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ANÁLISE POSTURAL E RISCO DE LER/DORT NA OPERAÇÃO DE ROÇADA COM MOTORROÇADORA

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ANÁLISE POSTURAL E RISCO DE LER/DORT NA OPERAÇÃO DE

ROÇADA COM MOTORROÇADORA

MANUELA RUCKL PEREIRA CRESTANI1; ALINE LISOT2; FELIPE MARTINS DE

OLIVEIRA3

RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar as posturas adotadas e os riscos de lesões por

esforços repetitivos (LER) e doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT) na atividade de roçada com motorroçadora. Para a coleta de dados, foram realizadas filmagens dos trabalhadores na execução da atividade em uma área na qual iria se implantar um plantio de Pinus taeda L. (Pinaceae). Foram observados 16 trabalhadores na execução de sua atividade, sendo filmados individualmente por duas horas seguidas. Para análise postural foi utilizado o método OWAS (Working Posture Analysis System) por meio do programa WinOwas®, e para a verificação de riscos de LER/DORT foi utilizado um checklist. Pode-se dizer que nas posturas típicas não foi identificada nenhuma que comprometesse o bem-estar físico do trabalhador. Todas as posturas típicas foram enquadradas na Categoria 1, não necessitando medidas corretivas. Com a aplicação do checklist, apesar de ser uma avaliação subjetiva, pode-se dizer que a realização da atividade de roçada com motorroçadora foi enquadrada com moderado risco de LER/DORT. De um modo geral, conclui-se que a atividade de roçada com motorroçadora, considerando os aspectos posturais e de riscos de LER/DORT, não oferecem demasiado risco à integridade física dos trabalhadores estudados.

PALAVRAS-CHAVE: ERGONOMIA, POSTURAS NO TRABALHO, SILVICULTURA. POSTURAL ANALYSIS AND RSI/MSDs RISK IN OPERATION OF MOWING

WITH BRUSHCUTTER

ABSTRACT: The objective of this study was to analyze the adopted postures and the risk of

repetitive strain injuries (RSI) and work-related musculoskeletal disorders (MSDs) in the activity of mowing with brushcutter. To collect data, workers were filmed performing the activity in an area which would receive a plantation of Pinus taeda L. (Pinaceae). 16 workers were observed in the execution of its activity, being filmed individually for two hours. For postural analysis we used OWAS method (Working Posture Analysis System) through WinOwas® software, and for the verification of the risk of RSI/MSDs we used a checklist. It can be said that in the typical postures we did not identified anyone that could compromise the physical welfare of the workers. All typical postures were classified in Category 1 and

1 Engenheira de Segurança no Trabalho e Engenheira Florestal, Universidade Estadual de Maringá – UEM. 2Professora Dra., Universidade Estadual de Maringá – UEM. Av. Colombo, 5790 Bloco C67 Campus

Universitário Sede CEP 87020-900 Maringá-PR

3 Doutorando em Ciências Florestais, Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, BR 153, Km 7 -

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does not require corrective action. With the implementation of the checklist, despite being a subjective assessment, it can be said that the activity of mowing with brushcutter was classified with moderate risk of RSI/MSDs. In general, we concluded that the mowing activity with brushcutter, considering postural aspects and risks of RSI / MSDs, do not offer too much risk to the physical integrity of the workers studied.

KEYWORDS: ERGONOMICS, POSTURES AT WORK, FORESTRY.

1 INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa, abordou-se a atividade de roçada com motorroçadora de forma a destacar a necessidade de dar importância à segurança dos trabalhadores na execução de seu trabalho. Dentro da análise ergonômica do trabalho é importante a realização de estudos que buscam o conhecimento da possível ocorrência de lombalgias nos trabalhadores, sendo normalmente causadas, de acordo com Fiedler (1998), pelas posturas inadequadas adotadas no levantamento e pela movimentação de cargas nas operações realizadas de forma contínua.

A roçada é uma operação silvicultural de grande importância dentro do processo produtivo, mostrando interferência direta na produtividade da floresta e nos parâmetros de qualidade da madeira. De acordo com Rodrigues et al. (2011), as operações de implantação de florestas se caracterizam pelo uso de mão-de-obra, sendo as atividades, em sua maioria, realizadas por métodos manuais ou semimecanizados, com os trabalhadores adotando posturas inadequadas e manipulando cargas acima do limite recomendado.

A maior dificuldade em avaliar e reajustar as posturas inadequadas está na identificação destas posturas. Normalmente, as avaliações são realizadas de forma subjetiva e com base nas queixas dos próprios trabalhadores. Desta forma, busca-se uma adequação somente quando o trabalhador já mostra lesões lombares, com comprometimento de sua saúde (SILVA, 2001).

Segundo a Associação Internacional de Ergonomia (IEA, 2000), a ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. Para Wisner (1994), a ergonomia pode contribuir para melhorar a satisfação e o bem-estar do trabalhador, propiciando melhor qualidade do trabalho, maiores produtividades e menores danos à saúde.

Dentro desta ótica, o objetivo deste estudo foi identificar e analisar as posturas adotadas pelos trabalhadores e realizar uma avaliação simplificada dos riscos por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) na execução da atividade de roçada semimecanizada de área destinada à implantação de um plantio de Pinus taeda L. (Pinaceae), visando à melhoria do conforto, saúde e segurança dos trabalhadores.

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Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE www.cescage.edu.br/publicacoes/scientiarural 11ª Ed./JAN-JUL/2015 ISSN 2178 - 3608 82 2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE

Este estudo foi desenvolvido nas atividades de roçada com motorroçadora, realizada em áreas de preparação para posterior implantação de um plantio de Pinus taedaL. (Pinaceae). Uma representação da motorroçadora pode ser vista na Figura 1.

Figura 1 - Representação da motorroçadeira utilizada neste estudo. Fonte: STIHL (2013).

O estudo foi realizado em áreas de uma empresa florestal localizada na região Sul do Brasil. O local de realização da pesquisa situa-se a uma altitude variando em torno dos 825 metros. Segundo a classificação climática de Köppen, o clima é de tipo Cfb (temperado). Apresenta verões amenos, invernos com ocorrências de geadas severas e frequentes, não apresentando estação seca.

Foi estudada a atividade de roçada, realizada pelo método semimecanizado. Ela foi realizada pelos trabalhadores com o uso de uma roçadeira, da marca Stihl, modelo FS 220, um dos mais comumente utilizados. A roçadeira, de acordo com seu manual (STIHL, 2013), possuía uma massa de 7,7 kg e comprimento de 1,85 m (ambos sem o conjunto de corte), capacidade do tanque de combustível de 0,58 litros (mistura de gasolina e óleo 2 tempos), motor com potência de 1,7 kW. O conjunto de corte acoplado foi composto por cabeçote e lâmina de três pontas 300 mm.

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Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE www.cescage.edu.br/publicacoes/scientiarural 11ª Ed./JAN-JUL/2015 ISSN 2178 - 3608 83 2.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Foram observados ao todo 16 trabalhadores, os quais já executavam a atividade há mais de seis meses. Todos os trabalhadores foram informados da natureza do trabalho e do anonimato com relação às suas identidades, por meio de um termo de consentimento.

Foram realizadas filmagens dos trabalhadores durante a execução da roçada, sendo que cada trabalhador foi observado por um período de 2 horas. A filmagem foi realizada com o intuito de diminuir possíveis erros de análise, visto que com os filmes em escritório, pode-se analisar com mais tranquilidade e acurácia, eliminando possíveis erros de campo. As características físicas médias dos trabalhadores podem ser observadas na Tabela 1.

Característica Valor médio

Idade (anos) 32

Altura (m) 1,65

Massa corpórea (Kg) 68,7

Tabela 1 - Características médias dos trabalhadores observados Fonte: Os autores.

Método utilizado na análise postural

A roçada é considerada uma atividade cíclica, onde cada trabalhador selecionado foi observado durante duas horas da sua jornada de trabalho. Sendo assim, a análise postural foi realizada por meio de filmagens dos trabalhadores na realização da roçada, permitindo a recomposição do ciclo de trabalho e, ao mesmo tempo, definindo as posturas típicas adotadas. Para a análise das posturas foi utilizado o programa computacional WinOWAS®, versão gratuita, sob domínio WinOWAS, da Tampere Universityof Technology, Occupational Safety Engineering (OWAS, 1990).

O software utiliza o termo “observações” para expressar o tempo consumido em cada postura, ou seja, quanto mais uma observação se repetiu, maior tempo o trabalhador permaneceu nessa postura. Estes apontamentos permitiram conhecer a postura típica em função do número de repetições e duração ao longo da jornada de trabalho.

Na aplicação pelo software foram classificados os valores mostrados no Quadro 1, relacionando-se com a forma em que se encontravam as costas, braços e pernas dos trabalhadores durante a execução das atividades.

Neste estudo foram analisadas as posturas típicas adotadas pelos trabalhadores nas atividades de forma geral. Depois de feitas as filmagens e observações em campo, o programa foi iniciado pelo menu “Observação”, e foram colocadas as seguintes informações:

a) Definição das fases do trabalho: dados referentes à definição das fases de trabalho (workphases) da atividade, conforme a sequência de posturas adotadas na execução da tarefa;

b) Definição da informação do estudo: informações referentes à área de estudo (nome da empresa, departamento, atividade estudada, observador, data e tempo e intervalo de tempo entre cada observação);

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d) Copiar para tabela: permitia copiar as informações para outros programas.

Costas (1) retas

(2) curvadas

(3) torcidas ou com curso lateral em curva

(4) curvadas e torcidas ou curvadas para frente e curso lateral Braços (1) os dois abaixo do nível dos ombros

(2) somente um dos braços erguido acima do nível dos ombros (3) ambos os braços erguidos acima do nível dos ombros Pernas (1) sentado, com as pernas abaixo do nível das nádegas

(2) em pé, com ambas as pernas esticadas

(3) em pé, com o peso em uma perna e a outra perna esticada (4) em pé, ou agachado, com ambos os joelhos flexionados (5) em pé, ou agachado com um dos joelhos dobrados (6) ajoelhado com um ou ambos os joelhos

(7) andando ou se movimentando

Peso (1) < 10 kgf

(2) > 10 kgf e < que 20 kgf (3) > 20 kgf

Quadro 1 - Composição dos códigos do método OWAS conforme a postura adotada. Fonte: Manual do Programa WinOWAS, 1990 (adaptado).

De posse das imagens e anotações dos trabalhadores nas diversas posturas típicas, foi selecionado o valor da posição dos membros superiores e inferiores, das costas e da carga nas fases de trabalho, além do intervalo de tempo de cada observação. Ao final das análises, foi possível verificar os pontos críticos e classificar as posturas nas seguintes categorias de ações:

 Categoria 1: Postura normal, não sendo exigida nenhuma medida corretiva.;

 Categoria 2: Postura que deve ser verificada na próxima revisão dos métodos de trabalho;

 Categoria 3: Postura prejudicial à saúde, devendo ser tomadas medidas para mudar a postura o mais breve possível;

 Categoria 4: Postura extremamente prejudicial à saúde, devendo ser tomadas medidas corretivas imediatamente.

2.3 MÉTODO UTILIZADO PARA IDENTIFICAÇÃO DE LER/DORT

As mesmas filmagens utilizadas na análise postural puderam ser realizadas na aplicação do checklist de Couto (1995), para verificação de possíveis riscos de LER/DORT. Deve-se salientar que o checklist é um instrumento subjetivo e simplificado para constatação

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dos riscos de tenossinovites e lesões por traumas cumulativos de membros superiores relacionados ao trabalho. Ele permite a rápida identificação de condições propícias ao aparecimento de LER/DORT e é composto por várias perguntas e respostas, as quais seguem os seguintes critérios de análise: sobrecarga física, força com as mãos, postura no trabalho, posto de trabalho, repetitividade e organização do trabalho e ferramenta de trabalho.

As respostas de ocasiões sem riscos correspondem a um ponto, enquanto as que oferecem riscos, correspondem à pontuação zero. Para interpretação e análise dos resultados foram somados todos os pontos do questionário, com a atividade classificada de acordo com a soma dos pontos, da seguinte forma (Quadro 2):

Classificação Resultado

Acima de 22 pontos Baixíssimo risco de LER/DORT Entre 19 e 22 pintos Baixo risco de LER/DORT Entre 15 e 18 pontos Risco moderado de LER/DORT Entre 11 e 14 pontos Alto risco de LER/DORT Abaixo de 11 pontos Altíssimo risco de LER/DORT

Quadro 2 – Classificação de risco utilizada neste estudo.

Fonte: Os autores.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 POSTURAS

A disposição das posturas em categorias de ação permite o desenvolvimento de novos métodos de trabalho e a adoção de medidas preventivas, evitando, principalmente, o risco de lombalgias e problemas posturais futuros aos trabalhadores (OLIVEIRA, 2011). Os resultados da análise das posturas adotadas pelos trabalhadores nas atividades são apresentados de forma geral e por fase.

As representações das posturas típicas adotadas pelos trabalhadores na execução da atividade em relação às costas, braços e pernas, a carga suportada, o código de classificação correspondente a cada fase e a classificação de acordo com as categorias de ação são mostrados no Quadro 3. Postura 1 (25% do tempo) Postura 2 (47% do tempo) Postura 3 (22% do tempo)

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lado direito do trabalhador. trabalhador. Esta postura foi a mais frequente, pois foi

registrada tanto em sequência da postura 1 como da 3.

lado esquerdo do trabalhador. Como a ferramenta é acoplada ao lado direito, esta postura é a mais difícil de ser manter, e a menos frequente.

Resultados do teste

Costas Braços Pernas Carga Costas Braços Pernas Carga Costas Braços Pernas Carga

1 1 7 1 1 1 7 1 3 1 7 1

Categoria 1 Categoria 1 Categoria 1

Não são necessárias medidas corretivas.

Não são necessárias medidas corretivas.

Não são necessárias medidas corretivas.

Quadro 3 – Posturas típicas identificadas e respectivas categorias de ação.

Fonte: Os autores.

A pouca variabilidade de posturas adotadas pelos trabalhadores indicou que as posturas se repetem ao longo da jornada de trabalho, diferindo apenas na duração do tempo. Na Postura 1 não foi necessária nenhuma medida corretiva, com a atividade considerada como aceitável. Na Postura 2, também não há medidas corretivas a serem tomadas. A adoção de um trabalho com a coluna ereta é de grande importância para a saúde postural do trabalhador. No caso da roçada com motorroçadeira, esta postura pode ser adequadamente mantida, sem prejuízo da atividade.

Como pode ser observado na Postura 3, há uma mudança em relação a coluna, a qual permanece torcida. De um modo geral, como braços, pernas e carga se mantém aceitáveis, o software WinOwas® continuou a enquadrar a Postura 3 na Categoria 1, sem ser necessárias medidas corretivas. Também a incidência desta postura foi menor, abrangendo 22% do tempo de observação. É importante observar, ainda, que a ocorrência desta postura se dá pela necessidade dos movimentos para a realização da roçada com a máquina, não se caracterizando como uma postura rotineira.

De um modo geral, em todas as três posturas, os braços ficaram sempre abaixo do nível dos ombros, colaborando para o menor desgaste do trabalhador, enquadrando-os na categoria 1, sem a necessidade de medidas corretivas, enquanto as pernas ficaram na categoria 2, pois os trabalhadores estiveram sempre em deslocamento.

3.2 RISCO DE LER/DORT

Com base nos os resultados obtidos com o checklist, a atividade de roçada com motorroçadeira apresentou risco moderado de LER/DORT, com dezoito pontos (Tabela 2).

Atividade Pontuação Obtida com o

CheckList Classificação do Risco

Roçada semimecanizada 18 Risco moderado de LER/DORT

Tabela 2 - Classificação da atividade de acordo com a pontuação obtida no checklist.

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De acordo com Maciel (2000), há algumas condições de sobrecarga dos membros superiores no trabalho que podem originar o surgimento de LER/DORT, como, por exemplo, alta repetitividade dos movimentos, posturas inadequadas, exigência de força física com os membros superiores, vibração, estresse, dentre outras. Estas situações, segundo Oliveira (2011), podem ser observadas, frequentemente, na atividade de roçada semimecanizada em plantios florestais, que é realizada, muitas vezes, com condições ambientais adversas, demandando elevado esforço físico e com os trabalhadores adotando posturas inadequadas. As pontuações obtidas na execução das atividades de roçada, conforme os critérios causadores de riscos de LER/DORT podem ser vistas na Tabela 3.

Ao se observar o item "força com as mãos", não é possível notar situações desfavoráveis. Isto ocorre porque a roçadeira é suspensa por uma cinta presa no tronco do trabalhador, permitindo melhor distribuição do peso, sendo as mãos utilizadas somente para direcionar o equipamento. Na análise do critério referente à postura no trabalho, os resultados mostram a ocorrência de apenas uma situação desfavorável, correspondente ao esforço estático do ombro na realização do trabalho.

Critério Quantidade de itens avaliados Roçada Semimecanizada

Positiva Negativa

Sobrecarga física 5 2 3

Força com as mãos 4 4 0

Postura no trabalho 7 6 1

Posto de trabalho 2 1 1

Repetitividade 5 4 1

Ferramenta de trabalho 2 1 1

Total 25 18 7

Tabela 3 - Pontuações das atividades de roçada semimecanizada.

Fonte: Os autores.

Com relação ao posto de trabalho, o método mostra contração muscular para estabilizar uma parte do corpo enquanto outra parte executa o trabalho. Isto é considerado como agravante para o checklist, mas para a atividade é considerada como normal, como parte da operação. Em relação ao critério repetitividade, observaram-se na atividade movimentos repetitivos, sendo que esta condição pode provocar o desenvolvimento de doenças ocupacionais.

Na análise da ferramenta de trabalho, observa-se que o equipamento possui dois pontos positivos: o cabo não é muito fino e nem muito grosso e permite boa estabilidade de pega, e sua manopla é revestida por material emborrachado. Como ponto negativo, o peso é maior que 1 Kg, porém a roçadeira possui um apoio que a sustenta no tronco do trabalhador. Por fim, deve-se observar que os pontos negativos observados na roçada com motorroçadeira podem contribuir para o aparecimento e agravamento de LER/DORT, precisando advertir tanto o empregador como os trabalhadores sobre o maior peso e a vibração causada pelo equipamento.

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Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE www.cescage.edu.br/publicacoes/scientiarural 11ª Ed./JAN-JUL/2015 ISSN 2178 - 3608 88 4 CONCLUSÃO

Observando as posturas típicas identificadas na atividade de roçada com motorroçadeira, não foi identificada alguma que comprometesse o bem-estar físico do trabalhador. Apenas a coluna torcida foi observada em uma das posturas típicas, porém, devido a todos os membros não apresentarem situações desfavoráveis em nenhum outro momento, todas as posturas típicas foram enquadradas na Categoria 1, não necessitando medidas corretivas. Apesar de o software ter acusado um resultado bom, è necessário dar atenção à postura que faz o trabalhador torcer a coluna, pois ela demandou 22% do tempo efetivo.

Pela aplicação do checklist, apesar de ser uma avaliação subjetiva, conclui-se que a realização da atividade de roçada com motorroçadeira foi enquadrada com moderado risco de LER/DORT. Mesmo não sendo de alto risco, deve-se atentar para a forma como está sendo executada a atividade, evitando o máximo possível o surgimento de LER/DORT.

De um modo geral, conclui-se que a atividade de roçada com motorroçadeira, considerando os aspectos posturais e de riscos de LER/DORT, não oferece demasiado risco à integridade física dos trabalhadores.

REFERÊNCIAS

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RODRIGUES, C. K.; LOPES, E. S. ; BRITTO, P. C. ; OLIVEIRA, F. M. . Avaliação de risco de LER/DORT nas atividades de roçada manual e semimecanizada em povoamentos florestais. In: I Congresso de Ciência e Tecnologia da UTFPR - Campus Dois Vizinhos, 2011, Dois vizinhos, PR. Anais...

SILVA, W.G. Análise ergonômica do posto de trabalho do armador de ferro da

construção civil. 2001. 100p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -

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