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INFORMAÇÃO DA COMISSÃO DO PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO E HISTÓRICO

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Academic year: 2021

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Câmara Municipal de Matosinhos

Património Arquitetónico e Histórico

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INFORMAÇÃO DA COMISSÃO DO PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO E HISTÓRICO

1. IDENTIFICAÇÃO E SITUAÇÃO DA PROPRIEDADE:

O edifício da Fábrica de Conservas Pinhais & C.ª, Lda., em Matosinhos, com frentes para a Avenida

Meneres, nº 700, Avenida Comendador Ferreira de Matos e Rua do Conselheiro Costa Braga, sendo

sua proprietária a firma Pinhais & C.ª, Lda., com sede na mesma morada.

O prédio encontra-se descrito na Conservatória do Registo Predial de Matosinhos sob o n.º

2383/20030103 e inscrito na matriz urbana da União das Freguesias de Matosinhos e Leça da

Palmeira sob o artigo n.º 1221. Tal como consta da descrição da Conservatória do Registo Predial de

Matosinhos o prédio tem a área de 6305.3 m2.

2. CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA.

2.1. Época(s) construtiva(s): Século XX – Fundada em 1923.

2.2. Síntese histórica: Matosinhos é um importante concelho litoral da Região Norte, inserido na Área

Metropolitana do Porto, um concelho com registos de memória antiquíssimos, materializados nos

achados dos artefactos que foram usados na zona litoral durante a pré-história antiga.

Matosinhos, ganha novo impulso com o projeto de construção do Porto de Leixões iniciado nos finais

do século XIX, promovendo profundas alterações urbanísticas, mas também um grande

desenvolvimento económico, ao qual não ficaram alheias as grandes indústrias conserveiras como é o

caso da Fábrica de Conservas Pinhais, cujo valor não reside apenas no seu produto, mas também no

seu capital humano, sendo exemplo de uma unidade fabril que se constitui como modelo vivo da

arqueologia industrial, ou seja um património Vivo em Matosinhos, que mantém a sua traça original

mesmo no aspeto social, como refere J. Amorim “…os grandes portões da fábrica estiveram sempre

abertos aos que, após a aposentação procuravam no retorno ao trabalho um complemento às suas

parcas reformas. Para estes homens e mulheres são destinados os trabalhos mais leves. Mas, eles

são também os transmissores naturais dos ideais e da filosofia da empresa aos mais novos.

Pinhais & C.ª, Lda.

Tendo iniciado a sua laboração em 1920, a firma Pinhais & Cia Lda. mantém-se em actividade há

quase um século no sector das conservas de peixe.

Os fundadores desta emblemática fábrica do concelho matosinhense foram Manuel Pinto Pinhal,

António Rodrigues Pinhal, Cruz Alves da Silva Rios e Luís Sousa Ferreira. Esta empresa foi ainda

sócia fundadora da União de Conserveiros de Matosinhos, em 1928. Fez parte da Sociedade Lopes,

Coelho Dias & C.ª, Lda. como associada (Pinhais & C.ª Lda.), a 13 de agosto de 1937, na

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transformação em nova firma. A 8 de fevereiro de 1940 esteve na fundação da Sociedade Produtora

de Óleos e Farinhas de Peixe. Em 1939, a Pinhais & C.ª Lda. produzia anualmente 50.000 caixas de

sardinha e empregava 300 operários. A 14 de maio de 1945, faleceu António Rodrigues Pinhal, um

dos fundadores.

Primeira fase: Avenida Serpa Pinto

A construção, nesse mesmo ano de 1920, de um edifício na Avenida Serpa Pinto corresponde

precisamente à primeira fase da vida da sociedade, então particularmente vocacionada para a

fabricação de conservas pelo sal. Um ano depois surgirá um novo edifício de dois pisos na mesma

rua. Primitivamente destinado a armazéns, aí foram fabricadas as primeiras conservas em molhos da

empresa.

Na Avenida Serpa Pinto subsiste ainda o edifício que albergava a unidade fabril de “salazones” da

Fábrica de Conservas Pinhais. Apesar de ter sido desativada há vários anos o seu interior conservava

ainda, de forma quase intacta, todas as características duma unidade deste tipo, de princípios do

século XX. Todas as estruturas, mantinham-se, até há pouco tempo, muito bem preservadas,

nomeadamente as pias e as estruturas de prensagem. Também se conservavam ainda um conjunto

extraordinário de ferramentas utilizadas no processo produtivo, desde as aduelas para a prensagem do

peixe, até às pedras que serviam de peso no processo de extração do óleo de peixe. Este edifício da

Avenida Serpa Pinto era assim o único espaço em Matosinhos (e mesmo no âmbito nacional) onde era

possível reconstituir com materiais originais todo o processo produtivo de “salazones” de inícios do

século XX.

Segunda Fase: Avenida Menéres

Com o alargamento da atividade da fábrica para as “conservas em molhos”, a sociedade cedo teve de

enfrentar problemas decorrentes da exiguidade das instalações. Em 1923, é projetada por Joaquim

Neves, a atual fábrica de conservas desta empresa, ao tempo com fachada virada só para a Avenida

Menéres. A primeira grande ampliação do imóvel ocorrerá em 1927, com aditamentos posteriores em

1928 e 1929.

Ao contrário da maioria das empresas conserveiras da altura, durante a segunda guerra mundial, a

Pinhais recusou-se a vender os seus produtos para a Alemanha nazi.

Apenas em 1945, com a edificação da ala com fachada voltada para a Rua Conselheiro Costa Braga, o

edifício adquire a grandeza de proporções que o caracteriza na atualidade, sendo Augusto Coelho

Pereira de Araújo o autor do projeto. Em 1947 sediou-se, também nestas instalações, a Sociedade

Exportadora Luís Viana.

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A Pinhais & Cia Lda. é hoje a mais antiga fábrica conserveira de Matosinhos ainda em laboração,

completando no próximo ano de 2020 o seu centenário de atividade industrial. Mantém ainda toda a

estrutura e muitos dos seus equipamentos originais, incluindo uma caldeira a vapor, equipamento que

atualmente se tornou uma peça de grande interesse para a arqueologia industrial.

Além da Caldeira Babcock & Wilcox de 1929, são também de assinalar como equipamentos originais

em uso a chaminé em tijolo, o filtro do azeite, a salamandra Doraliva, a cravadeira, o furador vertical,

as bancadas em mármore, a balança de báscula, o mobiliário do consultório médico e creche.

Esta fábrica mantém ainda um processo de produção tradicional, privilegiando a utilização do peixe

fresco e dos métodos artesanais, proporcionando uma reconhecida qualidade no produto final.

Entre as marcas produzidas, destacam-se a Pinhais, Edusa, Rios, Jamis, sendo que actualmente a sua

principal marca é a Nuri.

3. SOBRE O EDIFÍCIO:

3.1. DESCRIÇÃO GERAL

O edifício da Pinhais, foi construído no primeiro quinquénio da década de 1920, no qual se instalou

em 1926, a então constituída Sociedade Pinhais & C.ª, Lda.

O edifício adota o modelo das construções industriais dos finais do século XIX e do início do século

XX.

A firma transporta para estas suas novas instalações o figurino decorativo das fachadas das

instalações que já possuía antes de 1920, sendo evidentes similitudes de imagem com as instalações

que já possuía na Avenida Serpa Pinto - o armazém com sistema de salga (Salazones), no nº 437, e o

prédio com o nº 448 onde coabitavam instalações de laboração industrial e escritórios.

O edifício tem uma natureza pragmática, mas ao mesmo tempo procura com um conjunto de

elementos figurativos ecléticos, ao gosto da época, transmitir uma imagem de modernidade e de

solidez institucional.

O edifício valoriza a imagem para a Avenida Menéres, compondo todo o seu desenvolvimento numa

simetria voltada a esta avenida, simetria que ocupa parte da frente do quarteirão, sendo completada

com um corpo alongado de dois pisos a nascente que se desenvolve ao longo da Avenida do

Comendador Ferreira de Matos.

O conjunto construído é compacto, ocupando a parcela na sua quase totalidade, libertando algumas

áreas de pátio exterior na zona sul, limitadas a nascente por um muro com um portão largo que

permite o acesso direto a essas áreas nas quais se ergue a chaminé de tijolo, sempre presente nestas

instalações industriais.

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O edifício compõe-se de um conjunto oito naves semelhantes que partem da fachada voltada à

Avenida Menéres e que se alongam para sul, com as suas coberturas de telha cerâmica.

Na zona central implanta-se a nave com cobertura em telha canelada pré-fabricada, situação que

deverá logo que oportuno ser corrigida.

3.2. ASPETOS FUNCIONAIS

O edifício apresenta uma construção tipológica que contém todas as componentes espaciais de uma

fábrica de conservas.

Apresenta uma vasta área de fabrico central, onde se processa o depósito de peixe fresco, de corte de

cabeças e de remoção de vísceras, de engrelhamento e de salmoura. A cozedura a vapor e a retirada

dos fornos. O arrefecimento do peixe, o enlatamento e a lavagem e esterilização.

Esta vasta área de fabrico que constitui o centro produtivo da fábrica é rodeada pelas seguidamente

descritas instalações complementares.

Uma faixa voltada à Avenida Menéres com o corpo de dois pisos central por onde se efetua a entrada

principal com um átrio com escada de acesso aos escritórios no andar, tendo em contiguidade uma

pequena área de escritório e venda ao público no rés-do-chão de um dos lados e um gabinete médico

do outro.

A poente deste corpo central com dois pisos, desenvolve-se um corpo térreo por onde se verifica a

receção de matérias primas e onde se encontra instalada uma arca de refrigeração.

A nascente deste corpo central com dois pisos, desenvolve-se um corpo térreo simétrico do primeiro,

onde se encontra o armazém do azeite e as respetivas cubas e micro refinaria e um vasto armazém de

produto acabado. Em área posterior deste localiza-se o armazém de produto semiacabado.

O conjunto descrito é completado pelo corpo com dois pisos, exterior à composição simétrica

daquele, que se desenvolve ao longo da Avenida do Comendador Ferreira de Matos e que acolhe o

armazém de vazio (cartões e latas) e possui uma pequena área de arquivo histórico em parte do andar.

A sul deste corpo em duas casas contíguas está instalada a oficina de reparação mecânica e a antiga

casa do mestre.

O edifício tem um corpo alongado voltado à Rua do Conselheiro Costa Braga na continuidade da

zona de fabrico, onde está instalado o armazém por lote de produto semiacabado e em paralelo, em

zona mais interior, o corpo do refeitório e dos balneários e vestiários.

Na zona central do pátio implantam-se as casas das caldeiras, um armazém e uma antiga creche, agora

transformada em sala de formação.

No topo do conjunto, voltado à Rua do Conselheiro Costa Braga localiza-se o portão pelo qual se

processa a entrada do pessoal e também a expedição da produção.

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Acoplado à estrema sul um anexo abriga uma oficina de reparação de grelhas e um armazém.

Existe ainda uma área em cave na zona central do conjunto, que serve de armazém de sal e de

ingredientes.

3.3. INSERÇÃO URBANA

O edifício possuí um desempenho urbanístico notável valorizando de forma relevante a Avenida

Menéres, estruturando de forma bastante equilibrada o quarteirão, com características muito

semelhantes às do edifício da Companhia Real Vinícola, voltado à mesma Avenida Menéres,

localizado três quarteirões a poente.

3.4. ASPETOS CONSTRUTIVOS

O edifício é de construção mista de paredes de perpianho de granito, estrutura de pilares e vigas de

betão e cobertura em telha sobre estrutura de asnas de madeira.

Bibliografia

– José M. Lopes Cordeiro (1989), A Indústria Conserveira em Matosinhos: exposição de arqueologia

industrial. Matosinhos: Câmara Municipal.

– José Manuel Lopes Cordeiro (1995), “Algumas características da indústria portuguesa de conservas

nas vésperas do segundo conflito mundial”, Cadernos do Noroeste, Braga,

Vol. 8, n.º 1, pp- 1995:

25-38.

– Jorge Amorim (2007), António Pinhal: do passado faz-se futuro: notas

biográficas

. Matosinhos: Câmara Municipal de Matosinhos - Fábrica Pinhais & C.ª L.ª.

– Sara Monteiro (2014), A embalagem de conservas na conserveira Pinhais: análise dos rótulos

produzidos de 1920 a 2014

. Tese de Mestrado em Design de Comunicação apresentada à ESAD -

Escola Superior de Artes e Design. [S.l.: s.n.].

- Susana Leonor Fonseca dos Santos Delicado Pacheco (2017), As Caldeiras Babcock &

Wilcox em Portugal (1867 a 1926), uma inovação? Análise do ponto de vista da Arqueologia

Industrial. Dissertação de Mestrado em Arqueologia apresentada à FCSH – Faculdade de

Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

[S.l.: s.n.].

Referências

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