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I DIVIDUALIZAÇÃO E I TER ALIZAÇÃO SEGU DO ORBERT ELIAS E LEV SEME OVICH VIGOTSKI

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Academic year: 2021

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IDIVIDUALIZAÇÃO E ITERALIZAÇÃO SEGUDO ORBERT ELIAS E LEV SEMEOVICH VIGOTSKI Tony Honorato PPGE/UNIMEP/CNPq thonorat@unimpe.br RESUMO

Referências teóricas elaboradas a partir de orbert Elias, com seu processo de individualização, e de Lev Semenovich Vigotski, com seu processo de internalização, permitem compreendermos o problema da constituição da singularidade do indivíduo em sociedade, e identificarmos alguns pontos convergentes entre os dois autores.

Palavras-chave: individualização, internalização, indivíduo, sociedade. ABSTRACT

Theoretical references elaborated from orbert Elias, with his individualization process, as well as from Lev Semenovich Vigotski, with his internalization process, allow we understand the constitution problem of the individual peculiarity in society, and identify a few points convergents between both authors. Key words: individualization, internalization, individual, society.

ITRODUÇÃO

Não podemos deixar de ficar impressionados com as convergências existentes entre o trabalho de Norbert Elias e Lev Semenovich Vigotski, em particular quando o problema da constituição da singularidade do ser humano em convívio social/sociedade é abordado. Tal problema pode ser identificado em Elias, em sua concepção de processo de individualização, e em Vigotski, em sua concepção de processo de internalização.

Na presente discussão pretendemos apresentar ambas concepções separadamente, buscando respeitar o máximo possível o pensamento de cada autor, para depois articularmos algumas aproximações entre os autores. Para isto tomamos como referência principal os seguintes textos: “A sociedade dos indivíduos” de Norbert Elias; ”Génesis de las funciones psíquicas superiores” de Lev S. Vigotski.

Considerando a possibilidade de convergências teórico-metodológicas entre os dois autores, torna-se importante destacar de antemão dois pontos.

Norbert Elias (1897-1990 – de origem alemã judaica) e L. S. Vigotski (1896-1934 – de origem Russa)1 viveram no mesmo período, em localidades distintas, mas com histórias de vida

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Sobre a vida e a obra destes autores, ver: NORBERT, Elias. orbert Elias por ele mesmo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2001.; Educação & Sociedade: revista quadrimestral de Ciência da Educação – Vigotski – o Manuscrito de 1929: temas sobre a constituição cultural do homem. Campinas: CEDES. nº 71. 2000.

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muitas vezes semelhantes - ambos viveram no exílio e tiveram suas obras tardiamente reconhecidas. Contudo, acredita-se que um não conheceu a obra do outro, haja vista que não se encontra referência do trabalho de um no outro.

Também é importante ressaltar que ambos partem de uma crítica das ciências naturais de seu tempo para pensar as ações e os processos humanos, pela perspectiva histórica, psicológica e sociológica, nos seus respectivos campos epistemológicos de interesse.

ORBERT ELIAS: A IDIVIDUALIZAÇÃO O PROCESSO SOCIAL

Em “A sociedade dos indivíduos” Norbert Elias sistematizou o problema da relação entre indivíduo e sociedade, defrontado, inicialmente, com a construção do volume I do “O processo civilizador”, ao constatar que a busca por padrões de comportamento tornava-se cada vez mais constante na sociedade européia ocidental entre os séculos XIII-XVIII. Para o autor a preocupação da referida sociedade com os hábitos de escarrar, com os costumes à mesa, com as manifestações de agressividade etc., foi estendida a inúmeras gerações ao longo do tempo numa determinada direção (de vergonha e constrangimento), distinguindo um grupo social, e, posteriormente o indivíduo, de outros segmentos e de outras pessoas. Isto revela que os indivíduos de uma geração, ao nascer ingressam no processo civilizador numa fase posterior, adaptando-se a um padrão de comportamento construído em todo processo social de formação da consciência e dos habitus sociais2 das gerações precedentes.

Os padrões sociais de auto-regulação são transmitidos de uma geração para outra, a ponto de podermos dizer que as fases individuais e coletivas da história da humanidade são fundamentais para construção histórica do homem do século XXI. No entanto, nada seria mais errôneo do que procurar o período Greco-romano, Medieval, Renascentista ou Absolutista na vida do indivíduo da sociedade contemporânea. Pois a auto-regulação e a busca de novas emoções que o indivíduo experimenta e desenvolve dentro de si em contato com o social, tornam

2

Na teoria de Norbert Elias o conceito de habitus social pode ser entendido como uma ‘segunda natureza’, ou ainda, como um automatismo humano que se desenvolve num constante movimento emaranhando social e individual. Assim, os controles sociais são lentamente condicionados e incorporados pelos indivíduos desde a tenra idade, aumentando a auto-regulação automática das paixões – um autocontrole mais complexo, diferenciado e estável.

Habitus é um componente significativo para os estudos que almejam compreender a constituição e o modelo de

circulação cultural de grupos, instituições e nações, pois sua aquisição pelos indivíduos, indica padrões de comportamentos altamente desenvolvidos, aceitos e exigidos socialmente para o convívio no interior das configurações sociais.

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o indivíduo único e são peculiares de cada geração, e, por conseguinte, específico de cada sociedade.

O processo de individualização, como considera Elias, está relacionado com a problemática da interdependência indivíduo e sociedade, mais especificamente, com a crescente especialização dos indivíduos e das sociedades. Isso não significa que o indivíduo está traçando um caminho livre de qualquer restrição, pelo contrário, desde a infância ele é condicionado pelo outro para desenvolver um grau bastante elevado de autocontrole em função das regulações sociais. Estas, por sua vez, vão se sedimentando nas sociedades humanas e configurando grupos, tribos e instituições com comportamentos e habitus diferenciados e portadores de um certo poder diluído numa formação social específica.

Se os indivíduos são condicionados socialmente, ao mesmo tempo, pela suas auto-imagens e por aquelas que lhe são atribuídas pelos outros com quem relacionam, e ainda formam grupos sociais, os seres humanos ligam-se uns aos outros numa pluralidade da vida em sociedade. Isto significa dizer que a relação entre sociedade e indivíduo só pode ser compreendida se investigarmos ambas entidades em interdependência, em mutação e processualmente, e não como duas entidades opostas ou sobrepostas.

Aqui Norbert Elias chama atenção para um problema conceitual, sinteticamente localizado em duas vertentes do pensamento sociológico. Tanto em uma, quanto na outra, existe a polaridade indivíduo/sociedade, e ambas tendem a entender estes fenômenos a partir de análises mecanicistas ou através de modelos extraídos das Ciências Naturais.

Por um lado, uma linha de pensamento refere-se ao ser humano como produto das estruturas sociais, sendo as ações do indivíduo sujeitas às coerções sociais, isto é, considera a sociedade como algo determinante da ‘mentalidade coletiva’ ou do ‘organismo coletivo’, ou ainda, conforme o caso, considera as ‘forças’ mentais e materiais supra-individuais, por analogia com as forças e substâncias naturais3. Paradoxalmente, por outro lado, há uma outra vertente cujos conceitos de indivíduo e sociedade concentram, acima de tudo, nos indivíduos isoladamente, considerando as ações do sujeito, as estruturas e as leis sociais nada mais do que estruturas e leis das relações entre pessoas, portanto, desconsidera a possibilidade de estruturas e leis sociais com regularidades próprias interligadas às ações dos indivíduos. Em suma, esta

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ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Tradução, Vera Ribeiro; revisão técnica e notas, Renato Janine Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed. 1994. p. 24.

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vertente pensa os indivíduos como átomos isolados, independentes, sem relações com o meio, como uma entidade que existisse fora e antes da sociedade, os concebem como “postes sólidos” entre os quais, posteriormente, se pendura o fio dos relacionamentos, e além disso suas explicações são alicerçadas na natureza. Enquanto a primeira vertente apresentada, de ‘olhos fixos’ na autonomia das relações humanas, pensa na sociedade como algo que existe antes e independentemente dos indivíduos4. Eis aí um problema semelhante à da ‘galinha e do ovo’.

Elias sugere um caminho para pensarmos o indivíduo e a sociedade como realidades dotadas de estrutura própria em termos relacionais e funcionais. Desta forma, as estruturas psicológicas, individuais e sociais são resultantes de um processo de interdependência “operante durante muitos séculos”. Processo este, que não é planejado e nem linear, sendo passível de investigação “psicogenética” e “sóciogenética”.

Nesta perspectiva, elegeremos algumas características do conceito de processo de individualização, que seria, ao mesmo tempo, um conceito do indivíduo e da sociedade na acepção de “sociedade dos indivíduos” apresentada por Norbert Elias:

• Individualização é um processo continuo e não planejado, construído nos avanços e recuos do processo civilizador individual no qual todos os indivíduos, como fruto de um processo civilizador social em construção a longo tempo, são automaticamente ingressos desde a mais tenra infância, em maior ou menor grau e sucesso. Pois nenhum ser humano chega civilizado ao mundo, o individual é obrigatoriamente social e vice-versa. Sendo assim, o processo de individualização também é processo de civilização e está em fazer-se, está em elaboração numa crescente interação e dependência das atividades sociais e psíquicas dos indivíduos no interior das configurações5.

• O conceito de individualização está intimamente ligado com o de autocontrole, que é o processo que vai da exteriorização à interiorização. O indivíduo interioriza os sentimentos, paixões, emoções, controles e representações produzidas nas relações sociais e em suas atividades mentais, e depois ele exterioriza suas representações através de comportamentos, habitus e relações poder. Desta maneira, pensamento e ação estão interligados no plano individual em função do social, que dirige o individual (e vice-versa) para um certo limiar de controle exigido e aceito pelos demais indivíduos em sociedade.

• A idéia de individualização torna-se mais visível ao passo que a história humana avança, demonstrando que a humanidade, o indivíduo e a sociedade são processos sem início e

4

Ibid. p. 25. Para maiores detalhes sobre a discussão recomendamos ao leitor a consulta aos livros: “A sociedade dos

indivíduos (1994)”; ”Introdução à sociologia (1980)”.

5

Configuração social é um conceito fundamental para teoria de Norbert Elias. Pode ser entendida como espaços sociais, como organização de grupos ou indivíduos interdependentes e mutuamente influenciáveis, expressando um processo, no qual as pessoas inter-relacionadas interferem de maneira a formar uma estrutura entrelaçada de numerosas propriedades emergentes, tais como relações de poder, eixos de tensão, instituições, desportos, guerras etc. Mais detalhes, ver: “Introdução à Sociologia” (1980) em particular as paginas 140 a 145.

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fim à vista. Nessa história, torna-se perceptível a transferência cada vez maior de funções relativas à proteção e ao controle do indivíduo, previamente exercidas por pequenos grupos tradicionais e ‘consangüíneos’ (tribo, feudo, igreja etc.), para os grupos densamente habitados, como podemos perceber na configuração dos Estados-modernos altamente complexos e urbanizados. Nestes últimos o indivíduo vive cada vez mais isolado no sentido de batalhar por sua sobrevivência e se defronta com um número crescente de opções, aumentando a possibilidade de individualização pessoal. Isto significa que uma das características da individualização é que o indivíduo não só pode como deve ser mais autônomo e autoconfiante na decisão e na liberdade de escolha oferecida pela vida coletiva, social, grupal ou pelo Estado. Contudo, maior será a exigência empregada a seu autocontrole consciente ou inconsciente, e assim, reciprocamente na necessidade de compartilhar configurações, tais como ‘tribos urbanas’, escolas, universidades e sociedades que os tornam indivíduos diferenciados, passíveis de aprender e transmitir seus aprendizados.

• Tendo em vista a crescente oferta de oportunidade, o processo de individualização carrega marcas de sucessos e insucessos. O poder de escolher por si, entre outras coisas, é exigência que logo se converte em habitus, necessidade e ideal que são avaliados, tanto no sentido positivo, quanto negativo, na escala de valores sociais. Assim, felicidade e infelicidade jogam em conjunto no mesmo espaço social. Este movimento, entre a liberdade de escolha e risco de escolha, constitui a estrutura da personalidade e as emoções vividas pelo indivíduo nas sociedades em desenvolvimento, rumo a um nível mais elevado de individualização. Neste sentido, “a abundância de oportunidades e metas individuais diferentes nessas sociedades é equiparável às abundantes possibilidades de fracasso”6.

• Na individualização existe um indivíduo biológico e individuado socialmente, que busca ser controlador das forças naturais. Desde os primeiros dias da humanidade até o século XXI, não foram somente às estruturas sociais e as condições materiais de existência que mudaram. O biológico parece mais ‘sólido’ e ‘resistente’, as forças naturais não-humanas parecem ser cada vez mais ‘controladas’ e ‘previstas’, enquanto o social parece mais ‘controlador’, ‘mutável’ e ‘vulnerável’ às mudanças ao longo da história humana. Na história da humanidade, “quanto mais os atos das pessoas são regidos por forças naturais indomadas dentro delas mesmas, menos elas diferem entre si em seu comportamento. “E, quanto mais variada e difundidamente essas forças são contidas, desviadas e transformadas – primeiro pelo amor e medo dos outros, depois também pelo autocontrole –, mais numerosas e pronunciadas se tornam as diferenças em seu comportamento, seus sentimentos, seus pensamentos, suas metas e, inclusive, suas fisionomias maleáveis: mais ‘individualizados’ tornaram-se os indivíduos”7. Nota-se um deslocamento do embate entre o ‘homem’ e a ‘natureza’ para ‘indivíduo’ e ‘sociedade’, onde a busca por individualização torna-se mais crescente e perceptível. Entretanto, a natureza, a sociedade e o indivíduo compõem uma espécie de triângulo de funções interconectadas que pode nos liberar das rígidas e “míopes” abordagens analíticas que compreendem as questões humanas.

6

ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos... 1994, p. 109. 7

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Devemos tomar a individualização como algo além do individual, devemos entendê-la entre os universos sociais os quais dão condições para diferenciação ao longo do tempo. Se não, perdemos uma série de tensões significativas na construção das representações e das ações no individual, constituintes das distinções de status entre indivíduos, grupos e sociedades.

A individualização como um modelo analítico não se refere apenas à individualidade fortemente estruturada pelo ‘eu’, como artistas e intelectuais. Pelo contrário, a individualização ajuda compreender uma individualidade que é também o ‘nós’ e o ‘eles’, é o pessoal e o grupal. Embora, o ‘eu’ seja um traço forte nas sociedades complexas e urbanizadas, só tem sentido na relação com o outro, e se diferencia e se especializa construindo uma estrutura de personalidade na aquisição e significação de alguns signos sociais como nome, diplomas, profissões, modo de comportar a mesa e outros atributos individuais. Isto é, o indivíduo vive a tensão de dever ser como os demais ao se distinguir na vida em sociedade.

Assim, na obra “A sociedade dos indivíduos”, Norbert Elias discute um problema epistemológico da sociologia, que se localiza no enviesar dicotômico para leitura dos fenômenos indivíduo e sociedade. De fato, o autor propõe uma análise do indivíduo e da sociedade na longa cadeia de interdependência, entrelaçando estrutura social e estrutura psíquica. Esta análise é passível de transferência à compreensão do conceito de individualização. Porém o próprio Elias reconhece que não conseguiu resolver epistemologicamente o problema relativo à relação indivíduo-sociedade, como declara:

O que nos falta, sejamos explícitos, são modelos conceituais e, além deles, uma visão global graças à qual nossas idéias dos seres humanos como indivíduos e como sociedade possam harmonizar-se melhor. Não sabemos, ao que parece, deixar claro nós mesmos como é possível que cada pessoa isolada seja uma coisa única, diferente de todas as demais; um ser que, de certa maneira, sente, vivência e faz o que não é feito por nenhuma outra pessoa; um ser autônomo e, ao mesmo tempo, um ser que existe para outros e entre outros, com os quais compõe sociedades de estrutura cambiáveis, com histórias não pretendidas ou promovidas por qualquer das pessoas que as constituem, tal como efetivamente se desdobram ao longo dos séculos, e sem as quais o indivíduo não poderia sobreviver quando criança, nem aprender a falar, pensar, amar ou comportar-se como um ser humano8.

Não fosse o bastante, em seus apontamentos finais reafirma:

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Mas todas essas questões – todo o amontoado de problemas que surgem nesse contexto – só fazem provar mais uma vez de que modo, à luz do crescente conhecimento factual das várias ciências humanas e dos problemas nelas discutidos, se tornou urgente investigar o problema – fundamental – da relação entre sociedade e indivíduo e esmiuçar as noções aceitas associadas a essas palavras. De fato, quando as conclusões dispersas da pesquisa nos vários campos são vistas em conjunto, evidencia-se com clareza ainda maior que as categorias, os modelos conceituais normalmente usados ao se refletir sobre essas questões, já não estão à altura de sua tarefa9.

Norbert Elias nos coloca a seguinte provocação: vamos olhar para os fenômenos, sociedade e indivíduo, pela ótica da bipolarização, ou pela ótica dos conceitos em construção que não dão conta da problemática, em razão da complexidade dos fenômenos. Neste sentido, evocou-nos a ver como este problema foi abordado em um outro clássico do pensamento moderno preocupado com a condição humana: Lev Semenovich Vigotski.

LEV S.VIGOTSKI: A ITERALIZAÇÃO A COSTITUIÇÃO DO IDIVÍDUO O SOCIAL

Lev S. Vigotski, no texto ”Génesis de las funciones psíquicas superiores”, apresenta certamente uma de suas teses centrais: as funções psíquicas superiores (cultural e específica do homem) não só emergem das funções elementares (primitiva, compartilhada com animais, biológica), mas sim da natureza social e se constituem na internalização das relações sociais que são convertidas para o plano individual formando a estrutura psíquica e a personalidade do indivíduo no social.

Funções psíquicas superiores (FPS) é aquilo que diferencia o homem de todos outros animais, demarca sua especificidade e o qualifica enquanto humano. Há quatro diferenças centrais entre funções psíquicas superiores e elementares: 1) as funções psíquicas superiores são constituídas na vida social, são específicas dos seres humanos e suas ações seguem uma auto-regulação (controle voluntário); 2) as FPS possuem intelectualização ou realizações conscientes (isto não descarta a possibilidade de ações ‘automatizadas’, significando uma relativa consolidação mental na execução de determinados comportamentos); 3) as FPS têm origem e natureza social; 4) as FPS se organizam utilizando signos sociais como mediação.

O interesse de Vigotski pelas FPS está relacionado à sua proposta de desenvolvimento humano para o campo da Psicologia, na medida em que se percebe que um importante desafio

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constitutivo da psicologia vigotskiana, refere-se ao seu distanciamento no início do século XX, tanto das teorias funcionalistas e estruturalistas quanto das biologizantes e mecanicistas, e com o fato de ser um teórico que, buscando uma ‘psicologia humana’10, recoloca no quadro das investigações psicológicas o debate acerca da relação entre natureza e cultura, entre individual e social, e, por conseguinte, a relação entre indivíduo e sociedade.

Ao discutir a passagem ou conversão das funções psíquicas elementares (naturais) em funções superiores (culturais), e como a articulação dessa dinâmica complexa em ‘unidade’ da pessoa se dá enquanto movimento de formação da personalidade singular de natureza e estrutura social, Vigotski articula princípios teórico-metodológicos fundamentais que guiam e vão se construindo em suas investigações psicológicas. Um dos princípios é o processo de internalização, apontado pelo autor, como parte relevante da análise da natureza sócio-cultural das funções mentais superiores.

O processo de internalização emerge descrito, no texto “Génesis de las funciones psíquicas superiores”, a partir de um princípio explicativo conhecido como ‘lei de dupla formação’ ou ‘lei genética geral do desenvolvimento cultural’, que foi construída com base nas referências teóricas de Pierre Janet. Essa lei, segundo Vigotski, consiste em:

[...] pasamos a ser nosotros mismos a través de otros; esta regla no se refiere únicamente a la personalidad em su conjunto sino a la historia de cada función aislada. En ello radica la esencia del proceso del desarrollo cultural expresado en forma puramente lógica. La personalidad viene a ser para si lo que es em si, a través de lo que significa para los demais. Este es el proceso de formación de la personalidad [...] el problema de las correlaciones de las funciones psíquicas externas e internas. Se hace evidente aquí, como ya dijimos antes, el por qué todo lo interno en las formas superiores era forzosamente externo, es dicer, era para los demais lo que es ahora para sí. Toda función psíquica superior pasa ineludiblemente por una etapa externa de desarrollo porque la función, al princípio, es social. Este es el punto central de todo el problema de la conducta interna y externa. Muchos autores habian señalado hace tiempo el problema de la interiorización, el translado de la conducta al interior11. (grifo nosso)

10

Que busca explicações além da dimensão natural, animal, física, biológica, mecânica, idealista, apriorística, enfim, enfoca o desenvolvimento das condições concretas da vida social humana (relações sociais) que qualifica o humano enquanto espécie na dinâmica da construção histórica, valorizando a fundação social dos processos humanos. 11

VIGOTSKI, Lev Semenovich. Génesis de las funciones psíquicas superiores. In: Obras Escogidas III Problemas del desarrolo de la psíque. Madrid: Visor, 1995. p. 149-150.

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Se a natureza, a estrutura e o funcionamento do psiquismo especificamente humano, mesmo nos seus aspectos mais singulares, são sociais, culturais e históricos12, a internalização não pode surgir de forma absoluta em suas possibilidades cognoscitivas. Ela é função e desdobramento da própria história social dos homens, logo é parcial porque é de alguém e surge sempre de uma relação com alguém.

A internalização está interligada ao desenvolvimento13 cultural que, segundo Vigotski apoiado em Hegel, pode ser descrito do seguinte modo: a) os indivíduos e as funções se determinam primeiramente pela situação objetiva (em si – algo que está dado); b) o dado em si recebe significação das pessoas que o rodeiam (para outros – emerge representações, cultura, história, coletividade etc.); c) por último, o dado para o outro é significado pelo próprio indivíduo na esfera interna (para si – o indivíduo singular internaliza as significações constituindo o cultural de sua individualidade através dos outros).

O processo de internalização pode ser entendido por transformação de um plano interpessoal em um plano intrapessoal. Desta forma, é o processo de formação da consciência ou do psiquismo humano. Esta (ou este) só emerge como tal, ou seja como função, a partir de um substrato material (princípio explicativo): relações sociais. Que é investigado, nesta perspectiva teórica, como análise sóciogenética (que remete à origem, movimento e as transformações dos processos = história) que é paradigma da proposta em Psicologia de Vigotski que busca fundamentação materialista histórico-dialética como alternativa.

A consciência formada no/pelo processo de internalização representaria, assim, o componente de maior destaque na hierarquia das FPS. Seria a própria essência do psiquismo humano, constituída na dimensão ontogenética e filogenética. Na primeira, enfatizaria a história individual e o social dos processos humanos, bem como a complexa inter-relação dinâmica e as transformações do desenvolvimento entre intelecto e afeto, atividade no mundo e representação simbólica, auto-regulação das emoções frente aos demais e etc. Já na segunda dimensão

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A respeito das categorias teóricas – social, cultural e histórica – na obra de Vigotski, ver: PINO, Angel. O social e o cultural na obra de Vigotski. In: Educação e Sociedade: revista quadrimestral de Ciência da Educação. Campinas/SP: CEDES, nº 71, 2000. p. 45-78.

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O conceito de desenvolvimento em Vigotski não é entendido como uma acumulação gradual de mudanças isoladas, e sim, como: “[...] un complejo proceso dialéctico que se distingue por una complicada periodicidad, la desproporción en le desarrollo de las diversas funciones, las metanorfosis o transformación cualitativa de unas formas en otras, un entrelazamiento complejo de procesos evolutivos e involutivos, el complejo cruce de factores externos e internos, un complejo proceso de superación de dificultades y de adaptación”. VIGOTSKI, Lev Semenovich. Génesis de las funciones psíquicas superiores... 1995. p. 141.

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privilegiaria a história evolucionária da espécie humana, sendo assim, as ocorrências da dimensão ontogenética são parte de suas realizações.

Vigotski revela, em sua proposta analítica, preocupação em articular estas duas dimensões. Entretanto, possibilita-nos a interpretação da internalização como sendo construtora da consciência e constituinte das FPS, tanto nos aspectos do funcionamento cognitivo da individualidade do sujeito, quanto no desenvolvimento psicológico mais geral da humanidade.

Convém, talvez, ressaltar que o processo de internalização é de ordem social, e, como escreveu Vigotski, inclusive ao converte-se em FPS, segue sendo quase social14. Assim, ele não é uma reprodução do comportamento externo, ou melhor, do outro. O funcionamento interno permite diferentes formas de comportamentos, de acordo com o nível de desenvolvimento psíquico e social em que se encontra o sujeito. Isto significa que entre o plano individual e social não há homogeneização e passividade, e sim, tensões nas quais ambos planos portariam papel de ativo, implicando regulações mútuas no meio social.

Neste sentido, torna-se inexistente a possibilidade de sobreposição ou oposição entre os dois fenômenos. O que é internalizado do social passa assumir função interna orientando o próprio sujeito na interação com a realidade. Por ser FPS interna e orientada para si, muda a estrutura e morfologia do indivíduo que passa reciprocamente a transformar o meio social, a ponto de suas funções representativas se diferenciarem frente a outras ações e representações, provocando um tenso entrelaçamento.

A tensão elucida que a internalização não só torna o indivíduo mais social (socializando), mas, acima de tudo, vai tornando-o mais individualizado (processo de individuação) a partir das relações sociais vividas. A internalização/individuação é essa relação paradoxal, na qual o indivíduo constrói sua estrutura psíquica, sua personalidade e sua singularidade como os demais, ao se individualizar no interior do grupo/sociedade em que compõe.

Outro elemento relevante a se destacar no processo de internalização é o mecanismo de mediação semiótica que, como considera Pino15, explica a conversão do social em pessoal. A mediação semiótica16 está relacionada com os conteúdos cognitivos, articulados aos instrumentos e signos, que possibilitam a significação e a interação entre os indivíduos em uma relação.

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Ibid. p. 151. No original: “[...] incluso al convertirse en procesos psíquicos sigue siendo cusa-social”. 15

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Assim, a mediação semiótica, o simbólico e o espaço representacional, demarcam relações indiretas a partir de processos interativos. Esses processos criam significações culturais que são convertidas em entidade (signo) móvel e variável em função do contexto relacional, que, só tardiamente, são internalizadas e se transformam em meio de influência e regulação sobre si mesmo.

Conforme Pino, é a mediação semiótica que permite ao homem transformar, dar uma nova forma, uma nova significação à natureza, da qual ele é parte integrante. É a significação dos instrumentos e signos produzida na vida social, que se internaliza constituindo a estrutura psíquica do indivíduo.

Portanto, o que é internalizado das relações sociais não são as relações materiais mas a significação que elas têm para as pessoas. Significação que emerge na própria relação. Dizer que o que é internalizado é a significação dessas relações equivale a dizer que o que é internalizado é a significação que o outro da relação tem para o eu; o que, no movimento dialético da relação, dá ao eu as coordenadas para saber quem é ele, que posição social ocupa e o que se espera dele. Dito de outra forma, é pelo outro que o eu se constitui em um ser social com a sua subjetividade[...] Se o que internalizamos das relações sociais é a significação que o outro da relação tem para o eu, esta significação vem através desse mesmo outro. O outro passa a ser assim, ao mesmo tempo, objeto e agente do processo de internalização, ou seja, o que é internalizado e o mediador que possibilita a internalização. Esse pode ser o sentido de outra das afirmações de Vigotski: “eu me relaciono comigo mesmo como as pessoas se relacionam comigo”17. (Itálico do autor)

Na perspectiva vigotskiana, a significação é uma das qualidades da condição humana que distingue o homem de todos outros animais. Ainda diríamos, ao ser internalizada pelos indivíduos desde da tenra infância constituindo as FPS, ativa, em concomitância, a diferenciação (individuação) e integração dos próprios indivíduos na vida em sociedade.

Por fim, no texto ”Génesis de las funciones psíquicas superiores”, Vigotski se preocupou, entre outras coisas, em propor ao campo da Psicologia um modelo teórico-metodológico, no qual a concepção de indivíduo está inter-relacionada com a de grupo/sociedade humana. Assim, compreende a individualidade não como unidade fechada, absoluta, independente, estável, que representa um ‘papel homogêneo’, mas sim, interdependente com a 16

Encontra-se essa discussão, pelo menos, a função mediadora dos signos – em particular na relação entre signo verbal (linguagem) e pensamento. Detalhes, ver: VIGOTSKI, Lev Semenovich. Las raíces genéticas del pensamiento y el lenguaje. In: Obras Escogidas II Problemas de psicología general. Madrid: Visor. 1995.

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diversidade cultural, formando tanto as funções psicológicas quanto a trama social. Logo, Vigotski entende o indivíduo em construção, e não simplesmente como estrutura natural, mecânica e zoológica. Porém, Vigotski reconhece que ainda são necessárias muitas pesquisas a respeito do processo de internalização formador da consciência do ser humano, como podemos perceber quando declara:

reconhecemos a inevitável imperfeição deste primeiro passo que tentamos seguir. {é um passo que representa} um avanço na investigação acerca do pensamento e da linguagem e, ao assinalar a importância crucial para a psicologia humana, nos conduz a uma nova teoria psicológica da consciência. A esta última questão dedicaremos apenas breves palavras ao final do livro, interrompendo a investigação em seu umbral. (Vigotski, L.S. Prefácio, Obras Escogidas II, p.13)

COSIDERAÇÕES PRELIMIARES: APROXIMAÇÕES ETRE ELIAS E VIGOTSKI

Considerando a linguagem, o estilo de vida, o cenário histórico e outras peculiaridades que tornam Vigotski e Elias singulares e individualizados, e demarcam, o lócus de onde eles estão falando, procuraremos identificar onde poderia ser encontrada uma referência de análise convergente entre os dois corpus teóricos, para os estudos do indivíduo e do mundo do indivíduo. Um ponto convergente e relevante é a produção de signos sociais na construção da dupla condição humana. Signos e instrumentos – tais como gestos, vestuários, expressões faciais e inúmeros objetos – nada mais são, para os autores, do que uma atribuição de significado no social e corporificação de um padrão específico de emoções e de comportamentos que, ao mesmo tempo, diferenciam e agrupam os indivíduos em sociedade.

A dupla condição do homem, mediada pelos signos e instrumentos, torna-se possível através da dinâmica da complexa interdependência entre o mundo das relações sociais – no qual o indivíduo é produtor – e a formação da consciência do ser individualizado que desempenha múltiplos papéis em configurações não harmônicas.

Essa dinâmica, que é parte do processo da individualização/individuação, colabora com a formação do psiquismo humano, proporcionando este paradoxo: ser e dever ser, paixão e controle, risco e prazer etc. Pois, a significação dos signos e dos instrumentos desenvolve novos costumes, novos comportamentos e novas configurações, intensificando a regulação e o controle das emoções no plano individual no social.

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Desta forma, Elias e Vigotski (ainda que de maneira mais sistematizada), estão preocupados com as conseqüências desenvolvidas pelos elementos simbólicos na constituição da singularidade do indivíduo e na constituição do social/sociedade. Como podemos perceber quando utilizam conceitos como habitus, autocontrole e mediação semiótica para abordar a relação individual e social ou indivíduo e sociedade.

Ao elaborarem os conceitos de individualização e internalização (individuação), ambos autores preocuparam-se com o desenvolvimento da humanidade ou da espécie humana. Para isso, privilegiaram em suas análises o processo sóciogenético. Este processo é caracterizado como histórico, cultural, social, contínuo, dinâmico, evolutivo, regressivo e que depende, principalmente, do aspecto relacional e psicológico dos indivíduos e da estrutura das leis sócio-históricas produzidas em sociedade. Assim, estudaram e consideraram os processos evolutivos da humanidade na constituição do homem moderno, é claro, tendo em vista que cada geração tem suas especificidades e transformações.

Uma outra aproximação entre os dois autores é a idéia de individualidade. Ao construírem o conceito de processo de internalização (individuação) e individualização, a acepção de individualidade surge não como um ‘eu’ interior que é naturalmente forte, independente e separado da diversidade de pessoas, que os autores denominam de social/sociedade. Tanto para Vigotski, quanto para Elias, devemos pensar a individualidade em termos de ‘relação’ e ‘função’, sem elevarmos obstáculos intransponíveis à compreensão de fenômenos sociais e individuais.

Portanto, para estudarmos a individualidade humana através do processo de individualização/internalização, torna-se significativo escaparmos da dicotomia, individual-social ou indivíduo-sociedade, proposta pelos modelos teóricos apoiados na metafísica. Deste modo, indivíduo e sociedade (ou individual e social) são duas entidades diferentes, inseparáveis e mutuamente influenciáveis, que dão o tom da individualidade ao indivíduo desde seu nascimento. Então, a individualidade é processo, está em construção nas estruturas e nas relações sociais que proporcionam as representações que os indivíduos tem de si e do meio cultural onde vive.

Uma última aproximação, entre Vigotski e Elias, localiza-se no fato de transporem o ‘muro imaginário’ de suas áreas de interesse acadêmico, efetivando um verdadeiro cruzamento entre campos teóricos. Pois, Elias parte da sua preocupação com o campo da Sociologia, articulando este com o campo da Psicologia e da História, para elaborar seu paradigma sociológico. Já Vigotski, parte da sua preocupação com o campo da Psicologia, articulando este

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com o campo da Sociologia e da História, para construir seu modelo analítico psicológico. Cabe mencionar que, campos como o da Medicina, Filosofia e outros contribuíram com a formação intelectual ampla desses autores, e que, o cruzamento é de campos de conhecimentos, e não de específicas abordagens teórica-metodológicas internas destes campos.

Por fim, reconhecemos não termos encontrado e discutido todas as convergências, entre Elias e Vigotski, relativas a complexa análise da constituição da singularidade do ser humano em convívio social/sociedade. Sem dúvida as questões referenciadas sequer se fecham aqui, são apenas iniciais e passíveis de críticas e refutações. Mas temos a premissa que fica um convite e um desafio para novas investigações que queiram abordar o tema, as convergências e as divergências entre os pressupostos teóricos de Norbert Elias e Lev Semenovich Vigotski.

BIBLIOGRAFIA

• Educação & Sociedade: revista quadrimestral de Ciência da Educação – Vigotski – o Manuscrito de 1929: temas sobre a constituição cultural do homem. Campinas/SP: CEDES, nº 71, 2000.

• ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Tradução, Vera Ribeiro; revisão técnica e notas, Renato Janine Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed. 1994.

• ELIAS, Norbert. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.1994. v 1.

• ELIAS, Norbert. Introdução à sociologia. Edições 70. Lisboa: Pax, 1980.

• ELIAS, Norbert. orbert Elias por ele mesmo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2001.

• PINO, Angel. O social e o cultural na obra de Vigotski. In: Educação e Sociedade: revista quadrimestral de Ciência da Educação. Campinas/SP: CEDES, nº 71, 2000. p. 45-78.

• VIGOTSKI, Lev Semenovich. Génesis de las funciones psíquicas superiores. In: Obras Escogidas III Problemas del desarrolo de la psíque. Madrid: Visor, 1995. p. 139-168.

• VIGOTSKI, Lev Semenovich. Las raíces genéticas del pensamiento y el lenguaje. In: Obras Escogidas II Problemas de psicología general. Madrid: Visor. 1995.

Referências

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