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Memoria sobre a necessidade de abolir a introdução dos escravos africanos no Brasil... URI:

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Academic year: 2021

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Memoria sobre a necessidade de abolir a introdução dos escravos africanos no

Brasil...

Autor(es):

Costa, João Severiano Maciel da

Publicado por:

Imprensa da Universidade

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/2861

Accessed :

15-Feb-2021 09:07:35

digitalis.uc.pt pombalina.uc.pt

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(11)
(12)

MEMORIA

SOBRE A NECESSIDADE DE ABOLIR A INTRODUÇÃO

DOS

ESCRAVOS AFRICANOS NO BRASIL;

SODRE O MODO E CONDIÇÕIS COM QUE ESTA ADOLIÇÃO SE DEVÊ FAZER;

E

SOBRE OS MEIOS DE REMEDIAR A FALTA DE BRAÇOS QUE ELA PODE OCASIONAR.

POJ.

JOÃO

SEVE~~A!.?~Acr:~

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~~~?~TA, \.v-t~

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Do Conselho ele S11a

Mt~sesiade

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Cfl!aJr"11Taâ•na. ..

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Miluu Gerail,

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OFERECIDA

AOS

B R A S

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1 L E I R O S

SEVS COMP.ATlUOTAS. ' '

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COIMBRA,

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. . ... · ... . ·. : 7· •. . . . NA 11.\IPRENS.o\. DA UNIVERSIDADE.

- · -

1821.

(13)

• • • Rien ne met pluJ pr~s de la condàio"' àe.s hlte.s 9u.e de voir umjo11r1 Ju

/tommer li.hre.s et de 11.e l'étre pa.s. De telles gens sou' des tmnt:mis uaturel$ de la sociilJ , et leur nonwre &erail darl(/trtuz:.

a • • 'J.e cri pour·

r

esclavfVe e.st donc /c cri dtt lu:ce et de 14 polt~ptJ , et noa · ptu celul ·de 'rarnorl,. lN ,.:. ftlfcit~ puhl~tt• · ·

·

.. :

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..

...

Mo:NTUQV&av 1 E.spril du Loi.r Liv. XV. €hap. 9· et IS. De l'uclavtl(Je.t

.. . (! . \ . .· : ..

i.

Optamlurs .,.,, tptfllllla- r11 lftleo ~i ftllVII•irmf f"OIJ"" modo

in,_,. ·

••

I . .

Aonestalú raúones 11t clvile.s. · · · . ·' ·

PAMloü. Jod'Da MIILo~· Imtll. Jllr. Ctv.~ L111. Lib. ~TiL 1.0 S. a~.

in Not. d11 li/J11rif et '"""•· . .

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(14)

.ADYERTENCI.A.

E S t a llemoria esteve licenci'tula na tí'pografia Jo Ri'o Je Janeiro J~sde 3 de J,,z/,o de 1820 até quasi A:/Jril Jo corrente ano sem que ll1e :regasse a sua vez. Esta advertencia t! nectts-san'a I porque . mUitaS COÍSaS que nela 16 a% l/O foi' l/O escn'fal

eom relafllo ao Brasil e ao estado das coisas entllo 1 as quaú

\ rufo foi possivel ao autor emendar. Os motivos que deter·minártlo

·;

;'-,_ a compoll"çllo delas sulJir4o de quilate com a nova OrganisaflltJ '

\I politica da ltlonarquia 1 porque 1 entre outras considerafõis ;

·< . .,:.

hasta lemórar que mal se póde casar uma Constitllifllo livre

· <"

,,

com o trafico de comprar e vender homens 1 inj11rioso á l1umaot~

. j nidade. i E que ma teria mau digna da atençao do Soóerano . Congrtmo 1 na qual tanto vai da prosperidade e mesmo dtl

\ .

: ' 6eguranfa d' aquela parle tão importante desta vastissima Mo·

..

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narquia? .

A

2

(15)

. f

6)

Naqueles

tempos·

partceu

que n•da

ce

podia

fazer de melhor. Os Conquistadores não vírão outra coisa senão a ne. cessidade de aproveitar facil e prontamente os tesoiros imensoe que oferecia prodigamente a natureza , e abraçárão avida e cegamente os ~ios de o conseguir.

Na verdade , se o Brasil não aspirasse a outra coisa mais do que a ser uma Feitoria da Europa, a cavar minas, e lavrar a terra, para enviar-lhe seus metais preciosos, e as materiu primeiras para alimentarem sua industria. e comercio, nada mais tinha que fazer do que aumentar

numero dos seus tra-balhadores á proporção do consumo dos seus produtos, e isto

ar~ um ponto indefinido , conservando-se d'csta sorte na per ..

petua

dependencia da industria Europeia. ,/

Mas sendo o Brasil hoje uma Potencia , que ja grande • ainda na infancia, tem proporçõis para vir a ser um dos maio-res Imperios da terra, não ha duvida que .o sistema Colonial que lhe convinha até agora , não lhe convc;m mais , c que de-'Yernos seguir a marxa que a ·Politica nos ensina , para elevalo á presperidade e grandeza· que lhe· marcou a Divina Provi• denéia, a qual de certo não o dotou di tanta e tão variada riqueza , não o talhou de tantos

e

tão s&berbos rios, não lhe

J.QfÍY tantos ... lão vastos c tão seguros portos, senão para desa-. liar a industria humana a cultiv~lo , e povoalo e .desfru ...

. talo. ( 1)

, (r)' O .mund• ·parece :com efeito o teatro preparado pela Divina Sabedoria eom

os

deSfMtladw• nenuarioe para o homem denavolvar nele sua rlleio e levar MUo.anre ~ per&ctibilidacle de que ele é copa~, apreadendo a ·tirar partido dai

eoina creadH e acomoda las aaa eeas. aaos , donde deve rnakar om profundo Teconheoimeatct aoa beneficio• · do Senh.or e Creador ·de tudo. A iluagiaaçio ae confdd•·ilaaadn p&'eteadtnoa .lleunir a'am quadro eetrei.tG toda . ..a eiatenaão do1 futuro• deatiaoa da Amerira. Qoando somente encaramoa com o sobll(ba A--.

(16)

( 7 )

Mas a este grande fim obsra ~ssencialmente o aiatema

de

trabalho por escravos, o qual ofende os direitos da huma .. nidade , faz infeliz uma parre do genero humano, põe em perpetua guerra uns com os outros homens ,

e

paralisa a

industria , que nunca póde prosperar solidamente senão cm mãos de gente livre. Ao que acresce o risco iminente

e

inevitavel que corre a segurança do Estado com a multipli. ' cação indefinida d'uma população h~terogenea, desligada de todo vinculo social , e por sua mesma natureza e condição-,. inimiga da ·classe· livr~.

Os

Anglo-Arnericanos sentírão os inconv~nientes d'csta população recrutada na Africa, e aproveitárão-se da sua revo.;. lução· politica para embargarem o progresso d•eJa ;. oper~ção.

que rematárão com· dificuldade , a·pesar das facilidades que· lhes subministrava o seu sistema de colonisação múito diferente-do nosso; ainda assim vem-se müitos escravos nas Provin-. cias do Sul , onde ha o gosto de cukivar

os

gencros

colouiais •

·

c

eles vem bem. ' 1 )

Os

lnglezes fizcrão o mesmo, ainda que mais tarde ,

nas.

suas Colonias , c: forçárão aos Francezes c 1-folandezes a·

fa-r.on11, cortando 41uasi todo o Continente d'Eata a Ouesta, lavando' terrenos fid.

praei0101 em todo gaaaro. de riqanu nataraia, nio. podemoa crer que eUe f~·

datioado pelo Creador para somente acarretar e precipitar no Ocs.no. as reiit lfDÍas do Reino animal . e vegetal. Parece provave.l que· o Perú esgotará . por aqaele grande vehicalo ~nas. i;nanaas riquezaa para. a Europa , e que· até ·oa

mer-eadoriu Ai1atiou aiario por ali unia uida CJIMI o l11mo tio PIJlalllà lh• tem· ld··

~je denesado.

(,•) Mr. Bonoec eatima 01 -ra•o. dee Provinciae do Sol dee~ Maryland:

ati\ 01 confine d. Loieian!l em um milhão e dor.eotoa mil - Tahka11 tl•1 Etal~·

Unu tl• l'.Améi'ÜJu•. Paria, 1816 - i c a}lt\U de toclae .... vi&ilancias ali ae iA··

(17)

( 8 )

zerem outro tanto nas suas Colonias das Antilhas.

De

cerro •

por filantropia somente~ estas duas N.açõis não deixarião de cultivar ~om escravos AfricanOs estas preciosas possessõis ; mas Inglaterra

quiz.

c.lcddidamente a ristinção d'esse aisrema de trabalho, que dera .nome á Maninica , Gi.ladelupe •

São

Domingos e Surinam • e foi quanto bastou , empregando para isso a sua não equivoca prcponderancia · nas celebres convcn-çõis com q.ue se fexou a s.c.e.na dos de&asu:es, causados pela guerra da revalução.

Portugal esta v a em situação múito diferente. Con\'indo no-interesse de adotar o ststema de trabalho por braços J:iw-res • não podia convi1' na abolição imediata da introdução dos esc·ravos sem preparo.. c sem um praso arrasoado para tomar

auas medidas , sob peAa de arruinar a agriculrura .e comercio dos seus Estados. Assim , concedeu -o mais que podia con-ceder • c zeloeo W: dar provas de humanidade e filantropia , ma teria coru qt1e Inglaterra invoi.Ye a questão. prometeu tomar

medidas para

a

abolição d'este comercio de homens,

que ja

feríra

o

car~ã~~ do Soberano e de seus Ministros • conhecendo perfeitamente os inconven~ntes d'ele.

Porem

os Jornais

Inglezes tem

mais de uma

vez anunciad que a epoca d'esta .abolição total no Brasil está muito procinü

e esta noticia inquieta oa pcoprietarios , como temos obse..-vad•

uns, porque intendem

que

o sistema de cultura por escra-v

é o gue aos convem ~isclusivamente; ~urros, porque não v (di.zem

.(lcs) os

meios

prontos de

substituirem

novos

trabé dores aos escravos. E• preciso desabusar uns, e animar ot:

E por

quanto

prejuizog nacionais não se destroem C<

forç~ ~ senão só· com as luZes , e pareceu-nos que fari

(18)

( 9 )

:xega a todos, nossas fracas mas muito sinceras refteçõis sobre

a materia; emprehendcmos este trabalho, piqueno em volume.,~"····~

mas fertil e grande cm resultados, c bem capaz de dar que

pensar aos homens intendidos e previstos, porque trata.se de sua sorte futura e de seus filhos , da segurança , aumento e

prosperidade do nosso Impcrio. _

Não nos é

possível

descermos

a

miudezas, como quereria~

mos e por ventura conviria , porque não nos sobra tempo para

rascunhar obra volumosa: contentamo-nos·

por

isso em dar=

ideias gerais 1 que abrão caminho a ulteriores indagaçõis a

quem se resolver a ocupar-se de tão interessante materia. Eisaqui a marxa que seguiremos no discurso: mostraremos I .• que o comercio dos escravos, com quanto contrario á hu.

manidade, não

é

:tão horrível como o pintão seus antagonistas:

2.•

eisaminuemos que motivos terá Inglaterra para instar

com tanto afinco na abolição universal d~ele:

J.

0 mostr~rcmos

que a introdução dos escravos Africanos 1 indefinida quanto ao

numero d'cles e quanto ao tempo de aua duração, ·é contraria

á

segurança e prosperidade do Estaoo : ... diremos quando

deverá verificar-se a abolição total da introdução dos me.smos •

e analisaremos os efeitos· que naturalmente se devem esperar

d'cla :

0 indicaremos os meios pelos quais se poderá manter

o

nosso trabalho agricola independente dos escravos Africanos:

6.

0 dcsinvolveremos sumariamente cadaum delles: ·

7•

0

decidi-~e.~os as duas questões; 1.• se o trabalho agricola. do

Brasil.

~ incof!!pativ~l com

as

forças fisicas e constituição. do.s traba,;.

I h adores' Europeus ; 2. • se a cultura e trabalhos feitos por

elicravos são mais lucrosos que por homens _livres: 8.0

dire-moa que providencias se darião sobre nossas possessõis Afri~

canas.

(19)

( IO )

Esta simplea enumeração de material prova a importancia

~la obra digna da pena

de

tantos homens instruidos que pos-auimos. Sería para nós uma não piquena recompensa deste insignificante trabalho, se ele fosse capaz de ti ralos a terreiro-para nos eomunica·rem suas- ideias

e

arbitrios n'este ponto-interessante, no qual são indispensaveia socorros~ eispericnci•

e prudencia. de miiitos.

E•

um tributo, e bem lisonjeiro, que pagão os homens de bem • que cultivárão seu espirita • ao-Serviço. do Rei e da Patria.

Confessamos

ingenuameftte

que

é este G motivo q.ue nos.

animou

a pegar

na

pena,

e não o desejo de gloria literaria ~

tabcmos que ele

é

nobre e louvnd, cromo

capaz

de esporear

o

homem

a

grandes e arduas. em prezas !iterarias em- provei[O. da sociedade ,

mas

nem

esaa

gloria se adquire

a

tão piqueno-c:usto • nem foi esse o primeiro mo.Yimento do

nosso

coração-flUindo, em conver~õis familiares, observámos

que· a

opinião. quasi geral, mnmode gente instruída, dissentia absolutamente da nosaa. i Porque razão (eiadamava

ja

n•outro tempo um-Filosofo) se hão.dc atribuir todas as produçõis literarias a um ateril amor da gloria eisclusivamente? lO amor da humani-dade não

é

tãobem ama paixão dominante no coração de.

homem bem educado? (Não

é

ele bem capaz de eiscitar o-homem a refletir c a comunicar

o.

fruto- de suas lue!ubraçõis

?-i O doce prascr e satisfação de ser ut-it a seus similhantes não.

pésa

incomparavelmente mais na balança da rasão do que

(20)

( I I )

§.

I.•

O emtrdt

tltn

tstrtnJos ,

tow qu11111-o

eontrario

á

bu11umidtklt, 1111:

é

tio

bDrrifJtl

eomo o figuri• os seus

anlt~got~islas.

Comprar e vender homens ofende sem duvida a humani..;

dade, porque 01 homens nascem livres. ( Mas que argumento

-ae póde tirar daqui 1 Nós sabemos, pela historia , q!Je de todo

tempo eles abusário d'essa liberdade original, e até com ella

tra.ficárão. ·i Tais são as fraquezas • miscrias c calamidades a

que eles estio sujeitos 10bre a terra!

Nação houve que, intendendo que uma parte dos homens nasce .para servir a outra , fez enrrar a escravidão na sua orga ...

nisação politica : Outra , intendendo que a liberdade era

a

moeda equivalente ao valor da vida, c que a vitoria lhe dava

direito

á

dos vencidos , fazia com eles essa comutação : Tal

intendeu que o homem podia fazer parte d'um predio cultivado

como os animais de trabalho, c admitiu os servos adidos

á

terra

-adscripti

gl•!Jae-:

Estoutra, intendendo que o homem

póde alienar temporariamente sua liberdade , paga as despezas pe transporte aos emigrados d"outros paizcs, faz certos avanços, c tem-nos como hipotecados até o resgate. Isto quanto ao mundo civilisado , porque no resto , e como na Africa mesmo , tudo aão horrores , e a escravidão rem o lugar d·e humanidade.

<.~c Tüito pois que os barbaras e ferozes Africanos sejão transplantados de seus areais ardentes para o belo clima do

Brasil , c ahi empregados no suave trabalho da agricultura l

Parece-nos que a questão devia reduzir-se a saber • se clca perdem ow ganhio na transplantaçio.

(21)

( Jl)

O.i

antagonistas

d'eatG

comercio

eisa~rão oa males dos

Africanos n~ America, e atepuão QS que eles sofrem na Africa;

até pretendem que a venda d'des aos estrangeiros é a causa

das guerras que se tàZem mutuamente os Regulos para a

pilha-gem d'homens com que alimentem o comercio eisterior. O estudo imparcial das obras d'uns e d'outros , e nossa

propria cisperiencia , nos drcidem a sustentai'

1.•

que o estado

dos Africanos em sua triste patria (se é que este nome merece)

f. horri vel .. porque vi vendo sem asilo seguro, sem moral, sem

leis , em continua guerra , c guerra de barbaros , vegetão quasi sem devação sensivd acima dos irracionais , sofrem cruel cativeiro, e são vitimas doa corprixos dos seu. Despotas, a a quem pagão com a vida as mais ligeiras falias.

:z.•

Q__ue podendo ser que algumas vezes , e em alguns luga,:es, o comercio com os estrangeiros estimule os Regnlos

á maior pilhagem d'horoens para venderem,

é

com tudo de

notoriedade historica que a Africa ardeu sempre cm guerras de eisterminação e horrores ' mesmo. cm pontos do territorio

onde o comercio com estrangeiros

é

impossível. Sabe .. se mais

que a facilidade de cisportar os cativos feitos nas guerras

tem evita~o uma horrível carniçaria humana • porque sendo

~las ordinariamente feitas. por amor da segurança reciproca,

o assassinato dos vencidos

é

de necessidade'.

J.

0 ~e sendo inegavel que alguns Senhor~s maltràtão seus

escravos, tâobem o ·é que as leis os punem por eiscessos

criminosos; que esses fatos perdem-se na grande maioridade dos que praticão tantos outros Senhores em favor dos seus

tscravos, tratando-os como homens, e olhando para eles

como para uma parte principal de suas fortunas, que ninguem

(22)

·4.• Q!!e · por toda parte os grandes ·proprietarios

que

·,

tem atabclecimentos regulares, como os. Senhores· de Engenho.

nutrem , vestem, curão das infermidades a~us escravos ; não os o brigão a trabalhos superiores a suas tbrças; dão.1hes folgas para seus divertimentos, c até L conduzindo-se eles bem • 01

recompcnsio com

a

liberdade,.

e

os ajudão depois a viver.

5·"

~e os escrav01 são instruidos nos devert"s da· Religião quanto permite soa capacidade ,. e que mtíitos se axão , entre elles • tementes

a

Deus , inclinados ao bem • obedientes e :afeiçoados a seu a Senhores. ( 1 } · ·

( A'

vista disto, cm 'que dittancia estão ja os Africanos; transplantados ao Brasil,· da barbaridade err\ que· vivem na

·Africa? Louvemos

pois

múfto

·embora..

o

-zelo.

dos amigos da humanidade, que abtasados no togo d*'ela:, tem advogado 'esta caul:\ tão cnergieatriente; ~as eles noa perdoena se disser ... mos que tem visto

os

·

males

do cativeiro dos Africanos

na

fAmeric:a

por

vidros

de

engrossar ,

c

1e

auatentamoa que

a

introdução d•des·d·ev.e

1tinda

durar·algum

tempo

·entre;

.nói.

por

amor da causa publica. ( 2)

~- ·:·Oferece-se aqui· -oaiuralmente :ao-

espltlto o

indagar que .grandes motives impetéàn o Governo Britanico não só

a

advo-gar ·a abolição universal do comercio dos escravos ,

senão

a

J,;;

(,t

~io. comaremoa e~bre póa. a apologia dos ~oland~s, aO. fiU&ea •

atribúem at.rocidadn contra os escrnos. Não· iobémos tâobem. até que ponco

Dierec~ creditO ' HIU icliiiÍçôia t . teDdo. jir piquenl' eon.611Dfll · MD relaçõia

de

4riajantoe. . · . ; . , •

(2) Todo. alando eabe 411111 o Allade. Raynal tinha iucereaeei no~coqercio. d01 !I!ICravoa African• qae :fu.iio ~ cuu de D •• , de Nantea , a de Sollier de :Mar-_telha. - Noticia& ds~t~ genero aio o melhor preservativo que se póde aplicu • _moços ineispartoa contra o veneno oculto nas fo5011i e paU&ic .. dcc:lamaçõü

u

(23)

r

1

+

J

pretender obrigar Príncipes Soberanos a consentirem pronta•

.mente n'ela. Este cisamc fará o objcto do paragrafo seguinte-.

----·-·-~~~·-·----§.

2..·

~ut

motivo1 lrrá o Gwt111o Brita11ito para i11star tom la111tJ aji11c•

pt/a

IÚolifáO

u11iutrsal

dtJ

eorntrtio tios tstrtrrJOs Africanos.

l SErá mera filantropia • um puro c desinteresado desejo de

ver feliz o imenSô povo Africano? Póde ser. O Governo lnglez tem maia perto de si um belo teatro para cisercitar a filantropia. e não eiscrcita; A IrlandA geme e clama, diga cadaum o que quizer da justiça das condiçõis que lhe propõe Inglaterra ; c os povos da lndia · não são filantropicamente governados, se merecem credito-seus mesmos Escritores.

Múitos motivos de interesse podem'de.tcobrir .. se no projeto

da abQlição do comercio doa escravos .pelo qual tanto inata Inglaterra.

·· Todo mundo sabe a que ponto de prosperidade xegou a

agricukura das Antilhas em mãos dos Francezea c H~landezes,

que· deu, nome e celebridade á Martinica, Guadelupe,

SJ

·Domingos c Surinam _, cujas produjPis fazião uma concur ..

rencia rui,nosa para O$ generos da fueama natureza tiradós d~

lndia pelÔs

Ingie~es

, , donde resultava preponderanda

comer-cial em favor das duas Naç6is, c facilidade de formarem uma formidavcl Marinha de Guerra (que acompanha sempre a

prosperidade da· Mercante) • a qual em mãos d"aquelas dual ,

Naçõis rivaes e industriosas não podia deixar de inquietar ot

(24)

( IS )

os

mar~s.

Arruinar pois

a agricultura das Antilhas

em

mSos estrangeiras ~ra para Inglaterra um ohjeto cas~ncial ; tirar .. lhe os braços , o meio fundamental : isso obteve. V crdadc é

que ela deu o cisemplo cm suas Colonias ; com ele pOde argumentar, e não sem força. porque todo mundo sabe que uma tal mudança ,

c

tão rapida , não

podia

fazer-se

sem

grandes sacrificios ; e Inglaterra os fez. ( 1}

Alem disto, não

é

ja um segredo que Inglaterra pTetende

~olonisar a Africa , e por um modo tão liberal, que provavel ..

mente será obrigada a mudalo, como improprie para povos barbaros, que

é

preciso conduzir ao estado de civilisação por meios insensíveis e graduais. D•esta sorte abre o Governo lnglez c prepara novoa mercados á industria nacional, os quais

não

podem deixar de ser infinitamente lucrativos cm

um

paiz que principia. de .tudo carecente, c de cujo trabalho podem tirar imensas materias primeiras para alimentarem sua in. dustria

os

lnglezes fabricantts.

Esta

operação politica insta canto mais, por isso que as Naçõis EurCJpeiaa , dando uma f«tissima impulsio progressiva á sua industria, consomem hoje muito menos os produtos da lngleza. Ora , o plano da colonisação da Africa

é

casencialmtnte contrariado pela con. tinuação do com~rcio doa escravos com o qt~al estão engodadoa Gs Regulos Africanos.

Não-. é menos presumivel que no IC!U plano de dominio uni versai sobre o mar , o Governo Britanico procure cstabe-ltcer.se

solidamente

nas Costas

Africanas

do

Atlantico,

para

fcxar o circulo dentro- do qual dev~m mover-se ·as numerosu

(r) Qaem qa'-er wr MID desen•olrido o plaao do Go-.et'DO Britanico a eate

-peito t póde ler o T~tado tle Economia polititta e Comen:lo àa c:ulOIIiie cJit

(25)

( 16 )

Esquadras

que

tem, capazes de avassalarem o mundo inteiroJ

Assim ·Vemos que ela tem no mar do Norte Helgoland ; no Norte·da America o Canadá e outras possessões consideraveis;

no Golfo do Mexico

os

pontoa os mais importantes; Demerary

c Bcrbice no. Continente; no Mcditerraneo Gibraltar e Malta

que dominão o comercio do Levante ; Santa Helena • · ~rra

Leoa, Cabo da Bõa Esperança, e a Ilha de França, xave d~ comercio da India ; n'ela um lmperio imenso; no Grande Oceano os melhores pontos , indispcnsavcis para entreter o comercio oriental com o Perú • o Mexico etc. ; e só lhe falta

um

ponto na embocadura do Rio da Prata,· que é e ha.de vir

a ser o vehicul(J de imensa riqueza. ( 1)

Póde mesmo ser que Inglaterra não veja sem receio crear.; se • com o aumento da nossa agricultura, uma grande Marinha Mercante , e apàs d'ela a de Guerra correspondente, e isto tão rapidamente como póde aer igualmente rapido esse aumenta da agricultura com uma introdução de braços Africanos iode.

:finida. e com a impulsão progressiva que deu ao Brasil a Pre•·

ac:nça do nosso Augusto Soberano, Pai da Patria e Protetor da

industria. O Gabinete Britanico .é múito previsto, c sabe prc.; parar ou acautelar os succ(ssos miíito d'antcmão. O Atlantico

guardado • em ttJda .sua ~is tensão do Norte ao Sul , pelos doi•

grandes lmperios Anglo-Americano e Brasileiro cujas costas.

banha,· talvez não queira reconhecer em seu seio vutissimo

-Saberania eisclusiva a nenhuma Naçãp Europeia. :r

· · · Se ·devem()$ crer a · historia do tempo, sabe-se que

a.

homens de bem, ha múito. fazem·· votos pela abolição do

r.· .,(•) ·aoa'"! muito qaefl! pl!!asaase que a eue fim ae ~liona a E•qaadra coou·•

ltiJ . . . A.J.I!M .c:,omandad~· pPio Geaeral Whitclo!)ke t cuja IorÇ4 1M detcmbar~

(26)

:comercio de escravos Africanos;· mas nem· os bons desejos, .nem os clamores da filosofia e da Religião, puderão sufocar o amor do lucro 'que .do$ braços d~eles pércebião as Naçõis da Europa; (!.nem o negocio da abolição est:tria tão avançado, !SC não fõra a subversão total que sofreu aquela parte do mundo

politico com a espantosa revolução que acaba de a assolar. Sabemos tãobem que os primeiros traços para a eisecução d'este grande projeto çievcm .. se ao. genio vasto, sublime c previsto do imortal Pite; .varão merecedor do reconhecimento da Nação Ingleza ~ no seu arduo e glorioso Ministerio. Pite previu qual sería, mais tarde mais cedo, a sorte das Colonias .rrabàlhadas por escravos;· conheceu quam precarios erão os beneficias que d'elas se tira vão por esse sistema de trabalho ..

. cm comparação dos que.nasccm do trabalho d'uma população livre • ainda que mais tardios ; e seguro cm seda...calculos c .combinaçõis politicas, não hesitou em sacrificar as Colonias atuais á futura prosperidade do Imperio Britanico, procla. mando a abolição do comercio dos escravos ,

e

defendendo. a introdução d'elles; d'onde resulta quer adorado na Europa -poc seus Compatriotas , era este grande Ministro detestado pelos proprictarios das Colonias. Voltou então seus olhos penetrantes para o Continente Afric·ano, e a colonisação e civilisação d'ele oferecerão á su;~ brilhante imaginação um quadro magnifico de interesses ao comercio , e de gloria para a Nação , múito ·

acima d'esses interesses coloniais sacrificados.

Ei_,aqui o que sabemos. Seja porem o que for , se entra sinceramente nos planos de Inglaterra colonisar a Africa, o projeto é grande, é nobre, é digno d'uma·grande Nação. Com efeito, tantos milhões d'homens ganhados para aReligião e para a brilhante sociedade das Naçõis civilisadas, é uma

(27)

( J

8 •)

prna que dilata , e faz trasbordar de pr.tser o coraÇão dos sinceros amigos da humanidade. Se é cobiça, se é ambição de riquezas ; feliz cobiça, feliz ambição, (diria moa nós) que .sabem combinar com os meios de se satisfazerem 1 o bem e

felicidade do genero humano I ! i ~e bela, que nova tatica a de conquistar Naçõis barbaras para a civilisação. aom o engodo do comercio : e de saber assim aproveitar a.s riquezas

·de todo mundo ! ! i ~e rios de sangue e lagrimas se terião poupado á especie humana • se os Conquistadores que senho-reárão Africa, Asia e America, se tivessem limitado ao co-mercio!!

Fazendo agora aplicação do ~isposto á nossa situação .. parece-nos que, pondo de parte a perscrutação dos verdaddroa motivos que impelem a Nação lngleza. a trabalhar com tanta ancia para"eoncluir a abolição do :comercio dos escravos • devemos ocupar~nos em eisaminar se esta abolição convem oll-não ao nosso territorio, para tomarmos com tempo. e sizuda-menre as medidas adequadas. A boa Polif'ka nos ensina que· não podendo um Estado dirijir, e comandar os sucessos á sua.

vontade, deve procurar tirar d"des o-m~lhor partido possível •. Nós intendemos, e ousamos sustentar que a introdução.~ escravos Africanos no Brasil, indefinida quanto ao numero d'eles e quanto ao tempC> de sua duração, é contraria á segu-rança do Estado , e á_ sua prosperidade ; e que , independente das solicitaçõis do Gov~no Brita nico, deveriamos nós

mesmoa

(28)

( 19 )

A inlrodufáo dos lstravos Africanos., indefinida fJ1141tlo ao numtrtl

delts t quanto ao tempo de sua áur~áo , é tontraria á stgt4•

ranfa e prtuperidade do EJtado.

Quem olhar superficialmente para este imenso· territorio ja descortinado e trabalhado; múitas e grandes Vilas fun-·

dadas; rios navega veis frequentados; outros em vespcras de o serem : uma grande agricultura propagada; ricos tesoiros roubados á terra ; e cmfim um movimento de vida social difundido em todo o Imperio, que promete um desenvolvi-mento incalculavel ; e souber que todo este imenso trabalho foi feito pelos braços Africanos : será tentado a concluir que a indefinida multiplicação deles é indispensavcl, não só util.

Mas quem conhece a marxa natural da prosperidade dos

l~perios

; quais são as bases solidas da sua riqueza e força ; c:omo na complicada maquina da sociedade civil tudo é ligado e combinado ; pensa d"outra sorte, e através d•essa prospe-ridade superficial e enganadora descobre um vicio radical , cujos estragos, ainda que retardados por circunstancias parti-culares , nem por isso. deixarão de aparecer mais tarde, e talvez por isso mesmo fação a catastrofe mais horrível.

A verdadeira póputa~ão , a que faz a solida grandeza e força d'um Imperio, não consiste em 'manadas de escravos negros, barbaros por nascimento, educação e gen ero de vida , sem pessoa civil, sem propriedade, sem interesses nem rcla-ç6is sociais , conduzidos unicamente pelo medo do castigo, e

(29)

( '2.0 )

por sua mesma condição inimigos dos brancos ; mas sim cm grande massa de Cidadãos , interessados na conservação do

Estado e prosperidade nacional I e nascidos da propagação patria.

favorecida por Leis sabias e justas, e por um Governo paternaJ. Ha n'um lmperio, desde a xarrúa aré o Trono, uma cadeia bem tecida de Cidadãos de diferentes classes e condi-çõis , os quais , trabalhando • para assim dizer, cadaúm na

sua esfera , concorrem insensivelmente 1 e quasi sem o

aabe-rcm , para o bem geral;

o

Lavrador tira da terra o sustento para si e para os

outros; colhe as materias primeiras que passa aos Artífices ; estes as amoldão aos usos sociais, e dãO..Ihes novo valor ; o Comerciante mete. estes produtos em circulação, transpOrta-os d'umas para outras Províncias , e mesmo aos paizes estran• geiros , d'onde nos traz o que d'eles precisámos ; o Sabio estuda a natureza, furta-lhe os segredos preciosos com que facilita e aperfeiçoa os trabalhos , e produz primores da arte ;;

o Soldado defende o Estado e a Patria contra os inimigos .que

pretendem oprimila ou perturbala ; o Edesiastico ensina c

pratíca a Religião, unica base solida da Moral ; o Magistrado dirime as contendas que as paixões etevão entre seus

Conci.-dadãos ;

a

Nobreza rodeia o Trono 1 ,babilita~se por uma

educação conveniente para servir na paz e na guerra , para derramar o sangue pelo Soberano, e dar aos piquenos os mais brilhantes cisemplos d'amor e fidelidade pela sua Sagrada

Pessoa. Todos são ligados pelo interesse comum • só os escravos · ·

são desligados de todo vinculo social ~ e por consequencia

perigosos.

Em todas as Naçõis civilisadas é a classe do povo quem

(30)

n'cssa classe que reside a força fisica na'cionàl ,

e

é d'ela que se tirão os defensores da patria. No Btasil, por efeito do maldito sistema de trabalho por escravos, :a população é composta de maneira, que não ha uma classe que constitua verdadeiramente o que se xama povo; e es-te defeito d::ve infalivelmente influir múito no metodo de governo. O Clero que é bc01 composto, não goza todavia da consideração politica neccssaria. A Nobresa, que é pouca, está no m(stno casa; de sorte que não vemos outra população senão a dos individuas que comp6em a classe media entre a Nobreza e o povo,. como são os empregados nos diferentes ramos do $erviço publico, os ocupados no comercio, os proprictarios que desfrutão seus rendimentos, e todos os que se aplicão ao estudo das sciencias e artes : o resto q.ue devia- conesponder ao baixo-povo., é um1 enorme m1ssa de negros escravos e de libertos, que fazem ordinaria.men.te causa comum entre· si. Com tal população , o estado não tem um apõio contra os devarios d~

classe media, a quem dão calor fortunas e instrução, e todo o Corpo social está á· discrição ·d•aquela em. que reside a fOrça fisica. Roma teve que combater dez vezes seus escravos (qué · ao menos tinhão' outra civilisaç_ão e (Ostumes) e venceu~

S. Domingos su.cumbiu. «Dai-me um mapa eisaco da popu.,.

lação dos. paizes trabalhados por escravos Africanos, diz

Mr..

de Pradt, e eu vos marcarei sem erro sensivel, o dia·em que eles sacudirão o jugo. » Em quanto a população estiver semeada

a grandes distancias n-'um vasto territorio, o mal será paleado;. m·as com a introdução indefinida. dos Africanos. esta situaçãG muda , e o raio nos ameaça perpendicularmente sobre a cabeça. Se a população livre cresce, cresce tãobem a dos escravos.

(31)

ha-(

,,

)

mem livre não póde dispensar ao menos um escravo, e os que se ocupão d'agricultura

e

d'outros trabalhos lucrativos, pos--suem centenas: 2.'~ porque a classe livre aumenta-se pelo meio lento da propagação, e os escravos recrutão-se por milhares nas Costas d' Africa. Assim vemos que a proporção, e-m S. ·'Domingos, era de 25if}ooo brancos contra soo(boco escravos: na Guyana Franceza, onde a introdução d'eles sempre ·roi rninguadissima,

é

de 907 contra 1 t if)791 ; e do Brasil

sabe-mos, que em 1798 os brancos erão 8ooif)ooo e os escravos

1: soo(booo. Este calculo não pode ser eisato quanto ao

Brasil-pois sabe todo mundo que os meios por que se fazem tais recenseamentos são muito fali veis. {t) Hoje depois da passa-gem da Corte para o Rio de Janeiro, póde.se calcular o numero dos brancos em um milhão, e o dos escravos em mais de dois. Ora, supondo que a população cresceria somente n'esta mesma proporção, (o que não

é

provavel vista a impulsão que tem recebido a industria n'estes ultimos anos) assim mesmo veria:.

(1) O nO.so respeituel Sabia o Sr. Io1é Correia da Serra citado pelo Bario õe Humboldt, foi quem comunicou ate calculo, liu~dado no receoaeament•. d'aqoele ano 1ae não &e publicou. O Sr. Dr. Francisco· Pereira San til Apolonia,

Ílataral de Minas Gerai•'• Chantre na Catedral de Mariaaa, varict benemerito pelo sea iaber , e tolicito investi8ador da1 coisas da Patria , comunicou-nos una

tDapa statistico circu01tanciado e bem fundamentado 1 onde a população geral do

Bruil é elevada a 3:25o(booo habitantes, a saber :

· Brancos • • • 1:oro®ooo

Indios . • • • 25o(/)ooo. Libertos 4o6Cl>ooo Pardos escravo~ • 2:uibooo :Negros escrnos • t:36r(booo

-

-

-Total • 3: 25o(booo

O calculo de 1798 não comprehoade aeniG brancos e negrot. Podem-se c:on• eiliar um com • outro.

(32)

(

~3

)

mos, em breve, a Africa transplantada para o Brasil, e a classe escrava nos termos da mais decidida preponderan~ia.

( ~e fare1nos pois nós desta maioridade de população h e te .. rogenea • incompatível com os brancos, ames inimiga decla. rada?

Se fdizes circunstancias tem até agora afastado das nos'3as raias a empestada atmo:.fera que derramou ideias contagiosa~

de liberdade e quimerica igualdade nu cabeças dos Africanos das Colonias Francezas, que as abrasárão e perdêrão, ( esta•

~ernos nós inteira e eficazmen.re preservados ? Não. Os ener--gumen:•s fiiJntrópo$ não se cistinguírão ainda; e uma· récova

de perdidos e. insensatos , vomitados pelo Inferno, não

axão-outro meio de matar a fome senão vendendo blasfemias em moral e pohtica , despresadas pelos homens de bem e instrui-dos, mas talvez aplaudidas pelo povo ignorante.

Toda.via não é isto o que por ora nos assusta mais. Um· contagio de- ideias falsas e perigosH não ganha tão rapidamente os indivíduos do baixo povo, que uma boa Pohcia lhe não. possa opor corretivos poderosos ; mas o que parece de dificilimô remedio é uma insurreição subita , assoprada por um inimigo estrangeiro c poderoso, estabelecido cm nossu fronteiras·, c com um pendão de liberdade arvorado ante suas linhas. Este·

receio não. é quirnerico , p~is que a eisperiencia nos acaba d~

desenganar que o xamado Direito das Gentes é um Proteo· que toma as fórmas que lhe querem dar •· e serve unicamente· para quebrar a. cabeça dos homens de letras. (r) ~ando

acontecer um tal desastre, ( de que nos servir-ão as nossas

( 1) Priocipalmento depois da guerra de 1740, tempo om qoe a Politica rompea inteirameate: com ot principioa da }[or;ol 1 . o o .Mundo civiliaade~ prin~

(33)

(

,...._

)

forças militares? (~e resistencia faremos ao inimigo eisterior, estando a braços com o interior , c composto de escravos .

barbaras c ferozes? Um grande lmperio, com este lado tão fraco , será na verdade a Estatua de Nabucodonosõr de pés d'argila.

Não passaremos revista aos horrores praticados nas Colonias Francezas, pois que o coração se furta a isso, e andão livros xeios , escritos com lagrimas. Recolha porem o Leitor rodas as suas forças , e se é que póde encarar com tal espetatulo , contemple a Ilha de São Domingos, primor da cultura colo. nial , a joia preciosa das Antilhas, fumando ainda com o sacrificio de vitimas humanas e iRocentes •••• Observe sem lagrimas, se póde, dois Tronos levantados sobre os ossos. de Senhores legítimos para servirem de recompensa aos Vin~a­

dorcs de Toussaint Louvcrture-•••• ( 1) Contemple a sangue frio, se póde, a aprasivel Barbadas ioda cuberta de luto e ensanguentada com a catastrofe eiscitada por escravos ••••

Estas quatro linhas que de proposito não adiantamos mais • por ser materia esta que tem lugar mais proprio em nossos coraçõis que nos escritos, decidem, a nosso ver , a questão terminantemente, e devem merecer a mais seria atenção aos habitantes do Brasil. Todas as outras consideraçõis s_ão subor-dinadas a esta, e não podem emparelhar com ela.

Corramos pois véo a esta scena de horror, e passemos a ocupar-nos de outros argumentos , os quais ainda que de grande importancia tãobem , não abafão todavia o espírito

(a) Não é aem imlignação que os homens de bem observão a imoralidade. eom qlle as Naçõis , que podiio dar fim a um tul escandM!o 1 nio só o não fazem , mas até protejem aqueles Barbaros , qua vio creando nm novo Ar-cel u'a'luele Golfo. Eisaqui o que se xama Politica modernamente.

(34)

(

~5'

)

com tão tnedonhas sombras. Nós vamos eisaminar se a nossa industria póde prosperar , ·quanto convem , em mãos d; escravos.

A rasão c eisperiencia conspirão a provar que a devemo• confiar a braços livres • porque nenhum grande aperfeiçoa. mento se póde esperar de homens, que trabalhando para seus Senhores, forçados, desconte !Ires, e sem emulação , procurão unicamente fazer qu.anto baste para evitar

o

castigo, e com o menor incomodo pessoal possível. O corpo póde ser domi~

· nado , não a vontade ; e onde esta falta , morre a industria~­

A força póde obrigar o escravo ao trabalho , mas a vontad~ não admite coação 1 e desgraçadamente os meios com que ii dos homens livres se estimula, são inaplicaveis aos escravos. Sabemos mesmo por eispericncia que os da Africa são desri ... tuidos de talento ; no que são infcl'iores aos nossos Indlos , que tem provada· habilidade para officios mecanicos. (r)

O pior de tudo é que o trabalho industrial, relegado

mi

classe dos escravos 1 se aviltará aos olhos da multidão, e por isso a classe livre o detestará , como acontece ja entre nós com o trabalho agrícola, que na opinião geral, é só para escravos.

« O trabalho, ( ejsclama Herrenschwand justamente a pai xo. nado) este amigo do homem, este bemfeitor da humanidade e da sociedade civil, este presente do Céo, ~escabado entr~ os homens.!!!» (2)

(E

que esperança podemos ter. de qu~.

(r) O qae di:lemoa da falta de talentos dos Africano• não ó porqae Jbtit

atribuamos uma orgaoisação inferior á doa Earopeus e maia Naçõia , como alguas cem avançado, mas julgamos ser efeito de causas morai• que os .modificão tanc~ Jla Ati-ic:a como nos paizes para onde são vendidos.

(2.) _A eciencia Economico-politica nascente e tratada sem metodo até Her4

ftoaçhw&D~ axou. n'elo um Goo111etra. Con·b-ecemoi ~i' ele...:. Duceurs fond(lmqnta.(

(35)

I

prospere a i(ldustria em um

pai-a

onde o

trabalho,

alma

d'cllt.

~de toda rique-za • é infamante e indecoroso~

A historia dos progressos da industria nos. tempos feudaia mostra bem claramente que a condição servi.l doa homens lhe

opõe grandes barreitu ;. ora , a. condição ~os Africanos entrê · n6s é müico pior, porque está no ~ltimo grau da escala da servidão. Os homens instruid9s desejarão ver animado o

trabalho no nosso lmperio pelo brio, pela emulação,

pelo

honesto interesse, não pelo castigo corporal, que é a mola que move os escravos. ;. ~em poderá preferir aos motivos morais que animão o povo industrioso de Inglaterra.. oa verga lhos que fazem trabalhar os cativos em Argel?

Nem se d.iga que o Brasil não deve ocupar-se tão cedo de

industria , antes deve ser ainda múito tempo puramente agri-cola , com o fundamento de não, estar ainda a agricultura generalisada em todo seu imenso territorio, e de estarmos ngs

.,, la. pop,/atwn.- Economid politiqu• el moral Je l'espec.lmmaine- .AJrcss•

au.,: 11rais hommes J11 !Jidn - Discours 1ur /11 commerc• ezdridur - Discours IIII':

la dit>iswn de11 urres.-Em todCN estes escritos é admiravel a precisão e lisaçãa

-de ideias. • principio•, e como uis , apeaar da apaisonada censu~a do - Critk_J

ll1111iew - aio citadCN com a:etpeito por MTI. G.aii.Ílh, Arnould· e outJOI. Seu estilo

é arido e fatigante, como ele mamo rtc:onhece, pela natureza do metodo ma~

1ematico. Arraatado pela força do aiatema ~ nio viu as ventajena do comerei~

eiaterior , e concluiu dando preret-encia qnaai eisclusiva ao interior , o que é err•

·

·rue, 1 com tudo nio destro• o. merecimento de auaa obraa, Per•uadido CJD8

..-xára um nexo neceuario entre a Economh!-politica, como elle a conrebe, • oa lleatinos do homem aobre a terra, tomou o tom d'um inapirado que vem aotUlcia;. ;terdades euperiora á capacidade comum dos bomen•, o que lhe eitcitou censaraa jullaa , e ele buteoo evitar, por con~~elbo d'amigos, na Obra - .Ad~Ysse a"~

•raú hommN J. !Jit:n. - Nio 18 lOIM. por afetação o r.~mos • darmCN DeNSa

juizo 1obre os diferentes autorea , porque a mocidade gaaba nisso ; um bomedl ,lido, fala.Ddo ~ mcaliiQ HerrcJUcl&waAd 1 11.01 diaM l{llO era çoJÚulo • Hill '8lf&Cida. .

(36)

( 17)

ainda tão atrasados

cm

conhecimentos , que não poderemot

Pr-oduzir generos industriais nem tão bons, nem tão baratoa como os estrangeiros • sendo por isso mais proficuo compralo•

do que fabricaloa. ,

Nós pensamos d'outra sorte. Uma analise miuda da marx• . da riqueza nos Estados modernos sería o meio de destruir

solidamente uma doutrina tão perigosa ; mas não cabendo e}l(

n.s limites d'este papel , contentar-nos-hemos com ideiac

gerais, resultado da analise, que é quanto basta para OJ.

imbuidos nos principies da sciencia cconomica.

Primeiramente , querer separar a prosperidade da agricul~

tura da da industria, no sistema atual das Naçõis civilisadas;

é um: engano palpavel. Uma grande Nação puramente agrícola 1 ·

e por consequencia escrava d'outras mais avaoçadas no que

toca á industria, é um ente imaginaria ; porque não póde

haver solida grandeza aem industria e comercio; e por tod.L .

parte onde a agricultura não for apoiada e sustentada por umà industria proporcionada c progressiva, será sempre mesquinha e precaria ; c aa Naçõis que se derem eisclusivamente a ela, não avançarão, nem em riqueza, nem cm força, nem cm civi-lisação. Baste para eisemplo a desgraçada Polonia , que parece

ter perdido para sempre sua liberdade

e

independencia politicL

t

E que outra coisà é a agricultura mesma, isto é, a que

JDcrece este nome, Knão uma filha da industria e.

civili-sação

? (

1 ) Por tanto o meio solido c eficaz de protcjcr a

(1) ÂprAI f:ll qr/on appelle les bcàuz-aru et lei professioru libér~&lel • iJ

•y •

peue-itre pas tf emploi qui ezig• "'" aussi grantk ptariété de t:onnailsancu et amant tlezpéri6nf:l; diz Smith, IJUC ó r;rande autoridade na meteria, Es~a Genio Creador., que aprendemlo na Escola "dos Economista& Francezes, pOde

.Inar•se acima cltl•1 combater e refutar oa P.riAci_eioa fundamenta~~ 61e 10a

(37)

( ,.s )

a

agricultura ~ protejer a industria; nfo ha que

separàr

·úma da outra. (~toreis um paiz cultivado~ dai-lhe fábricas, que val tanto como dizer, dai consumidores numerosos e certos aos produtos da sua agricultura. Com este metodo se gran-geião, cultivão e povoão estcreis xarnecas c aridas montanhas. Pretender pois que uma Nação principiante se ocupe, ao principio, da agricultura cisclusivamentc, c que se não divirta para a ind!lStria senão quando o ultimo canto do seu territorio ae axar cultivado, e a cultura levada á maior perfeição,

é

correr apõs d'uma quimera; é supor causa aquilo que não é

1enão efeito;

é

ignorar a marxa natural da riqueza e

prosP.C-~idade das Naçõis modcmas. Isto são princípios elementares; Verdade é, que, a respeito do Brasil , concebe-se muito J>em que aumentando-se indefinidamente! o numero de braços pelo meio forçado , iníquo e impolitico da introdução doa

~sere~ vos Africanos, a cultura dos generos xamados coloniais •.

que aliníentão o comercio einerior, póde ser levada a uma .eistensão tãobem indefinida ;

i

mas Rrá por ventura essa a a prosperidade agrícola que nos convem? l Estará ella solida-JTICnte fundada nos braços d'uma tal população?

i.

Serão os

~strangeiros os unicos consumidores que devemos dar-lhe

l

(Uma guerra, ou qualquer mudança na economia das Naçõis

~onsumidor~s dos nossos produtos não poderãg arruinar subi-.tamente a

nos~.a

cultura? (.Uma indefinida população Africana

.ocupada em cultivar assucar • algodão. cate, cacau· tte. etc.

.

.

.

. ~iatêllla , .não ouaa separa!' oa 1olidos progrçsso.l da agricultor~ d~ indispensavel ep'oio da industria e do .co~ercio. Enganou-se qua01\o alirmoa q.uo 01 capitai ..

;empregados na agricohu~a dão maiou.•• beneficias; assim cotno se engana e111 'outros muitos pontos de. doutrioa. Nada porem fará eaquecer oa assinalad011 '.Civiço• 'lae lht de~'\ a Scimcia ic9nomicoapolitiu..

p,.,u.

•~& i/lm1Ut.

•dMr•,

• • •• J • • : • : • \ ! . :

(38)

(

~9

)

em·um paiz imenso e fcrtilissimo'. n~o proêluzirá em·

fhtÚJma

tal quantidade d'esses generos, que inundados os mercados·

da

Europa 1 haja uma consideravel depreciação? <. Nâo seremos:

então forçados a procurar uma nova direção aos capitais e trabalhos nacionais 1 e por meio de sacrificios e_ desordens que

acarr.eta infalivelmente um tal estado de coisas? ( 1)

Não

é

:par tanto

da

sifuação forçada , e com o sistema ruinoso e impolitico de trab.o~lho por escravos adotado no Bras1l, que se deve ;Jrgurnentar contra os principias gerais • c reconhecidos c eisperimentados da Sciencia ; pelo contrario aão

eles

os que nos devem arrumar par.a buscarmos os meios

~modos de emendar sua situação atual., embaraçada e precaria:

~estilo á Europeia , para assim nos eisplicarrnos 1 c modelar 1na marxa economica pe.l:a. das Naçõis co.ltas, salvo o desconto das localidades • deve· ser nosso empenho e disv~Io. Pretender hoje reduzir um pove>_.intciro ao maneio da iarrúa, ( apezar'

da doce ~nfl.uenda que se atribue ao trabalho ngricola na· moral dos homens) ê sistema errado ; ao contrario , tirar d<1 terra o maior produto possivd com o menor numer()_de braços· possível, é· o grande problema pF.atico da Scienda economica.l A i~dustriosa e soberba·lnglatC'rra ·póde servir-nos de modele» n•este, como em outros müitos generos , dados tãobcm o• descontos· que· pede sua particular situação.

. .

" (•) Agora- mesmo acontece muitas Tnes axartm·se 01 _mercados da Earop• tio obltraidoe 1 'l~e r.oJ~ os generoe dB Brasil' ali eoYiado,. não só nio dão lacre,. mas aÜJ <Ião perda. 1. A. ime11Sa qanntidaole d-'aa&ocar e algodão da Iodia nio folt

je uma terrível coor.urrencia na Europa contra 01 produtos Americanos do mesmCii

Jenero 1 1. E qu" ser& quaml<> Caraf'as e Província• adjacentes principiarem a tra~

\Jalhar ele veras7 1. QGe dir.,rnns d.>~ E•rado1-UniJos? Em I8o3 eisportárão ai• . d'al&odio ioJi~ m7I~Oo]9librll •. (Mr. GIII111LUl lrliAiuro. d• .FiAall,Bio}.

(39)

( 30 )

Não somos tãoberri d'opinião que prefira moi

comprar ot

produtos de manufaturas estrangeiras a fabricalos nós mesmo. • pela rasão de nos faltarem os meios de ubtelos ·tão bons c tiq baratos.

( Pois por isso qué nos faltâo as facilidades pará obter ·à Jnesma qualidade c barateu, devemos cruzar os braços,

e

submeter muito resignadamente nossa perfectibilidade á dependencia das Nações .mais avançadas? Scría um conséthc; tal bem digno d~um F•bricante Jnglez. Nós daríamos outro mais Portuguez, c vem a ser-: que por isso que noi faltão oc

~eios de ri valiaar com os estrangeiros na bondade e barateza

dos produtos industriais~ devemos empregar os maiores esfor-ços e sacrificios para conseguilo;- Nem conhecemos. eisceção nenhuma a esta regra senão quando o solo patrio se negar de tal sorte á creação dos produtos que pretendemos apraveitar,; que as despezas para obtelos eiscedão , sem esperança de melhoramento, os beneficio& que d'eles se possão esperar. ·(r)

~ A raaão fundamental desta doutrina

é

evidentissima, e n~

~rece · que pódc cifrar-se em poocas palavras.:

é

porque

~~~não póde ser indiferente para o bem da população, riquezà

e(civilisaçãe nacionais, que paguemos a estrangeiros, aindi '\lesmo com os produtos da nossa agricultura , os salarios t:i beneficias industriai• que podião ficar cm· mãos do.s nossoS' Çompatriotas : l· o porque ha · uma. suma desigualdade de

interesses ·em fornecer materias brutas

para

rcccbelas manu~

fatoradas. As primeiras conservão um preço quui constante e, dão por consequencia . um pro~eito cstaciooario c muitas ~ (1) Neaha~a du Naçõi~ c11haa da Europa quer o maia blll'ato daa oacru ...

(40)

{ 3

I )

\rttei

retr~grado

,

e

ás

.

manufactui'U

tftplicão , decúplto

de valor por causa da industria. E estamos convencidos que

póde renunciar ao estudo da Sciencia economica quem não

for capaz de axar no desenvolvimento d'csta proposição uma '\'erdadc fundamental.

Acresce que esse inconveniente de comprarem os consu-midores nacionais mercadorias menos boas c menos baratas

das nossas fabricas. não pódc ser senão passajeiro, porque o

o

Governo, que tem sempre ante os olhos o termometro

economico , vem em socorro da industria nacional

pelos

IDÚÍtOS meios que tem á SUa disposição. (I )

E'

para salvar a industria nacional, ainda nascente, contra

• concurrencia. da estrangeira, que devem servir as Alfan•

tlegas, ou impondo direitos bem calculados, que sem destruir

a emulação entre os produtores nacionais e estrangeiros, deem

mais facilidades aos primeiros ·que aos st-gundos; ou prohi .. bindo inteiramente os produtos estranhos, como pratíca judi.

tiosamentc Inglaterra : E' para protejer a industria nacional,

ainda nascente. que o Governo Britanico descubriu as recom~

pensas e premies, de que tem sabido tirar ·tão grandes

ven-tajens pelo bem calculádo valor de que os compõe , e pela

discreta aplicação d'eles:

E•

para salvar a industria

nacional-ainda nascente , que CJ Governo deve estar continuamente

d'atalaia para procurar-lhe todas as comodidades e facilidades possíveis.

(•) Reata ainda por decidir se é verdadeira a observação que faz l\'Ir. Caoard

r

•• Qua todas u .naa que uma Naçio compra ao euraogeiro al8umu mercadoriu

•m

"fez de 11 fabricar, é porque oisao na nntajem. • Parece-not !piO aerla facil mostrar que aqui se confunde a Nação com um punhado de negociante• ; e ena mil hipoteses podem ganhar ~i.ata 011 coreu~a Dlloc:iuat"! D11llll riJIIo do comtrc:io

(41)

( 3" )

Verdade

ê

que contra esras restriç5is que se fazem nai Alfandegas , se tem novamente levantado celebres Escritores, caracterisando-as de monopolistas, porque evitão a livre con~

currencia das . mercadorias estrangeiras , donde podia nascer a melhoria e barateza do1 produtos industriais e.m beneficio dos consumidores. Taes são, entre os mais modernos, João Baptista Say e David Ricardo, Discípulos tão dignos d~

grande Smith , como perigosos quando propagão alguns do' pontos erroneos da doutrina d•aquelle grande Mestre ; como

é o de que tratamos.

O erro nasce princi~almente de se pretender aplicar a~ comercio de Nação para Nação a regra d•uma absoluta c

ili-mitada liberdade , que só convem ao comercio interior de:

Provinda para Província da mesma Nação ; . e ja se ve que aquilo que póde

su

muito util na primeira hipotese J

pódc

ser muito prejudicial na segunda, e

-viu -vtrsa.

Ter cm vista eisclusivamente o bem dos consumidores, procurando quer eles não comprem senão o melhor e mais barato, importando pouco que o beneficio passe a estrangeiros ou nacionais , é

. manifestamente tomar ·uma questão tão importante • e de tão vastos rcaultadoa, por um

lado. (Não se

faz

conta senão do interease doa consumidores, e não valem nada 01 interesse'

dos produtores

e

01 dG Estado ? Mas, 5C ~ demonstrado

que

da ind-ustria protejida e universali-sada no territorio patrio

depende a riqueza, a população e a força dos Estados mo~ de.rnos ; (como póde caber em rasão que sejamos consumf.s dor.es de industria alheia, e não produtores

?

Se para obre~ este fim importantíssimo é preciso por limites á concurrenciá da industria estrangeira com a na-eional , ( porque o não faze..;

(42)

( 33 )

faça um sacrificio, ( porqu~ o não fazemos? (E se o Governo empregar os meios possíveis para adiantar os conhecimentos auciliares , de maneira que possamos eisceder , ou igualar as outras Naçõis, ou ao menos marxar a pouca distancia d'clas; não desaparecerão esses sacrificios, que tanta bulha fazem na cabeça dos dsagerados amigos dos consumidores

? (

l)

Sería curioso ver demonstrar quais são esses grandes

emba-raços~ esses obstaculos invenciveis que temos nós. para .enlpre-hender, sem esperança de sucesso, estabelecimentos industriais. Nao vemos o motivo por que não poderemos fabricar eisce-lentes panos de lã , algodão ' linho e seda ; que profundos conhecimentos nos faltem para eistrahir, preparar e fundir o ferro das riquíssimas minas que temos i para fundar cordoarias

dos muitos e variados generoá- naturais de que abundamos ; para· fabricar :x:apeus.,. lonas ,, brins i para preparar breu •

alcatrão , c aproveitar infinitas ·gomas e rezinas, e em fim outros múitos produtos de consumo geral e de facil manipu-lação. ( Mas quando nos faltem meios e Mestres i porque os

não mandaremos vir dos estrangeiros ? (Não praticão assim

às mais cultas Naçõis, aproveitando.se mutuamente das desco-bertas umas das outras? ~e haja escolha nos generos de manufaturas por onde principiemos, parece-nos conveniente, porque não julgamos igualmente facil e lucrativo começar por trabalhos minuciosos e complicados, e por fabricar coisas que

(1) A teoria tio gabada e tão plaa1ivel d'ama livre e reciproca circalaçlo

de produtos entre todas as Naçõia, parece-nos maito filosofica, ruas tão iafeli~: na aplicação com~t o projeto da paz perpetaa do filantropo Saint Pierre. Seria preciso que 1e eistinguiasem 01 Ciumes Nacionais; que todos os Govern01 segui.sem uma snarxa uniforme ; que adotassem ama politica filantropica e cordial ; L e qaaodo

yeremos iato qo Mando ? Deo1 o sabe.

(43)

( 34 )

airvão a um luxo eisquisito, e não por trabalhos maia simplei c faccis, e por fabricar coisas de um consumo mais universal~

Mas a digressão rem sido longa, ioda que não.destiruida:

de interesse para o bem publico , e é tempo de soldarmos .o

fio ao discurso, e tornar ao objeto principal. ( 1)

Alem dos males ponderados que nos.tem provindo do aist~ ma de trabalho por escravos , (a quem, senão a ele, devem as casas e fortuuas do Brasil sua caducidade? ( Onde estão tantas .familias, que neste paiz fizerão serviços assinalados ao Estado •

pelos quais merecerão foros e grandes recompensas

?

Desapa.;.

recêrão e confundirão-se na poeira do esquecimento com ai

riquezas precarias de que dependia a conservação de &ell

esplendor; c essas riquezas acabá.rão, pela maior· parte,

pot

falta de escravos, que da vão valor ás propriedades.; falta. que

mil acidentes podião ocasionar,. e. de.múito dificil reparação •

pelo volumoso cabedal necessario para repovoar de numero· suficiente de escravos grandes propriedades, e em tempos em que a circulação de valores não podia ser consideravel. ( <l!!em haverá meãmente instruido nas coisas da Patria , que não

conheça a eisistenda do mal que deploramos

?

(~em haverá

tão pouco amante da sua descendencia , que não deteste um sistema de trabalho , que faz tão precaria e tão falível a sorte

futura d'da

?

(E não valerá nada, para entrar tãobem em linha de conta j

o abastardamento total da bela raça d'homens Portuguezes • c.onfundida com os imensos Africanos, cuja mistura com os

primeiros é inevitavel? (E consentiremos nós que este magni.;.

(•) Mereceremos desculpa ao Leitor sabendo que esta opinião contra a creoçãat de manufaturu atualmenre no Braeil é milito acred.i&ada 1 o por iaso parecea-noa

(44)

fico lrriperio de tal sorte se inunde da rãça d'eles, que com o rodear dos anos, venha o Brasil a confundir-se com a Africa?

A

França no maior entusiasmo e delirio da sua igualdade Republicana, recusou admitir a propagação dos Africc.nos em

.$CU seio ; e nós que trabalh~mos para fundar n'estas deliciosas

Regiõis , tão · invejadas pelas outras Naçõis , um Reino de Congo ! ! ! Nao : os nossos Compatriotas não serão de tal opinião. Como fieis Vassalos do Soberano que adoramos • devemos .empregar todas as forças para dar ao seu Trono Glorioso valentes Cidadãos do nosso proprio sangue , daquele que recebemos dos famoios e imortais Lusitanos, que souberão derramalo nas quatro partes do Mundo em serviço do Rei c

da

patria.

c

1 )

Sem dados . &tatisticos autenticas sobre o numero dos escravos que possuímos, por essas mesmas informaçõis par-ticulares que temos, e que nos parecem diminutas, podemos asseverar que ele é

assá~ crescido para que nos ocupemos

&m procurar evitar uma indefinida introdução d'eles,

e

para que principiemos com anticipação a tomar medidas

prepara-

~---(1) Fortes creant11r forti6us 11t honu:

Est ln juvencu • 111t ln eqrds patrnm

Yirtus ; nec imhellem firoc~

Prosemmmt aquilae columóa';n, Hoa.

l Para qoe misturar e coilfoildir raças ? O Africano p&de aer tão homf'm de "bem , como os Americanos 1

ot

Asiaticos e Earo.pea9 1 e muitos se conhecem eitcelentes, mas conserve-M cadaúm na eslera qoe lhe .coube em sorte; nem 'eistremar aa córes altera em nada as veatajens politicai sociais. Se um catodismo 'Viesse per:torbar tubitamente o DOISO Planeta , tudo ee confundiria 1 ma1 resta•

belecida a ordem, a andori~ha bu~earia aoa antiga morada , a pomba aea• ninho 1

• aguia 01 altos ro1edoa aolitarioa. O mesmo pasaa na ordem moral.

Referências

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