ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO
PUERPÉRIO
Intervalo entre o parto e a volta do corpo da mulher ao estado anterior à gestação. A involução começa logo após o parto e permanece por aproximadamente 6 semanas.
QUARTO PERÍODO DO PARTO: primeiras 1 ou 2 horas pós-parto.
Risco de hemorragia
Risco de choque
hipovolêmico
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO
Principais riscos no puerpério
HEMORRAGIA
CHOQUE
INFECÇÃO
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO
Modificações anatômicas e fisiológicas no puerpério:
fenômenos regressivos - retorno do organismo a condições pré-gravídicas
fenômeno progressivo - lactação
-Puerpério imediato (1o ao 10o dia), tardio (11o ao 45o dia) e remoto (a partir do 46o dia).
FENÔMENOS REGRESSIVOS
INVOLUÇÃO DO ÚTERO
Encontra-se na linha média, na altura da cicatriz umbilical.
Involução diária
1cm. Em 10 dias está intra-pélvico.
O local da placenta: 8 cm de diâmetro com seios venosos abertos
• A contratilidade uterina após a dequitação da placenta
– involução do útero
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Útero (cont.):
Peso: após o parto - 1000g, retorna ao peso de 60 g em 6 semanas.
Nas primeiras 24 horas o útero alcança a cicatriz umbilical, mantendo um dextrodesvio, e apresentando-se de consistência firme, indolor à palpação.
Fatores que retardam a involução uterina
Trabalho de parto prolongado Anestesia
Parto difícil Multiparidade Retenção urinária
Expulsão incompleta de membranas e placenta Infecção
Superdistenção uterina
Avaliação importante
Localizar o fundo e a
consistência do útero.
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Lóquios:
Composição: exsudatos, transudatos misturados com elementos de descamação e
sangue que procedem da ferida placentária, do colo e da vagina.
Volume: inicio moderado e passa a escasso
Classificação:
- Rubro ou sanguinolento - vermelho vivo ou escuro
- Serosanguinolento – róseo ou amarronzado
- Seroso – esbranquiçado ou creme
Obs.: qualquer estimativa do fluxo de lóquios é imprecisa e incompleta.
O fluxo aumenta com a amamentação e com a deambulação precoce.
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Lóquios (cont.):
Nem todo sangramento vaginal pós-parto constitui em lóquios. Lacerações cervicais e vaginais não reparadas.
LÓQUIOS SANGRAMENTO DE NÃO LÓQUIOS
Geralmente gotejam da abertura vaginal. O fluxo é maior quando o útero contrai-se.
Sangue que jorra da vagina, podendo haver laceração cervical ou vaginal adicional aos lóquios.
Um jorro de lóquios pode ocorrer se o útero for massageado. Se a cor for escura, sinaliza que esteve depositado na vagina
Sangue contínuo e em forma de fio, vermelho vivo, com saída independente de estímulo ao útero.
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Vulva, vagina e períneo:
Vulva geralmente edemaciada, com fissuras na comissura inferior.
Pode haver lacerações e congestão dos pequenos lábios na região himenal (carúnculas
himenais)
Hemorróidas tendem a regredir espontaneamente (seis semanas).
Episiorrafia: processo de cicatrização em 20 dias (três semanas).
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Sinais vitais:
No puerpério de baixo habitual, preconiza-se verificar 2 vezes ao dia.
Pressão arterial: deve manter-se nos níveis de normalidade; em queda de PA, observar
sangramento, estado nutricional.
Temperatura: não deve ultrapassar 38oC nas primeiras 24 horas. Temperatura acima de 38oC, é sugestivo de infecção e deve ser investigado. Comum estado febril de 36,8 a 37,9.
Pulso: geralmente com freqüência diminuída, porém com labilidade, variando de 50 a 70 bpm.
Estabiliza-se ainda na primeira semana.
Respiração: tende a normalizar-se, com a descida do diafragma, pelo esvaziamento do útero,
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Peso:
Perda média de 2 a 3 kg na primeira semana pós-parto (expulsão do feto, lóquios, diurese, suor) O retorno ao peso pré-gravídico é gradual, variando de mulher para mulher.
Recomenda-se que durante o aleitamento, a nutriz não faça regime alimentar para perder peso.
Aspecto geral da puérpera:
Imediatamente após o parto: extenuada, franca sudorese, pele úmida, sonolenta. Mucosas hipocoradas, com palidez cutânea.
Ocasionalmente há calafrios: atribuída a estímulos nervosos, resfriamento corporal, bacteremia. Queixa de sede - desgaste do trabalho de parto.
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Abdome:
Presença de estrias;
Elasticidade e tônus da pele diminuídos.
Em múltípara há afastamento do m. reto abdominal, formando uma escavação na linha nigra, perceptível à palpação.
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Sistema Cardiovascular:
Alterações dependem da perda de sangue no parto e do edema fisiológico (mobilizado e excretado).
O volume de sangue aumentado durante a gestação retorna aos valores não grávidos em seis meses após o parto.
A hipervolemia da gestação permite que a maioria das mulheres tolere a perda sanguínea no parto.
Apesar da perda de líquidos durante o parto ( 500 ml), o volume sanguíneo permanece elevado.
Sistema hematológico:
Observa-se diminuição do hematócrito no pós-parto, mais acentuada nas primeiras 48horas. Retorna ao normal na primeira semana.
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Sistema endócrino
Eliminação da placenta (queda na produção de hormônios placentários): - queda de gonadotrofina coriônica,
- queda da progesterona e estrógeno - elevação progressiva a depender do aleitamento.
Hormônios hipofisários e função ovariana:
- aumento da prolactina e ocitocina.
- lactantes: prolactina elevada ocorrendo a supressão da ovulação. O ovário não responde ao estímulo do FSH na presença da prolactina.
Permanecem elevados até a 6a semana após o parto
- não-lactante: níveis de prolactina declinam atingindo nível pré-gestacional em 2 semanas. Ovulação retorna em 2 meses após o parto (média)
Sistema urinário:
Inicia-se o processo de eliminação do excesso de líquido retido na gestação. Na primeira semana há um aumento acentuado da diurese. Retorna em três meses após o parto.
FENÔMENOS REGRESSIVOS
Sistema gastrointestinal:
Apetite: fome logo após o parto;
Motilidade: a redução do tono muscular e da motilidade gástrica persiste após o parto.
A analgesia pode retardar o retorno à tonicidade e motilidade pré-gravídica.
Evacuação intestinal: pode demorar entre dois a três dias após o parto, devido à que da do tono
muscular do intestino.
As transformações que se iniciam no puerpério, com a finalidade de restabelecer o organismo da mulher à situação pré-gravídica, ocorrem não somente nos aspectos endócrino e genital, mas no seu todo.
Adaptação psicológica à maternidade e à parternidade:
Alterações no humor com labilidade emocional, são comuns no puérpério.
Observar o estado psicológico da mulher, pois os distúrbios psiquiátricos no puerpério devem ser identificados precocemente.
O puerpério exige uma grande capacidade de adaptação da mulher, companheiro e família. Após a alta hospitalar, a família deve ser acompanhada em consultas ambulatoriais e ou no domicílio.
Condição social e cultural da mulher e da família Fatores que dificultam: - acesso
- assistência no pós parto sem sistematização
- Referência e contra-referência que não funcionam - Revisão puerperal em no máximo 40 dias após o parto
PONTOS -CHAVE:
• o útero involui rapidamente após o parto, retornando à pelve em uma semana.
• A rápida queda no estrogênio e na progesterona após a expulsão da placenta é responsável por desencadear muitas mudanças anatômicas e fisiológicas no puerpério.
• A avaliação dos lóquios e da altura uterina é essencial para monitorizar o progresso da involução normal e para identificar possíveis problemas.
• A amamentação não constitui uma forma confiável de controle da natalidade.
META DO CUIDADO DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO:
Auxiliar as mulheres e seus companheiros durante a transição inicial para a maternidade/paternidade, enfocando a recuperação fisiológica da mulher, bem estar psicológico e sua capacidade para cuidar de si e do bebê.
Modelo do auto-cuidado, orientado para a saúde, normalidade.
Papel da enfermeira no puerpério imediato :
Monitorizar a recuperação da mãe e do bebê, identificar e controlar, imediatamente, qualquer desvio dos processos normais.
Ex.: atonia uterina, queda de PA, com aumento do sangramento vaginal, vômito com aspiração. Momento de iniciar a amamentação: bebê em estado de alerta e pronto para mamar. Amamentar promove a contração uterina, prevenindo hemorragia.
Colostro age como laxante, promovendo rápida eliminação de mecônio, reduz hipoglicemia, hiperbilirrubinemia fisiológica, benefícios imunológicos importantes.
Avaliação da puérpera:
Condições que podem dispor a mulher à hemorragia:
- Rn grande,
- parto induzido, com evolução muito rápida, - multiparidade,
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO
A HEMORRAGIA É A COMPLICAÇÃO POTENCIAL MAIS PERIGOSA PARA A
PUÉRPERA
Avaliação da puérpera/ Exame físico:
Busca a constatação do aspecto geral, da manutenção do globo de segurança de Pinard, quantidade e aspecto do sangramento, condições do períneo (íntegro, episiorrafia ou laceração), incisão cirúrgica.
Sinais vitais: verificar no horário programado na primeira hora; não superior a 6h no primeiro dia.
Recomenda-se a deambulação precoce, em parto normal, imediatamente após chegar ao AC, se estiver disposta; cesárea, após 6 horas.
Mamas: avaliar o processo de lactação, presença de colostro, apojadura. Aspecto, volume,
temperatura, consistência, tipo de secreção, mamilo, integridade.
Abdome: palpação - consistência da parede abdominal, sensibilidade dolorosa, involução
uterina;
Períneo: lóquios, edema, hematoma, varizes, lesões. MMII: detectar presença de varizes, edema.
Avaliação psico-social
Assistência de enfermagem à puérpera de
volta à comunidade
Visita domiciliar à puérpera
• uma visita na primeira semana após a alta da maternidade. Quem faz a visita? • incentivar o retorno do binômio ao serviço de saúde.
Objetivos da visita domiciliar à puérpera
• Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido. • Orientar e apoiar a família na amamentação.
• Orientar os cuidados básicos como o recém-nascido. • Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido.
• Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las. • Orientar o planejamento familiar.
Retorno da puérpera ao serviço de saúde
• Acolhimento da mulher e do recém-nascido. • Atenção à puérpera.
Consulta de enfermagem à puérpera
• Verificar o cartão da gestante e o resumo de alta hospitalar. • Anamnese:
– Condições da gestação.
– Condições do atendimento ao parto e ao recém-nascido.
FUNDAMENTAL na primeira consulta pós-parto
• Aleitamento – frequência, dificuldades, satisfação do rn, condições das mamas • Alimentação, sono, atividades diárias
• Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre • Planejamento familiar
• Condições psicoemocionais – estado de humor, preocupações, fadiga
• Condições sociais – pessoas de apoio, enxoval do bebê, condições para atendimento das necessidades básicas