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CÂNCER DE PRÓSTATA UROLOGIA

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Academic year: 2021

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CÂNCER DE

PRÓSTATA

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CÂNCER DE

PRÓSTATA

CONTEÚDO: Leandro Marchetti Bruno

CURADORIA: Pedro Bertelli

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO E RASTREIO ... 4 DIAGNÓSTICO ... 5 CLASSIFICAÇÃO ... 6 TRATAMENTO CIRÚRGICO ... 8

TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO ... 9

ACOMPANHAMENTO ... 10

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INTRODUÇÃO E RASTREIO

A próstata é uma glândula localizada logo abaixo da bexiga e possui função de pro-dução de parte do líquido seminal, além de conter a área de saída de secreção das ve-sículas seminais. A uretra possui uma por-ção prostática, o que facilmente explica os possíveis sintomas obstrutivos urinários causados por alterações prostáticas. O ta-manho habitual da próstata é de 20-30 gramas (sim, a medida usualmente apli-cada é feita a partir do peso) e sua consis-tência fibroelástica (mesma consisconsis-tência da ponta do nariz).

O câncer da próstata geralmente se apre-senta inicialmente como um nódulo de consistência endurecida e aderido à glân-dula ou aos tecidos adjacentes. Indolente, a doença apresenta sintomas apenas após período evolutivo, o que geralmente im-pede um tratamento curativo. Este é o grande pilar do rastreio: avaliar os pacien-tes de risco, assintomáticos, propiciando diagnóstico precoce, com maior chance de cura. Por outro lado, discute-se exaustiva-mente o sobrediagnóstico. Devem ser evi-tadas abordagens muito agressivas em tu-mores não tão agressivos.

O grande divisor de águas entre um diag-nóstico tardio e o precoce foi a introdução do uso do PSA, o antígeno prostático es-pecífico. Como o nome já diz, ele é um

antígeno específico da próstata, porém não é específico do câncer de próstata! Há outras etiologias que elevam o PSA, como hiperplasia, infecção e trauma, por exem-plo. Por este motivo, a medida isolada do PSA não é utilizada para rastreio ou diag-nóstico. Como é feito, então, o rastreio? Utiliza-se o refinamento do PSA para uma melhor suspeita diagnóstica. Um PSA > 4 é suspeito para neoplasia, enquanto PSA > 10 é muito suspeito. Mas uma medida iso-lada de PSA não fornece segurança no di-agnóstico. A velocidade de crescimento do PSA se soma a esta avaliação. O cresci-mento anual do PSA deve ser menor que 1,0ng/dl, sendo suspeito um crescimento > 0,75 ao ano. Também calcula-se a densi-dade do PSA, dividindo o valor total de PSA pela massa prostática avaliada na ul-trassonografia. Uma densidade baixa, < 15%, sugere hiperplasia. Por fim, avalia-se a relação das isoformas do PSA, dividindo-se o PSA livre pelo total. Um valor maior que 20% sugere hiperplasia e menor que 10% é suspeito para neoplasia.

O rastreio deve, então, ser complementado pelo exame físico: o exame digital retal (EDR ou “toque retal”). A avaliação da pre-sença de um nódulo endurecido ou uma próstata de consistência fibrótica ou ade-rida aos tecidos adjacentes é suspeita de neoplasia, principalmente quando relacio-nada a um PSA (com refinamento)

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5 suspeito. Os melhores resultados, porém,

são conseguidos quando o rastreio é reali-zado na população-alvo, identificando os pacientes de maior e menor risco para ne-oplasia prostática.

Pacientes afrodescendentes e com histó-rico familiar de câncer de próstata pos-suem maior risco de evoluir com ca de próstata e devem ser rastreados mais pre-cocemente (aos 45 anos, diferente da po-pulação em geral que inicia o rastreio aos 50). É contraindicada dosagem de PSA com objetivo de rastreio para menores de 40 anos de idade.

Em caso suspeito, é utilizada a Ressonân-cia Magnética Nuclear com estudo funcio-nal da próstata para avaliação do tecido prostático. A RNM fornece avaliação com escala PIRADS, sendo suspeita lesão a partir do nível 4 (sendo nível 3 intermediá-rio). É realizada, então, biópsia da área sus-peita guiada por USG transretal. O exame histopatológico da peça fecha o diagnós-tico. Sendo um exame invasivo e com pos-síveis complicações graves (como infecção e morte), é indicado usualmente após este rastreio inicial, mas pode ser indicada logo após um “toque” muito suspeito com PSA muito elevado para acelerar o diagnóstico ou em casos de indisponibilidade da RNM.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do câncer de próstata deve ser obtido a partir do rastreio do paciente assintomático. Desta forma, a base inicial do diagnóstico é feita de acordo com a avaliação do PSA e com o exame digital re-tal (o “toque” rere-tal).

Um PSA maior que 4 é suspeito, uma vez descartadas outras hipóteses diagnósticas diferenciais, como hiperplasia, prostatite, trauma... Já um PSA maior que 10 é alta-mente suspeito, também excluídos outros diagnósticos. Importante ressaltar que o Antígeno Prostático Específico (PSA) é al-tamente específico da próstata, porém não é específico do câncer de próstata, razão pela qual deve ser refinado e inserido no contexto do paciente. O refinamento pode ser feito das seguintes formas:

Avaliação da velocidade de cresci-mento do PSA: o crescicresci-mento anual deve ser menor que 1,0ng/ml, sendo um crescimento maior que 0,75 um valor suspeito;

Densidade do PSA (PSA total / massa prostática): valor menor que 15% é sugestivo de hiperplasia;

Relação entre as isoformas do PSA (PSA livre / total): maior que 20% é sugestiva de hiperplasia, enquanto valor menor que 10% é suspeito para neoplasia.

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6 Um exame digital retal suspeito pode

apre-sentar aumento da consistência da glân-dula, não mais se observando o padrão clássico fibroelástico (mesma consistência da ponta do nariz), ou uma próstata ade-rida aos tecidos adjacentes, pouco móvel. Mas o principal achado é o nódulo endure-cido.

A partir da suspeita, complementa-se a avaliação com ressonância magnética nu-clear com estudo funcional da próstata. A RNM informa a classificação de PIRADS, indicando suspeita de neoplasia para PI-RADS maiores que 3, sendo o PIPI-RADS-3 um grau intermediário de suspeita. Um PI-RADS maior ou igual a 3 neste contexto já indica biópsia prostática. Em caso de PSA e “toque” muito suspeitos, pode ser reali-zada biópsia prostática sem realização de RNM inicialmente.

A biópsia prostática é principalmente ob-tida guiada por ultrassonografia transretal (ou com fusão de imagem desta com a RNM) e possui um considerável risco de complicações, principalmente a infecção, que pode ser grave e levar inclusive à morte. A indicação do procedimento deve ser muito clara, portanto. O exame histo-patológico da peça indicará o Gleason (e o ISUP).

A indicação cirúrgica depende da avaliação de imagem (extensão e invasão do tumor,

por exemplo), mas também depende da idade do paciente, expectativa de vida, in-teresse sexual, aspectos socioeconômicos e possibilidade de entendimento, adesão ao tratamento e acompanhamento pós-operatório. Idealmente, são cirúrgicos os tumores até T2 (alguns T3), em pacientes com expectativa de vida maior que 10 anos.

Embora a cirurgia e a radioterapia pos-suam riscos de complicação, como disfun-ção erétil e incontinência urinária, o trata-mento de tumores iniciais com diagnóstico precoce possui alto potencial curativo. Por esta razão, o diagnóstico deve estar sem-pre em íntima relação com o rastreio popu-lacional.

CLASSIFICAÇÃO

O câncer de próstata é classificado de acordo com a cirurgia e o histopatológico. A classificação diferencia o tumor locali-zado do avançado e também ajuda a guiar a estratégia terapêutica.

O estadiamento segue o clássico padrão TNM da seguinte forma:

Tx: tumor não pode ser acessado; T0: sem evidência de tumor primário; T1: tumor cli-nicamente inaparente (não é visto no exame de imagem e não é palpável); T1a: achado acidental em ressecção (5% da peça); T1b: achado acidental em

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7 ressecção (mais de 5% da peça); T1c:

achado em biópsia por agulha; T2: tumor confinado à próstata; T2a: envolvimento de metade de um lobo ou menos; T2b: en-volve mais da metade de um lobo, mas não ambos; T2c: invasão dos dois lobos pros-táticos; T3: extensão tumoral até a cápsula; T3a: invasão extracapsular (uni ou bilate-ral); T3b: invasão de vesícula seminal; T4: tumor fixo ou que invade estruturas adja-centes além das vesículas seminais (es-fíncter, bexiga, reto...); N: linfonodo acome-tido; M: metástase à distância;

A biópsia prostática é classificada pelo Es-core de Gleason, que vem sendo comple-mentado e até mesmo substituído pela mais recente classificação de ISUP. A ava-liação do Gleason é feita por uma pontua-ção atribuída ao grau de diferenciapontua-ção tu-moral (soma-se a primeira nota que se re-laciona ao grau de mais de 50% da amos-tra com a nota do restante da amosamos-tra). São 5 graus histológicos, do mais diferen-ciado para o mais indiferendiferen-ciado (anaplá-sico):

Nota 1: glândulas pequenas uniformes; 2: estroma entre as glândulas; 3: margens in-filtrativas distintas; 4: massas irregulares de glândulas neoplásicas; 5: poucas glân-dulas formadas. O Gleason 6 (3+3) é con-siderado por alguns autores como pré-câncer e a conduta tende a ser menos agressiva. O Gleason 7 pode ser um 3+4

ou um 4+3, sendo este último pior grau (fá-cil de lembrar, uma vez que a primeira nota é atribuída a mais de 50% da amostra). Por esta razão, a classificação da Socie-dade Internacional de Patologia Urológica (ISUP) tem sido utilizada. O Gleason 7 (3+4) corresponde ao ISUP2, enquanto o Gleason 7 (4+3) corresponde ao ISUP3 (Gleason 8 = ISUP4).

A partir destas noções, é feita a classifica-ção de risco do paciente:

• Baixo risco – PSA < 10, Gleason 2 a 6 e estádio <ou= 2a;

• Risco intermediário – PSA 10 – 20, Gleason 7, ou estádios T2b-c;

• Alto risco – PSA > 20, ou Gleason 8 a 10, ou estádios T3a-b;

• Muito alto risco – Estádios T3c-T4, ou qualquer T, N1

De acordo com a classificação de risco é indicado o acompanhamento e definida a conduta:

Pacientes de risco intermediário ou alto devem ser investigados com cintilografia óssea, para avaliar metástase óssea, radi-ografia (ou tomradi-ografia) de tórax para ava-liar lesão pulmonar e tomografia de ab-dome/pelve para avaliar linfonodos e le-sões à distância. Os pacientes de baixo risco só serão investigados em caso de suspeita clínica ou dor óssea.

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8 A boa relação com o paciente é

fundamen-tal para garantir um bom seguimento. É necessário não somente conhecer as clas-sificações, mas também informar ao paci-ente sobre sua doença, seu prognóstico e as opções de acompanhamento e trata-mento.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

Uma vez diagnosticado o adenocarcinoma prostático, deve-se indicar o melhor trata-mento possível, a ser individualizado de acordo com o perfil do paciente. Ideal-mente, com um bom rastreio populacional, devem ser diagnosticados pacientes em estágio inicial de doença e, consequente-mente, com alta propabilidade de cura, po-rém, mesmo com esta positiva mudança no cenário atual, ainda há casos em que o diagnóstico é somente alcançado em do-ença avançada.

O diagnóstico de certeza é feito a partir do exame histopatológico da próstata (bióp-sia, peça). Pode ser obtido tanto por uma biópsia guiada por ultrassonografia trans-retal de uma área suspeita como um achado acidental em uma ressecção pros-tática por hiperplasia (RTU de próstata), por exemplo.

Mesmo com os avanços da ciência e com a existência de novas técnicas terapêuticas, a cirurgia ainda hoje segue como padrão-ouro para o tratamento (a prostatectomia

radical). É uma abordagem de baixo custo e fácil reprodutibilidade, além de propiciar a linfadenectomia que auxilia tanto no es-tadiamento como no próprio tratamento da doença. Vale, ainda, ressaltar que a téc-nica aberta é totalmente extraperitoneal. As abordagens cirúrgicas videolaparoscó-picas e robóticas possuem, sim, alto custo e acesso intraperitoneal, porém apresen-tam algumas vantagens em relação à cirur-gia aberta. A imagem magnificada pela câ-mera facilita a dissecção, melhorando o campo em local estreito como é a pelve e a imagem 3D robótica auxilia ainda mais na dissecção, em especial, do plexo vasculo-nervoso; Além disso, existe um menor san-gramento relativo e também menor tempo de internação do paciente, com uma curva de aprendizado um pouco maior (exceto na robótica que vem apresentando curvas mais rápidas). A escolha da técnica de-pende basicamente da disponibilidade do material e, principalmente, da experiência do cirurgião;

As complicações cirúrgicas possíveis são comuns a todos os tipos de abordagem e vão desde as complicações anestésicas e cirúrgicas em geral (como infecção, atelec-tasia, deiscência de sutura...), até as ine-rentes ao sítio operatório em si. São estas mais comuns, a disfunção erétil e a incon-tinência urinária.

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9 A disfunção erétil ocorre pelo

acometi-mento do feixe vasculonervoso, que pode ser por lesão tumoral, processo inflamató-rio ou decorrente da própria dissecção. Embora as técnicas videolaparoscópica e, especialmente, robótica apresentem me-lhor campo cirúrgico, os resultados inicial-mente têm se mostrado muito semelhan-tes entre todas as técnicas.

Já a incontinência urinária mais comu-mente ocorre por lesão do esfíncter du-rante a dissecção da peça cirúrgica. É uma patologia de difícil tratamento, refratária a medicação e comumente, caso grave, re-quer reoperação para implante de esfíncter artificial.

A escolha do tratamento cirúrgico de-pende do estadiamento da doença e do perfil do paciente. Pacientes com vida se-xual ativa devem ser informados sobre a possibilidade de disfunção erétil pós-ope-ratória. O câncer de próstata tende a ser indolente em suas formas menos agressi-vas (com escore de Gleason mais baixos) e, portanto, abordagens cirúrgicas devem ser evitadas em pacientes com expectativa de vida menor que 10 anos.

TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO

Nem todo paciente é candidato à cirurgia para o tratamento do câncer de próstata. Alguns pacientes, mesmo com tratamento não-cirúrgico, podem apresentar

sobrevida razoável, uma vez que apresen-tem boa adesão ao tratamento e mante-nham o acompamante-nhamento correto. Pacien-tes muito idosos, com múltiplas comorbi-dades, com baixo grau de entendimento ou de cooperabilidade, baixo grau de higi-ene devem ter a cirurgia contraindicada. Tumores mais avançados e invasivos ou metastáticos também se apresentam como fatores contrários à indicação cirúr-gica, especialmente tumores com estágios maiores que T3 ou sem plano de clivagem. O tratamento não cirúrgico pode, portanto, ser bem indicado em paciente com tumor inicial, porém quando a cirurgia apresenta maior risco ao paciente do que seus bene-fícios. Os resultados, por exemplo, da radi-oterapia em tumor inicial são quase seme-lhantes aos da cirurgia, porém as compli-cações graves inerentes ao trauma opera-tório especificamente não ocorrerão. Já as complicações mais comuns da radio-terapia se assemelham muito às da cirur-gia. O tratamento radioterápico pode igualmente causar disfunção erétil e incon-tinência urinária. Alguns outros efeitos ine-rentes a esta modalidade, porém, merecem especial atenção. São eles a hematúria e as lesões actínicas. Estas últimas podem se apresentar anos após a exposição à radia-ção e não somente no sítio-alvo. A cistite actínica é comum em pacientes submeti-dos a radioterapia pélvica, como é o caso

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10 da próstata, mas também pode haver lesão

actínica de qualquer órgão vizinho, como por exemplo e muito comumente o reto (retite actínica, com diarréia de difícil con-trole).

A radioterapia, então, deve ser oferecida a pacientes que apresentem alto risco cirúr-gico e àqueles cujo tumor em si contrain-dica a cirurgia. Mas também deve ser o tra-tamento de escolha para pacientes que de-sejem não operar (logicamente após infor-mações em linguagem clara sobre os ris-cos e benefícios de cada abordagem). Vale lembrar que este tratamento possui alto custo e pode não estar disponível.

Outra modalidade de tratamento é a ob-servação. É utilizada em pacientes mais idosos, com múltiplas comorbidades e baixa expectativa de vida. São tratados apenas os possíveis sintomas e as compli-cações, sem “agredir” o paciente.

Diferente desta, existe a vigilância ativa, onde são realizados exames seriados para avaliar possibilidade de evolução do grau do tumor. Inicialmente o tratamento é ape-nas observação, porém com avaliações em períodos mais curtos que o rastreio habi-tual e com mudança no padrão de aborda-gem caso haja mudança no padrão da do-ença. Esta modalidade pode ser utilizada em pacientes com tumores indolentes (até T2, com PSA < 10 e Gleason até 6) e

apenas naqueles cooperativos, com bom grau de esclarecimento, acesso à consulta e adesão à proposta de acompanhamento. A intenção de ambas as modalidades (ob-servação e vigilância ativa) é evitar o so-brediagnóstico e o sobretratamento. Isto é, evitar ser mais agressivo que a própria do-ença.

Pacientes com doença mais avançada po-dem se beneficiar do bloqueio hormonal. É uma forma de “frear” a doença e pode ser obtida quimicamente ou através da or-quiectomia bilateral. É comumente utili-zada em pacientes com PSA muito ele-vado e/ou na recidiva pós-radioterapia. O tratamento apresenta, normalmente, cará-ter paliativo e possui os efeitos adversos comuns à deprivação da testosterona (as-tenia, queda de libido, alterações de hu-mor...).

ACOMPANHAMENTO

Independentemente do tratamento inicial escolhido, o seguimento dos pacientes en-volve obrigatoriamente a dosagem seriada do PSA, o antígeno prostático específico. Este antígeno, como o nome já diz, é espe-cífico da próstata, mas não é espeespe-cífico de câncer de próstata. Ora, se o paciente foi submetido a uma prostatectomia radical, com retirada de toda a glândula, em tese não deveria mais haver célula de próstata (produzindo e liberando PSA na corrente

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11 sanguínea). O mesmo raciocínio pode ser

aplicado nos pacientes submetidos à radi-oterapia, onde o PSA vai diminuindo até atingir um limiar. Aumento significativo e/ou constante das dosagens sugerem do-ença ativa e o paciente deverá ser rastre-ado novamente.

A recidiva bioquímica da doença ocorre quando o PSA do paciente cirúrgico au-menta no pós-op. Logo após o procedi-mento, os níveis laboratoriais atingem o “zero” e devem assim se manter. Caso haja um PSA maior que 0,2 (por exemplo, um PSA 0,5), é considerada ocorrência de re-cidiva bioquímica (reestadiar o paciente). Já a recidiva pós-radioterapia vai depender do PSA nadir do paciente, ou seja, o PSA mínimo que conseguiu atingir após o trata-mento (este valor mínimo pode demorar até 2 anos para ser atingido). A recidiva pós-radioterapia é considerada quando há 3 aumentos consecutivos do PSA ou se atingir 2ng/dl a mais que o valor do nadir, em caso de radioterapia complementada com bloqueio hormonal.

Ainda há a divisão entre recidiva local e sistêmica. A recidiva local pode ser avali-ada com ressonância magnética da pelve, identificando tecido suspeito no sítio cirúr-gico. Já a recidiva sistêmica é considerada quando a biópsia indica um Escore de Gleason maior ou igual a 7, com invasão de

vesículas seminais ou comprometimento linfonodal, que evolui com PSA detectável em menos de 1 ano de pós-operatório ou quando seu valor duplica em menos de 10 meses.

O principal sítio de metástase é o osso e os pacientes que se encaixarem neste quadro e apresentarem dor óssea deverão ser submetidos a cintilografia óssea. Tomo-grafia de tórax também é importante na pesquisa de metástases pois avalia o pul-mão além dos arcos costais.

Existe, ainda, um exame que está sendo utilizado cada vez mais e que se baseia na especificidade do PSA, sendo um bom marcador da presença de célula do tipo prostático, que é o PET-PSMA. Desta forma pode ser utilizado para o estadia-mento e também na pesquisa de recidiva. Os estudos mais recentes estão direciona-dos à modificação do radiotraçador, de forma que ele não apenas identifique célu-las prostáticas ao se ligar ao PSA, mas também as destrua, servindo de trata-mento.

É extremamente importante a adesão do paciente ao tratamento e, também, ao acompanhamento adequado. O paciente só poderá ser considerado curado (e rece-ber alta do ambulatório) após seguimento de 10 anos consecutivos após o término do tratamento escolhido. Inicialmente as

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@jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko

dosagens de PSA são colhidas a cada 3 meses, sendo espaçadas para cada 6 me-ses após o primeiro ano e posteriormente, com bom padrão, em remissão, o acompa-nhamento poderá ser feito anualmente.

REFERÊNCIAS

JUNIOR, A. N.; FILHO, M.Z.; REIS, R.B.R. Urologia Fundamental. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). São Paulo: PlanMark, 2010.

WEIN, A. J.; CAMPELL-WALSH. Urology. 11a ed. Rio de Jalneiro: GEN Guanabara Koogan, 2020

Guidelines AUA 2020. American Urological Association.

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