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USO DE CADEIRAS DE RODAS POR ESTUDANTES DE ARQUITETURA COMO ESTRATÉGIA PARA AVALIAR A ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECAS DE MARINGÁ - PR

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USO DE CADEIRAS DE RODAS POR ESTUDANTES DE ARQUITETURA

COMO ESTRATÉGIA PARA AVALIAR A ACESSIBILIDADE EM

BIBLIOTECAS DE MARINGÁ - PR

Rubia Maiara Silva Marcon1, Juliana Carneiro Pena dos Santos2, Cássio Tavares de Menezes Júnior3, César Henrique de Godoy Gomes4

RESUMO: As barreiras arquitetônicas não devem ser vistas somente como um conjunto de medidas a

serem respeitadas, e sim como uma filosofia geral de acolhimento, conforto e facilidades. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi avaliar a acessibilidade em bibliotecas na perspectiva de usuários com deficiência física e/ou motora. Tratou-se de um estudo descritivo exploratório desenvolvido em Maringá – PR, onde constituíram objeto de estudo três bibliotecas: a Biblioteca Municipal de Maringá, a Biblioteca CESUMAR e a Biblioteca Central da UEM. Os dados foram coletados no período de Abril e Maio de 2011, por meio de entrevista aberta com estudantes de arquitetura que fizeram visitas às três instituições. O roteiro de entrevistas, que foi elaborado pelas acadêmicas e preenchido após as visitas, foi norteado por questões como: Como foi para você utilizar esta biblioteca? Qual foi a maior dificuldade que você encontrou? e Quais as suas sugestões para melhorar a acessibilidade nesta biblioteca? Para análise dos resultados, fez-se uma comparação entre as três bibliotecas, visando identificar em que aspectos relacionados com a acessibilidade elas falham e em quais apresentam pontos em comum através das dificuldades e limitações apontadas pelo informante. Os resultados obtidos apontaram que as barreiras físicas encontradas nas três bibliotecas se assemelham, sendo as mais alarmantes: grau de inclinação das rampas, altura e possibilidade de aproximação dos balcões, armários e mesas; altura das últimas prateleiras das estantes, ausência de copos descartáveis nos bebedouros, espaçamento entre mesas, irregularidade no piso e falta de simbologia.

PALAVRAS-CHAVE: Acessibilidade espacial; Bibliotecas; Usuários.

1 INTRODUÇÃO

A diversidade humana nos permite observar que as pessoas possuem habilidades diferentes e que algumas necessitam de condições especiais para poder desempenhar determinadas atividades (MAZZONI; et al, 2001). Entre eles estão os portadores de deficiência física e/ou motora.

1

Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR, Maringá – Paraná. Bolsista do Programa de Iniciação Científica do Cesumar (PROBIC), e-mail: rumarcon@hotmail.com.

2

Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR, Maringá – Paraná, e-mail: juliana_carneiro_@hotmail.com.

3

Orientador, docente do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR, Maringá – Paraná, e-mail: cassio@cesumar.br.

4

Co-orientador, docente do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR, Maringá – Paraná, e-mail: cesargodoy@cesumar.br.

ISBN 978-85-8084-055-1 25 a 28 de Outubro de 2011

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Acessibilidade, ou possibilidade de alcance aos espaços físicos, diz respeito à qualidade de vida de todas as pessoas. Um ambiente é acessível quando se ajusta aos requerimentos funcionais e dimensionais e possibilita a utilização autônoma, com a comodidade e segurança de todos (PUPO, 2006).

A biblioteca é um espaço que desde a antiguidade guarda as descobertas de gerações anteriores e que busca transmiti-las para todos das novas gerações. A partir dos livros que ela guarda, o ser humano pode conhecer novos mundos, ampliar seus conhecimentos e formar opinião sobre as coisas e o mundo que o cerca.

As bibliotecas tem como objetivo prover informação, produção e disseminação do conhecimento. Diante de sua importância para os acadêmicos, todos incluindo os deficientes físicos e/ou motores, devem ter acesso a ela, ou seja, ela deve ser acessível.

Ao edificar uma biblioteca, nem sempre se pensa em todos os possíveis usuários, e por conseqüência, é comum existirem barreiras que prejudicam a acessibilidade de alguns, especialmente daqueles que possuem algum tipo de limitação motora.

Em vista disso, para que todos os usuários possam realizar as atividades com conforto e segurança, é necessário que os profissionais conheçam as reais dificuldades ou limitações dos diferentes usuários, não apenas as normas e dimensões mínimas, para então poder desenvolver projetos sem barreiras.

Espera-se que os resultados do estudo possam contribuir para a melhoria do espaço físico, de forma que pessoas portadoras de deficiências físicas e/ou motoras possam usufruir melhor desses espaços.

Por meio deste estudo pretende-se verificar através do depoimento dos usuários o quanto a Biblioteca Pública Municipal de Maringá, a Biblioteca CESUMAR e a Biblioteca Central da Universidade Estadual de Maringá conseguem efetivar a sua real intenção, qual seja transmitir para todos os conhecimentos nelas contidos.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Estudo descritivo exploratório de natureza qualitativa a ser realizado em três bibliotecas de Maringá – PR: Biblioteca Pública Municipal de Maringá, Biblioteca CESUMAR e Biblioteca Central da Universidade Estadual de Maringá.

Foi elaborado um roteiro de entrevistas utilizado na coleta de dados e paralelamente a essa elaboração, foi solicitado aos responsáveis pelas instituições autorização para a realização das visitas. Também foi solicitado ao CESUMAR o empréstimo de uma cadeira de rodas, utilizada nas visitas.

Foram realizadas visitas aos ambientes das bibliotecas com acadêmicos de arquitetura que vivenciaram a condição cotidiana de um cadeirante em uma biblioteca. Os dados foram coletados através de entrevistas feitas após as visitas.

Os acadêmicos, após sentir as possíveis dificuldades e barreiras, concederam entrevista às pesquisadoras, que foi gravada e anotada. Nesta entrevista eles responderam à questões como: Como foi para você utilizar esta biblioteca? Qual foi a maior dificuldade que você encontrou? Para entrar? Para retirar livros? Para estudar no local? Para utilizar o sanitário? Para utilizar equipamentos como armários e bebedouros? e Quais as suas sugestões para melhorar a acessibilidade nesta biblioteca em questão?

As respostas obtidas foram comparadas e analisadas de modo a identificar as condições de acessibilidade das três bibliotecas através da percepção de indivíduos cadeirantes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Assim como encontrado no estudo realizado no campus da USP de Bauru (LAMÔNICA; et al, 2008), no presente estudo também foi identificado presença de guias

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rebaixadas e de rampa com e sem corrimão. Cabe salientar que nas instituições do CESUMAR e da UEM foram encontrados banheiros parcialmente adaptados para deficientes e presença de elevadores em tamanho adequado. A Biblioteca Municipal não apresenta rampa nem elevador.

Em relação às condições de acesso ao interior do prédio os resultados encontrados se assemelham em parte aos de um estudo realizado em hospitais de Sobral – CE (PAGLIUCA, 2007), onde os pisos não possuem superfície regular, mas são antiderrapantes e as áreas de circulação coletiva estão livres de obstáculos.

Os estudantes asseveram em seus depoimentos que na área externa das três bibliotecas não existe nenhum grande obstáculo que dificulte a livre movimentação dos usuários. Eles perceberam as áreas de circulação interna das três bibliotecas como amplas, não encontrando dificuldades para movimentação ou realização de rotação.

Nas três bibliotecas existem armários a disposição dos usuários para guarda de pertences pessoais, estando alguns ao alcance do usuário cadeirante. Porem mesmo esta parcela de armários foi alvo de críticas por parte dos entrevistados que sentiram algumas dificuldades como: impossibilidade de aproximação ao armário e de escolhê-lo e pouco espaço para circulação.

Quase todos os balcões existentes nas instituições, assim como identificado em um estudo realizado na Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina (MAZZONI; et al, 2001), estão dispostos de forma a atender as pessoas em pé. Por esta razão a altura dos mesmos está superior à recomendada para um adequado alcance de visão de um cadeirante, como relatado pelos participantes que não conseguiram ver direito os atendentes e nem escrever quando lhes era solicitado. Além disso, os balcões não possuem a profundidade necessária para o encaixe da cadeira, dificultando assim a aproximação do usuário cadeirante que precisa ficar de lado.

Um grande problema está relacionado aos bebedouros. Estes deveriam ser suspensos para facilitar a aproximação do cadeirante, porém, acreditamos que os bebedouros comuns até podem ser utilizados, desde que apresentem porta copos descartáveis em altura adequada.

Diferente de estudo realizado em hospitais de Sobral – CE (PAGLIUCA, 2007), onde as mesas estavam adequadas, nas bibliotecas em estudo os entrevistados sentiram dificuldade de aproximação e de encaixe nas mesas, devido à altura, largura e espaço de circulação entre elas.

As bibliotecas apresentam corredores amplos, diferente dos hospitais de Sobral – CE, onde as áreas de circulação coletiva estão livres de obstáculos como lixeiras, bebedouros e mobiliários, permitindo até mesmo o giro de 360º.

Já os corredores entre as estantes estão bem irregulares, estando alguns com largura adequada e outros bem estreitos, dificultando a livre circulação entre as mesmas. Em relação às prateleiras a dificuldade sentida pelos participantes está em alcançar verticalmente as últimas fileiras, pois estas estão muito altas e fora do alcance vertical máximo de um cadeirante.

No que diz respeito aos banheiros, na Biblioteca CESUMAR nenhum dos entrevistados sentiu dificuldade relacionada ao espaço minimizado pela presença da porta em diagonal. Na Biblioteca da UEM nem mesmo as portas dos sanitários do segundo pavimento, que possuem uma barra na horizontal, impediram que ela fosse transposta pelo usuário. Já na Biblioteca Municipal o acesso ao sanitário se torna impossível por conta do pouco espaço que apresenta.

No que diz respeito à largura das portas a Biblioteca CESUMAR apresenta-as amplas e com boa largura, assim como as da Biblioteca da UEM. Já na Biblioteca Municipal o problema se encontra na porta de entrada, pois esta apresenta uma largura muito pequena, impedindo que a mesma seja transposta.

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Na Biblioteca da UEM e na Municipal o usuário deve passar por uma catraca para adentrar as instalações, mas em ambas, ao contrário do que a BU da UFSC apresenta (MAZZONI; et al, 2001), há passagens laterais com largura adequada.

As três bibliotecas em estudo, assim como identificado no estudo realizado na Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina (MAZZONI; et al, 2001), carecem de um sistema de sinalização melhor. Nelas, tal como na BU da UFSC, quase não existem áreas nem setores identificados como de uso exclusivo de cadeirantes.

Os terminais de consulta digital da Biblioteca CESUMAR e da Biblioteca da UEM, ao contrario do que foi encontrado na BU da UFSC, são acessíveis. Já a Biblioteca Municipal não dispõe deste serviço.

Os entrevistados sentiram um desconforto em relação ao piso irregular da Biblioteca da UEM. Nos hospitais de Sobral – CE (PAGLIUCA, 2007) foram encontrados piso com superfície regular, estável e firme, mas não antiderrapantes. Já na rampa da Biblioteca CESUMAR foi encontrado piso antiderrapante e na rampa da Biblioteca da UEM o piso é emborrachado e apresenta saliências, que aumentam o atrito da cadeira de rodas com o piso.

4 CONCLUSÃO

Avaliando as três bibliotecas separadamente podemos perceber que a do CESUMAR e a da UEM são as que estão mais bem preparadas para receber o usuário cadeirante. As duas possuem, como pontos favoráveis, banheiros parcialmente adaptados, áreas de circulação amplas e livres de obstáculos, portas com larguras adequadas, terminais de consulta acessíveis e rampas com piso adequado (antiderrapante ou emborrachado).

Também apresentam em comum alguns pontos negativos, como altura dos balcões e bebedouros, corredores estreitos entre as estantes e últimas prateleiras das estantes muito altas, portanto com especificações fora dos padrões de acessibilidade para um cadeirante.

Vale ressaltar que na Biblioteca CESUMAR o espaço de circulação na área dos armários é mais amplo, não apresentando dificuldades de movimentação, e um número bom de mesas com medidas acessíveis. E ainda, que na Biblioteca da UEM o uso do elevador é livre e que ela é a única que apresenta um sistema de sinalização sobre a presença de espaço e equipamentos acessíveis para deficientes.

Já em relação à Biblioteca Municipal, os principais aspectos responsáveis por esta não ser acessível ao usuário cadeirante, são: inexistência de rampas e/ou elevador, de banheiro adaptado e largura inferior à recomendada por norma na porta da entrada principal. Ela possui os mesmos problemas em relação ao espaço dos armários, altura dos balcões e bebedouros, corredores entre as estantes estreitos e altura das prateleiras das outras duas instituições e tem como ponto positivo a área de circulação ampla e livre de obstáculos. Seu principal ponto positivo é que ela apresenta a totalidade de suas mesas acessíveis ao usuário cadeirante.

Portanto, com o presente estudo podemos avaliar que as bibliotecas tem capacidade para serem acessíveis, entretanto concluímos que não há uma preocupação efetiva por parte dos gestores das mesmas e que as condições de acessibilidade encontradas são parciais. Por fim, os resultados encontrados mostram a necessidade de conscientizar a população em geral e os dirigentes de instituições de que a acessibilidade está prevista em lei e deve ser cumprida, proporcionando inclusão social a todos os indivíduos.

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REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 9050. Acessibilidade de pessoas Portadoras de Deficiências a Edificações, Espaços, Mobiliário e Equipamentos Urbanos. Rio de Janeiro, 2004.

BRASIL. Decreto n° 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis n° 10.048, de 8 de novembro de 2000 e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providencias. Brasília, 2004.

ELY, Vera Helena Moro Bins; SILVA, Cristiane Silveira. Unidades habitacionais hoteleiras na Ilha de Santa Catarina: um estudo sobre acessibilidade espacial. Produção, São Paulo, vol.19, n.3, 2009.

LAMÔNICA, Dionísia Aparecida Cusin; ARAÚJO-FILHO, Pedro; SIMOMELLI, Simone Berriel Joaquim; CAETANO, Vera Lygia Santos Butignoli; REGINA, Márcia Regina Rodrigues; REGIANI, Denise Maria. Acessibilidade em ambiente universitário: identificação de barreiras arquitetônicas no campus da USP de Bauru. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília-SP, vol.14, n.2, 2008.

MAZZONI, Alberto Angel; TORRES, Elisabeth Fátima; OLIVEIRA, Rubia de; ELY, Vera Helena Moro Bins; ALVES; João Bosco da Mota. Aspectos que Interferem na Construção da Acessibilidade em Bibliotecas Universitárias. Ciência da Informação, Brasília, vol. 3, n. 2, maio/ago. 2001.

PAGLIUCA, Lorita Marlena Freitag; ARAGÃO, Antônia Eliana de Araújo; ALMEIDA, Paulo César. Acessibilidade e deficiência física: identificação de barreiras arquitetônicas em áreas internas de hospitais de Sobral, Ceará. Revista da Escola de Enfermagem da

USP. São Paulo, vol.41, n.4, 2007.

PUPO, Deise Tallarico; MELO, Amanda Meincke; FERRÉS, Sofia Pérez (Organizadores)

Acessibilidade : discurso e prática no cotidiano das bibliotecas . Campinas, SP:

Referências

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