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A INFLUÊNCIA DA MICROBIOTA INTESTINAL NA OBESIDADE E A RELAÇÃO COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS 1

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A INFLUÊNCIA DA MICROBIOTA INTESTINAL NA OBESIDADE E A RELAÇÃO

COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

1

SILVA, S. C.2; WELTER, A.³

¹Parte do trabalho de conclusão de curso em Farmácia generalista pelo Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP-ULBRA. 2Acadêmica do curso de Farmácia no Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. E-mail: samiriacarvalho20@gmail.com. ³Mestre em Imunologia e Parasitologia Aplicadas. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia –BIONORTE. Professora do Centro Universitário Luterano de Palmas– CEULP/ULBRA e da Universidade Federal do Tocantins- UFT.

RESUMO: A obesidade é uma das doenças crônicas que mais crescem no mundo inteiro, sendo um fator desencadeante para outras patologias. Estudos recentes têm demonstrado que a obesidade pode estar relacionada com alterações da flora intestinal, levando a um desequilíbrio das populações de bactérias que povoam o intestino, elevando as chances de um individuo desenvolver doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Este resumo é parte de um trabalho de conclusão de curso e tem como principal escopo abordar a relação entre a obesidade e a microbiota intestinal. Para tanto, foi realizada uma revisão de literatura utilizando a pesquisa bibliográfica. As populações bacterianas divergem entre indivíduos de hábitos alimentares distintos, podendo impactar de forma negativa na saúde do indivíduo, gerando despesas em saúde e diminuindo a qualidade de vida das pessoas cada vez mais cedo.

PALAVRAS CHAVE: microbiota intestinal; obesidade; doenças crônicas não transmissíveis.

INTRODUÇÃO: A obesidade pode ser definida como o grau de armazenamento de gordura no organismo, associada ao risco à saúde decorrente de suas complicações metabólicas (WHO, 1995). É considerada uma epidemia mundial, caracterizada principalmente pelo perfil alimentar e pela falta de prática da atividade física (WHO, 2000), sendo definida pelo Índice de Massa Corporal (IMC), constituindo uma síndrome metabólica de causa multifatorial. Considera-se como sobrepeso indivíduos com IMC ≥ 25 Kg/ m2 e indivíduos com IMC ≥ 30 Kg/m2 são classificados como obesos

(BERNHARD et al., 2012; LINHARES et al 2012). Vigitel (2006) e Kelishadi et al., (2007) consideram a obesidade como um dos principais fatores de risco desencadeantes de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs). Segundo Pistelli & Costa (2010); Lage & Brito (2012), o desenvolvimento da obesidade nos seres humanos pode ter como influência as proporções relativas de dois filos principais de bactérias da flora intestinal, os Bacteroidetes e os Firmicutes (ECKBURG et

al., 2005; LEY et al., 2006; GUO, et al., 2008), sugerindo que a atividade metabólica destes

microrganismos facilita a extração e a estocagem das calorias ingeridas. De acordo com Isolauri; Salminen; Ouwehand, (2004) o intestino humano é composto por bactérias não patogênicas, atingindo uma média de 1012 unidades formadoras de colônias por grama de conteúdo fecal (UFC)/g. Até 500

espécies de bactérias podem estar presentes no intestino grosso humano adulto. A evidência de que a microbiota intestinal pode não ser igual entre pessoas saudáveis ou obesas, sugere que a microbiota intestinal pode ser considerada como um fator aditivo na fisiopatologia das doenças metabólicas (FAVA, 2013). Essa pesquisa teve como principal objetivo explorar a literatura cientifica mais recente a cerca da relação da microbiota intestinal com a obesidade e seu elo com as DCNTs.

MATERIAL E MÉTODOS: Este estudo se baseia em uma pesquisa de revisão bibliográfica do tipo exploratório de natureza qualitativa. A pesquisa foi realizada com base em dados de artigos científicos publicados sobre a temática abordada, foram utilizados motores de busca para a pesquisa como o portal periódicos CAPES, portal saúde baseada em evidencias e Google acadêmico.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO: As evidências de que a microbiota intestinal pode ser diferente entre pessoas saudáveis ou obesas, sugeriu que a microbiota intestinal pode ser considerada como um provável elo e um fator aditivo na fisiopatologia das doenças metabólicas (CANI; CLARKE, 2012; DELZENNE, 2007). Uma das primeiras evidências sobre o papel da microbiota intestinal na absorção energética da dieta surgiu a partir de estudos realizados por Backhed et al. (2004), os quais constataram que após introduzir uma microbiota intestinal em camundongos livres de germes adultos esses apresentaram um aumento rápido no conteúdo de gordura corporal apesar do baixo consumo calórico. Nesse caso, a microbiota agiu suprimindo o fator adipocitário induzido por jejum (FIAF) para coordenar o aumento da lipogênese hepática com o aumento da atividade da lipoproteína lipase (LPL) nos adipócitos, causando um maior armazenamento de calorias colhidas da dieta. Em seguida, Tsukumo (2009) sugeriu que a grande população de bactérias que normalmente habitam o intestino humano contribui para a aquisição de nutrientes e a regulação energética. Além disso, lipopolissacarideos (LPS) bacterianas provenientes da microbiota intestinal podem atuar como um fator desencadeante, ligando inflamação à obesidade induzida, decorrente do alto teor de gordura na dieta. A figura 1 representa os mecanismos que podem relacionar a flora intestinal à obesidade. Figura 1- Mecanismos que podem associar a flora intestinal à obesidade

FIAF= Fator adipocitário induzido por jejum; LPL= lipase Lipoproteína; LPS= lipopolissacárideos. Fonte: Adaptado (TSUKUMO, 2009).

O LPS destas bacterias induz a inflamação do fígado, tecido adiposo, hipotalomo e nos músculos diminuindo a sensibilidade à insulina, e favorecendo a infiltração de macrofagos, a supressão do FIAF causa o aumento da resistência à insulina e o aumento do LPL nos técidos adiposo e músculos (TSUKUMO, 2009; KRAJMALNIK-BROWN et al. 2012). Ainda de acordo com Cani; Delzenne (2007), além de a flora intestinal aumentar a capacidade de um indivíduo de extrair energia da dieta, ela também está relacionada ao controle do destino dos triacilgliceróis. A modulação da microbiota aumenta os níveis plasmáticos de lipopolissacarídeos que desencadeiam o tônus inflamatório dando início às DCNTs. Em outro estudo realizado por Cani; Delzenne (2009), estes concluíram que a microbiota intestinal regula o armazenamento de energia de diversas formas, podendo aumentar a absorção de monossacarídeos por absorção de energia via ácidos graxos de cadeia curta produzidos na fermentação; aumentando a lipogênese hepática; suprimindo o FIAF no intestino, aumentando a atividade da enzima LPL; inibindo a oxidação de ácidos graxos da proteína quinase dependentes de adenosina monofosfato (AMPK). Backhed et al. (2007) relataram que o aumento da AMPK evitou que os ratos livres de germes tivessem obesidade mesmo alimentados com uma dieta rica em gordura e açucares. Alguns estudos pioneiros avaliaram a diferença da composição da microbiota intestinal entre indivíduos obesos e indivíduos eutróficos. Ley et al. (2006) verificaram que indivíduos obesos apresentaram menor concentração do filo Bacteroidetes e maior concentração do filo Firmicutes como demonstrado na figura 2, e há uma correlação positiva entre as concentrações de Bacteroidetes e a perda de peso. Já no estudo de Turnbaugh et al. (2009) verificou-se uma diminuição das concentrações de bactérias pertencentes ao filo Bacteriodetes e um aumento das concentrações de bactérias

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pertencente ao filo Actinobacteria em indivíduos obesos, quando comparados com indivíduos eutróficos.

Figura 2-Proporção relativa de Firmicutes e Bacteroidetes em uma microbiota magra e obesa

Fonte: Adaptado (TSUKUMO, 2009).

Jumpertz et al. (2011) demonstraram que o aumento da ingestão de calorias, promove mudanças rápidas na microbiota intestinal, tanto nos indivíduos obesos, quanto nos indivíduos eutróficos, promovendo aumento nas concentrações das bactérias pertencentes ao filo Firmicutes e uma diminuição das bactérias pertencentes ao filo Bacteroidetes. Zuo et al. (2011) observaram que as bactérias pertencentes ao gênero Bacteroidetes foram encontradas em maiores concentrações nos indivíduos eutróficos quando comparado a indivíduos obesos. Ressalta-se que os estudos realizados por Turnbaugh et al. (2009), Ley et al. (2006), Duncan et al. (2008), Jumpertz et al. (2011) e Zuo et

al. (2011), fizeram uso de técnicas moleculares para a determinação e quantificação de filos e gêneros

bacterianos. T, Mc e C (2018) afirmam as pessoas que moram na zona urbana possuem uma concentração menor de bactérias do tipo Bacteroidetes se comparadas as que residem em territórios rurais. Os componentes da dieta são altamente influentes na formação da microbiota intestinal, sendo fibras, gorduras, proteínas, polifenóis e micronutrientes diferencialmente metabolizados por microrganismos, a dieta e metabólitos microbianos derivados têm fortes implicações com o desenvolvimento de doenças associadas a alimentos, como obesidade e síndrome metabólica, desnutrição e transtornos alimentares, doenças inflamatórias intestinais e câncer colo retal, entre outros.

CONCLUSÃO: Os estudos analisados relatam diferenças significativas entre as microbiotas analisadas, quando comparadas entre indivíduos saudáveis e obesos, o aspecto que pode está alterando os tipos de microbiotas podem está relacionados à dieta, já que dependendo do consumo energético é possivel favorecer ou prejudicar o crescimento de um determinado tipo de microrganismo. De acordo com os estudos citados a maior predominância de bactérias do filo Bacteroidetes está relacionada com indivíduos de hábitos saldáveis enquanto indivíduos com uma maior concentração de bactérias do tipo

Firmicutes possuem hábitos alimentares que incluem consumo de alimentos gordurosos e tem perfil

obeso. Os estudos analisados fizeram uso de técnicas moleculares para a determinação de colônias bacterianas demonstrando confiabilidade nos resultados. Apesar de achados promissores, relacionando a microbiota intestinal com a obesidade e possivelmente uma progressão para o desenvolvimento de DCNTs, ainda são necessários mais estudos a fim de aprofundar o conhecimento nessa área que é de suma importância considerando a atual problemática mundial que é a obesidade.

REFERÊNCIAS:

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crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão.

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