OXALÁ
Se Exu é o começo de tudo, Oxalá é o fim. Se Exu é o principio da vida,
Oxalá é o principio da morte. Equilíbrio positivo do Universo, é o pai da
brancura, da paz, da união, da fraternidade entre os povos da Terra e do
Cosmo. Pai dos Orixás, é considerado o fim pacífico de todos os seres. Orixá
da ventura, da compreensão, da amizade, do entendimento, do fim da
confusão. O branco, nos cultos Afro-Brasileiros, é a cor principal. É,
entretanto, o luto, a cor de Oxalá, pois Oxalá é aquele Orixá que vai
determinar o fim da vida, o fim da estrada do ser humano. Daí sua cor ser
considerada a cor do luto, nos Cultos. Oxalá é ofim da vida, é o momento de
partir em paz, com a certeza do dever cumprido.
Embora não gostemos dela, nem que a queiramos com certeza, a morte é uma
conseqüência da própria vida. Exu inicia, Oxalá termina. É assim nas rodas de
Candomblé, no xirês, quando louvamos todos Orixás. Começamos por Exu,
terminamos com Oxalá.
A religião, então, encara o fator morte com a mesma naturalidade com que
encara os demais assuntos, pois ele faz parte da Natureza e sabemos que tudo
tem um inicio, um meio e um fim. Também o Culto vai encarar esta evidência
com lógica e vai determinar uma regência, ou melhor, inúmeras regências,
para essa força chamada Oxalá.
A morte é descanso final, e se é o descanso final é a paz. Oxalá é o Orixá da
paz. Ele é o pai da brancura, cor do luto no Candomblé. Portanto ele é o pai a
morte, ou melhor dizendo, é o principio do fim da vida.
Mas Oxalá também tem outras atribuições na Natureza. É ele que vai
proporcionar a paz entre os homens; é ele que vai trazer o entendimento, a
compreensão, o sossego, a fraternidade, não somente entre os homens, mas
também em sua relação com outras forças da natureza, pois é comum nas
Casas de Santo oferecemos comidas e flores, para que Oxalá venha apaziguar
uma situação de conflito, uma determinada cabeça. É ele que servirá de
mediador para que haja uma solução, uma definição.
Oxalá, portanto, está presente nos momentos em que a calma é estabelecida.
Rege a tranqüilidade, o silêncio, a paz do ambiente.
Oxalá é o equilíbrio das coisas, mantendo-as suavemente estabilizado e em
posição de espera ou definição, de acordo com o caso, de acordo com a
situação.
É, portanto, a organização final, da maneira mais pacífica possível.
Mitologia
Oxalá era marido de Nanã, Senhora do Portal da vida e da morte. Senhora da
fronteira de uma dimensão (a nossa) para outras.
Por determinação da própria Nanã, somente os seres femininos tinham o
acesso ao Portal, não permitindo a aproximação dela de seres do sexo
masculino, sob hipótese alguma. Esta determinação servia para todos,
inclusive para o próprio Oxalá.
E assim foi, durante muito tempo. Porém, Oxalá não se conformava em não
poder conhecer o Portal, não só por ser marido de Nanã, como por sua própria
importância no panteão dos Orixás.
Assim, pensou, até que encontrou a melhor forma de burlar as determinações
de sua esposa. Não fugindo de sua cor branca, vestiu-se de mulher, colocou o
Adê (coroa) com os “chorões”, no rosto, próprio das Iabás (mulheres) e
aproximou-se do Portal, satisfazendo, enfim, sua curiosidade.
Foi pego, porém, por Nanã, exatamente no momento em que via o outro lado
da dimensão. Nanã aproximou-se e determinou:
-Já que tu, meu marido, vestiste-te de mulher para desvendar um segredo
importante, vou compartilhá-lo contigo. Terás, então, a incumbência de ser o
principio do fim, aquele que tocará o cajado três vezes ao solo para determinar
o fim de um ser. Porém, jamais conseguiras te desfazer das vestes femininas e,
daqui para frente, terá todas as oferendas fêmeas!
E Oxalá, conhecido por Olufan, passou a comer não mais como demais santos
Aborós (homens), mas sim cabras e galinhas como as Iabás. E jamais se defez
das vestes de mulher. Em compensação, transformou-se no Senhor do
principio da morte e conheceu todo o seu segredo.
Oxalá, portanto, é o fim. Não o fim trágico, mas pacífico, de tudo que existe
no mundo. E por isso merece todo o carinho que lhe damos. Por isso, é o
nosso salvador, nosso conselheiro, aquele que vem nos momentos de angustia
para trazer algo que esse mundo precisa demasiadamente: Paz.
ALGUMAS LENDAS DE OXAGUIÃN
Batalha dos Atoris
Batalha dos Atoris. Na cidade Africana de Eleegibò até hoje por ocasião de sua festa os habitantes são divididos entre dois bairros e trocam golpes de atori (varas), relembrando o mito que diz sobre um Babalaô seu amigo que foi preso pelos guardas de Eleegibò ,por que se referiu o Rei como, Oxaguian (Orixá Comedor de Inhame) tendo sido encontrado no calabouço Oxagüian pediu-lhe perdão só aceito se os moradores da cidade trocasse golpes de varas durante suas festas (sob pena de não haver boa colheita caso isto não acontecesse).
O Castelo de Ogum
Oxaguian, jovem filho guerreiro de Oxalá, acompanhava Ogum pela terra em suas guerras. Aproveitava de toda ocasião em que a guerra criava destruição para reconstruir no lugar algo maior e mais próspero.
Assim espalhou pelo mundo prosperidade, sem descanso, obrigando todos a
trabalhar e progredir. Onde via preguiça, inspirava movimento e crescimento. Um dia, entre uma batalha e outra, Oxaguian foi à cidade de Ogun para buscar provisões e encontrou um castelo que acabava de ser construído pelo povo do lugar em oferecimento a Ogum.
Oxaguian perguntou ao povo: “Que vão fazer agora que terminaram de construir o castelo do seu rei?” “Descansar”, eles responderam. Oxaguian retrucou: “O seu rei ainda demora a voltar; vocês devem aproveitar deste tempo de maneira melhor. Construam um castelo ainda melhor e encham de alegria o seu rei.” Sacou da espada e com um toque empurrou a parede do castelo, que ruiu todo.” Oxaguian voltou para a guerra, e o povo pôs-se a construir um castelo ainda melhor.
O tempo passou e Oxaguian voltou à cidade de Ogun em busca de mais provisões. Encontrou lá um castelo ainda maior e melhor do que o que tinha derrubado. Semelhante diálogo se travou. Oxaguian perguntou ao povo: “Que vão fazer agora que terminaram o castelo do seu rei?” “Vamos descansar”, eles responderam. Oxaguian interrogou: “Mais uma vez, o seu rei demora a voltar; vocês que aproveitem ainda deste tempo de maneira melhor. Construam um castelo melhor para o seu rei.” Como tinha feito antes, sacou da espada e com um toque derrubou o castelo.” E partiu para guerra, voltando sempre em busca de novas provisões.
Tantas vezes isto aconteceu que o povo do lugar se transformou em um povo de grandes construtores, desenvolvendo engenharia e arquitetura soberba, reconhecida mundialmente. Oxaguian promove o progresso. Não gosta de ver ninguém parado.
Ogum faz instrumentos agrícolas para
Oxaguian
Oxaguian, rei de Ejigbô, o Elejigbô, chamado "Orixá-Comedor-de-inhame-pilado", inventou o pilão para saborear mais facilmente seus prediletos inhames. Todo o povo do seu reino adotou a sua preferência. Todo o povo de Ejigbô comia inhame pilado. E tanto seu comia inhame em Ejigbô que já não se dava conta de plantá-lo. E assim, grande fome se abateu sobre o, povo de Oxalá.
Oxaguian foi consultar Exu, que o mandou fazer sacrifícios e procurar o ferreiro Ogum, que naquele tempo viva nas terras de Ijexá. O que podia fazer Ogum para que o povo de Ejigbô tivesse mais inhame?, consultou Oxaguian. Ogum pediu sacrifícios e logo deu a solução. Em sua forja, Ogum fez ferramentas de ferro. Fez a enxada e o enxadão, a foice e a pá, fez o ancinho, o rastelo, o arado. "Leve isso para o seu povo, Elejigbô, e o trabalho na plantação vai ser mais fácil. Vão colher muitos inhames, mais do que agora quando plantam com as mãos", disse Ogum. E assim foi feito e nunca se plantou tanto inhame, como se colheu. E a fome acabou.
O povo de Ejigbô, agradecido cultuou Ogum e ofereceu a ele banquetes de inhames e cachorros, caracóis, feijão-preto regado com azeite-de-dendê e cebolas. Ogum disse a Oxaguian: "Na casa de seu Pai todos se vestem de branco, por isso também assim me visto para receber as oferendas". E o povo o louvava e Ogum ficou feliz. E o povo cantava: "A kaja lónì fun Ògúnja mojuba". "Hoje fazemos sacrifício de cachorros a Ogum, Ogunjá, Ogum que come cachorro, nós te saudamos".
Oxaguian disse a Ogum: "Meu povo nunca há de se esquecer de sua dádiva. Dê-me um laço de seu abadá azul, Ogum, para eu usar com Dê-meu axó funfun, minha roupa branca. Vamos sempre nos lembrar de Ogunjá". E, do reino de Ejigbô até as terras de Ijexá, todos cantaram e dançaram.
O NASCIMENTO DE OXAGUIÃN
Nasceu dentro de uma concha de caramujo. Não tinha mãe. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido e sem rumo.
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado. Apesar de feliz com sua nova cabeça branca, ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito.
Um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo com o orixá.
Então Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça branca, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.
A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
O PILÃO DE OXAGUIÃN
Oxaguian teria nascido em Ifé, bem antes de seu pai tornar-se o rei de Ifan. Valente guerreiro, desejou, por sua vez, conquistar um reino. Partiu, acompanhado de seu amigo Awoledjê.
Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Ele tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo
durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido.
Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto! Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e assim passou a ser chamado.
Awoledjê, seu companheiro, era babalawo, um grande adivinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos.
Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.
Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era arrodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas.
Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada.
Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.
Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. "Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!"
Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse.
"Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se".
Desde então, todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair.
A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, também, na Bahia.
Por ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do Orixá "Comedor-de-inhame-pilado."
EJIONILIE
OSOGUIAN
8 BÚZIOS ABERTOS Arquétipo
Fartura, mulher perseguida, intriga de mulher perversa, mulher ou homem, fortes intrigas, barulho, verdadeiros Ejos (brigas), fofocas, ódios acumulados em seu íntimo, vingança e falsidade são negatividades que prosperam em seus nativos com facilidade contagiosa.
Importante
Este Odu, se perguntado para uma pessoa enferma, tem que se ter muito cuidado com o que ele responde no Ifá – porque ele engana até a morte.
Quando ele aparece por três vezes consecutivas no jogo, levanta-se três vezes em sua reverência.
Atenção
Não se esqueça de que este Odu é de Omoguian, e sendo assim, sendo ele o dono da guerra, será possivelmente o dono da vitória, e é bom que, quem estiver jogando, faça uma grande reflexão, pois os ebós existem para afastar suas negatividades e trazer de suas entranhas sua parte Positiva que é muito linda e pura para seus nativos. Isto é muito importante, para que não se sacrifique e se crucifique por antecipação o consulente que está procurando uma saída para seus problemas. A
personalidade de seus nativos, “pelo lado positivo” – é muito boa, podendo se conseguir deles muita ajuda e compreensão, assim como firmeza de caráter. Nunca se deve pré-julgar uma criatura, sem se conhecer todo o seu interior e em qual estágio de sua descendência ela está (se positiva ou negativa).
OMO ODUS DE EJIONILE
1º - Olanfin 2º - Odoluà 3º - Kudiré 4º - Sagrim 5º - Ebuim 6º - Akanji 7º - Yalante 8º - Ekio 9º - Silin 10º - Kokonisse 11º - Iró 12º - Sakonam 13º - Soia-Dã 14º - Morosse 15º - Gea 16º - Dejanissé
1º Omo Odu de Ejionile:: OLANFIM Ebó
8 palmos de morim branco 8 bolas de arroz
8 bolas de inhame cozido 8 moedas branca
8 ovos
8 folhas de colônia 8 acaçás
Procedimento
Passar tudo na pessoa, fazer uma trouxa com o morim após passar tudo na pessoa, despachar em mato limpo.
2º Omo Odu de Ejionile:: ODULUÀ Ebó
1 cabaça grande 8 cabacinhas
8 varas de atori de algodão 8 moedas
8 cavalos marinhos 8 acaçás
8 bolas de inhame
8 punhados de ebó (canjica) areia do mar
água do mar Procedimento
Fazer uma estrela desenhada no chão, colocar em seu centro a cabaça grande aberta, colocar em volta as oito cabacinhas abertas e enche-las com a água do mar.
Nota
Derramar a areia do mar sobre a estrela, assim que fizer o desenho. Este ebó deve ser feito em um campo limpo no mato assim que o dia for nascendo.
3º Omo Odu de Ejionile:: KUDIRÊ Ebó
1 metro de morim branco 1 tigela de ebô
1 tigela de arroz do bom 1 inhame acará cozido 8 acaçás
8 moedas 1 prato branco
1 pedaço de cristal da rocha Procedimento
Passar na pessoa o ebô (canjica). Passar o arroz (cru). Limpe bem o seu suor com o morim. Em seguida, coloque no prato o inhame
cozido, em sua volta os acaças, e por cima do inhame a pedra de cristal, encravada nele, as moedas, em sua volta também.
Nota
O Ebô e o arroz que foi passado no corpo da pessoa, é embrulhado no morim, separado, despacha-o em lugar no mato, e o prato com o
inhame e o cristal etc. arreia-se na beira de uma cachoeira, quando o sol se põe – ou seja, bem à tardinha.
4º Omo Odu de Ejionile:: SAGRIN Ebó
8 pombos brancos 8 moedas
8 gemas de ovo de galinha 8 folhas de peregun
2 metros de morim branco Procedimento
EMBRULHAR A PESSOA NO MORIM.
Colocar nas mãos da pessoa uma gema em cada mão espalmada. Passe nela de cada vez dois pombos e solte-os; duas moedas e jogue-as fora; duas folhas de peregun – bata-lhe com elas no corpo da pessoa e jogue-as fora, as gemas que estão nas mãos jogue-as neste instante fora também. Repita tudo na mesma ordem outra vez até completar o orô de quatro vezes por tudo, ou seja, dois pombos, duas moedas, duas folhas de peregun. Quando terminar, limpe bem as mãos da pessoa, seu rosto, seu suor e deixe neste local este morim.
5º Omo Odu de Ejionile: Ebuin Ebó 1 bacia de ágate 8 pedras brancas 8 búzios 8 moedas 1 estrela do mar 8 conchas
8 peixinhos do rio de água limpa água limpa
Procedimento
Arrumar e deixar em casa esta bacia, com a água, os peixinhos, tudo etc. etc. em lugar alto, que seja acima da cabeça da pessoa, durante oito dias a contar de um Sábado. Findo os oito dias, levar tudo em uma cachoeira de água limpa e jogue tudo nas águas. Acenda uma vela de cera e peça o que desejar ao Omo Odu Ebuin, quinto de Ejionile.
6º Omo Odu de Ejionile: AKANJI Ebó
8 acaçás
8 bolas de inhame cozido 8 acaçás amarelos (ekidis) 1 bacia de ebó (canjica)
8 pedaços com um metro de fita branca 8 pedaços com um metro de fita azul claro 8 velas
Procedimento
Em mato limpo, arriar o morim no chão, arrumar tudo em cima do morim e acenda as oito velas em sua volta, pedindo tudo o que desejar ao Omo Odu Akanji.
7º OMO ODU DE EJIONILE: Yalante Ebó 8 pedaços de cipó 8 velas 8 ovos 8 bolas de arroz 8 bolas de farinha 8 acaçás
1 corvina assada só no azeite doce 1 folha grande de taioba
mel
azeite doce Procedimento
Levar tudo para o mato limpo, e em um caminho deste mato, coloque a folha de taioba no chão. Sobre a folha arrume em sentido vertical as oito varinhas de cipó. Por cima dos cipós, enfeite com as outras coisas, e por cima de tudo, arreie a corvina assada e derrame por cima o mel e o azeite doce.
Ofereça ao Omo Odu Yalante e peça o que desejar. 8º Omo Odu de Ejionile: EKIO
Ebó 1 moringa 1 alguidar 8 cabacinhas 8 acaçás 8 velas 8 bolas de arroz 8 bolas de farinha 8 moedas
8 obis água limpa mel azeite doce vinho branco rapadura ralada gengibre ralado Procedimento
Fazer uma mistura de “Água + rapadura ralada + gengibre ralado + vinho + mel”. Colocar nesta mistura oito gotas de azeite doce.
Arreie o alguidar grande, coloque em seu interior a moringa e em sua volta as oito cabacinhas. Encha a moringa com água limpa, e as cabacinhas com a mistura. Coloque nos espaços vazios todos os outros ingredientes enfeitando.
Entregar em mato limpo e chamar pelo Omo Odu Eio.
9º Omo Odu de Ejionile: SILIN Ebó 1 bagre 8 acaçás 8 maças 8 peras 8 obis 8 moedas
1 quilo de uva branca 1 acará cozido
mel azeite doce
1 travessa de louça branca Procedimento
O inhame depois de cozido e descascado deve ser amassado bem, adicionando azeite e mel, esparrame por sobre a travessa. Do bagre cru tira-se o ferrão e acomoda-o sobre a massa de inhame, as frutas, os obis e o restante enfeita-se a travessa. Deve ser oferecido em um tronco de árvore frondosa e deixar lá para o tempo consumir.
10º Omo Odu de Ejionile: KOKONISSE Ebó
1 ebô (canjica)
8 fitas com um metro azul claro 8 fitas com um metro cor branca 1 cabaça grande
8 argolas branca (idés) 1 obi 1 orobô 8 búzios 8 moedas areia do mar 8 conchas 8 acaçás
1 travessa de barro grande mel
azeite doce Procedimento
Abrir a cabaça, colocar tudo dentro desde a areia até o mel, menos a canjica, que deverá ser espalhada na travessa. Em cima do ebô, coloque a cabaça e em volta da cabaça coloque as fitas.
Oferecer ao Omo Odu Kokonisse em uma árvore frondosa no mato.
11º Omo Odu de Ejionile: IRO Ebó
8 broas de trigo (pão) 8 moedas
8 acaçás
8 doces brancos
8 pedaços de fitas azul e branca 8 travessas de louça branca Procedimento
Arrumar tudo na travessa, esparramar mel por cima. Com as fitas, faça uma trança e com ela envolva a travessa, enfeitando-a.
Despache no mato e chame pelo Omo Odu Iro.
12º Omo Odu de Ejionile: SAKONÃ Ebó
1 saco de morim branco 8 pedaços de cadarço branco 8 moedas
8 batatas doce cozida 8 obis
8 orobos 8 búzios
8 bolas de arroz 8 bolas de farinha
1 inhame cozido e descascado (acará) 1 vara forte de guaximba
Procedimento
Passar tudo na pessoa, colocar tudo dentro do saco, amarrar sua boca, atravessar sua boca com o pau. Por no ombro da pessoa, fazê-la caminhar 8 metros mais ou menos, soltar o ebó, virar as costas e vir embora.
Na volta à casa, tomar banho de ervas frescas: macaça; saião; tapete; elevante; oriri; e alfavaca.
13º Omo Odu de Ejionile: SOIADAN Ebó
1 peixe agulha (cru) 1 ebô (canjica) 8 cravos da índia 8 noz moscada 1 obi 1 orobô
1 pouco de melão de São Caetano (folha) 7 pedaços de papel crepom com 7 cores Procedimento
Colocar o peixe na travessa, arrumar o papel crepom em volta, todo picadinho e também por cima do peixe em sua volta, também
acomode o ebô, de um lado o obi e do outro o orobô, novamente em volta da travessa. Arrume as folhagens ramada do melão de São Caetano e jogue por cima de tudo os cravos da índia. Entregar em um pé de árvore bem frondosa.
14º Omo Odu de Ejionile: MOROSSE Ebó
1 espadinha branca (feita de metal) 1 pilaozinho branco (feito de metal) 8 argolinhas brancas (feita de metal) 8 búzios
8 conchas
1 bacia de ágate 1 igbin branco (vivo) 1 ebô (canjica)
azeite doce mel
8 acaças
Procedimento
Levar tudo em uma cachoeira limpa, e na beira d’água colocar a bacia arrumando assim: na bacia o ebô, rodeando os acaças, e cravado no
ebô, as argolas, os búzios, a espadinha, enfim tudo bem enfeitado. O igbim coloque-o em cima do ebô (vivo). Ofereça ao Omo Odu
Morosse para que lhe traga tudo que deseja ou leve tudo que queira por aquelas águas.
15º Omo Odu de Ejionile: GEA Ebó
1 estrela do mar das grandes 8 acaças 8 moedas 1 obi 1 orobô 1 fava de cumaru 1 gema de ovo 1 tigela branca
1 dúzia de banana ouro (ou oito bananas) mel
azeite doce Procedimento
Arrumar tudo na tigela, enfeitar seu interior com as bananas,
temperar com azeite doce e mel, e oferecer em um campo aberto no mato em dia de chuva, e de preferência em uma quinta-feira.
16º Omo Odu de Ejionile: DEJANISSÈ Ebó
1 quilo de uva branca
1 bandeira feita de morim branco e 1 vara de algodoeiro 8 palmos de morim branco
8 acaças 8 moedas 1 obi 1 orobô
1 melão 1 ebô (canjica) 8 ovos cozidos 8 búzios 8 conhcas 8 bolas de algodão 8 cavalos marinho 1 imã 8 gotas de azogue azeite doce mel
1 inhame cozido (acará)
1 travessa de louça branca ou de barro pintado com efum branco (que é melhor)
Procedimento
Arrumar tudo na travessa, colocando o melão no centro da travessa. Passe a bandeira na pessoa e finque-a no centro do melão. Entregue no mar, que tenha mato próximo. Nota: não é dentro d’água, não é na areia ou em estrada que vise o mar sagrado.
Derrame o mel e o azeite doce por cima e peça tudo ao Omo Odu Dejanissè, que lhe traga tudo de bom.
Mitologia de Oxaguian
Oxalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra.
Ele tinha muitos nomes, uns o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã, ou
ainda Aquinjolê, filho de Oguiriniã.
Gostava de guerrear e comer.
Gostava muito de uma mesa farta.
Comia caracóis, canjica, pombos brancos, mas gostava mais de inhame
amassado.
Jamais se sentava estavam sempre atrasados, pois eram muito demorado
preparar o inhame.
Elejigbô, o rei do Ejigbô, estava assim sempre faminto, sempre castigando as
cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra.
Oxalá então consultou os babalaôs, fez suas oferendas a Exu e trouxe para a
humanidade uma nova invenção.
O rei de Ejigbô inventou o pilão e com o pilão ficou mais fácil preparar o
inhame e Elejigbô pode ser fartar e fazer todas as suas guerras.
Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame que todos agora o chamam
de “Orixá Comedor de Inhame Pilado”, o mesmo que Oxaguian na língua do
lugar.
Dados
Oxalufan
Dia: sexta feira
Data: 15 de janeiro;
Metal: prata, ouro branco, chumbo e níquel;
Cor: branco leitoso;
Partes do corpo: parte genital masculina, rins, sêmen, os 16 dentes do
maxilar inferior (cauris) que pertencem a Oxalá.
Arquétipo: calmos, mas capazes de liderar, bondosos e tolerantes;
Símbolos: apaasoró (cajado)
Oxaguian
Dia: sexta feira;
Data: 15 de janeiro;
Metal: todos os metais brancos;
Cor: branco e leitoso;
Comida: inhame pilado;
Arquétipo: altos e robustos, porte majestoso, olhar ao mesmo tempo altivo e
travesso, elegante e amigo das mulheres, alegre, gosta profundamente da vida,
revela-se muitas vezes irônicos, malicioso, prolixo, brincalhão, idealista e
defensor dos injustiçados, intuitivo quanto ao futuro. Seu pensamento original
antecipa o de sua época, espírito brilhante, facilidade de argumentação. Se rico
é generoso e até pródigo. Embora guerreiro não é agressivo, nem brutal.
ASSENTAMENTOS DE ALGUNS OXALÁ
OLOJUGBÉ
IKALEBABÁ
BURUKAN
ÉLÉTÉKÓ
BABÁ OLOJUGBÉ
( OXOSI )
MATERIAL NECESSÁRIO
1 BACIA DE ESTANHO
EFUN
16 BÚZIOS
FAVAS DE OXALÁ
PANO BRANCO PARA COBRIR
APOTÍ OU APERE
OROGBO
OKUTÁ DE ESTANHO E CHUMBO
ORÍ
16 MOEDAS BRANCAS
FOLHAS DE OXALÁ
16 IDÉ DE CHUMBO
OBÍ BRANCO
BATATA DE NARCISO
MARFIM
ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO
6, 8, 16 IGBIN
POMBO
BEBIDAS
ÁGUA
ÁGUA DE COCO
WODKA
GIM
COMIDAS
EGBO
MUGUNZÁ
OBÍ
ARROZ
ASSENTAMENTO: DENTRO DA BACIA UNTADA COM ORI, SÃO
COLOCADOS OS DEMAIS ELEMENTOS.
ESTA BACIA FICA SOBRE O APOTI/ APERE, COBERTA COM
PANO BRANCO.
OS PRIMEIROS A SEREM SACRIFICADOS SÃO OS IGBIN CUJO
ÉJÉ VAI PARA O ASSENTAMENTO.
INKALEBABÁ
( YEMANJA SAGBÁ)
MATERIAL NECESSÁRIO
1 BACIA BRANCA
EFUN RALADO
16 MOEDAS
FAVAS DE OXALÁ
ORÍ
APOTÍ
TABARINGA BRANCA
16 BÚZIOS
FOLHAS DE OXALÁ
OBÍ FUNFUN
OKUTÁ DE CHUMBO
BATATA DE NARCISO
MARFIM
ANIMAIS PARA O SACRIFÍCIO
6, 8, 16 IGBIN
POMBO
ÁGUA
ÁGUA DE COCO
GIM
COMIDAS
EGBO COM ORI ( METADE CRUA E METADE COZIDA )
EGBO COM EFUN
PADE DE ORI
AKARAJÉ COM CAMARÃO FRESCO SEM CABEÇA FRITO NO ORÍ
OU ADIN.
ASSEBTANENTO: SOBRE O APOTÍ É COLOCADO O
ASSENTAMENTO OU SEJA A BACIA COM OS INGREDIENTES
SOLICITADOS.
SÃO, ENTÃO, SACRIFICADOS OS IGBIN.
BABÁ BURUKAN
( NANA)
MATERIAL NECESSÁRIO
1 BACIA BRANCA
16 BÚZIOS
ORI
FOLHAS DE OXALÁ ( NARCISO)
PEDAÇO DE MARFIM
16 IDÉ DE CHUMBO
16 MOEDAS BRANCAS
FAVAS DE OXALÁ
APOTÍ
ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO
6,8, 16 IGBIN
POMBO
BEBIDAS E COMIDAS IGUAIS AO ANTERIOR.
ASSENTAMENTO; A BACIA COM OS INGREDIENTES FICA
SOBRE O APOTI, SÁO SACRIFICADOS OS IGBIN
BABÁ ÉLÉTÉKÓ
( OGUN E OXUN )
MATERIAL NECESSÁRIO
1 BACIA BRANCA
ORI
BATATA DE NARCISO
16 MOEDAS
FOLHAS DE OXALA
OBI BRANCO
1 PILÃO DE JAQUEIRA
EFUN
16 BÚZIOS
16 IDÉ DE CHUMBO
FAVAS DE OXALÁ
OKUTÁ DE CHUMBO
ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO
6,8, 16 IGBIN
POMBO
ASSENTAMENTO: A BACIA É PREPARADA E COLOCADA SOBRE
O PILÃO CHEIO DE OBI
EM SEGUIDA SÃO SACRIFICADOS OS ANIMAIS.
AJAGUNAN
MATERIAL NECESSÁRIO
NARCISO
1 ESPADIM DE METAL BRANCO
16 BÚZIOS
16 IDÉ DE CHUMBO E ESTANHO
FOLHAS DE OXALÁ
OKUTÁ DE CHUMBO E ESTANHO
1 BACIA BRANCA
1 MÃO DE PILÃO
16 MOEDAS
16 PEDACINHOS DE EFUN
FAVAS DE OXALÁ
1 PILÃO
MARFIM
ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO
6, 8 OU 16 IGBIN
POMBO
COMIDAS E BEBIDAS JÁ MENCIONADAS
ASSENTAMENTOS: DENTRO DE UMA BACIA UNTADA COM ORI
SÃO ADICIONADOS OS DEMAIS INGREDIENTES.
ESTE ASSENTAMENTO FICA SOBRE UM PILÃO
SACRIFICAR OS ANIMAIS.
Oxalá
NOME: Oxaguian (novo), Oxalufan (velho)
SAUDAÇÃO: Epa Babá epa ô
COR: branco, marfim, pérola, chumbo (Lufan) branco e azul (Guian)
ADORNO: Opaxorô (cajado com adornos), Omon Odô (braço do pilão), Alá
(pano branco)
DIA DA SEMANA: sexta feita
DOMÍNIO: ar, céu (Orun), rios, montanhas
AXÉ: purificação, sabedoria, criação, tranqüilidade (Lufan), pai da clareza,
senhor das decisões e das conquistas (Guian)
KIZILA: dendê, sal, café, roupa escura, cachorro, sujeira, montar a cavalo
OFERENDA: egbo (canjica branca), akasá, ori (gordura animal), inhame,
ekurú, obi, arroz, feijão fradinho, mel, vinho branco doce
SACRIFÍCIO: cabra, pata, galinha d’angola, pomba, igbin, galinha
INTRODUÇÃO
"O grande orixá", ocupa uma posição única e inconteste do mais importante
orixá e o mais elevado dos deuses Yorubás. É o dono da argila e da criação,
onde molda os seres humanos em barro. Senhor do silêncio, do vácuo frio e
calmo, onde as palavras não podem ser ouvidas. Por apreciar muito o vinho de
palma, embriagando-se freqüentemente, perdeu a chance de criar a terra e
tornou-se responsável pela moldagem das pessoas e ficou proibido de beber o
vinho. Teimoso, às vezes passa por cima dessas regras. Pessoas com defeitos
de nascença, provocados por ele, lhe pertencem. Ele as protege para se
redimir. Muda de nome conforme a situação. Lento como um caramujo, todo
de branco como seu ritual exige, é conhecido como Oxalufan. Enérgico e
guerreiro, de colar branco com azul real, é Oxaguian. Em todas versões é
Orixalá, Obatalá o rei do pano branco.
ARQUÉTIPOS
Os filhos deste orixá são pessoas calmas e dignas de confiança. São dotados
de grande sabedoria, pois estão sempre buscando os significados de tudo o que
ocorre ao seu redor, não cansam de estudar e buscar o conhecimento. Os filhos
de Oxalufan possuem tendência a serem preguiçosos. O trabalho braçal não os
atrai, preferem buscar lugares onde possam colocar as suas idéias e projetos
em atividade. Extremamente responsáveis, são ótimos projetistas e
organizadores. Seus principais defeitos são: preguiça, teimosia e lentidão. Por
serem calmos, nunca se deve abusar da paciência, pois quando acaba...Os
filhos de Oxaguian já são mais ativos, guerreiros, alegres e trabalhadores. São
incansáveis em seus ofícios e projetos, possuem também tendências ao
estresse por se darem demais as suas funções. Responsáveis como ninguém.
Assim como Oxalufan também são teimosos orgulhosos e inteligentes. São os
famosos senhores do tudo ou nada. Ou dá certo ou não. Seja nos negócios, no
amor e nas amizades.
LENDAS
Oxalufan era um rei muito idoso. Um dia, sentindo saudades do filho Xangô,
resolveu visitá-lo. Como era costume na terra dos orixás, consultou um
babalaô para saber como seria a viagem. Este recomendou que não viajasse.
Mas, se o orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três roupas
brancas e limo da costa (pasta extraída do caroço de dendê e fazer tudo o que
lhe pedissem assim como, jamais revelar sua identidade em qualquer situação.
Com essas precauções, o orixá partiu e, no meio do caminho encontrou Exu
Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da estrada, com um pote ao
lado. com boas maneiras, ele pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o pote
nos ombros. o velho orixá, lembrando as palavras do babalaô, resolveu
auxiliá-lo; mas Exu Elepô, que adora brincar. derramou todo o dendê sobre
Oxalufan. o orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo,
vestiu outra roupa e seguiu viagem. mais adiante encontrou Exu Onidu, dono
do carvão e Exu Aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por duas vezes mais
foi vitima dos brincalhões e procedeu como da primeira vez, limpando-se e
vestindo roupas limpas continuando sua caminhada rumo ao reino de Xangô.
Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia muito
bem, pois presenteara Xangô com o animal tempos atrás. Resolveu amarrá-lo
para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado pelos soldados, que
julgaram-no um ladrão. Sem permitir explicações, e Oxalufan lembrando do conselho
do babalaô de manter segredo de sua identidade, nada reclamou...Eles
espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para a prisão.
Usando seus poderes, Oxalá fez com que não chovesse mais desse dia em
diante; as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis.
Preocupado com isso, Xangô consultou seu babalaô e este afirmou que os
problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um
dos presos fora acusado de roubo injustamente. O orixá dirigiu-se a prisão e
reconheceu o orixá. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para
limpá-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em
sinal de respeito ao orixá, como forma de reparar a ofensa cometida. É por
isso que em todos os terreiros do Brasil comemora-se “As Águas de Oxalá”,
cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e limpam seus
apetrechos com profunda humildade para atrair a boa sorte para o ano todo.
Oxalufan tinha um filho chamado Oxaguian, muito valente e guerreiro que
almejava ter um reino a todo custo. Era um período de guerras entre dois
reinos vizinhos e seus habitantes perguntavam sempre aos babalaôs o que
fazer para que a paz voltasse a reinar. Um dos sacerdotes respondeu que eles
deveriam oferecer ao orixá da paz, que se vestia de branco, como uma pomba,
muito inhame pilado, comida de sua preferência. Oxaguian, cujo nome
significa "comedor de inhame pilado", apreciava tanto essa comida que ele
próprio inventou o pilão para fazê-la. Depois que as oferendas foram
entregues, tudo voltou as boas. Oxaguian tornou-se conhecido por todos e
conseguiu seu próprio reino. Até hoje são oferecidas grandes festas a esse
orixá para que haja fartura o ano todo.
QUALIDADES
Oxalá (o sol); Oxaguian (o nascer do sol); Oxanyin (Oxalá moço); Oxadinhan
(Oxalá moço); Oxagiriyan (Oxalá feminino); Oulissa (Oxalá no Gege);
Oxalufan (Oxalá velho); Oxá Olokun (Oxalá do mar); Orixalá (Oxalá do meio
dia); Obi am (esposa de Orixalá); Orixá Okô (Oxalá da agricultura); Oba Okê
(Oxalá da montanha); Ora Minhan (filho de Odudua e Obatalá); Orixalá (rei
dos orixás); Ifá (o espírito santo); Canaburá (o nascer do dia), Obatalá,
Odudua, Okin, Lulu, Ko, Oluiá Babá Roko, Babá Epe, Babá Lejugba,
Akanjapriku, Ifuru, Kere, Babá Igbo, Ajaguna.
Bàbá Àjàgùnná - ( Òbìtíò - que caminha com Ògún - o verdadeiro Rei de Èjìgbô , General das Guerras )
Bàbá Àjàgùnná - ( Òbìtìòdé - que caminha com Òdé )
Bàbá Èpê - ( que caminha segundo os mais vellhos com Lògún Èdé )
Bàbá Dànkó - ( Senhor dos Banbuzais que tem fundamentos tambem com Ògún e Òya ) Bàbá Dùgbé - ( Guerreiro valente e muito rico )
Bàbá Lèjùbé Bàbá Àkírè Bàbá Òlójò
Obs reformulando que o nome Àjàgùnná pode tambem ser usado como título a todo Òsògìyán por que vem da palavra Guerreiro. Asiim forma-se os 8 Guerreiros da Prata. Àsé Ìrmão Àjàgùnná Òbòcìfùó
ERVAS DE OSAALAA
Alecrim de Caboclo: Erva de Oxalá, porém mais exigido nas obrigações de Oxóssi. Não possui uso na medicina popular.
Alecrim de Tabuleiro: Erva empregada nas obrigações, nos abô e é um maravilhoso afugentador de larvas astrais, razão pela qual deve-se usá-lo nos defumadores, quer das casas de culto. Não possui uso na medicina popular.
Alecrim do Campo: Seu uso se restringe a banhos de limpeza. É muito usado nas defumações de terreiros de Umbanda. Em seu uso medicinal resolve o reumatismo, aplicado em banhos.
Angélica: Tem emprego ritualístico muito reduzido. Sua flor espanta influências malignas e neutraliza a emissão de ondas negativas. É aplicado na magia do amor, propiciando ligações amorosas. A flor também é usada como ornamento e dá-se de presente na vibração do que quer. Não possui uso na medicina popular.
Funcho: Empregada em todas as obrigações de cabeça, nos abô e em banhos de limpeza. Usa-se, do mesmo modo, para tirar mão de Zumbi. O povo dá-lhe bastante prestígio como excitante e para as mulheres
aumentarem a secreção de leite. Eficaz na liberação de gases
intestinais, cólicas, diarréias, vômitos. É usado no tratamento dos males aqui referidos quando se trata de crianças.
Araçá: As folhas são aplicadas em quaisquer obrigações de cabeça e nos abô. Usada de igual sorte nos banhos de purificação. O povo indica esta espécie como um energético adstringente. Cura desarranjos
intestinais e põe fim às cólicas. Usam-se folhas e cascas em cozimento. Barba de Velho: Aplicadas em todas as obrigações de cabeça
referentes a qualquer orixá. Usa-se também após as defumações pessoais feitas após o banho. A medicina caseira indica seu uso tópico no combate às hemorróidas.
Baunilha verdadeira: Aplicada nas obrigações de cabeça e na tiragem de Zumbi. A medicina popular indica esta erva no restabelecimento do fluxo menstrual. São usadas folhas e caule, em chá. Debela as
hipocondria, as tristezas e é energético afrodisíaco. É preconizada para pôr fim à esterilidade.
Calistemo Fênico: É uma extraordinária mirtácea que entra em qualquer obrigação de cabeça, ebori, feitura de santo, lavagem de contas, tiragem de Zumbi ou tiragem da mão de cabeça.
Medicinalmente é usada em doenças do aparelho respiratório, bronquites, asma e tosses rebeldes. Aplica-se o chá.
Camélia: Vegetal muito usado na magia amorosa. É captadora de fluidos positivos, a flor. Usada, aproxima uso na medicina popular. Camomila Marcela: Sua aplicação é restrita nas obrigações
ritualísticas. Usa-se, entretanto, nos banhos de descarrego e nos abô. Carnaúba: Só tem aplicação em abô feito da folha, que basta para cobrir a cabeça e, depois, cobrir-se a cabeça durante doze horas, fugindo aos raios solares. É fortalecimento da aura e alimento da cabeça. A vela de cera de carnaúba é a melhor iluminação para o orixá.
Cinco Folhas: Aplicada em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de descarrego. A medicina caseira indica esta erva como eficaz depurativo do sangue.
Cipó-cravo: Não possui uso ritualístico. Na medicina caseira atua como debelador das dispepsias e dificuldade de digestão. Usa-se o chá ao deitar. É pacificador dos nervos e propicia um sono tranqüilo. A dose a ser usada é uma xícara das de café ao deitar.
Colônia: Possui aplicação em todas as obrigações de cabeça. Indispensável nos abô e nos banhos de limpeza de filhos-de-santo. Aplicada, também, na tiragem de Zumbi, para o que se usa o sumo. Como remédio caseiro põe fim aos males do estômago. Usado como chá (pendão ou cacho floral).
Cravo da Índia: Utilizada em qualquer obrigação de cabeça, nos abô e nos abô de cabeça. De igual sorte, participa dos banhos de purificação dos filhos dos orixás a que pertence. O povo tem-no como ótimo nos banhos aromáticos, o cozimento de suas folhas e cascas debelam a fadiga das pernas em banhos de assento.
Erva de Bicho: Usada em banhos de purificação de filhos-de-santo, quaisquer que sejam e que vão submeter-se a obrigações de santo ou feitura de santo. É positiva a limpeza que realiza e possante destruidora de fluidos negativos. O povo indica esta planta em cozimento (chá) a fim de curar afecções renais.
Espirradeira: Participa em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos abô de ori. A medicina do povo indica o suco dessa planta, em uso externo, contra a sarna e para pôr fim aos piolhos.
Estoraque Brasileiro: Sua resina é recolhida e reduzida a pó. Este pó, misturado com benjoim, é usado em defumações pessoais. Essa
defumação destina-se a arrancar males. O povo aconselha o pó desta no tratamento das feridas rebeldes ou ulcerações, colocando o mesmo sobre as lesões.
Eucalipto Cidra: Empregado em todas as obrigações de cabeça, em banhos de descarrego ou limpeza de Zumbi. Na medicina caseira é usado nas afecções dos brônquios, em chá.
Eucalipto Murta: Empregado em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de limpeza. A medicina caseira indica-o nas febres e para suavizar dores. Recomendado também nas doenças do aparelho respiratório.
Fava de Tonca: A fava é usada nas cerimônias do ritual, o fruto é usado depois de ser reduzido a pó. Este pó é aplicado em defumações ou simplesmente espalhado no ambiente. Anula fluidos negativos, afugenta maus espíritos e destrói larvas astrais. Propicia proteção de amigos espirituais. Não possui uso na medicina popular.
Fava Pichuri: No ritual de Umbanda e Candomblé usa-se o fruto, a fava, que reduz a pó, o qual é aplicado espalhando-se no ambiente. Aplica-se, igualmente, em defumações que atraem bons fluidos. É
afugentador de eguns e dissolvedor de ondas negativas, anulando larvas astrais.
Folha da Fortuna: É usada em todas as obrigações de cabeça, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abô de qualquer filho-de-santo. Na medicina popular é muito eficaz acelerando cicatrizações, contusões e escoriações, usando-se as folhas socadas sobre o ferimento.
Girassol: Tem aplicação no ritual. Usa-se nas obrigações de cabeça e nos abô e banhos de descarrego. Tem grande prestígio nas defumações, em face de ser anuladora de eguns e destruidora de larvas astrais. Nas defumações usam-se as folhas e nos banhos colocam-se, também, as pétalas das flores, colhidas antes do sol. Não possui uso na medicina popular.
Golfo de flor branca: Planta aplicada em obrigações de cabeça, ebori e banhos dos filhos de Oxalá. O povo indica suas raízes como
adstringente e narcóticas, mas lavadas, debelam a disenteria e, as flores, as úlceras e leucorréia.
Guaco cheiroso: Aplica-se nas obrigações de cabeça e em banhos de limpeza. Popularmente, esta erva é conhecida como coração-de-Jesus. Medicinalmente, combate as tosses rebeldes e alivia bronquites agudas, usando-se o xarope. Como antiofídico (contra o veneno de cobra), usam-se as folhas socadas no local e, internamente, o chá forte.
Hortelã da horta: conhecida como hortelã de tempero e, deste modo, muito usada na culinária sagrada e na profana também. Entra nas obrigações de cabeça alusivas a qualquer orixá. Participa do abô dos filhos-de-santo. Popularmente é conhecido como eficiente debelador de tosses rebeldes; de bons efeitos nas bronquites é muito útil no
tratamento da asma. É excitante e fortalecedor do estômago.
Jasmim do Cabo: Seu uso restringe-se ao adorno de pejis em jarra ladeando Oxalá. Não possui uso na medicina popular.
Laranjeira: As flores são aplicadas nas obrigações de ori. São também indicadas em banhos. Para o povo, o chá desta erva é um excelente calmante.
Lírio do Brejo: Usam-se as folhas e flores nas obrigações de ori, nos abô e nos banhos de limpeza ou descarrego. O povo emprega o chá das raízes como estomacal e expectorante.
Malva Cheirosa: Usada nas obrigações de cabeça, nos abô e banhos de purificação de filhos-de-santo. O povo a indica como desinflamado-ra
nas afecções da boca e garganta. É emoliente, propiciando vir a furo os tumores da gengiva. Usa-se em bochechos e gargarejos.
Malva do Campo: Seu uso se restringe aos banhos descarrego e limpeza. Em seu uso popular possui o mesmo valor da malva cheirosa. Mamona: Esta erva é muito utilizada como recipiente para se arriar ebó para Exu. Não possui uso na medicina popular.
Manjericão Miúdo: Usada na preparação de abô e nos banhos de purificação dos filhos a entrar em obrigações ou serem recolhidos. É considerado pela medicina caseira como excelente eliminador de gases. Manjerona: Entra em todas as obrigações de ori, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abô. A medicina popular aplica-a como corretiva de excessos de excitações sexuais, abrandando os apetites do sexo.
Mastruço: Não possui aplicação em nenhuma cerimônia ritualística. Porém na medicina caseira é extraordinário tratamento das afecções pulmonares, nota-damente nas pleurisias secas ou com derrame. desta erva é usado o sumo, simples ou misturado com leite. Quantas vezes queira o doente.
Mil em Rama: Não possui uso ritualístico. É adstringente e aromática. Indicada em doenças do peito, hemorragias pulmonares e hemoptise. Narciso dos Jardins: Esta erva é somente usada para o assentamento. A medicina caseira o tem como planta venenosa.
Noz de Cola: Erva indispensável nos banhos dos filhos de Oxalá. Para o banho, rala-se a semente, o obi, misturando-se com água de chuva. A medicina popular indica esta erva como tônico fortificante do coração. É alimento destacado em face de diminuir as perdas orgânicas, regulando o sistema nervoso.
Noz Moscada: Desta erva utiliza-se o pó em mistura com a canela também em pó. Isto feito, espalha-se no ambiente caseiro ou em lugar onde se exerce atividade, para melhoria das condições financeiras. É também usado como defumador. Não possui uso na medicina popular. Patchuli: Erva usada em todas as obrigações de ori, ebori, feitura de santo, lavagem de contas e tiragem de Zumbi. É parte dos abô que se aplicam aos filhos-de-santo. A medicina popular indica o patchuli como possuidor de um principio ativo que é inseticida.
Poejo: Entra em todas as obrigações de ori de filhos-de-santo, quaisquer que sejam os orixás dos referidos filhos. Popularmente, atenua os males do aparelho respiratório aconselhando o uso do cozimento das folhas e ramos. Muito eficaz nas perturbações da digestão, usando-se o chá. Rosa Branca: Participa de todas as obrigações de cabeça. Usa-se, inicialmente, na lavagem do ori, ato preparatório para feitura. O povo consagrou-a como laxativo branco e aplicável no tratamento da
leucorréia (corrimento) sob forma de lavagens e chá ao mesmo tempo. Como laxativo, é aplicado o chá.
Saião: Entra em todas as obrigações de cabeça, quaisquer que sejam os filhos e os orixás. Utilizada também no sacrifício ritual. Medicinalmente, é utilizada para evitar a intolerância nas crianças. Dá-se misturado o sumo, com leite. Em qualquer contusão, socam-se as folhas e coloca-se sobre o machucado, protegido por algodão e gaze. Do pendão floral ou da flor prepara-se um excelente xarope que põe fim a tosses rebeldes e bronquites.
Sálvia: Suas folhas e flores são utilizadas nas obrigações de cabeça, nos abô e banhos de limpeza dos filhos dos orixás a que pertence. Usada pelo povo como tônico adstringente. Emprega-se em casos de suores profundos, com grande efeito positivo, contra as aftas e feridas atônicas da boca. É grande aperiente (desdobradora do apetite).
Sangue de Cristo: Emprega-se em ebori, lavagem de contas e feitura de santo, e usa-se nos abô dos filhos de Oxalá. É conhecido
popularmente como adstringente e tônico geral. Usa-se o chá ou cozimento das folhas como contraveneno.
Umbu: Possui aplicação em todos os atos da liturgia afro-brasileira, ebori, abô, feitura de santo e lavagens de cabeça e de contas. Bastante usada com resultados positivos nos abô de ori e nos banhos de
purificação. O povo utiliza suas cascas em cozimento, para lavagens dos olhos e para pôr fim às moléstias da córnea.
Lendas
... comedor-de-inhame-pilado
Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar
chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô).
Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida
que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo
momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta;
comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse
vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era
sempre iyan que devia ser-lhe servido. Chegou ao ponto de
inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto!
Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe
um cognome: Oxaguiã, que significa
"Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e assim passou a ser chamado. Awoledjê, seu
companheiro, era babalaô, um grande advinho, que o
aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião,
Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de
tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente;
duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras,
cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e
muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse
seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo
dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade
grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.Depois
disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô
tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era
rodeada de muralhas com fossos profundos, as portas
fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e
saídas. Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que
atraía, de muito longe, compradores e vendedores de
mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores.
Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois
seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua
Majestade, que deveria ser empregada. Ao cabo de alguns
anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo
esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na
entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do
"Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do
forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta
maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de
respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e
cruelmente jogaram-no na cadeia.
Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se,
utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu
sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os
cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado,
consultou um babalaô para remediar esta triste situação.
"Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta
prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo,
Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!" Awoledjê foi solto e,
cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata.
Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe
que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse. "Muito
bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo,
Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de
sua festa, será necessário que você envie muita gente à
floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de
Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns
aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou
quebrem-se". Desde então, todos os anos, no fim da sêca, os
habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e
aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de
contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair.
A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos
e permanece viva, tanbém, na Bahia. Por ocasião das
cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas
nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em
seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã
vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão,
símbolo das preferências gastronômicas do Orixá
"Comedor-de-inhame-pilado." Exê ê! Baba Exê ê!
... Oxaguian encontra Iemanjá e lhe dá uma Filho
Houve um tempo em que os orixás viviam do outro lado do
oceano. Mas depois tiveram que vir para o lado de cá, para
acompanhar seus filhos que foram trazidos como escravos.
Assim vieram todos e assim veio Oxaguian. Oxaguian veio
boiando na superfície do mar, navegando no tronco flutuante
de uma árvore. A travessia durou muito tempo, mas de um
ano. Foi nessa viagem que Oxaguian conheceu Iemanjá, que
era dona do próprio mar em que viajava Oxaguian. Logo se
conheceram e logo se gostaram. Oxaguian era moço, forte,
corajoso; Iemanjá era mulher bonita destemida e sedutora.
Iemanjá engravidou de Oxaguian e nove meses depois deu a
luz à um menino, que já nasceu valente e forte, querendo
guerrear. Mais tarde chamaram o menino de Ogunjá, porque
o guerreiro gostava de comer cachorro. Sempre que ia à
guerra, a mãe o acompanhava e então todos a chamavam
Iemanjá Ogunté.
Oxaguian, Ogunté e Ogunjá formam uma família de
guerreiros. E eles são muitos festejados no Brasil.
... Orisa sem cabeça
Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá.
Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E
quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo
mundo, sem sentido.
Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma
cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com
sua cabeça ela esquentava muito e quando esquentava
Oxaguiã criava mais conflitos e sofria muito. Foi quando um
dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça
fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e
ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu.
Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou
triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo
acompanhando o Orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu
sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também
tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame,
mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou
com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas.
A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o
mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores
que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a
transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
Oxaguian - O guerreiro que não conhece a derrota!
(Por Gil Bello)
Eis o Senhor do Dia, o Orixà do progresso e da cultura, o Orixà da vida e também da
efervescência da vida, da discussao, da guerra e do avanço, da estratégia, da inteligência, do branco, do claro, do positivo e do masculino!!
Orixà moço, Oxalá criança, às vezes adolescente, não passando do jovem adulto Ajagunan!! Brinda o Universo com vida, com energia, com o lúdico e com a guerra e a cultura. Traz o Dia, traz o tempo, traz a evoluçao e o ritmo!
Este controvertido Orixà, apenas superado em controvérsia por Exù, já traz os paradoxos em sua criação. Pois para alguns ele é filho de Oxalà com Yemanjá, mas na grande maioria da cultura este Orixà é o próprio Oxalá, em idades mais tenras! Quando sua missao era outra que apenas a administraçao da Criação, mas sim a de lançá-la, de construí-la e de fazê-la possível! A natureza destes dois aspectos do mesmo Orixà é tao distinta e paradoxalmente semelhante, que ao mesmo tempo que o separa em dois Orixàs distintos, os une no mesmo Orixà ao final da compreensão do momento, missão e natureza deste Orixanlà (Supremo Orixà)!
Este Orixà é nascido do Odù Eji-Ogè, do primeiro alento de vida de Olorùn (Deus), com ele véio o dia primordial e consigo a vida! À ele Olorùn confiou a vida, o dia e a criaçao! Que não pôde realizar só, senão com a ajuda de sua irmã Odudua, nascida logo a seguir pelo Odù Oyekù e o surgimento da sombra emergida do brilho do dia e da vida, trazendo consigo a noite, o feminino, a morte. Ambos terminaram sob as ordens de Olorùn a Criação dos 9 mundos e do Aiyé (o mundo manifesto) e todos os seus habitantes, tendo como dinamizador desta relação o terceiro Orixà mais velho: Exù (esfera), aquele que faz girar o Axé destes dois princípios e que assim cria os caminhos possíveis para a realização do plano divino.
Conta uma lenda que, após espalhada a terra pela galinha de pata com cinco garras, desceram os Orixàs para construírem o Aiyé, vieram antes de todos Ogyan e Ogun. Trabalharam
arduamente construindo o mundo, quando a espada de cristal de Ogyan se rompe sob o peso da terra e da pedra. Era o instrumento celestial de Oxalà frágil para lidar com a rude matéria. Sem saber como continuar, veio Ogun que havia presenciado o ocorrido, e ofereceu à Oxalà sua própria espada para q Oxalà continuasse a trabalhar. Enquanto Ogun continuou com as próprias mãos!! Devido a isso Ogun goza de eterno prestígio com Oxanguian, que sempre o abençoa em
todo os seus empreendimentos e trabalhos!
Há uma relaçao muito íntima, sem dúvida entre Ogun e Ogyan, tanto que muitos devotos e até mesmo sacerdotes o confundem com uma “qualidade branca” de Ogun... somente o
desconhecimento para levar a esta proposiçao, haja visto que o grande Ogun é um ébora, enquanto Ogyan é um Irunmonlè!...
Ogyan divide com Ogun algumas regências, como a guerra, o espírito de luta e o progresso cultural e tecnológico. No entanto são dois Orixàs absolutamente distintos, ainda q
companheiros.
Ogyan é em si o Orixà da Vida, do Dia, do Masculino, da Guerra e do Progresso! Enquanto Ogun, primordialmente, era o Orixà da caça. Que deixou para seu irmão mais novo Oxóssi, enquanto foi se ocupar de “ganhar o mundo”. Com a ajuda de Ifà descobriu o FERRO e como manipulá-lo, era este o material que “ganharia o Mundo”, assim o metal seria o elemento mais necessário e mais respeitado neste plano de matéria, sempre rivalizando com o fogo sua hegemonia (donde se tira sua eterna rivalidade e contenda com seu irmao Xangô, o fogo). Quando descobriu o FERRO todos os Orixàs invejaram a descoberta de Ogun. No entanto, nem o próprio Ogun sabia exatamente o valor de tal descoberta. Foi sua parceria com Ogyan que o fez descobrir até em que extremo ele saberia explorar todo o valor desta descoberta. Pois Ogyan o estrategista efervescente, colocou Ogun para confeccionar todos os instrumentos que inventava! E assim Ogun e Oxalá produziram todos os instrumentos de labor, de cultivo, construçao e tb de guerra!! Sendo assim Ogun, o Orixà do Ferro, se tornou tb um dos patronos da construçao, do progresso, do trabalho, da agricultura e da guerra! Ainda se pode ver, em suas danças míticas, Ogun fazendo uso dos instrumentos que confeccionou, ao mesmo tempo que se pode ver, nas danças míticas, Ogyan apresentando cada instrumento criado por seu inventivo intelecto: A espada, a Lança, o Escudo, o pilao!...
Em outras lendas temos Oyà, mesmo no castelo de Xangô, sopra o fogo na forja de Ogun, para que ele possa confeccionar mais rápido a demanda de Ogyan de armas e utensílios para que este possa usar em suas batalhas! Tanto que ventos fortes e furacoes são tidos como prenúncios de guerra, pois seria o poderoso e apressado sopro de Oyà para acelerar uma enorme produção de armas para a guerra de Ogyan!
Assim sendo, Ogyan é o Orixà da Guerra, enquanto Ogun é um de seus patronos e um grande general de batalha! A distinção dos dois giraria na mesma distinção entre o Ares e a Atenas gregos, ambos deuses da guerra, tendo distinção na forma de guerrearem e da natureza do combate. Ogun e Ares (grego) são viscerais, sao furiosos, lutam corpo a corpo, brandindo sua espada com poderosa e inumana força, destroçando tudo o que estiver em seu caminho de guerreiro, sem muita distinção e discernimento, é o calor da batalha, a cegueira da fúria, o gosto pela violência e pela força, junto consigo está a companhia das forças mais obscuras do
Universo, assim como Ares vem junto phobbos (medo), entre outras divindades obscuras e até mesmo demoníacas, Ogun vem acompanhado de Ikù (a morte) entre outras divindades
terríveis!... Ogun furioso é uma força indomável e absolutamente terrível, contrastando com seu caráter humilde, reto e justo de trabalhador honesto e incansável quando está trabalhando diligentemente. Tanto que é um Orixà de justiça, muito severo, mas reto e verdadeiro. É um grande Orixà!!
Ogyan, assim como a Atenas grega, é um Orixà do gosto pela batalha como depuradora de verdades e otimizadora de progressos!! Possui o gosto pelo debate, pelo combate das idéias e dos conceitos em busca de uma síntese mais perfeita, é o criador da luta entre a tese e a antítese, em busca de uma superior síntese, que novamente será posta à prova, e assim incessantemente até chegar à perfeiçao que este Orixà almeja! É isto, ou NADA!! Assim configurando mais um aspecto de seu caráter dado a extremos! Ogyan gosta da luta, do confronto entre idéias e ideais, entre técnicas, entre modos, caminhos e objetivos para que assim ao final surja algo mais limpo, mais reto, mais claro, mais progredido! Não suporta em si o calor da batalha, nem a confusão em si, a violência, despreza a barbárie (é um Orixà da