos. Traz contribuições elucidativas da importância de no processo formativo dos alunos que haja uma valorização da dimensão cognitiva e sócioafteiva.

REFERÊNCIAS

CHARLOT, B. Da relação com o saber ás práticas educativas. São Paulo: Cortez, 2013.

SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempo de dispersão. - Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012.

MOREIRA, Antõnio F. B. KRAMER , Sonia. Contemporaneidade, Educação e Tecnologia. Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, p. 1037-1057, out. 2007. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a1928100.pdf, consultado em 17/03/2015.

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