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A C Ó R D Ã O. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 12ª Câmara de Direito Privado. Registro: 2017.

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Registro: 2017.0000182417

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 1019007-20.2016.8.26.0577, da Comarca de São José dos Campos, em que é apelante VANESSA CRISTIANE DA SILVA (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado BANCO BRADESCO CARTÕES S/A.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da(o) 12ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto da Relatora, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Excelentíssimos Desembargadores JACOB VALENTE (Presidente sem voto), CASTRO FIGLIOLIA E CERQUEIRA LEITE.

São Paulo, 22 de março de 2017

(assinatura digital)

SANDRA GALHARDO ESTEVES Desembargadora – Relatora.

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Voto nº 18.605

Apelação Cível nº 1019007-20.2016.8.26.0577

Comarca de São José dos Campos/ 3ª Vara Cível Juiz(a): Luis Maurício Sodré de Oliveira

Apelante(s): Vanessa Cristiane da Silva Apelado(a)(s): Banco Bradesco Cartões S/A.

CARTÃO DE CRÉDITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS

MORAIS E MATERIAIS. COBRANÇA EM DUPLICIDADE NA

FATURADECARTÃODECRÉDITO.

A autora teve cobrada em sua fatura de cartão de crédito a despesa “SKY Mensalidades” em duplicidade, de forma indevida. Embora tenha a autora tentado solucionar o problema de forma administrativa, não obteve a devolução dos valores cobrados. Houve falha na prestação de serviços do banco réu, de modo que faz jus à restituição da quantia pleiteada na exordial.

DANOMORALNÃOCONFIGURADO.

O caso concreto não revela hipótese de padecimento de dano moral. Não se nega que a falha na prestação do serviço e as cobranças indevidas causaram aborrecimento à autora. Isso é óbvio. No entanto, o mero aborrecimento, o transtorno porque teve de passar não autoriza condenar o réu à reparação de um dano moral inexistente. Desacompanhadas de consequências extraordinárias, não implicam ofensa a direito da personalidade.

REPETIÇÃODOINDÉBITO.

A repetição do indébito deve se dar de forma simples, e não em dobro. À míngua de demonstração de má-fé do réu (ou seja, de manifesta intenção de lesar a consumidora) não se lhe aplica a penalidade prevista no art. 42 da Lei nº 8.078/90.

Apelação provida em parte

Vistos,

1. Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r. sentença, prolatada as fls. 184/186, que julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial dessa ação de indenização por danos materiais e morais que VANESSA CRISTIANE DA SILVA move em face de BANCO BRADESCO CARTÕES S/A.

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A autora narra na inicial que é cliente do réu, tendo constatado que em junho de 2014 recebeu cobrança de R$ 303,14 na fatura de maio de 2014 que já se encontrava quitada em 17/04/2014. Argumenta que solucionou esse fato após registrar reclamação contra o réu no PROCON, na qual ele reconheceu a cobrança indevida na fatura do cartão de crédito. Diz que o réu novamente falhou quando cobrou o valor de R$ 54,90, em duplicidade (jul/2014), ocasião em que entrou em contato para que o valor cobrado a maior fosse devolvido, mas não obteve êxito, embora o réu reconhecesse o erro. Aduz que esse fato lhe trouxe prejuízos, passíveis reparação por danos morais. Pede a devolução em dobro no valor de R$ 219,60 e indenização por danos morais equivalente a 5 (cinco) salários mínimos.

O réu contestou as fls. 38/48. Sustentou, em síntese, que: os valores lançados em duplicidade no valor de R$ 54,90 são referentes a mensalidade da TV por assinatura SKY, não tendo qualquer responsabilidade pela essa cobrança; descabe reparação por danos morais, bem como a repetição do indébito dos valores cobrados em duplicidade.

Sobreveio a r. sentença de fls. 184/186 que julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial dessa ação e condenou a autora ao pagamento das custas e despesas processuais, sobretudo honorários de advogado fixados em 10% da condenação, ficando a cobrança de tais verbas condicionadas à comprovação de ter a autora perdido a condição de beneficiária da Justiça Gratuita.

A autora apelou as fls. 188/192. Sustentou, em suma, que: a) faz jus à restituição em dobro do valor de R$ 54,90 referente a serviços prestados pela Sky porque cobrado em triplicidade em sua fatura de cartão de crédito e b) a falha na prestação de serviços do réu com as cobranças faturadas indevidamente lhe acarretaram transtornos, passíveis de reparação por danos morais.

O réu ofereceu contrarrazões as fls. 195/201. Sem oposição ao julgamento virtual (fl. 205). É o relatório do essencial.

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do mês de julho de 2014, acostada pela autora, as fls. 28, há cobrança em duplicidade no valor de R$ 54,90, referente à mensalidade da TV SKY, motivo pelo qual a autora busca a restituição em dobro do valor indevidamente cobrado, bem como a reparação por danos.

De outra banda, o réu em sua defesa, limitou-se a alegar que é a “SKY” a responsável pela cobrança em duplicidade da mensalidade da TV por assinatura.

Nesse esteio, não há como afastar a responsabilidade do réu pelos danos materiais sofridos pela autora que efetuou o pagamento total da fatura com vencimento no dia 16/07/2014 (fl. 28), no qual incluiu indevidamente o valor de R$ 109,80 (fls. 28). Essa quantia deverá ser restituída com atualização monetária desde a data do respectivo desembolso, e acrescidos de juros moratórios de um por cento ao mês, desde a data da citação.

A repetição do indébito deve se dar de forma simples, e não em dobro. Não se pode concluir que o réu efetuou as cobranças dolosamente, maliciosamente. À míngua de demonstração de má-fé (ou seja, de manifesta intenção de lesar o consumidor) não se lhe aplica a penalidade prevista no art. 42 da Lei nº 8.078/90.

Prevalece a orientação de que a condenação desse jaez, de tão grave e desproporcionada, só é admissível diante de inconcussa e irrefragável comprovação de má-fé e dolo.

No mais, o caso concreto não revela hipótese de padecimento de dano moral.

Para caracterização do dano moral, é necessária a perturbação nas relações psíquicas, na tranquilidade, nos sentimentos e nos afetos da pessoa.

Na lição de ANTÔNIO JEOVÁ SANTOS:

“O dano moral somente ingressará no mundo jurídico, com a subsequente obrigação de indenizar, em havendo alguma grandeza no ato considerado ofensivo a direito personalíssimo. Se o ato tido como gerador do dano extrapatrimonial não possui virtualidade para lesionar sentimentos ou causar dor e padecimento íntimo, não existiu o dano moral passível de ressarcimento. Para evitar abundância de ações que tratam de danos

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morais presentes no foro, havendo uma autêntica confusão do que seja lesão que atinge a pessoa e do que é mero desconforto, convém repetir que não é qualquer sensação de desagrado, de molestamento ou de contrariedade que merecerá indenização. O reconhecimento do dano moral exige determinada envergadura. Necessário, também, que o dano se prolongue durante algum tempo e que seja a justa medida do ultraje às afeições sentimentais. As sensações desagradáveis, por si sós, que não trazem em seu bojo lesividade a algum direito personalíssimo, não merecerão ser indenizadas. Existe um piso de inconvenientes que o ser humano tem de tolerar, sem que exista o autêntico dano moral.” (in, “Dano moral indenizável”, 4 ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 113).

Nesse sentido:

“CIVIL. DANO MORAL. NÃO OCORRÊNCIA. O recurso especial não se presta ao reexame da prova. O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas somente aquela agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias no espírito de quem ela se dirige. Recurso especial não conhecido” (STJ, REsp. nº 403.919/MG, 4ª Turma, Rel. Min. CESAR ASFOR ROCHA, j. em 15.05.2003, in DJ 04.08.03, p. 308).

A reparação do dano moral não está diretamente relacionada a qualquer problema, contrariedade, aborrecimentos que a pessoa possa momentaneamente sofrer. O dano moral deve ser analisado casuisticamente, com certa cautela, a fim de que não seja exageradamente reconhecido, criando-se uma indústria dos danos morais como fonte de enriquecimento.

Não se nega que a falha na prestação do serviço e as cobranças indevidas causaram aborrecimento à autora. Isso é óbvio. No entanto, o mero aborrecimento, o transtorno porque teve de passar não autoriza condenar o réu à reparação de um dano moral inexistente.

Desacompanhadas de consequências extraordinárias, não implicam ofensa a direito da personalidade.

3. Em face do exposto, dá-se provimento em parte para condenar o réu a devolver à autora os valores pagos referentes às mensalidades cobradas indevidamente com atualização monetária desde as datas dos respectivos desembolsos, e acrescidos de juros moratórios de um por cento ao mês, desde a data da citação. Diante da sucumbência recíproca, cada parte arcará com o pagamento da metade das custas e

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despesas do processo, assim como os honorários de seus respectivos patronos, observando-se o disposto no art. 12 da Lei nº 1.060/50, pois a autora litiga sob os auspícios da assistência judiciária gratuita.

(assinatura digital)

SANDRA GALHARDO ESTEVES Desembargadora Relatora.

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