Gestão de resíduos sólidos industriais: um estudo sobre a
caracterização dos resíduos gerados em uma indústria de couros em
Natal-RN
Handson Cláudio Dias Pimenta (UFRN) handsonpimenta@hotmail.com Sérgio Luiz Macedo (IDEMA) idema.sergiomacedo@rn.gov.br
Sérgio Marques Júnior (PEP/UFRN) sergio@ct.ufrn.br
Resumo
O presente artigo tem como objetivo caracterizar e analisar aspectos técnicos gerenciais dos resíduos sólidos industriais gerados no processo produtivo de curtimento de couro de uma indústria de Natal-RN. Os resultados parciais mostram a quantificação e qualificação dos resíduos gerados, análise dos aspectos gerenciais e conseqüências destes, do ponto de vista dos impactos ambientais causados.
Palavras chaves: Resíduos sólidos industriais, Curtume, Caracterização.
1. Introdução
O tema gestão de resíduos sólidos industriais (RSI) é considerado um dos assuntos de maior amplitude nas questões ambientais, em vista dos aspectos técnicos envolvidos e dos impactos causados. De acordo com a ABNT - Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 10004 (1987), são considerados RSI os resíduos em estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades industriais, incluindo os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inevitável o seu tratamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inevitáveis em face à melhor tecnologia disponível.
As decisões técnicas e econômicas tomadas em todas as fases do gerenciamento dos RSI (manuseio, acondicionamento, armazenagem, coleta, transporte, tratamento e disposição final) devem estar fundamentadas na classificação dos mesmos. Com base nesta classificação são definidas as medidas especiais de proteção necessárias em todas as fases, bem como os custos envolvidos (ROCCA, 1993).
Nesse contexto, este estudo tem como objetivo desenvolver a caracterização dos resíduos sólidos gerados pelo processo produtivo de uma industria de curtume localizado em Natal-RN e analisar os aspectos gerenciais destes. Para facilitar a discussão, a industria será denominado Curtume S.A.
2. Materiais e Métodos
A execução deste Estudo foi dividida pelas seguintes etapas: 1 - Levantamento Bibliográfico sobre o funcionamento da indústria de curtimento de couro; 2 – Reconhecimento das instalações da industrial e geração de resíduos; 3 – Entrevistas com os atores sociais envolvidos; 4 - Levantamento sobre informações técnicas do Curtume S.A; 5 – Identificação e Caracterização dos Resíduos Gerados e 6 – Interpretação e discussão dos dados.
Para o desenvolvimento do item 5, os resíduos sólidos foram identificados em cada etapa do processo produtivo e foram mensurados a partir de uma balança transversal, durante três dias da primeira semana do mês de abril/2003. Através dos dados obtidos, foi estimada a geração relativa ao ano de 2002 (janeiro a dezembro), tendo em vista que a produção manteve-se praticamente igual a abril/2002.
A qualificação dos resíduos foi embasada na Norma ABNT NBR 10004 e do Anexo 02 (Resíduos Sólidos Industriais) do Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais.
A norma NBR 10004 classifica os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, indicando quais resíduos devem ter manuseio e destinação rigidamente controlada.
O Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais está sendo desenvolvido em cada Estado da Federação, no qual, o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte – IDEMA, é o responsável pelo Inventário Estadual e deverá repassar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, as informações compiladas em um banco de dados, onde estão armazenados os dados preenchidos pelas empresas. Os objetivos do Inventário Estadual são: Avaliar e caracterizar quantitativa e qualitativa os resíduos sólidos industriais gerados no Rio Grande do Norte; avaliar o seu acondicionamento, tratamento e o seu destino final; subsidiar a Política Estadual de Resíduos Sólidos Industriais e disponibilizar as informações para o Inventario Nacional e para sociedade. Em seu formulário, consta o anexo II, que auxilia na classificação dos resíduos, através da descrição dos resíduos, exposta em uma tabela.
3. Resultados Obtidos
3.1. Descrição da atividade sob o enfoque ambiental
O Nordeste brasileiro produz quase todos os tipos de couros, desde a sola bruta para arreios e montarias, até os mais finos para calcados. Em geral, os curtumes nordestinos são empresas de porte pequeno quando comparadas com as do Sul (BRAILE, 1979).
A matéria-prima para beneficiamento apresenta grande diversidade variando em função da região de criação, da cor do pelo, da idade, do sexo, do manejo do criatório, entre outras. Alguns problemas que ocorrem durante a criação, como cicatrizes, riscos e cortes provocados por chifres e arames farpados, assim como durante o processo de abate, principalmente na etapa da esfola, transferem-se para o produto final.
As imperfeições nas peles ocasionam em um maior uso de insumos no processo industrial para conseguir melhores resultados na qualidade do produto final, o que representa acréscimos na carga poluidora de resíduos (BANCO DO NORDESTE, 1999).
O processo industrial consiste na transformação de pele de animais em couro, envolvendo três etapas básicas, das quais apenas o curtimento será abordado neste trabalho: a preparação do couro, também denominada ribeira; etapa de curtimento, na qual o couro curtido é denominado wet blue e a etapa de acabamento.
3.2. Informações sobre o Empreendimento
O curtume S.A teve uma produção de 185.621 unidades de artigos processados em 2002, sendo a capacidade máxima de 845.055 unidades, conforme Tabela 1. Esta baixa produção é justificada pela taxação da exportação de 9% do couro no estágio wet-blue, em 2000. A intenção do Governo com a taxação era induzir um maior processamento de couro no país e, conseqüentemente, agregar mais valor as exportações da cadeia produtiva (COUROBUSINESS, 2000). Esta taxação e a falta de competitividade com os grandes
curtumes do sul justifica a baixa produtividade do Curtume S.A em 2002, já que grande parte do couro wet blue processado era exportado.
Produtos Quantidade de 01 a 12/2002 (unidades/ano) Capacidade Máxima (unidades/ano) 01 a 12/2002 Percentual (%)
Couros Bovinos Wet blue 15.318 142.457 8,3
Vaquetas com acabamento 5.952 55.354 3,2
Napas com acabamento 258 2.399 0,1
Raspas Sub-Produto 4.822 44.845 2,6
Peles Ovinas Processadas 118.195 400.000 63,7
Peles Caprinas Processadas 41.076 200.000 22,1
Total 185.621 845.055 100
Tabela 1 – Produção do Curtume S.A
As principais matérias-prima e insumos do Curtume S.A são: couros salmorados; peles ovinas salgadas; peles caprinas salgadas; cal hidratada; sulfeto de sódio; sulfato de amônia; sulfato de cromo; oxido de magnésio; sais amoniacais orgânicos e inorgânicos; solvente orgânico; nonilfenoletoxilado; anilina; composto de nitrocelulose em solventes orgânicos; bicarbonato de sódio e ácido sulfúrico.
O processo de curtimento do Curtume S.A (Fluxograma 1) inicia-se com a etapa denominada classificação, na qual a pele passa por um controle de qualidade, visando classificá-la de acordo com a sua qualidade. Em seguida, ocorre a caleação e depilação. Esta etapa promove a retirada dos pelos e da epiderme, entumece as fibras para facilitar o processo de curtimento e saponifica as gorduras. O processo ocorre no caleiro, com uma solução contendo água, sulfeto de sódio e cal hidratada.
A próxima etapa é denominada, descarnagem, a qual consiste na remoção mecânica dos tecidos adiposos, subcutâneos, musculares e do sebo aderente à face interna da pele, para permitir uma melhor eficiência no curtimento.
Após a descarnagem, as peles passam pela divisão. Esta operação consiste em dividir o couro em duas camadas a pele inchada e depilada. A parte em contato com os pêlos, é denominada vaquetas e a parte interna em contato com a carne, raspa. As raspas são curtidas ou são comercializadas para fabricação de ossos artificiais para cães ou gelatinas. As vaquetas são curtidas para seus diversos fins comerciais. Os resíduos gerados nesta etapa são orgânicos e úmidos.
Em seguida, ocorrem os processos denominados descalcinação e purga, que consistem em um método destinado a melhora a qualidade da pele para o curtimento, através da correção do pH e retirada de materiais não removidos no caleiro. Este processo diminui o inchamento da pele, deixando sua superfície com um brilho sedoso, mais flexível, macia e porosa. Para isso, as peles são lançadas em fulões, contendo uma solução com água, sulfato de amônia, enzima proteolítica e alvejante. Posteriormente, ocorre a Pickelagem que consiste na preparação da pele para o curtimento através da sua acidulação, objetivando evitar o não inchamento e precipitação dos sais de cromo.
Todas essas etapas são preparatórias para o curtimento mineral, definido como um processo pelo qual torna a pele em um produto resistente à decomposição, o couro, através do uso de uma solução contendo sais de cromo, basificante e água.
Após o curtimento, é feita uma prensagem do couro em rolos compressores, visando a remoção de umidade e a manutenção de uma espessura uniforme do mesmo. Em seguida, os couros são raspados e rebaixados, para padronizar a espessura visando o processo de industrialização do mesmo, tal processo é denominado raspagem. Na etapa seguinte, são adicionados óleos e anilina para o tingimento do couro e depois, as vaquetas são lixadas, dependendo do seu fim comercial, visando uma melhor eficiência no acabamento final, no qual adicionam-se pigmentos com resina e solvente na superfície do couro (pintura final).
3.3. Caracterização dos Resíduos Sólidos Industriais Gerados no Curtume S.A
O Fluxograma 1 apresenta as etapas do processo produtivo do Curtume S.A.
Fluxograma 1 – Etapas e respectivos pontos de geração de Resíduos sólidos industrias
do processo produtivo do Curtume S.A.
Os resíduos sólidos são classificados conforme descrição a seguir, de acordo com a norma NBR 10004, citada por Neta (2002):
• Resíduos Classe I – Perigosos: são aqueles que, em função das suas propriedades físicas, químicas ou infecto contagiosas, podem apresentar risco à saúde publica,
Caleação e depilação Classificação A - Carnaça. - Pelos não recuperáveis; - Borra de cal hidratada; e, - Embalagens plásticas. Descarnagem Descalcina_ ção e Purga Divisão Pickelagem - Raspas; e, - Aparas da divisão. - Embalagens e Bombonas plásticas. - Bombonas plásticas. A Prensagem Tingimento e Secagem Rebaixa_ mento Lixa e Acabamento - Pó de couro rebaixado. - Tambores metálicos; e, - Embalagens de papelão. - Pó de couro lixado; e, - Tambores metálicos. Curtimento - Embalagens plásticas e de
provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento da mortalidade ou incidências de doenças e/ou apresentam efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. As características que conferem periculosidade a um resíduo são: inflamabilidade; corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenecidade.
• Resíduo Classe II – Não Inertes: são aqueles que não se enquadram nem como Classe I – perigosos ou Classe III – inertes. Estes resíduos podem ter propriedades, tais como: combustibilidade; biodegradabilidade ou solubilidade na água.
• Resíduo Classe III – Inertes: são aqueles que quando amostrados de forma significativa, segundo a norma NBR 10007 – Amostragem de Resíduos, e submetidos ao teste de solubilização (NBR 10006 – Solubilização de Resíduos – Procedimentos) não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos valores constantes na Listagem 8 – “Padrões para teste de solubilização” – Anexo H da NBR 10004.
A Tabela 2 mostra a estimativa da quantificação dos resíduos em 2002 do Curtume S.A.
Resíduo Sólido Industrial Estimada em 2002 Quantidade
(Tonelada/ano) Percentagem % Classificação
Bombonas Plásticas 0,53 0,08 Casse I
Tambores metálicos 1,50 0,23 Classe I
Embalagens de Papel de
produtos químicos (cromo) 0,12 0,02 Classe I
Embalagens plásticas de
produtos químicos 0,13 0,02 Classe I
Embalagens de papelão de
produtos químicos 0,30 0,05 Classe I
Aparas de peles caleadas 127,60 19,26 Classe II
Lodo do caleiro 6,00 0,91 Classe II
Carnaça 380,40 57,41 Classe II
Aparas de couro curtido ao
cromo 10,00 1,51 Classe I
Serragem e pó de couro
contendo cromo 91,00 13,73 Classe I
Lodo da Estação de Tratamento
de efluentes Industriais 1,00 0,15 Classe I
Resíduos de varrição de fabrica
contaminados 4,00 0,6 Classe I
Resíduos gerados fora do
processo industrial 40,00 6,64 Classe II
Total 662,58 100 -
Tabela 2 – Descrição dos Resíduos Sólidos Industriais do Curtume S.A contendo quantificação, percentagem e classificação.
No Curtume S.A, observa-se que 92,82 % dos resíduos são oriundos no processo produtivo, o qual representa 615 toneladas/ano. Destes resíduos, predomina com 57,41 % a carnaça, um resíduo industrial orgânico que pode ser recuperado economicamente.
Os demais resíduos gerados fora do processo são: resíduos oriundo do escritório, copa e capinação (6,04 %); resíduos de varrição de fábrica (0,6 %); embalagens e recipientes de insumos (0,39 %) e 0,15 % originários da estação de tratamento de efluentes industriais - ETEI.
No que se refere à classificação, 83,61 % são resíduos Classe II e 16,39 % Classe I, o que equivale a 554 toneladas/ano e 108,58 toneladas/ano, respectivamente, conforme Figura 1.
84%
16% 0%
Classe I Classe II Classe III
% Classificação dos RSI gerados no Curtume S.A
Figura 1 – Percentagem da classificação dos resíduos sólidos industriais gerados no Curtume S.A
3.4. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Gerados no Curtume S.A
No Curtume S.A, não foi observado a presença de um profissional responsável pela área ambiental, no tocante as pessoas envolvidas era desqualificada e não disponibilizava de equipamentos adequados. A Tabela 3 apresenta informações sobre o armazenamento e destino final dos resíduos do Curtume S.A.
Resíduo Sólido Industrial Armazenamento Destino Final
Bombonas Plásticas A granel em piso impermeável com área coberta sucateiros, reutilização Comercialização para interna e reciclagem Tambores metálicos A granel em piso impermeável com área coberta sucateiros e reutilização Comercialização para
interna Embalagens de Papel de produtos
químicos (cromo)
A granel em piso impermeável
com área coberta Lixão municipal de Natal Embalagens plásticas de produtos
químicos Sacos plásticos em área descoberta Lixão municipal de Natal Embalagens de papelão de
produtos químicos
A granel em piso impermeável
com área coberta Lixão municipal de Natal Aparas de peles caleadas Caçamba sem cobertura Lixão municipal de Natal
Lodo do caleiro Caçamba sem cobertura Lixão municipal de Natal
Carnaça Caçamba sem cobertura Lixão municipal de Natal
Aparas de couro curtido ao cromo Caçamba sem cobertura Lixão municipal de Natal Serragem e pó de couro contendo
cromo Caçamba sem cobertura Lixão municipal de Natal
Lodo da Estação de Tratamento de
efluentes Industriais Caçamba sem cobertura Lixão municipal de Natal Resíduos de varrição de fabrica
contaminados Sacos plásticos em área descoberta Lixão municipal de Natal Resíduos gerados fora do processo
industrial
Sacos plásticos em área
descoberta Lixão municipal de Natal Lixão municipal de Natal
Tabela 3 – Aspectos de Gestão de Resíduos Sólidos do Curtume S.A
Como Natal não dispõem de aterro industrial nem mesmo aterro sanitário e pela falta de adoção de opções gerenciais tecnicamente mais adequadas, o Curtume S.A utiliza o lixão municipal para disposição final de 99,7 % de seus resíduos gerados, lançando 660,55
toneladas/ano, dos quais, 16,08 % são resíduos Classe I. Apenas 0,3% dos resíduos tem como destino final a comercialização para sucateiros e/ou reutilização interna e/ou reciclagem. A reutilização interna representa apenas 0,11 % do destino para a própria indústria.
Vale salientar que, que o aterro comum fica situado numa área interdunar, com um solo predominantemente arenoso (com 95% de areia quartzosa), que juntamente com a chuva facilita a infiltração do chorume no solo, e posterior contaminação do lençol freático (NUNES, 2000).
Assim, nota-se que a forma de disposição dos resíduos do Curtume S.A representa um aumento do potencial impacto ambiental da área do lixão, já bastante degradado pelo acumulo dos resíduos sólidos urbanos, devido a contaminação do solo e a possível contaminação do lençol freático. Vale lembrar que cerca de 65% da população em Natal-RN é servidas por águas provenientes das fontes subterrâneas (MINEIRO, 2001).
4. Recomendações de Medidas Atenuantes
Dentre as medidas de atenuação que podem ser aplicadas aos resíduos gerados estão:
• redução da carga contaminante presente nos resíduos, a partir da minimização da quantidade de reagentes através da padronização das formulações para as peles previamente separadas de acordo com as massas;
• Exigir e orientar os fornecedores de pele para uma melhor eficiência no manejo dos animais durante a sua criação até o momento de abate, evitando falhas nas peles, e conseqüentemente menor o usos de reagentes no processamento;
• evitar que os banhos de curtimento ao cromo sejam descartados, através de sua reutilização e/ou recuperação dos sais de cromo para o reuso no processo, o que já vem sendo realizado em algumas industrias;
• adotar um programa de redução de resíduos sólidos, adotando ações como a redução da geração na fonte, reutilização de resíduos, recuperação de Subprodutos. A seguir a Tabela 4 cita alguns materiais que podem ser recuperados.
Material Aplicação Aparas de peles e carnaças
- Extração de gordura;
- Transformação de produtos comestíveis (gelatinas; tripas artificiais para salsicharias, etc)
- Fabricação de cola industrial.
Pêlos - Produção de tapetes, feltros etc.
Solvente - Recuperação para reutilização.
Fonte: Adaptado de BANCO DO NORDESTE (1999).
Tabela 4 – Materiais Recuperáveis como Subprodutos
• realizar a disposição em aterro de resíduos industriais para aqueles resíduos que não possam ser reaproveitados;
• substituição do cromo no processo de curtimento por outro produto menos tóxicos; • desidratar o lodo da ETEI, para posterior submissão a tratamento mediante, disposição
5. Considerações Finais
O presente trabalho apresentou um estudo sobre a caracterização dos resíduos sólidos industriais do processo de curtimento de couro, atividade pela qual apresenta uma potencialidade poluidora, no que diz respeito aos resíduos sólidos gerados e a sua técnica de gerenciamento.
Os resultados mostraram que 92,82 % dos resíduos são oriundos no processo produtivo, o qual representa 615 toneladas/ano. Os demais são compostos por 6,04 % gerados fora do processo, 0,6 % de resíduos de varrição de fábrica, 0,39 % de embalagens e recipientes de insumos e 0,15 % originários da estação de tratamento de efluentes industriais - ETEI.
Quanto à classificação, 83,61 % são resíduos Classe II e 16,39 % Classe I, o que equivale a 554 toneladas/ano e 108,58 toneladas/ano, respectivamente.
Em relação à disposição final, 99,7 % dos resíduos gerados são lançados no lixão de Natal, equivalente a 660,55 toneladas/ano, dos quais, 16,08 % são resíduos Classe I. Apenas 0,3% dos tem como destino final a comercialização para sucateiros e/ou reutilização interna e/ou reciclagem. A reutilização interna representa apenas 0,11 % do destino para a própria industria.
Assim, de acordo com os resultados, conclui-se que o Curtume S.A apresenta impactos ambientais significativos devido a prática de suas técnicas de gerenciamento de resíduos, principalmente nos aspectos de geração (falta de medidas que evitem a geração de resíduos e/ou minimizem a carga poluidora destes resíduos) e destino final. Quanto a sua disposição, esta é realizada de forma imprópria, o que pode está contribuindo com a contaminação dos aqüíferos da cidade de Natal.
6. Referências Bibliográficas
BANCO DO NORDESTE. (1999) – Manual de Impactos Ambientais. Banco do Nordeste. Fortaleza-CE.
BRAILE, Pedro Marcio. (1979) – Manual de Tratamento de águas Residuárias Industriais. CETESB. São Paulo-SP.
CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIAS LIMPAS. (2003) - Curso de Formação de Consultores em Produção Mais Limpa para Pequena e Microempresa - Módulo 2 – Gerenciamento de Resíduos Sólidos. CNTL. Porto Alegre-RS.
COUROBUSINESS. (2000) – Wet Blue. Revista Couro Businesse, Ano III, Nº 13, p. 10-15. Brasília-DF.
MINEIRO, Fernando. (2001) – A Qualidade da Água na Cidade do Natal. Mineiro. Natal-RN. ABNT, NBR 10004. (1987) – Resíduos Sólidos – Classificação. ABNT. Rio de Janeiro-RJ. NETA, Zulmira Fontes de Lacerda. (2002) – Curso Resíduos Sólidos Industriais. SENAI/SETIND. Lauro de Freitas-BA.
NUNES, Elias. (2000) – O Meio Ambiente da Grande Natal. Imagem Gráfica. Natal-RN. ROCCA, Alfredo Carlos C. (1993) – Resíduos Sólidos Industriais. CETESB. São Paulo-SP.