M ´ETODO DE REDUC¸ ˜AO DE REDE DE PETRI TEMPORAL VIA MATRIZ DE INTERVALOS
´
Artus Bolzanni∗, Evangivaldo Lima† ∗Universidade Federal da Bahia
Departamento de Engenharia El´etrica Salvador, Bahia, Brasil
†Universidade do Estado da Bahia
Laborat´orio de Automa¸c˜ao Industrial Salvador, Bahia, Brasil
Emails: bolzanni@gmail.com, evanlima@uneb.br
Abstract— This paper presents a contribuition to solve the space state explosion problem in time Petri nets analysis. In order to do so, here is proposed a reduction method for time Petri nets using the partial order concept and tools as transition matrix of the net. Moreover, a case study utilizing a didactic manufacturing system was implemented to validate the theoretical results.
Keywords— Time Petri Nets, Discrete Event Systems, Model Reduction, Intervalar Algebra, Transition Ma-trix.
Resumo— Este artigo apresenta uma contribui¸c˜ao para resolu¸c˜ao do problema de explos˜ao de estados na an´alise de redes de Petri temporais. Para isto, ´e proposto um m´etodo de redu¸c˜ao de redes de Petri temporais utilizando o conceito de ordem parcial e ferramentas como a matriz de transi¸c˜oes da rede. Al´em disso, um estudo de caso utilizando uma planta did´atica foi implementado como valida¸c˜ao dos resultados te´oricos.
Palavras-chave— Rede de Petri Temporal, Sistemas a Eventos Discretos, Redu¸c˜ao de Modelo, Algebra In-tervalar, Matriz de Transi¸c˜oes.
1 Introdu¸c˜ao
As extens˜oes temporais deram `as redes de Pe-tri uma maior expressividade al´em de propicia-rem uma redu¸c˜ao no n´umero de marca¸c˜oes al-can¸c´aveis pela rede. Por´em, isto n˜ao significa que o poder alg´ebrico e o custo de explora¸c˜ao do seu espa¸co de estados das redes de Petri tenham se mantido. Pelo contr´ario, o aumento da expressi-vidade tem representado para as redes de Petri uma perda no poder de prova de suas proprie-dades, por exemplo. Al´em disso, o custo de ex-plora¸c˜ao do seu espa¸co de estados aumentou, pois, junto com a rela¸c˜ao causal dos eventos, uma in-forma¸c˜ao temporal tamb´em deve ser carregada ao longo da dinˆamica da rede. Dentre as extens˜oes temporais as redes de Petri Temporais (RPT s)
(Merlin, 1974; Merlin and Farber, 1976), tˆem-se mostrado adequadas para expressar a maioria dos requisitos temporais. Al´em disso, as RPT s s˜ao mais gerais que as demais extens˜oes temporais (Aura, 1996).
Na an´alise dasRPT s, todos os estados da rede
alcan¸c´aveis a partir de um estado inicial s˜ao ex-plicitados e cada um desses estados carrega uma marca¸c˜ao e uma informa¸c˜ao de poss´ıveis tem-pos de ocorrˆencias das transi¸c˜oes habilitadas por essa marca¸c˜ao. Devido a natureza cont´ınua do tempo e `as diversas possibilidades de ocorrˆencias de transi¸c˜oes, o espa¸co de estados nasRPT s pode
crescer exponencialmente em rela¸c˜ao ao tamanho do sistema (Godefroid, 1996). Esse problema ´e
co-nhecido como problema de explos˜ao do n´umero de estados. Para contornar esse problema, os estados foram agrupados formando as chamadasclasses de estados. As classes de estados foram introduzidas
em (Berthomieu and Menasche, 1982) e ampliadas em (Berthomieu and Diaz, 1991). Varias t´ecnicas para an´alise das redes de Petri tˆem-se apresen-tado, dentre elas as t´ecnicas de redu¸c˜ao tˆem-se mostrado eficientes para tratar o problema de ex-plos˜ao de estados (Murata, 1989).
Neste artigo estendemos os conceitos das tec-nicas de redu¸c˜ao com redes de Petri n˜ao tempori-zadas para as redes de Petri com tempo. Usando conceitos de rela¸c˜ao de ordem parcial, representa-mos uma rede de Petri por uma matriz que rela-ciona temporalmente suas transi¸c˜oes e a partir da rela¸c˜ao temporal entre as transi¸c˜oes faz-se o agru-pamento entre aquelas transi¸c˜oes cujos disparos s˜ao dependentes temporalmente. Na se¸c˜ao 2 s˜ao apresentados formalismos necess´arios para o en-tendimento do que aqui ´e proposto. O m´etodo de redu¸c˜ao de RPT s proposto ´e mostrado na se¸c˜ao 3. Na se¸c˜ao 4 ´e utilizada um planta industrial did´atica como objeto de verifica¸c˜ao do m´etodo de redu¸c˜ao e, por fim, na se¸c˜ao 5 s˜ao feitas as con-clus˜oes.
2 Formalismos
A gera¸c˜ao do grafo de alcan¸cabilidade dasRPT s
´e um dos m´etodos mais eficientes para sua an´alise. Todavia, o problema de explos˜ao de estados
pode gerar um maior esfor¸co computacional, po-dendo tornar intrat´avel o uso do grafo de al-can¸cabilidade.
Uma maneira de evitar este problema ´e atrav´es da an´alise parcial da alcan¸cabilidade. Para isto, h´a uma variedade de m´etodos que ex-ploram estruturas padr˜oes do sistema. Essas es-truturas s˜ao causadas por regularidades ou por diferentes maneiras de execu¸c˜ao de equivalentes opera¸c˜oes do sistema modelado. A explora¸c˜ao de tais estruturas tem levado ao desenvolvimento de m´etodos que geram um grafo de alcan¸cabilidade reduzido.
Existem v´arias maneiras para se agrupar esses m´etodos, uma delas ´e formar dois grandes grupos: os m´etodos de redu¸c˜ao do espa¸co de estados base-ados na semˆantica de ordem parcial e os m´etodos de redu¸c˜ao do modelo, inspirados nas regras de redu¸c˜ao para as redes de Petri n˜ao temporizadas. No primeiro grupo est˜ao os algoritmos de an´alise, que verificam determinadas propriedades da rede, sem explorar todo o espa¸co de estado. Nesse grupo est˜ao os m´etodos que exploram particulari-dades dos sistemas, tais como, independˆencia en-tre transi¸c˜oes, conjuntos de transi¸c˜oes persisten-tes, planifica¸c˜ao da rede, entre outras (Godefroid, 1996; Valmari, 1992; Wolper and Godefroid, 1993; Sloan and Buy, 1997; Duri et al., 1994). No se-gundo grupo, est˜ao os m´etodos de redu¸c˜ao que, estenderam para as RPT s regras que permitem
agrupar transi¸c˜oes e lugares da rede, mantendo propriedades como, limita¸c˜ao, seguran¸ca e vivaci-dade no modelo reduzido (Sloan and Buy, 1996; Berthelot, 1987; Juan and Murata, 1992; Bouche-neb and Berthelot, 2002). Em ambos os grupos, se consegue uma redu¸c˜ao consider´avel no tamanho do espa¸co de estados, tornando trat´avel a an´alise via alcan¸cabilidade.
A id´eia principal destes m´etodos est´a na ga-rantia que, do ponto de vista da an´alise, a ex-pans˜ao de todas as possibilidades de intera¸c˜ao entre as ocorrˆencias de um sistema concorrente ´e desnecess´aria. Ou ainda, para se verificar de-terminadas propriedades de uma RP contendo
transi¸c˜oes concorrentes, a completa explora¸c˜ao do espa¸co de estados ´e redundante (Godefroid, 1996). Baseados nesta id´eia, os m´etodos de ordem parcial exploram a possibilidade de limitar o n´umero de intera¸c˜oes entre as ocorrˆencias. Dessa forma, evita-se ocorrˆencias n˜ao necess´arias para verifica¸c˜ao, por exemplo, de uma determinada propriedade. Basicamente, o que diferencia um m´etodo de ordem parcial de outro, ´e o algoritmo de busca do conjunto de transi¸c˜oes necess´arias para descri¸c˜ao reduzida do espa¸co de estados.
Toda a id´eia dos m´etodos de ordem parcial, para an´alise de alcan¸cabilidade, est´a baseada na defini¸c˜ao de transi¸c˜oes independentes que, intui-tivamente, significa o seguinte: duas ou mais transi¸c˜oes s˜ao independentes se, n˜ao houver
qual-quer importˆancia na ordem de execu¸c˜ao das mes-mas, pois o resultado ser´a o mesmo. Essa de-fini¸c˜ao, para o caso n˜ao temporizado, ´e formali-zada em (Godefroid, 1996), e adaptada como se-gue:
Defini¸c˜ao 1 Independˆencia de Transi¸c˜oes - Duas transi¸c˜oes t1e t2, s˜ao independentes se, e somente
se, para todos os estados S do espa¸co de estado:
1. se t1 est´a habilitada no estado S e S t1
−→ S′,
ent˜ao, t2 estar´a habilitada em S se, e
so-mente se, t2 permanecer habilitada em S′; e
2. se t1 e t2est˜ao habilitadas em S, ent˜ao, ∃ S′
tal que St1t2
=⇒ S′ e S t2t1
=⇒ S′
No caso dasRPT s, ou qualquer outra semˆantica com restri¸c˜ao temporal, deve haver uma nota¸c˜ao do tempo incorporada `a Defini¸c˜ao 1.
Defini¸c˜ao 2 Transi¸c˜oes Persistentes - Informal-mente, um conjunto de transi¸c˜oes Ts ´e dita
per-sistente se ´e tal que,
• cont´em pelo menos uma transi¸c˜ao habilitada; • transi¸c˜oes habilitadas, contidas em Ts, n˜ao
podem ser desabilitadas pelo disparo de transi¸c˜oes fora de Ts;
• transi¸c˜oes desabilitadas, contidas em Ts n˜ao
devem tornar-se habilitadas devido ao disparo de transi¸c˜oes fora de Ts.
Defini¸c˜ao 3 Redes equivalentes - Seja PN uma rede de Petri e PN’ uma rede de Petri gerada a partir do agrupamento U de lugares e transi¸c˜oes de PN. PN e PN’ s˜ao ditas equivalentes se satis-fazem:
• Se PN ´e segura, ent˜ao, PN’ tamb´em o ´e. • PN e PN’ geram a mesma sequˆencia de
dis-paros, quando retirados os elementos de U.
Defini¸c˜ao 4 Rela¸c˜ao de ordem - Seja PN uma rede de Petri ac´ıclica e x1 e x2 ∈ P ou T , onde
P e T s˜ao os conjuntos de lugares e transi¸c˜oes da rede, respectivamente.
• x1precede x2(x1 x2) se existe um caminho
entre x1 e x2. A rela¸c˜ao de precedˆencia ´e
reflexiva, assim, ∀x : x x.
• x1 e x2 s˜ao conflitantes (x1∨ x2) se existe t1, t2 ∈ T, t1 6= t2, tal que P re(t1) ∩ P re(t2) 6= ∅, t1 x1 e t2 x2.
• x1e x2s˜ao concorrentes (x1k x2) se n˜ao s˜ao
Os m´etodos de redu¸c˜ao para asRPT s˜ao base-ados nas t´ecnicas de redu¸c˜ao estabelecidas para re-des n˜ao temporizadas. Por meio de agrupamento de transi¸c˜oes e lugares, esses m´etodos visam redu-zir o tamanho do modelo, mantendo inalteradas as propriedades da rede original. Em geral, par-tem do seguinte princ´ıpio, qualquer redu¸c˜ao no tamanho daRP, resulta em consider´avel redu¸c˜ao no tamanho do correspondente espa¸co de estados (Berthelot, 1987; Sloan and Buy, 1996; Juan and Murata, 1992).
´
E importante salientar que os m´etodos apre-sentados nas pr´oximas se¸c˜oes partem do pressu-posto que as RPTs a serem reduzidas s˜ao seguras e ac´ıclicas.
3 Redu¸c˜ao de uma RPT via Rela¸c˜ao de Ordem
O princ´ıpio b´asico do m´etodo apresentado aqui ´e garantir que, se existem duas ou mais pos-sibilidades de ocorrˆencias concorrentes em uma
RPT, elas podem ser representadas por uma ´unica ocorrˆencia, desde que sejam mantidas as condi¸c˜oes l´ogicas e temporais da rede. Dessa forma, pode-se limitar o n´umero de ocorrˆencias redundantes e transformar a rede original em um modelo equi-valente bem mais simples.
Baseado nesse princ´ıpio ´e constru´ıdo uma estrutura alg´ebrica de redu¸c˜ao para RPT, via rela¸c˜ao de ordem, como segue,
3.1 Matriz de Transi¸c˜oes
Defini¸c˜ao 5 Conjuntos de Transi¸c˜oes - O con-junto de transi¸c˜oes de uma RPT marcada pode ser obtido a partir do particionamento dos conjuntos P e T de lugares e transi¸c˜oes da RPT, respectiva-mente, de modo que:
• P0 ´e formado por todos os lugares que inici-almente possuem marcas.
• T0 ´e formado por todas as transi¸c˜oes habili-tadas pela marca¸c˜ao inicial.
• P1 ´e composto por todos os lugares que pos-suem como transi¸c˜ao de entrada algum ele-mento de T0e que n˜ao pertencem a P0. • T1tem como elementos tuplas (t0i, t1i) sendo
que t0i t1i e t0i∈ T0 e t1i6∈ T0. Sendo assim, tem-se:
• Pn= {p ∈ P \Sk=n−1 k=0 Pk| P re(p) ⊆ Tn−1} Tn= {tni ∈ T \Sk=n−1k=0 Tk | ∃ (t0i, . . . , tni) , t0i · · · , tni, (t0i, . . . , tn−1i) ∈ Tn−1,(t0i, . . . , tni) 6∈ Tn−1}
Defini¸c˜ao 6 Cardinalidade de um conjunto de transi¸c˜oes - A cardinalidade de um conjunto de
transi¸c˜oes Tk (♯Tk)´e dada pelo n´umero de tuplas
contidas em Tk. Caso k = 0, ♯T0 ´e o n´umero de
transi¸c˜oes contidas em T0, j´a que corresponde ao
conjunto de transi¸c˜oes habilitadas pela marca¸c˜ao inicial. O conjunto T tem ♯T igual ao n´umero total de transi¸c˜oes da rede.
Defini¸c˜ao 7 Ordem dos conjuntos de transi¸c˜oes -Seja Tk (k = 0, . . . , n)o conjunto dos conjuntos
de transi¸c˜oes de uma rede. Sua ordena¸c˜ao ´e dada de modo que T0 ´e o conjunto mais precedente de
todos e Tn o mais sucessor de todos.
Defini¸c˜ao 8 Ordena¸c˜ao das transi¸c˜oes de uma rede - As transi¸c˜oes de uma rede de Petri podem ser ordenadas segundo sua ordem de ocorrˆencia no conjunto Tk de conjuntos de transi¸c˜oes exceto
pelas transi¸c˜oes que aparecem em dois conjuntos distintos. Nesse caso, a transi¸c˜ao ´e colocada na ordem de acordo com o conjunto mais sucessor ao qual faz parte.
Defini¸c˜ao 9 Matriz Parcial - Seja uma RPT e
T o conjunto de suas transi¸c˜oes. Para cada
con-junto Tk = {(t01, . . . , tk1) | {z } Tk1 , . . . ,(t0i, . . . , tkn) | {z } Tkr }
tem-se uma matriz parcial MP, booleana e de ordem
r× n, sendo r a cardinalidade do conjunto Tk e n
a cardinalidade de T . Os elementos da matriz MP s˜ao definidos pela seguinte rela¸c˜ao,
M Pk(i, j) =
1, se tj∈ Tki
0, caso contr´ario (1) sendo, i = 1, . . . , r
Defini¸c˜ao 10 Matriz de transi¸c˜oes - Uma matriz de transi¸c˜oes MT de uma RP ´e composta pelas ma-trizes parciais dos conjuntos Tk (k = 0, . . . , n)
dispostas como um vetor coluna, sendo suas li-nhas ordenadas segundo a ordem de precedˆencia dos conjuntos em Tk (defini¸c˜ao 6) e suas
colu-nas segundo a ordem das transi¸c˜oes de precedˆencia uma rede de Petri (defini¸c˜ao 8).
A matriz de intervalos apresenta todas as rela¸c˜oes de precedˆencia entre as transi¸c˜oes da rede. Se dentre as linhas de uma matriz de transi¸c˜oes, duas ou mais linhas tiverem o ´ultimo elemento (transi¸c˜ao) pertencente `a mesma coluna, ent˜ao, estas s˜ao agrupadas, gerando uma linha com “1” nas colunas correspondentes `as transi¸c˜oes que pertencem ao menos a uma das linhas original-mente agrupadas, pois representam todas as pre-cedˆencias deste ´ultimo elemento.
Feitos os agrupamentos, a matriz de transi¸c˜oes ser´a quadrada de ordem ♯T e nessa forma passa a ser um caso particular da matriz fecho transitivo, definida na teoria dos grafos para representar rela¸c˜oes de precedˆencia (Lipschultz and Lipson, 2004).
Defini¸c˜ao 11 Matriz de intervalos - A matriz de intervalos de uma rede de Petri temporal qualquer ´
e obtida a partir da substitui¸c˜ao dos valores iguais a 1 na matriz de transi¸c˜oes da rede pelo intervalo correspondente a transi¸c˜ao representada.
3.2 Algoritmo para Redu¸c˜ao de uma RPT via Matriz de Transi¸c˜oes
O vetor Is ´e um vetor de dimens˜ao ♯T que tem como valores o intervalo est´atico de cada transi¸c˜ao da rede. Is[t][1] corresponde ao limite inferior de sensibiliza¸c˜ao de uma transi¸c˜ao t e Is[t][2] ao li-mite superior de sensibiliza¸c˜ao de t.
A matriz MI representa a matriz de intervalos da rede.
O algoritmo para redu¸c˜ao de uma rede de Pe-tri temporal proposto em (Lima, 2007) e imple-mentado em (Bolzanni, 2012) cobre 6 casos de transi¸c˜oes concorrentes ou paralelas, a saber:
1. Duas transi¸c˜oes conflitantes, onde ambas pos-suem apenas uma mesma transi¸c˜ao prece-dente e os mesmos lugares de entrada. 2. Duas transi¸c˜oes conflitantes, onde ambas
pos-suem mais de uma transi¸c˜ao precedente e os mesmos lugares de entrada.
3. Duas transi¸c˜oes paralelas, com uma transi¸c˜ao precedente em comum e ambas possuem ape-nas uma mesma transi¸c˜ao sucessora.
4. Duas transi¸c˜oes paralelas, com uma transi¸c˜ao precedente em comum por´em podem possuir transi¸c˜oes sucessoras diferentes.
5. Duas transi¸c˜oes paralelas, com uma transi¸c˜ao precedente em comum e ambas pertencendo a T0.
6. Duas transi¸c˜oes paralelas, sem transi¸c˜ao pre-cedente em comum e ambas pertencendo a T0.
O c´alculo do intervalo da transi¸c˜ao resultante do agrupamento das transi¸c˜oes conflitantes e pa-ralelas (ta e tb) ´e feito do seguinte modo:
• [M in{Is(ta)[1], Is(tb)[1]}, M in{Is(ta)[2], Is(tb)[2]}]; para os casos 1 e 2. • [M ax{Is(ta)[1], Is(tb)[1]}, M ax{Is(ta)[2], Is(tb)[2]}]; para o caso 3. • [M in{Is(ta)[1], Is(tb)[1]}, M ax{Is(ta)[2], Is(tb)[2]}]; para os casos 4, 5 e 6.
A prova destas aproxima¸c˜oes intervalares s˜ao dispostas em (Lima, 2007).
No algoritmo 1 segue o algoritmo de redu¸c˜ao de RPT via rela¸c˜ao de ordem. A fun¸c˜ao ve-rificar agrupamento verifica se as transi¸c˜oes s˜ao paralelas ou concorrentes e retorna o caso de acordo com o listado anteriormente. A fun¸c˜ao
calcular intervalo retorna o valor do intervalo da
transi¸c˜ao resultante de acordo com o caso de agru-pamento (mostrado acima). Por fim, a fun¸c˜ao
agrupar transi¸c˜oes modifica as matrizes de Pre,
P´os e a matriz de intervalos da rede. Entrada: RPT
Sa´ıda: RPT com transi¸c˜oes concorrentes ou paralelas fundidas
paraposi¸c˜ao de 1 a ♯T fa¸ca
seMI[posi¸c˜ao + 1][posi¸c˜ao] = 0 ent˜ao se Is[posi¸c˜ao] ∩ Is[posi¸c˜ao+1] ent˜ao
caso agrup :=
verificar agrup(posi¸c˜ao); secaso agrup != Falso ent˜ao
intvl :=
calcu-lar intervalo(caso agrup, posi¸c˜ao);
agrup trans(posi¸c˜ao, posi¸c˜ao + 1, intvl);
fim fim fim fim
Algoritmo 1: Algoritmo de redu¸c˜ao da matriz de transi¸c˜oes.
Figura 1: Rede de Petri temporal a ser reduzida.
Exemplo 1 Seja uma RPT (figura 1) cujas ´uplas geradas por cada subconjunto do conjunto de transi¸c˜oes, s˜ao como segue:
T0= {t1}
T1= {(t1, t2) , (t1, t3)} T2= {(t1, t2, t4) , (t1, t3, t5)} T3= {(t1, t2, t4, t6) , (t1, t3, t5, t6)}
O intervalo est´atico de t1, t5 e t6 ´e igual a [1,2].
As transi¸c˜oes t2, t3 e t4 tem intervalo est´atico
A partir das matrizes parciais MP, gera-das pelos conjuntos acima, forma-se a matriz de transi¸c˜oes MT. M P0= 1 0 0 0 0 0 M P1= 1 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 M P2= 1 1 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 M P3= 1 1 0 1 0 1 1 0 1 0 1 1 M T = t1 t2 t3 t4 t5 t6 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 1 1 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 Aplicando o algoritmo de redu¸c˜ao via ordem de precedˆencia, as transi¸c˜oes t2e t3s˜ao agrupadas, assim como as transi¸c˜oes t4 e t5, resultando na matriz de transi¸c˜oes M T1. Na figura 1 ´e mostrada a rede reduzida.
Figura 2: Rede de Petri temporal reduzida.
M T1= t1 t2+t3 t4+t5 t6 1 0 0 0 1 1 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1 Substituindo os elementos positivos de M T1 pelo intervalo est´atico das transi¸c˜oes correspon-dentes, tem-se a matriz intervalar C.
C= t1 t2+t3 t4+t5 t6 [1, 2] 0 0 0 [1, 2] [0, 2] 0 0 [1, 2] [0, 2] [0, 2] 0 [1, 2] [0, 2] [0, 2] [1, 2]
3.3 Agrupamento de Transi¸c˜oes em S´erie e Remo¸c˜ao e Agrupamento de Lugares
Em adi¸c˜ao ao m´etodo de redu¸c˜ao via ordem par-cial, que agrupa transi¸c˜oes paralelas ou concorren-tes, tamb´em podes ser utilizados o agrupamento de transi¸c˜oes em s´erie e a remo¸c˜ao de lugares, como mostrado abaixo.
Duas transi¸c˜oes t1 e t2 ligadas por um lugar ppodem ser agrupadas se:
• M0(p) = 0.
• P os(t1) = P re(t2) = p. • P re(p) = t1e P os(p) = t2.
• ∀p ∈ P re(t1), P os(p) = t1, exceto se iS(t2) = [0, 0].
O intervalo da transi¸c˜ao resultante do agru-pamento ´e:
iS(tab) = iS(ta) + iS(tb)
Para o agrupamento de lugares p1e p2deve-se obedecer as seguintes condi¸c˜oes:
1. M0(p1) = M0(p2) = 0.
2. P re(p1) = P re(p2) e P os(p1) = P os(p2) 6= ∅ 3. O peso dos respectivos arcos ligando p1 e p2
`
as transi¸c˜oes de entrada e sa´ıda devem ser respectivamente iguais.
A remo¸c˜ao de lugares pode ocorrer quando: 1. Se M0(p) = 0 e P re(p) = ∅, ent˜ao, pode-se
remover p e P os(p).
2. Se p for removido e isso n˜ao causar o n˜ao disparo de P os(p).
O primeiro caso de remo¸c˜ao de lugares tamb´em pode configurar um erro de modelagem ou projeto do sistema, j´a que se um evento n˜ao pode ocorrer n˜ao h´a motivo dele existir. O se-gundo caso aparece comumente quando um lugar configura umauto-loop.
Na figura 3 h´a um exemplo de redu¸c˜ao de lu-gares. O lugar p1 ´e um auto-loop e pode ser
re-movido. Os lugares p2e p3 podem ser fundidos.
(a) (b)
Figura 3: Agrupamento e Remo¸c˜ao de lugares
4 Aplica¸c˜ao
Como objeto de estudo foi utilizado um sistema de manufatura did´atico (aqui tamb´em referido como planta ou sistema). Inicialmente o sistema foi mo-delado utilizando rede de Petri temporal, depois ´e realizada sua redu¸c˜ao utilizando o m´etodo aqui apresentado.
4.1 Sistema de Manufatura
A planta funciona da seguinte maneira:
1. Uma pe¸ca de pl´astico, a¸co ou alum´ınio ´e co-locada sobre aunidade transportadora. 2. Se a pe¸ca for de pl´astico chegar´a ao fim da
unidade transportadora e cair´a nacaixa 1. 3. Se a pe¸ca for met´alica, a unidade de
trans-ferˆencia linear ´e estendida at´e a unidade transportadora e retira a pe¸ca da mesma. 4. Orobˆo de manipula¸c˜ao cartesiana retira
a pe¸ca da unidade de transferˆencia linear e a coloca namesa rotativa.
5. A mesa rotativa leva a pe¸ca at´e o m´odulo de usinagem, que simula uma atividade de usinagem.
6. A mesa ´e rotacionada mais uma vez, levando a pe¸ca at´e o robˆo de descarga, que pega a pe¸ca e leva at´e o m´odulo de pesagem. 7. A pe¸ca ´e pesada. A partir do peso ´e poss´ıvel
descobrir se ela ´e de a¸co (mais pesada) ou alum´ınio (mais leve).
8. O robˆo de descarga retira a pe¸ca do m´odulo de pesagem e leva a pe¸ca, se de alum´ınio para acaixa 2, e se de a¸co para a caixa 3. Na figura 4 ´e mostrada uma imagem da planta industrial did´atica utilizada neste trabalho.
Figura 4: Planta industrial did´atica CIM-B.
4.2 Modelo em RPT e Redu¸c˜ao
A planta foi modelada em RPT, tendo 42 lugares e 35 transi¸c˜oes. Por limita¸c˜ao de forma, optou-se por n˜ao apresentar aqui a RPT da planta.
Ap´os a modelagem inicial, o modelo foi redu-zido segundo o m´etodo apresentado aqui, gerando a rede de Petri da figura 5. Arcos de peso unit´ario das transi¸c˜oes tA, t31 e t35 para o lugar p42foram acrescidos ao modelo reduzido para representar,
a fim de simula¸c˜ao, a coloca¸c˜ao manual de pe¸ca ap´os outra ter terminado seu ciclo no sistema.
A redu¸c˜ao deixou o modelo com apenas 13 transi¸c˜oes (aproximadamente de 60% de redu¸c˜ao) e 19 lugares (aproximadamente 50% de redu¸c˜ao). A matriz de intervalos do fluxo do sistema para pe¸cas de alum´ınio ´e apresentada na figura 6. ´E importante ressaltar que, segundo o algoritmo, as transi¸c˜oes tA (entrada e sa´ıda de pe¸ca de pl´astico da esteira) e tB (entrada e sa´ıda de pe¸ca de me-tal da esteira) seriam agrupadas em uma nova transi¸c˜ao, por´em para conservar a semˆantica de ambas, aqui foi decidido n˜ao agrup´a-las.
O ciclo das pe¸cas n˜ao met´alicas ´e com-posto pela transi¸c˜ao tA; as pe¸cas met´alicas pos-suem em comum no seus fluxos as transi¸c˜oes tB, tC, tD, tE, tF e t28, sendo as transi¸c˜oes t29 e t30 espec´ıficas das pe¸cas de alum´ınio e t32, tG e t35 das pe¸cas de a¸co.
5 Conclus˜ao
Neste artigo foi apresentado um m´etodo para redu¸c˜ao deRPT s. O m´etodo ´e baseado na rela¸c˜ao de ordem entre as transi¸c˜oes. Essa rela¸c˜ao de or-dem ´e estabelecida n˜ao apenas pela rela¸c˜oes cau-sais das transi¸c˜oes, mas tamb´em devido `as rela¸c˜oes temporais entre elas. O algoritmo proposto ex-plora estruturas regulares da rede e atrav´es de agrupamento de linhas e colunas, obt´em-se uma matriz reduzida e que equivale a uma rede redu-zida.
Referˆencias
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Univer-sidade do Estado da Bahia, Salvador, Bahia, Brazil.
Figura 5: Rede de Petri Temporal reduzida.
Figura 6: Matriz intervalar da planta mostrada na figura 5
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