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O Pró-Letramento e suas Contribuições para a Formação de Professores da Educação Básica 1

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Academic year: 2021

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O Pró-Letramento e suas Contribuições para a Formação de Professores

da Educação Básica

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Adriane Elisa Dombrowski2

Resumo

Esta pesquisa tem por objetivo constituir fontes históricas a partir de entrevistas com um grupo de professores do município de União da Vitória, Paraná, que participaram do curso de formação continuada Pró-Letramento em Matemática. Este curso aconteceu em 2009 e 2010 com a adesão do município junto ao MEC em parceria com as universidades que fazem parte da Rede Nacional de Formação Continuada. A realização deste trabalho seguirá a metodologia da História Oral, a qual apresenta vários estudos no âmbito da Educação Matemática.

Palavras-chave: Educação Matemática, História Oral, Formação Continuada, Pró-Letramento.

Introdução

Esta pesquisa, em fase inicial de desenvolvimento, pretende analisar aspectos referentes à formação de professores e possíveis contribuições para a sua prática em sala de aula após sua participação no curso de formação continuada Pró-Letramento em Matemática.

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Pesquisa de mestrado, em fase inicial de desenvolvimento, sob orientação do Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna, no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática (PPGECM), Linha de Pesquisa Educação Matemática e Interdisciplinaridade, do Setor de Ciências Exatas da Universidade Federal do Paraná – UFPR.

2 Mestranda em Educação em Ciências e em Matemática pela Universidade Federal do Paraná

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Como tutora do programa no município de União da Vitória, entrevistarei alguns professores a fim de constituir os dados para o objeto de estudo desta pesquisa - os depoimentos - e a partir deles constituir fontes históricas sob o ponto de vista desses professores. Para isso utilizarei a metodologia da História Oral e, em específico da História Oral Temática, baseada nas práticas utilizadas pelo Grupo de História Oral e Educação Matemática – GHOEM3.

Com esta pesquisa espera-se alcançar resultados positivos e eficazes no que se refere à formação dos professores e à melhoria em sua prática pedagógica tendo em vista as contribuições que um curso de formação continuada pode oferecer.

O Pró-Letramento como um espaço de formação continuada

O Pró-Letramento é um programa de formação continuada que visa à melhoria da qualidade do ensino na Educação Básica (Anos Iniciais). Este programa propõe conduzir o processo de formação dos professores no sentido de uma reflexão sobre a problematização dos conteúdos e práticas utilizadas nas salas de aula ao mesmo tempo em que revela estes mesmos conteúdos e práticas sob um novo enfoque.

Junto ao Guia do Curso, documento ainda oficial, podemos verificar que

[...] o Pró-Letramento em Matemática foi concebido como formação continuada de caráter reflexivo, que considera o professor sujeito da ação, valoriza suas experiências pessoais, suas incursões teóricas, seus saberes da prática, além de no processo, possibilitar-lhe que atribua novos significados à sua prática [...] (MURTA, SILVA & CORDEIRO, 2008, p. 8).

Sendo assim, o programa de formação Pró-Letramento se constitui em um espaço que possibilita um ambiente propício à aprendizagem.

O Pró-Letramento se caracteriza por momentos presenciais e à distância. Nos momentos presenciais segue uma dinâmica em que há a possibilidade de discutir, levantar questões, esclarecer dúvidas, refletir, expor inquietações e sucessos da prática pedagógica,

3 Mais informações sobre o grupo, bem como a lista completa dos trabalhos de todos os seus

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trocar experiências entre o grupo. Os momentos à distância compreendem as atividades individuais. Portanto, o Pró-Letramento é um curso que exige do professor tanto estudos individuais quanto coletivos. Apresenta como principais integrantes do programa os professores cursistas, os tutores e os professores formadores que em uma relação de interdependência fazem parte de uma formação em rede.

As universidades responsáveis pela orientação do curso do Pró-Letramento em Matemática foram a UNESP4 na primeira fase e a UFRJ5 na fase de revezamento.

Essas orientações aconteceram na cidade de Curitiba e foram realizadas pelos professores formadores das universidades junto às turmas dos tutores, os quais fariam o repasse aos professores cursistas nos seus respectivos municípios.

Posteriormente às primeiras orientações, que ocorreram ainda no final do ano de 2008, houve mais quatro momentos de formação em que também fora discutido o andamento do curso com os tutores, os sucessos e as dificuldades que eles estavam encontrando.

O material didático utilizado no curso foi o livro do Pró-Letramento em Matemática composto por oito fascículos que constituem basicamente os conteúdos trabalhados na Educação Básica (Anos Iniciais), sendo o último fascículo sobre a avaliação. Na etapa de revezamento, tivemos algumas apostilas complementares aos conteúdos do livro, com textos e atividades a serem aplicadas tanto nos momentos presenciais quanto nos estudos individuais.

Os professores cursistas se reuniam com o tutor uma vez por semana no período noturno com carga horária de 84 horas presenciais e 36 horas à distância, perfazendo um total de 120 horas.

Para estes encontros, os fascículos apresentavam uma dinâmica constituída num primeiro momento de fechamento do fascículo anterior denominado “Pensando Juntos” onde os professores socializavam as atividades que haviam desenvolvido junto aos seus alunos sobre os conteúdos e conceitos trabalhados anteriormente. Este momento era sempre muito proveitoso, pois havia grande troca de experiências, descobertas e surpresas.

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Universidade Estadual Paulista de Rio Claro

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Em seguida prosseguia-se o encontro com o momento de trabalho em grupo, o momento individual e finalizava com as conclusões sobre o novo conteúdo abordado e o aproveitamento que tiveram do encontro.

Enfim, acredita-se que o curso do Pró-Letramento se constitui em uma possibilidade para o professor discutir suas experiências em sala de aula, esclarecer suas dúvidas conceituais, experimentar atividades, trocar experiências com o grupo de trabalho, fazer leituras e reflexões, aprofundar seu conhecimento, contribuir para uma nova postura do professor, de autonomia e segurança no fazer pedagógico.

Reflexões sobre o papel do professor

Tem-se a consciência de que as concepções que os professores expressam no modo de ensinar a matemática são construídas historicamente, havendo a necessidade de se identificar nos cursos de formação continuada quais são estas concepções para que possam ser trabalhadas no sentido de sua reflexão ou transformação. O que se percebe é que ainda predomina a visão utilitarista da matemática em detrimento ao que deveria compor um cenário de criação, de descobertas, de construção do seu próprio conhecimento.

É evidente que para que este cenário de aprendizagem seja realmente eficaz o professor deva estar bem preparado. Não se trata aqui só do domínio do conteúdo (que também é importante), mas do professor estar em constante estudo para se apropriar dos saberes necessários para que se crie este ambiente favorável à aprendizagem em sala de aula e, assim, o professor exerça seu papel de mediador do conhecimento.

Percebe-se que mudanças nas concepções dos professores e em sua prática não são fáceis de acontecer, pois ainda é muito frequente práticas em que se reproduz o ensino em que estes professores foram submetidos ao longo de sua escolarização, lacunas deixadas por cursos de formação inicial, crenças arraigadas ao longo do tempo como as que vêem a matemática como listas de exercícios e aplicação de fórmulas, como uma matemática pronta, acabada e incontestável. Mas também se entende que há sempre professores dispostos a mudar, a encarar novos desafios, mostrando comprometimento com a aprendizagem dos alunos e com a sua própria aprendizagem. Sendo assim, cabe aos cursos

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de formação continuada tentar mudar esta realidade, tomando a prática pedagógica dos professores como ponto de partida e de chegada para que em um ambiente de autonomia e cooperação se produzam novos significados para a matemática, para o ensino e para a aprendizagem.

História Oral e Educação Matemática

A História Oral vem sendo cada vez mais utilizada em pesquisas no campo da Educação Matemática. A História Oral é compreendida, nesta pesquisa, como uma metodologia que busca - com o uso de entrevistas planejadas - constituir fontes históricas a partir da narrativa de colaboradores. Para Garnica (2006, p. 89)

Trata-se de entender a História Oral na perspectiva de, face à impossibilidade de constituir “A” história, (re)constituir algumas de suas várias versões, aos olhos de atores sociais que vivenciaram certos contextos e situações, considerando como elementos essenciais, nesse processo, as memórias desses atores - via de regra negligenciados -, sem desprestigiar, no entanto, os dados “oficiais”, sem negar a importância de fontes primárias, de arquivos, de monumentos, dos tantos registros possíveis. Não havendo uma história “verdadeira”, trata-se de procurar pelas verdades das histórias, (re)constituindo-as como versões, analisando como se impõem os regimes de verdade que cada uma dessas versões cria e faz valer. Historiadores orais são, portanto, criadores de registros; constroem, com o auxílio de seus depoentes-colaboradores, documentos que são [...] “enunciações em perspectiva”. Documento cuja função é preservar a voz do depoente – muitas vezes alternativa e dissonante -, que o constitui como sujeito e que nos permite (re)traçar um cenário, um entrecruzamento do quem, do onde, do quando e do porquê.

Concebe-se, então, num igual patamar tanto as fontes orais quanto as escritas, não a escrita em supremacia sobre a oralidade como ao longo do tempo tem se visto, mas ambas com particularidades específicas.

Corroborando com esta ideia, Portelli (1997, p. 26) expõe que “Na realidade, as fontes escritas e orais não são mutuamente excludentes. Elas têm em comum características autônomas e funções específicas que somente uma ou outra pode preencher (ou que um conjunto de fontes preenche melhor que a outra)”.

Na verdade o que devemos ressaltar é que as fontes escritas não se constituem na única possibilidade do trabalho com a História e na única forma legítima de registro.

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Segundo Meihy (2002, p. 13) “A História Oral é um recurso moderno usado para a elaboração de documentos, arquivamento e estudos referentes à experiência social de pessoas e de grupos. Ela é sempre uma história do tempo presente e também reconhecida como história viva”.

Desta maneira, como exposto por Meihy, a história viva se justifica no sentido de que o passado tem continuidade no presente como um processo histórico não acabado.

A História Oral, hoje entendida no contexto da História Contemporânea, apresenta toda uma sistematização como: o planejamento da pesquisa, a escolha dos entrevistados através de critérios pré-estabelecidos, a gravação de entrevistas, a transcrição dos depoimentos, a análise do pesquisador, a colaboração, a conferência e o aval do entrevistado para posterior utilização do material, o arquivamento e o processo de devolução da pesquisa, dos resultados obtidos às pessoas ou à comunidade onde ela foi realizada.

O que deve ficar bem claro, porém, para que não ocorram interpretações equivocadas, é que nem toda expressão oral e nem toda entrevista, se constitui em História Oral. Para ser História Oral é necessário todo um planejamento de pesquisa, uma intencionalidade. E, nesse movimento, em que já se estabeleceu uma determinada regulação definem-se elementos que estabelecem um norte para a pesquisa nesta área. Também não se faz História Oral somente na ausência de documentos oficiais, ela também é utilizada para constituir outras versões da História ou até mesmo na formulação de uma “nova História”, muitas vezes oculta. Percebe-se nos trabalhos que se utilizam da História Oral que ela acaba por apresentar uma função social por dar voz e ouvidos a quem geralmente ficaria às margens da sociedade e da História.

A realização das entrevistas, nesta pesquisa, ocorrerá em dois momentos distintos: o primeiro com a utilização de palavras-chave, a livre escolha do colaborador, tais como: matemática, Pró-Letramento, números naturais, frações, operações, prática pedagógica, materiais manipuláveis, troca de experiências, problemas, entre outras. Neste momento supõe-se relevante ouvir mais do que questionar. E em um segundo momento a entrevista será semi-estruturada no sentido de complementar e esclarecer pontos obscuros da primeira entrevista bem como de questionamento por preferência a um determinado assunto em detrimento a outro, por exemplo.

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A escolha dos professores colaboradores dar-se-á por sua participação no curso Pró-Letramento em Matemática de maneira que a entrevistadora pretende contemplar todos os grupos que foram constituídos no período de 2009 e 2010. A partir deste ponto, se estabelece contato para a disponibilidade ou não para a entrevista, tal como o processo de agendamento das mesmas em local escolhido pelos colaboradores e os devidos esclarecimentos e informes sobre a pesquisa a ser realizada. As entrevistas terão início no segundo semestre de 2011.

Depois de constituídos os textos, a partir das narrativas dos entrevistados, a análise deve integrar o processo de desenvolvimento desta pesquisa buscando estabelecer um diálogo entre as diversas vozes.

Considerações

O Pró-Letramento em Matemática possibilita um envolvimento na problemática do ensino da Matemática estabelecendo assim, uma relação mais próxima entre os professores das Universidades e os professores da Educação Básica para que em conjunto contribuam para um melhor processo de ensino e de aprendizagem da Matemática.

A opção pela metodologia da História Oral acontece por se acreditar que tal prática revele aproximações e diferenças entre os argumentos projetados pelas entrevistas conduzindo assim, para uma análise.

Com base nos depoimentos e sua respectiva tentativa de análise, busca-se não constatar algo como “causa/efeito”, mas, sim, contributos de um espaço de formação continuada para a formação do professor e uma possível melhoria em sua prática pedagógica, pois, sabe-se que há uma multiplicidade de fatores que interferem nesta mudança como, por exemplo, o amadurecimento que tiveram neste período de tempo, suas experiências, suas leituras, seu fazer pedagógico, dentre outros.

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GARNICA, Antonio Vicente Marafioti. História Oral e Educação Matemática. In: ARAÚJO, Jussara de Loiola; BORBA, Marcelo de Carvalho (Org.). Pesquisa qualitativa em educação matemática. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2004, p. 79-100.

MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola, 2002.

MURTA, Claudia Pereira do Carmo; SILVA, Diolina Moura; CORDEIRO, Valter Luiz dos Santos. Guia do Curso. Brasília: MEC, SEB, 2008. 18p. In: BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pró-Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: matemática. – Ed. rev. e ampl. incluindo SAEB/Prova Brasil matriz de referência/ Secretaria de Educação Básica – Brasília: Ministério da Educação, SEB, 2008.

PORTELLI, Alessandro. O que faz a história oral diferente. In: Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC-SP. São Paulo: nº 14, fev. 1997, p. 25-39.

Referências

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