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REFLEXÃO SOBRE CAPACITAÇÃO DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA.

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Academic year: 2021

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REFLEXÃO SOBRE CAPACITAÇÃO DA ENFERMAGEM NA “PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA”.

Marli Luiza Sella Siqueira

1

Laís Priscila Fagherazzi 2

Elizabeth Aparecida Souza³

INTRODUÇÃO: Cada vez mais se faz necessário reconhecer a importância da saúde reprodutiva dos adolescentes. Para Souza (2002), principalmente num país pobre como o Brasil, 21% da população é formada por adolescentes, e a gestação neste período, representa um grande desafio aos profissionais de saúde. A Organização Mundial da Saúde define “adolescência”, como a faixa etária entre 10 e 19 anos de idade e, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente “considera-se criança, para os efeitos da lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 1989). Conforme Ferreira et al. (2000), a adolescência pode ser definida a partir de diferentes critérios além do cronológico, o do desenvolvimento físico, sociológico, psicológico ou da combinação de vários destes, sendo marcado por diversos conflitos emocionais e a constante necessidade de auto-afirmação e absorção de valores sociais. Donos de um corpo e de uma mente ávida pelo viver se lançam nas mais diversas experiências, entre elas a do sexo desprotegido, apoiados no pensamento mágico de que “isso não vai acontecer comigo”, expondo-se ao risco da gravidez indesejada. Em relatório divulgado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no ano de 2000, do total de partos realizados em hospitais públicos no país, 27,56% foi de adolescentes (MONTEIRO FILHO, 2001). O estado do Paraná, em 2003 obteve um percentual de gravidez na adolescência de 20,83% do total de Nascidos Vivos e a 10ª Regional de Saúde (10ª R.S.) apresentou em 2001, 2002 e 2003, 1.Enfermeira, Especialista em Saúde Pública, SESA/ISEP/10ª Regional de Saúde – Cascavel/PR. Rua Jataí nº 50, Recanto Tropical – Cascavel Pr. Fone: (45) 3038-2982 jrsiqueira@terra.com.br

² Fisioterapeuta da Secretaria Municipal de Saúde, Cascavel/PAID. Especialista em Fisioterapia Respiratória.

³ Enfermeira especialista em Educação Profissional na Área da Saúde: Enfermagem, SESA/ ISEP/10ª Regional de Saúde e Docente da Universidade Paranaense/ UNIPAR - Campus Cascavel.

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respectivamente percentuais de 22,58%, 22,51% e 21,73%, ficando com uma média no triênio de 22,27% (SESA/ISEP/CIDS, 2003). A gravidez na adolescência traz significativas implicações biológicas, familiares, emocionais e econômicas, além das jurídico-sociais, que afetam o indivíduo isoladamente bem como a sociedade, limitando ou mesmo retardando as oportunidades de desenvolvimento e inserção desses jovens na sociedade (VITALLE; AMANCIO, 2001). A escolaridade e a qualificação profissional são fundamentais para a inserção dos jovens no mercado de trabalho hoje, tão escasso e competitivo, porém, a reincidência da gestação não programada ocorre aproximadamente em 40% das adolescentes que engravidam até três anos da primeira gestação (SOUZA, 2002). O autor refere ainda que, a ocorrência e a reincidência da gestação não programada em pleno processo de capacitação e formação profissional, conduzirá invariavelmente, à deserção escolar e ao subemprego, por necessidade de prover a nova família, mantendo assim o ciclo da pobreza. Os riscos para uma gravidez na adolescência podem estar relacionados a fatores como a condição econômica, educação existente, a falta de perspectivas na vida dos jovens, muitas vezes sem escola, saúde, cultura, lazer e emprego, representando a gravidez muitas vezes, uma maneira de modificarem seu status na vida. Para Whaley; Wong apud ANDRAUS et al. (2000), a gestação na adolescência é um problema multifacetado que requer a interdisciplinaridade, permitindo superar a fragmentação dos saberes e das ações profissionais. Portanto, a enfermagem em que pese os conceitos com os quais trabalha, necessita ser melhor instrumentalizada, para assumir assim seu compromisso social e político com esta população (FERREIRA et al., 2000). E desta forma, devemos pensar na qualificação dos profissionais de enfermagem, numa perspectiva voltada para uma educação emancipadora, dentro de um projeto voltado à formação destes, tornando-os, acima de tudo, disponíveis e capazes do “fazer humano”, do social e do político (GADOTTI, apud VASCONCELOS, 1996).

OBJETIVO: Contextualizar a temática da gravidez na adolescência objetivando promover uma reflexão sobre a necessidade de capacitação dos profissionais de enfermagem e a sua práxis, na promoção da saúde e prevenção da gravidez na adolescência na área de abrangência da 10ª Regional de Saúde.

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METODOLOGIA: O presente estudo teve por base os dados encontrados sobre gravidez na adolescência nos anos de 2001 a 2003 dos 25 municípios da 10ª R.S, situada na região Oeste do Estado do Paraná, com sede em Cascavel, com uma estimativa populacional de 481.402 habitantes, sendo que desta população, 98.505 são adolescentes (BRASIL, 2000). Os dados foram obtidos de tabelas contendo o número de nascidos vivos, óbitos maternos, coeficiente de mortalidade materna, tipo de parto e gravidez na adolescência, fornecidos pelo Departamento de Sistemas de Informação em Saúde, Sistema de Informações sobre Mortalidade/SIM e o Sistema de Informação de Nascidos Vivos/SINASC da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Paraná. Os mesmos foram ordenados, classificados e analisados de acordo com as informações relevantes para o estudo, sendo agrupados conforme afinidade do tema, estabelecendo a relação com o referencial teórico.

RESULTADOS: Do total de 25 municípios que compõe a 10ª Regional de Saúde, 68% (17 municípios), apresentaram médias percentuais de gravidez na adolescência no triênio 2001 a 2003, que variaram entre 22,33% a 28,07%, ficando acima do percentual de 20,83% obtido pelo Estado do Paraná no ano de 2003. Apenas 32% (8 municípios), apresentaram médias percentuais sobre gravidez na adolescência, igual ou abaixo do percentual obtido pelo estado no ano de 2003, variando entre 20,98% a 13,86%. O município que apresentou a média mais alta de nascidos Vivos de mães adolescentes no respectivo triênio foi o município de Boa Vista da Aparecida com 28,07%, ficando acima do percentual de 27,56% atingido pelo Brasil no ano de 2000, seguido pelos municípios de Ibema, com 27,99% e Guaraniaçú com 27,50% respectivamente. 48% dos municípios (12 municípios) da 10ª R.S. no ano de 2003 obtiveram percentuais de casos de gravidez na adolescência maiores que em 2002, variando entre 14,12% em a 33,33%. A oscilação de percentuais de um ano para o outro, que na maioria dos municípios encontra-se em processo ascendente, evidencia uma situação de risco em relação à gravidez na adolescência na 10ª Regional de Saúde.

CONCLUSÃO: Frente aos percentuais de gravidez na adolescência encontrados na 10ª Regional de Saúde, foi possível perceber a vulnerabilidade dos adolescentes em relação à sua saúde reprodutiva, tornando-se necessário qualificar profissionais que hoje desenvolvem ações junto à família e a comunidade, adaptáveis às demandas do mundo

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do trabalho. Profissionais que levem em conta o meio no qual o adolescente está inserido, estimulando a construção do conhecimento em vez do simples repasse do saber, desenvolvendo um trabalho ético incluindo as questões sócio-culturais, a elaboração de vivências cotidianas, refletindo sobre as alternativas de vida dos adolescentes, contribuindo assim para a promoção da saúde e pleno gozo da sua cidadania. A partir da formação de profissionais de enfermagem mais sensíveis e conscientes da realidade vivida pelos adolescentes, será possível estimular a promoção de comportamentos positivos de saúde entre os jovens e aqueles que interagem com eles, privilegiando o espaço do serviço de saúde enquanto um espaço de trabalho e educação. Dotar os profissionais de enfermagem destas informações sobre o meio onde atuam, significa dar-lhes autonomia, pensamento crítico, criativo e solidário no exercício de seu trabalho, dando-lhe condições de analisar e planejar ações, reconhecendo-se como um profissional competente, interagindo com os demais profissionais, construindo um ambiente social humanamente digno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANDRAUS et al. Gravidez e parto de adolescentes em maternidade pública. In: RAMOS, F.R.S, et al. Um encontro de enfermagem com o adolescente brasileiro. Brasília: ABEn/Governo Federal. 2000, p.105 – 110.

BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Censo populacional, 2000.

_____, Ministério da Saúde. OMS/FNUAP/UNICEF. Saúde reprodutiva de

adolescentes. Uma estratégia para Ação. 1989.

FERREIRA et al. Inserção da saúde do adolescente na formação do enfermeiro: uma

questão de cidadania. In: RAMOS, F.R.S, et al; Um encontro de enfermagem com o

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MONTEIRO FILHO, L. Gravidez na Adolescência. Fev. 2001, Rio de Janeiro. Disponível em:<http://www.abrapia.org.br/antigo/a_notícia_comentada> Acesso

em 06/03/05.

PARANÁ, Secretaria de estado da Saúde. Instituto de Saúde do Paraná. Centro de Informações e Diagnóstico em Saúde. Departamento de Sistemas de Informações em Saúde. Número de Nascidos Vivos, Óbitos Maternos, Coeficiente de Mortalidade Materna, Tipo de Parto e Gravidez na Adolescência. Curitiba, SESA/ISEP/CIDS, 2003.

SOUZA, I.F; Gravidez na adolescência: uma questão social.Nov.2002, vol.3, nº 2. VASCONCELOS, M. L. A formação do professor do terceiro grau. São Paulo: pioneira, 1996, p.32.

VITALLE, A. Gravidez na Adolescência. Set. 2001. Disponível em:

<http://www.brazilpednews.org.br/set2001/bnpar101.hm>. Acesso em 06/03/05.

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