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FATORES QUE INFLUENCIAM NA VALORIZAÇÃO DO NUTRICIONISTA ATUANTE NA ÁREA DA ALIMENTAÇÃO COLETIVA EM CUIABÁ, MT

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FACULDADE DE NUTRIÇÃO

FATORES QUE INFLUENCIAM NA VALORIZAÇÃO DO

NUTRICIONISTA ATUANTE NA ÁREA DA ALIMENTAÇÃO

COLETIVA EM CUIABÁ, MT

BRUNA ALMEIDA SIQUEIRA DE FARIA

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FACULDADE DE NUTRIÇÃO

FATORES QUE INFLUENCIAM NA VALORIZAÇÃO DO

NUTRICIONISTA ATUANTE NA ÁREA DA ALIMENTAÇÃO

COLETIVA EM CUIABÁ, MT

BRUNA ALMEIDA SIQUEIRA DE FARIA

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Bacharel em Nutrição, sob orientação da professora: Patrícia Simone Nogueira

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Agradeço unicamente a Deus. A Deus por ter me dado de presente a família maravilhosa que tenho; em especial meu Pai, Kleber e minha Mãe, Maria Amélia. Os gigantes que me carregaram nos ombros até aqui, não só financeiramente, mas sonhando os meus sonhos e acreditando no meu potencial. Muito obrigada Pai e Mãe. Agradeço a Deus pelo irmãozinho incrível que Ele me deu, o meu Juninho, por todas as músicas tocadas no seu violão e por todo o companheirismo nos momentos difíceis. Obrigada Juninho.

Agradeço ao Senhor também por todos os que, mesmo distante, sempre torcem por mim. Obrigada Flavinha, Tia Ciça, Dida, Nathalia, Raquel, Ivana, Rosí e todas as minhas amigas e amigos. E agradecer ainda, em especial a minha querida amiga que essa universidade me deu, obrigada Dandára (Dands), por cada momento que passamos juntas todos esses anos. E por fim, aos grandes mestres que tive ao longo desses sete anos, em especial a querida e marcante professora Cilce Helena; um grande exemplo de profissional; a professora Nauale Fares por toda a compreensão e carinho; a professora Patrícia Nogueira por toda a paciência e conhecimento compartilhado e a minha querida Preceptora de estágio Sarah Heitz, por ter me ajudado a entender a importância do nutricionista na sociedade.

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“A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer

realidades que não se vêem” (Hb 11, 1).

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1. INTRODUÇÃO ... 7

2. OBJETIVOS ... 9

2.1OBJETIVO GERAL ... 9

2.2OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 9

3. REVISÃO DE LITERATURA ... 10

3.1RELAÇÃO HOMEM E TRABALHO ... 10

3.2SURGIMENTO DA PROFISSÃO NUTRICIONISTA ... 13

3.3ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NUTRICIONISTA ... 14

3.4A ÁREA DA ALIMENTAÇÃO COLETIVA ... 15

4. MATERIAL E MÉTODOS ... 17

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 19

5.1CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E DE FORMAÇÃO ... 19

5.2 CATEGORIA DE ESTUDO CONDIÇÕES DE TRABALHO DO NUTRICIONISTA... 20

5.3 CATEGORIA DE ESTUDO CLASSE PROFISSIONAL NUTRICIONISTA ... 23

5.4 CATEGORIA DE ESTUDO REALIZAÇÃO PROFISSIONAL ... 26

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 29

REFERÊNCIAS ... 31

APÊNDICES ... 35

APÊNDICE A-TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 35

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RESUMO

O intuito desse estudo foi identificar os fatores que influenciam na valorização dos nutricionistas atuantes na área da alimentação coletiva (AC) na cidade de Cuiabá, Mato Grosso. Foram convidados 03 nutricionistas que desenvolvem atividades na AC, uma funcionária no setor público, duas no setor privado, sendo uma empresária. Para coleta de dados utilizou-se a técnica da entrevista com um roteiro semiestruturado. Para análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise Temática do Conteúdo. Foram estabelecidas três categorias de estudo referentes: as condições de trabalho, a classe profissional nutricionista e a realização profissional. Constatou-se que a nutricionista atuante no setor público foi a única entrevistada a considerar suas condições de trabalho desfavoráveis e remuneração insatisfatória. Todas as entrevistadas se consideram respeitadas pelos membros da equipe e capazes de manter um bom relacionamento interpessoal. Quanto a classe profissional, as nutricionistas relataram que a classe profissional não é unida e a área da AC é considerada com menor “status social” que as demais áreas de atuação do nutricionista, e indicaram ainda a insatisfação quanto a inatividade do sindicato. Com relação a realização profissional, somente a nutricionista atuante no setor público declarou ter o desejo de cursar mais uma graduação. Porém, nenhuma das entrevistadas expõem o desejo de abandonar a área. Esse estudo identificou que as entrevistadas se sentem valorizadas profissionalmente, apesar de existirem alguns desafios. Este e outros estudos nessa área colaboram para o fortalecimento da classe profissional e da prática do nutricionista.

PALAVRAS-CHAVE: valorização profissional; nutricionista; alimentação coletiva.

ABSTRACT

The purpose of this study was to identify the factors that influence the valuation of nutritionists working in the area of collective nutrition (CA) in the city of Cuiabá, Mato Grosso. We invited 03 nutritionists who develop activities in the CA, one employee in the public sector, two in the private sector, being a business woman. For data collection, the interview technique was used with a semi-structured script. To analyze the data, the Thematic Content Analysis technique was used. Three categories of study were established: work conditions, professional nutritionist class and professional achievement. It was found that the nutritionist working in the public sector was the only one interviewed to consider her unfavorable working conditions and unsatisfactory remuneration. All interviewees consider themselves respected by team members and able to maintain a good interpersonal relationship. As for the professional class, the nutritionists reported that the professional class is not united and the area of the AC is considered with less "social status" than the other areas of action of the nutritionist, and also indicated the dissatisfaction about the inaction of the union. With regard to professional achievement, only the nutritionist working in the public sector stated that she had the desire to attend another graduation. However, none of the interviewees exposed the desire to leave the area. This study identified that the interviewees feel valued professionally, although there are some challenges. This and other studies in this area collaborate to strengthen the professional class and practice of the nutritionist.

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1. INTRODUÇÃO

No último século, foram realizados estudos voltados para entender a complexidade das relações humanas em vários ambientes, inclusive no ambiente de trabalho. Pois, dentre todos os aspectos da existência, poucos são tão relevantes como o trabalho e a família (AKUTSU, 2009).

Na grande maioria das famílias, a rotina é adaptada as exigências do trabalho; porém, é necessário refletir acerca do que têm sido considerado trabalho e seus reflexos na vida do homem. É preciso que se tenha uma ideia de trabalho que educa, desenvolve competências e transforma a realidade social e não somente vê-lo como uma atividade que compra a “força de trabalho” dos indivíduos (MARX, 19801 apud FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS, 2009).

Porém, infelizmente muitos empregadores e empregados tem uma percepção do trabalho como algo doloroso e necessário somente para “manter financeiramente” a existência. Isso gera a perda de sentido e impossibilita que o trabalhador se mantenha motivado, satisfeito e realizado na atividade que executa diariamente (KANAANE, 1999; AKUTSU, 2009; BARRETO et al., 2016).

Muitos são os sujeitos envolvidos nesse contexto chamado trabalho, e todos eles possuem uma longa história de batalhas e vitórias para então conquistarem o espaço, profissão, que se encontram hoje. Esse “caminho” para conquistar o reconhecimento como profissão pode ser entendido como um processo: o processo de profissionalização. É de extrema importância que os integrantes de uma classe profissional conheçam e compreendam esse processo, pois ele remonta uma série de transformações históricas e explica várias situações vivenciadas pela classe (BOSI, 1996; ANGELIN, 2010).

Uma das profissões que integra o “mundo do trabalho” é a de Nutricionista. A profissão emergiu na América Latina a pouco mais de 70 anos graças aos esforços de diversos estudiosos, principalmente do médico argentino Pedro Escudero. Sendo regulamentada no Brasil pela Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991, e têm suas atribuições e áreas de atuação definidas pela Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas nº 380/2005 (VASCONCELOS; CALADO, 2011). A profissão de nutricionista enfrentou uma série de dilemas em sua gênese, desde uma

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base cognitiva que deixava a desejar, até a dificuldade de inserção da mulher no mercado de trabalho; pois, inicialmente o curso foi divulgado como ideal para moças (BOSI, 1996).

Atualmente, têm-se como uma das maiores áreas de atuação do Nutricionista a Alimentação Coletiva. Essa área tem tido uma grande expansão no mercado, principalmente por conta dos serviços de terceirização e das intensas inovações tecnológicas. Porém, ainda existem diversas situações que são colocadas como dificultosas para o cumprimento das atividades laborais do nutricionista, tais como: condições físicas de trabalho desfavoráveis, equipe desmotivada e falta de valorização do profissional (BERTIN, 2005; ABREU; SPINELLI; SOUZA, 2016; COLARES; FREITAS, 2007; BARRETO et al., 2016).

De acordo com o estudo de DALLA-LANA (2010) 77% dos egressos do curso de nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estão parcialmente satisfeitos com a profissão e 8% estão insatisfeitos, dentre os principais motivos são citados: baixa remuneração, carga horária elevada, área de atuação não pretendida, relações interpessoais conflituosas, funções incoerentes com as atribuições de nutricionista e falta de valorização profissional.

Diante das situações expostas, percebe-se a relevância de serem realizados estudos que tenham como foco a valorização do profissional Nutricionista. Dessa forma, esse estudo tem como objetivo identificar os fatores que influenciam na valorização profissional de nutricionistas atuantes na área da alimentação coletiva na cidade de Cuiabá, MT.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar os fatores que influenciam na valorização profissional de nutricionistas atuantes na área da alimentação coletiva em Cuiabá, MT.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conhecer a atuação do nutricionista no mercado de trabalho e sua satisfação quanto a remuneração pelo seu trabalho.

Identificar se as atividades desenvolvidas pelos profissionais nutricionistas estão de acordo com as atribuições estabelecidas pela Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas nº 380/2005.

Identificar os principais determinantes para a realização profissional dos nutricionistas estudados.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 RELAÇÃO HOMEM E TRABALHO

Ao longo da história, muitos fatores têm influenciado o desenvolvimento dos seres humanos, porém, poucos exercem tamanha influência sobre a qualidade de vida, saúde, realização e motivação dos seres humanos como o “trabalho” e a família. Existem relatos da influência do trabalho na vida dos homens desde o período Paleolítico, em que estes eram nômades, caçadores e coletores, até a atual configuração capitalista que acompanha a sociedade ocidental (AKUTSU, 2009; CHIAVENATO, 2014).

A palavra “trabalho” é originada do latim tripaliare, representada por um instrumento de tortura que servia para manter presos animais difíceis de serem domados; justificativa da origem da conotação negativa do trabalho e a vinculação do mesmo ao sofrimento e penúria (ARANHA; MARTINS, 19932 apud BERTIN, 2005). AKUTSU (2009) defende que o trabalho

deve ser visto como atividades essenciais para desenvolver as capacidades psíquicas, auxiliar na construção de uma rotina, propiciar ao indivíduo o contato social e definir status pessoal e identidade.

No bojo dessa discussão, é imprescindível resgatar que o trabalho reflete uma série de tradições histórico-filosófico-religiosas que influenciam a vida dos indivíduos e modelam suas relações sociais, características econômicas, condições de saúde, dentre outras. Durante vários séculos, as pessoas foram vítimas de exploração do trabalho, expostas a condições subumanas de vida, longas jornadas de trabalho, ausência de direitos trabalhistas e ainda alienação intelectual (KANNANE, 1999; BERTIN, 2005; CHIAVENATO, 2014).

Os reflexos deste contexto de alienação são percebidos até os dias atuais, pois muitos cidadãos passaram a enxergar somente aspectos negativos no trabalho, colocando-se na situação de apenas “vender sua força de trabalho” e não desenvolver todas as suas potencialidades. Esta visão deturpa o caráter formativo e o princípio educativo existente no trabalho (MARX, 1980 apud FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS, 2009).

2ARANHA, M.L DE A; MARTINS, M.H.P. Filosofando – Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna; 1993. 395p.

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Na história da sociedade brasileira, esta visão educativa do trabalho foi por diversas vezes deixada de lado ou restrita a algumas classes sociais. A formação “literária” baseada na problematização, reflexão e criatividade dos profissionais foi reservada as “elites”, enquanto o tecnicismo e a educação politécnica foi amplamente incentivada nas classes operárias (MANACORDA, 2007).

Fato que dificulta a reflexão crítica do homem acerca da importância social do seu trabalho e reduz o entendimento do que é o trabalho; logo, este é visto simplesmente como um meio de adquirir recursos financeiros para a sobrevivência. Dessa maneira o indivíduo não é capaz de encontrar um sentido, um motivo útil e legítimo para desenvolver tais atividades e o trabalho passa a ser uma fonte de desprazer e tensão (ANTUNES, 1999).

A partir dessa perda de sentido do trabalho fica cada vez mais difícil encontrar motivação, satisfação, realização profissional e até mesmo significado para a existência, sem contar que o indivíduo deixa de entender qual é o objetivo daquela atividade laboral e dessa forma não encontra importância em seu desenvolvimento. É muito complexo, e demandam muitas pesquisas específicas, para entender o significado que cada um atribui ao trabalho e também a inserção social propiciada por ele. Porém, sabe-se que dentre muitas variáveis que podem ser consideradas como essenciais para compreender essa dinâmica, destaca-se a valorização do profissional em seu ambiente de trabalho (ANTUNES, 1999; KANAANE, 1999; AKUTSU, 2009; BARRETO et al., 2016).

De acordo com PEREIRA, DEL PRETTE, PEREIRA DEL PRETE (2008), pode-se definir valorização profissional como um “indicativo de possibilidade de desenvolvimento da capacidade para o trabalho, proporcionando oportunidades e reconhecimento profissional”. A valorização profissional pode ser considerada como um tema diretamente relacionado ao papel social que o indivíduo e a sociedade atribuem ao desenvolvimento de determinada atividade laboral, sendo observada por meio de modelos de comportamento e responsabilidades atribuídas (MINAYO, 2013).

Vários são os sujeitos e as situações que influenciam na valorização profissional e o entendimento de cada uma delas é complexo. Podem ser citadas como características desse processo de valorização: os valores, expectativas, normas e convenções estabelecidos por cada indivíduo ou grupo, antes de adentrar na profissão; a identidade profissional construída pela categoria ao longo dos anos, pois esta pode ser decisiva quanto ao modo de agir e pensar dos indivíduos; e a maneira como são percebidos pela sociedade e pelas instituições (AKUTSU, 2009; MINAYO, 2013)

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Deve-se destacar que a valorização profissional se relaciona com aspectos tangíveis como a remuneração e as condições de trabalho e aspectos subjetivos, como respeito, confiança, sentimento de satisfação, prazer no ambiente de trabalho, orgulho de fazer algo importante para si e para a sociedade (MINAYO, 2013).

AKUTSU (2009) acrescenta que a valorização profissional está diretamente relacionada a outras variáveis como, reconhecimento pessoal, autonomia no trabalho, suporte ambiental, recursos financeiros e ainda orgulho de pertencer à categoria profissional.

Para o entendimento de cada uma dessas variáveis é necessário que sejam articulados saberes de várias áreas de conhecimento. Especificamente quando se trata de categoria profissional precisamos recorrer a Sociologia das Profissões para a construção de um debate teórico (ANGELIN, 2010).

WILENSKY3 (1970 apud BOSI, 1996) discorre acerca da necessidade de entender a formação de uma profissão como um processo, o qual pode ser chamado de “profissionalização”. Nesse processo de profissionalização muitas são as variáveis existentes, dentre elas podem ser elencadas como etapas típicas: dedicação integral, criação de escolas de treinamento, surgimento de associações profissionais, regulamentação profissional e adoção de código de ética. Porém, tais etapas são consideradas pelo autor como um caminho ideal que muitas vezes não é o real.

Frente a tais colocações, FREIDSON4 (1996 apud ANGELIN, 2010) destaca dois pontos principais nesse processo de profissionalização, o corpo básico do conhecimento e o ideal de serviço. O conhecimento é colocado como um critério de distinção fundamental para o surgimento de uma profissão, pois quanto mais “esotérico”, restrito e fácil de ser transformado em serviço, maior é a probabilidade de monopólio de mercado, autonomia e respeito da sociedade.

Porém, é importante destacar que além do domínio teórico é essencial para a profissionalização, a organização do grupo que o executa em associações e sindicatos para garantia da conquista do monopólio. Pois, somente dessa forma é possível ganhar a acirrada disputa existente na área do conhecimento e obter status para a categoria (BOSI, 1996; ANGELIN, 2010).

3 WILENSKY, H.L. The Professionalization of Everyone. New York: The Free Press, 1970.

4 FREIDSON, E. La profesión médica: um estudo de sociologia del conocimento aplicada. Barcelona: Península, 1978.

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3.2 SURGIMENTO DA PROFISSÃO NUTRICIONISTA

Apesar da alimentação ser um dos mais antigos, primordiais e vitais hábitos do ser humano, ela passou a ser considerado como ciência, objeto de estudo e uma ação que possui um grande envolvimento social há menos de um século. Tal relevância foi percebida primeiramente por uma classe de médicos, denominados nutrólogos; a qual se subdividiu em duas vertentes, dando origem as primeiras áreas da nutrição. Uma das vertentes preconizava a utilização do alimento como tratamento, observava os aspectos clínico-fisiológicos; enquanto a segunda tinha uma perspectiva social “era voltada para o coletivo, a população, a sociedade e a disponibilidade de alimentos” (VASCONCELOS, 2002; VASCONCELOS; CALADO, 2011).

Durante esse período de emergência da ciência da nutrição, vários estudiosos se destacaram. Na América Latina pode-se citar como maior destaque o médico argentino Pedro Escudero, por ter sido o fundador das primeiras instituições que se dedicaram ao ensino da nutrição e por ter concedido bolsas de estudo nestas instituições, tais bolsas possibilitaram a capacitação de vários brasileiros (VASCONCELOS, 2002; MOTTA; OLIVEIRA; BOOG, 2003).

No Brasil, a profissão nutricionista possui pouco mais de 70 anos. O primeiro passo foi dado em 1939, quando foram criados os cursos técnicos de nível médio, que formavam profissionais com a denominação de dietistas. Somente em 19 de outubro de 1962, o Ministério da Educação estabeleceu que os cursos formavam profissionais que deveriam ser considerados como de nível superior; estabeleceu a duração do curso, três anos, e determinou o primeiro currículo mínimo (VASCONCELOS, 2002; VASCONCELOS; CALADO, 2011).

Um marco importante para a evolução do número de cursos de graduação em nutrição no Brasil ocorreu na década de 70, com a instituição do II Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (II PRONAN), vinculado ao Ministério da Saúde, esse programa estimulava a formação de novos profissionais aptos a trabalharem na área de alimentação e nutrição (MOTTA; OLIVEIRA; BOOG, 2003; VASCONCELOS; CALADO, 2011).

Outro fato que contribuiu para o aumento do número de cursos foi a expansão da oferta em instituições privadas, as quais do período de janeiro de 1997 a agosto de 2009, criaram 324 novos cursos. Um dos fatores que contribuiu para esse expressivo aumento foi a instituição da Lei de Diretrizes de Bases (LDB) que foi promulgada no ano de 1996, pelo Ministério da Educação (VASCONCELOS; CALADO, 2011). No entanto, também é preciso observar que após os anos de 1990 houve a intensificação do processo neoliberal, que imprimiu a política do

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Estado mínimo. Nessa perspectiva, ampliou-se vagas e cursos em instituições de ensino superior de caráter privado (NOGUEIRA, 2012).

A regularização da profissão ocorreu por meio da Lei nº 5.276, que foi revogada pela Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991, a qual regulamenta a profissão de nutricionista e determina outras providências e ainda está em vigor. Fato histórico que também é relevante no surgimento da profissão foi a criação dos Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas, pela Lei nº 6.583, de 20 de outubro de 1978. Tais órgãos “têm a finalidade de fiscalizar o exercício da profissão, organizar, disciplinar, desenvolver a categoria e lutar pelos seus interesses” (VASCONCELOS; CALADO, 2011).

VASCONCELOS (2002) expõem que após o reconhecimento da profissão como de nível superior, o estabelecimento de um currículo mínimo obrigatório foi de suma importância. Porém, com a intensa mudança do perfil epidemiológico e socioeconômico da sociedade brasileira tornou-se necessária uma atualização do currículo mínimo para os cursos da área da saúde. E as atuais diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em nutrição foram estabelecidas pelo Ministério da Educação por meio da Resolução do Conselho Nacional de Educação/Conselho de Educação Superior (CNE/CES) nº 5, de 7 de novembro de 2001 (VASCONCELOS, 2002; SOARES; AGUIAR, 2010).

No estado de Mato Grosso, o curso de graduação em nutrição foi primeiramente implantado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no campus da capital, Cuiabá em 1978. A princípio, foi criado o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde onde estavam instaladas as Faculdades de Ciências Médicas e a Faculdade de Enfermagem e Nutrição. Por meio da Resolução do Conselho Diretor da Universidade Federal de Mato Grosso nº 50, de 31 de maio de 2004, foi criada a Faculdade de Nutrição (UFMT, 2010).

Após vários debates em âmbito nacional e local, o curso de nutrição da UFMT teve uma reestruturação da sua matriz curricular, sendo implantado, em 2011, um novo projeto político pedagógico e com um novo perfil de egresso; o qual estabelece que o nutricionista é um profissional com formação voltada para o Sistema Único de Saúde (SUS) e capaz de visualizar o homem em toda a extensão de sua integralidade (UFMT, 2010).

3.3 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NUTRICIONISTA

O nutricionista é um profissional da área da saúde, com formação generalista, humanística, sensível e crítica frente a realidade social; capaz de atuar em todas as áreas de conhecimento em que a alimentação e nutrição possam contribuir com a promoção, manutenção

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e recuperação da saúde; bem como para a prevenção de doenças, por meio de atividades individuais ou com grupos populacionais tendo como enfoque as redes que integram o SUS (CFN, 2005; UFMT, 2010).

De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) nº 380/2005 são consideradas áreas de atuação do nutricionista: alimentação coletiva, nutrição clínica, saúde coletiva, docência, indústria de alimentos, nutrição em esportes, marketing na área da alimentação e nutrição.

O CFN (2006) identificou que, a nível de Brasil, dentre as áreas de atuação do nutricionista, a que mais absorve os profissionais é a Nutrição Clínica (41,7%), seguida da Alimentação Coletiva (32,2%) e da Docência (9,4%). A região Centro-Oeste, integrante da área do Conselho Regional de Nutricionistas da região 1 (CRN-1) segue o perfil nacional, tendo a maioria dos profissionais atuantes na Nutrição Clínica (46,6%), e em segundo lugar na Alimentação Coletiva (32,2%). Porém, essa região apresenta empatadas como terceira maior área de atuação à Docência e a Saúde Coletiva, ambas empregando 9,3% dos profissionais.

Deve-se destacar que houveram intensas mudanças no mercado de trabalho desde a publicação do estudo do CFN, e que já existem propostas para atualização do perfil do nutricionista brasileiro (CFN, 2016). ABREU, SPINELLI E SOUZA (2016) afirmam que o setor da alimentação coletiva tem se mostrado cada vez mais expressivo no mercado de trabalho, demonstrando intensa mudança tecnológica e se tornado um campo em ampla expansão para a atuação do nutricionista, principalmente por conta da intensa terceirização do setor de produção de refeições.

3.4 A ÁREA DA ALIMENTAÇÃO COLETIVA

Segundo definição da Resolução do CFN nº 380/2005, a Alimentação Coletiva é uma área de atuação do nutricionista “que abrange o atendimento alimentar e nutricional de clientela ocasional ou definida, em sistema de produção por gestão própria ou sob a forma de concessão (terceirização)”, tendo como local de atuação as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN). Nas quais, o nutricionista é o responsável técnico legal por planejar, coordenar, acompanhar, implantar e estabelecer as normas que se referem a todas as etapas do processo produtivo, desde a seleção de fornecedores até a distribuição do produto final; bem como realizar a gestão de pessoas do local e identificar o perfil dos usuários atendidos (CNF, 2005).

ABREU, SPINELLI E SOUZA (2016) definem as UAN como estabelecimentos que desenvolvem uma série de processos produtivos destinados a ter como produto final o

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fornecimento de refeições dentro de padrões nutricionais e higiênicos adequados para a demanda da população atendida. Tais unidades podem ser encontradas em

“[...] serviços de alimentação auto-gestão, restaurantes comerciais e similares, hotelaria marítima, serviços de buffet e de alimentos congelados, comissarias e cozinhas dos estabelecimentos assistenciais de saúde; atividades próprias da Alimentação Escolar e da Alimentação do Trabalhador” (CFN, 2005).

TEIXEIRA et al., (2010) afirmam que as UAN apresentam uma estrutura hierárquica e administrativa relativamente simples, porém, de funcionamento complexo. Pois, em uma mesma unidade de trabalho são desenvolvidas atividades de diversas áreas de conhecimento, desde funções técnicas, administrativas, comerciais, financeira e contábil, até aquelas referentes a segurança alimentar e nutricional dos comensais (clientes dos restaurantes).

A multiplicidade de atividades a serem desenvolvidas exige que o nutricionista tenha objetivos bem definidos para a execução de todo processo, entretanto, sempre tendo a flexibilidade de adaptação aos imprevistos que podem ocorrer. Definir tais objetivos não é uma tarefa fácil, pois, a UAN é marcada por um ritmo de trabalho muito intenso, altos índices de rotatividade e de absenteísmo, condições físicas desfavoráveis (elevados índices de ruídos, temperaturas elevadas, pouca iluminação e espaço físico mal dimensionado), e na maioria das vezes conta com mão de obra desqualificada e desmotivada para o trabalho (BERTIN, 2005; COLARES; FREITAS, 2007; BARRETO et al., 2016).

Essas características “negativas” do trabalho em uma UAN passaram a ser consideradas como pontos relevantes a serem modificados, por conta das novas exigências do mercado de clientes e da concorrência. Diante disso surgiu a preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadores, pois já existem evidências científicas do quanto as condições de trabalho e saúde refletem diretamente na produtividade dos colaboradores e consequentemente no lucro da instituição (COLARES; FREITAS, 2007; ABREU; SPINELLI; SOUZA, 2009; BARRETO et al., 2016).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um trabalho de abordagem qualitativa, com objeto de estudo desenhado e analisado a partir da “incorporação do significado e da intencionalidade dos atos, às relações, e as estruturas sociais” (MINAYO, 2000, p. 67), realizado na cidade de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso (MT), situada na região Centro-Oeste do Brasil (IBGE, 2016). O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Hospital Universitário Júlio Muller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM/UFMT), sob processo número 1.443.736. Os sujeitos que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A).

Utilizou-se como objeto de estudo a classe profissional Nutricionista. A qual de acordo com a Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991, é uma classe de profissionais da área da saúde responsáveis por zelar pela preservação, promoção e recuperação da saúde. Para a realização deste estudo, foram convidados 03 nutricionistas que desenvolvem atividades na área da alimentação coletiva, de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas nº 380/2005. Sendo uma funcionária no setor público e duas do setor privado, uma é contratada e a outra é empresária, todas devidamente registradas no Conselho Regional de Nutricionistas da 1ª Região e residentes do município de Cuiabá.

A técnica para a obtenção de depoimentos sobre a valorização profissional foi a entrevista. Esta técnica é uma das mais utilizadas em pesquisa de campo, pois permite que sejam coletadas informações primárias e secundárias, tais como: fatos já vivenciados, crenças, paradigmas, conduta ou comportamento e sentimentos do indivíduo; além de proporcionar uma interação entre os pesquisadores e os sujeitos da pesquisa (MINAYO, 2000).

Todas as entrevistas foram previamente agendadas de acordo com a disponibilidade dos participantes. Para a realização das entrevistas, utilizou-se um roteiro semiestruturado (APÊNDICE B), ou seja, poderiam ser acrescentadas perguntas que se mostrassem pertinentes durante a coleta de dados, aumentando a oportunidade do entrevistado discorrer sobre o tema proposto (MINAYO, 2000). As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas no software editor de texto Word®.

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Realizou-se análise das transcrições por meio da Análise Temática do Conteúdo. Tendo como vertente teórica a análise do conteúdo por meio de categorias, ou seja, identificadas no texto as palavras e expressões semelhantes e então foram construídas categoriais teóricas e empíricas para classificação destas (CAVALCANTE; CALIXTO; KERR PINHEIRO, 2014). Para a apresentação dos resultados e discussão foram estabelecidas três categorias: Condições de Trabalho (CT), Classe Profissional Nutricionista (CP), Realização Profissional (RP).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para compilação dos dados coletados nas entrevistas, utilizou-se a análise temática de conteúdo, a qual estabelece um conjunto de técnicas de análise da comunicação buscando identificar o núcleo de sentido produzido na mensagem. Para a realização dessa análise são necessárias algumas etapas, tais como: leitura seletiva do material transcrito, organização dos discursos dos participantes, seleção dos discursos, identificação das unidades de contexto, estabelecimento das categorias de análise (MINAYO, 2000; BERTIN, 2005; FRANCO, 20035

apud BANDUK; MORENO; BATISTA, 2014).

Seguindo tais etapas, identificamos as entrevistas como N1 (setor privado, empresária), N2 (setor público) e N3 (setor privado, funcionária) e separamos três grandes temas que foram expressos pelos entrevistados, e assim estabelecemos três categorias. A primeira é constituída por todos os discursos que possuem como núcleo temático alguma relação com as condições de trabalho; a segunda é aquela em que estão unidos os discursos relacionados a classe profissional nutricionista e a terceira é aquela que une os discursos referentes a realização profissional.

5.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E DE FORMAÇÃO

Quanto ao perfil sociodemográfico das profissionais entrevistadas nessa pesquisa, destaca-se que em sua totalidade são formadas por mulheres, na faixa etária de 25 a 55 anos, casadas e solteiras, duas delas oriundas do Estado de Mato Grosso, egressas da UFMT, todas graduadas há mais de 05 anos e com pós-graduação na área da Nutrição.

Esse perfil é semelhante com o das pesquisas realizadas pelo CFN (2005), AKUTSU (2009), SANTANA e PEREIRA (2010) e VASCONCELOS e CALADO (2011), nas quais a profissão nutricionista é caracterizada como predominantemente feminina. Essa predominância pode ser justificada como uma característica histórica do curso de Nutrição no Brasil, desde seus primórdios foi divulgado como um curso apropriado a moças (BOSI, 1996). Com relação ao grau de instrução, AKUTSU (2009) afirma que na região Centro-Oeste 52,4% dos

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nutricionistas possuem pelo menos um tipo de pós graduação, fato que vai ao encontro com esse estudo.

5.2 AS CONDIÇÕES DE TRABALHO DO NUTRICIONISTA

Análises referentes as condições de trabalho não podem ser somente com foco nas condições físicas e recursos materiais que a instituição oferece aos indivíduos, devem ser consideradas também situações que envolvam reflexos psicológicos, biológicos e sociais destas condições. Sendo considerados como objeto de análise os aspectos tangíveis e subjetivos que envolvem as condições de trabalho, tais como: o meio ambiente de trabalho, as condições sociais do trabalho, a vida social, a remuneração e as perspectivas do trabalhador (MAURO et al., 2010).

Nesse sentido, ao analisar a disponibilidade de recursos materiais para o cumprimento das atividades laborais, houve uma dissonância entre a realidade da profissional atuante na rede pública com relação as demais nutricionistas. A nutricionista atuante na rede pública relatou que existe uma grande precariedade e ausência em equipamentos essenciais, como balanças para pesar as porções ofertadas aos comensais; bem como falta de softwares necessários para prática nutricional. Fatos considerados pela mesma como prejudiciais ao desenvolvimento das atividades de trabalho, tornando-o lento e susceptível a erros. Infelizmente, a situação descrita remonta uma consequência de dificuldades para operacionalização da administração pública brasileira, a qual gera crises fiscais e sucateamento dos serviços ofertados aos cidadãos (MORAIS; COUTINHO; BERNARDO, 2010).

Porém, deve-se destacar que a entrevistada não relatou ter feito nenhum tipo de documento formal cobrando das autoridades competentes algum tipo de retratação quanto a essa falta de equipamentos e solicitando um prazo para análise da possibilidade de aquisição dos equipamentos. É de extrema importância que o responsável técnico da UAN mantenha documentado, como apêndice do Manual de Boas Práticas, todas as atividades de manutenção e solicitação de equipamentos (BRASIL, 2004).

Com relação as condições sociais do trabalho e o relacionamentos com os pares, todas as entrevistadas relataram que se sentem respeitadas e são capazes de estabelecer um bom relacionamento com a equipe. Fato relevante é que ambas destacaram a necessidade do nutricionista, responsável técnico pelo local, possuir além do conhecimento teórico, a habilidade e técnica para realizar atividades como por exemplo, conhecimento sobre cortes de carne, desossa de frangos, tipos de fio e afiação de facas; as quais apesar de não serem

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consideradas como suas atribuições; se fazem necessárias na rotina do trabalho. Tal fato é comprovado no seguinte trecho:

“[...] Como vou capacitar o meu cozinheiro se eu não conheço o alimento, os tipos de corte, as peças de carne, se não sei afiar uma faca, não sei nem ligar

um fogão... tenho que dominar o meu laboratório por completo [...]”. (N1)

Esse discurso demonstra uma grande especificidade da área da alimentação coletiva, a qual exprimi a necessidade do nutricionista dominar além de conhecimentos técnico-científicos da área, alguns saberes práticos da culinária. Além de ser criativo, inovador e ter empatia para com os membros de sua equipe, pois, muitas vezes estes são pertencentes à classes econômicas menos favorecidas e se sentem desvalorizados no ambiente de trabalho. Sentimento que pode ser expresso por meio da moral baixo, falta de motivação, dificuldade de trabalho em equipe, altos índices de absenteísmo e turn over; influenciando diretamente na qualidade dos serviços prestados aos comensais e na relação custo/benefício para a empresa (BERTIN, 2005).

Outro aspecto que deve ser analisado com relação as condições de trabalho são as implicações destas na vida social, partindo da afirmação feita por AKUTSU (2009, p. 80) de que “o trabalho e a família constituem a espinha dorsal da existência humana”; este estudo investigou a jornada de trabalho cumprida pelos profissionais e o quão satisfeitos eles estão com o tempo que lhes sobra para a vida social.

A funcionária do setor público e a contratada no setor privado relataram que possuem uma jornada de trabalho fixa (em torno de 30 a 40 horas semanais), que raras vezes precisam realizar horas extras e que conseguem ter tempo para realizar atividades de lazer com a família. Já, a empresária expressou o desejo de poder ter mais tempo livre para a família e um período fixo de férias, porém não considerou essa situação um problema.

DUMAZEDIER6 (1979 apud AQUINO; MARTINS, 2007) afirma que lazer são todas as atividades que o indivíduo pode realizar em seu tempo livre, o qual foi subtraído ou conquistado da jornada de trabalho e são caracterizados por atividades prazerosas, voluntárias, liberatórias, gratuitas, que envolvam interesses culturais, físicos, artísticos, intelectuais e associativos.

Conforme exposto anteriormente, o lazer é composto por atividades gratuitas; porém, é preciso destacar que muitos momentos de lazer exigem algum grau de investimento. Logo, podemos incluir nesse momento do debate outro fator que integra as condições de trabalho, a remuneração.

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As entrevistadas foram questionadas quanto a satisfação com a remuneração atual e a sua percepção quanto a compatibilidade da remuneração com as atividades desenvolvidas. A percepção das participantes foi bastante divergente nesse questionamento. A representante do serviço público relatou que não considera sua remuneração compatível com as atividades desenvolvidas e com a responsabilidade que ela assume na instituição.

“[...] Sinceramente não. Pois não estou somente como quadro técnico, atuo como responsável técnica geral da unidade e a minha remuneração é a mesma dos demais profissionais [...]”. (N2)

Por outro lado, uma das atuantes no setor privado afirma que está satisfeita com sua remuneração:

“[...] É um salário bom, do ponto de vista do mercado, além dos benefícios que eu tenho, que são realmente muito bons. E é realmente compatível com as atividades que exerço [...]”. (N3)

Porém, essa entrevistada afirmou que realiza alguns trabalhos autônomos, como rotulagem nutricional e elaboração de Manual de Boas Práticas, mas não com o intuito de complementação de renda.

A empresária relatou que possui uma remuneração média muito acima da encontrada no mercado, e que atualmente está muito satisfeita com sua remuneração. Porém, destacou que ela desenvolve muitas atividades que não seriam atribuições de um nutricionista, enquanto responsável técnico por uma UAN.

Frente a tais colocações, podemos inferir que este estudo demonstra uma realidade um pouco diferente da encontrada na literatura. DALLA-LANA (2010) afirma em seu estudo que 85% dos egressos de nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Sul se encontram fora da situação de satisfação profissional e que dentre os motivos expostos como determinantes para esse quadro, 46% relataram que é a baixa remuneração. Essa insatisfação quanto a remuneração é uma problemática antiga na nutrição, pois a muitos anos os salários dos nutricionistas estão entre os mais baixos pagos a profissionais de nível superior (BOSI, 1996). Essa disparidade salarial se agrava ainda mais ao compararmos a área da alimentação coletiva com as demais, fato que auxilia no sentimento de rejeição pela área, desejo de abandono e sentimento de baixo status (BOSI, 1996; ANSALONI, 1999; BERTIN, 2005; BARRETO et al., 2016). Podemos identificar tais características no seguinte trecho:

“[...] O nutricionista que trabalha ou que tem um tempo maior nessa área de serviços de alimentação e nutrição é como se ele fosse um pouco

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discriminado, hora pelo tipo de serviço que ele realiza, hora pelo salário. É

como se o glamour não ficasse para ele [...]”. (N1)

É possível perceber que existem algumas problemáticas nas relações de trabalho entre os profissionais nutricionistas, e esse tipo de dilema é um complicador para a formação da identidade profissional, bem como para o fortalecimento da classe profissional (BOSI, 1996). Nesse momento, torna-se necessário adentrar aos conceitos interligados a outra categoria estabelecida para estudo, a classe profissional.

5.3 A CLASSE PROFISSIONAL NUTRICIONISTA

Devemos destacar que o roteiro de entrevista utilizado por esse estudo não contemplava especificamente o tema classe profissional, porém, em algum momento da entrevista todas incluíram a problemática da classe profissional nutricionista. Duas delas expressaram insatisfação quanto a falta de união da classe e a ausência de um sindicato atuante.

“[...] A questão da união, do sindicato, das cobranças. O conselho tem que ter mais força, pois assim perdemos para outros sindicatos que tem mais força que o nosso [...]”. (N2)

“[...] Na nutrição a gente não tem um grupo formado, não somos uma classe unida. A gente tem que buscar essa valorização, o que estamos fazendo para sermos mais valorizados? (N3)

A situação relatada em tais discursos é encontrada há muitos anos na classe profissional nutricionista, e um dos principais motivos expostos como causadores desse quadro é a dificuldade de profissionalização da nutrição. BOSI (1996) expõem como dificuldades enfrentadas para a profissionalização o fato da nutrição emergir como uma profissão subordinada a outras, principalmente a medicina; inicialmente ter muitas deficiências na formação acadêmica; possuir dificuldades em definir de forma clara qual é seu objeto de trabalho; além de ter enfrentado em sua gênese as dificuldades históricas da inserção da mulher no mercado de trabalho.

Frente a tais dificuldades, podemos elencar como uma das grandes mudanças que marcam a profissionalização da nutrição, a evolução do currículo mínimo dos cursos de graduação. Os quais, inicialmente eram vistos como rígidos, teóricos, pouco flexíveis e não compatíveis com a realidade dos indivíduos, principalmente com as variações regionais e sociais existentes no Brasil. A eminente necessidade de atualização, a ocorrência da reforma sanitária e a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) contribuíram para o

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sancionamento do parecer CES/CNE nº 1133/2001 que aprova as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em nutrição (SOARES; AGUIAR, 2010).

Porém, era necessário evoluir ainda mais com relação a formação acadêmica. Nessa perspectiva, a Universidade Federal de Mato Grosso reestruturou seu Projeto Político Pedagógico no ano de 2010, com a proposta de formar um profissional que seja capaz de visualizar o homem em toda sua integralidade (UFMT, 2010). Tais mudanças são essenciais para que os profissionais possam integrar com mais propriedade equipes multidisciplinares e construir um novo panorama de atuação da classe.

Outro ponto que foi destacado pelas entrevistadas foi a falta de atuação do sindicato. Porém, foi possível identificar que as entrevistadas se mostraram confusas quanto a atuação do conselho e do sindicato. SOARES (2006) define Conselhos de Fiscalização Profissional como entidades prestadoras de serviços públicos, regulamentadas pela Constituição da República Federativa do Brasil (1988)7, artigo nº 58, com a finalidade de fiscalizar o exercício da

profissão, em defesa da sociedade. Tendo como principais funções: habilitar legalmente os profissionais para o exercício da profissão, por meio da concessão do registro profissional; habilitar legalmente as empresas e escritórios técnicos para a exploração das atividades profissionais; fiscalizar o exercício da profissão; cobrar anuidades; aplicar e cobrar multas; executar débitos; aplicar o Código de Ética profissional; suspender e cassar registros.

Por outro lado, os Sindicatos são entendidos como entidades de caráter privado, também criados por meio de previsão constitucional (art. 8º); porém, com finalidade de defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais e administrativas. Cabe aos sindicatos definir pautas de negociação trabalhista para a categoria; participar de acordos coletivos de trabalho; homologar rescisões de contratos de trabalho; prestar assistência jurídica; firmar convênios, entre outras (SOARES, 2006).

Cabe destacar que a atuação do movimento sindical é essencial para a construção de relações de trabalho democráticas e participativas; além de ampliar os direitos garantidos por lei aos trabalhadores e conquistarem novos “horizontes” para as relações de trabalho (DIEESE, 2015).

Atualmente o sindicato do estado de Mato Grosso encontra-se inativo; fato que demonstra a relevância de um amplo debate na classe quanto a politização da categoria ainda dentro da academia.

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Nesse momento da discussão surgem diversos questionamentos quanto aos motivos que levam os profissionais a não se organizarem para defenderem sua classe profissional. E tendo como foco a área da alimentação coletiva, podemos levantar como um dos motivos para essa “ausência” na tomada de decisões, o desejo de abandono da área (BOSI, 1996; RODRIGUES, 2004).

RODRIGUES (2004) expõem em seu estudo a insatisfação dos nutricionistas quanto as atividades exercidas na área da alimentação coletiva, fato que poderia ser melhor fiscalizado pelo Conselho Regional de Nutricionistas; é exposto como principal motivo de insatisfação o distanciamento dos saberes da profissão nutricionista e a intensa aproximação com as funções de um administrador.

Esse distanciamento colabora para que as profissionais atuantes na área não se enxerguem como nutricionistas, profissionais da área da saúde. De acordo com BOSI (1996) esse é um fato que coloca a nutrição na posição de subprofissão, consequentemente dificulta a formação de uma identidade profissional e o fortalecimento da classe.

O estudo de VEIROS (2002) aponta também a dificuldade que o nutricionista encontra para se colocar como agente promotor da saúde no ambiente da UAN. Dentre os motivos expostos para tal colocação estão as condições físicas inadequadas de trabalho, a ausência de autonomia, e ainda a sobrecarga de trabalho, principalmente o de natureza administrativa.

Esse estudo demonstra uma realidade diferente. As entrevistadas relataram que exercem a função de nutricionista e que todos as atividades desenvolvidas estão de acordo com as estabelecidas pela Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas nº 380/2005.

“[...] Sim, exerço as atividades de nutricionista na área da alimentação coletiva. Tenho uma rotina burocrática por conta da gestão da qualidade, mas tudo dentro das minhas atividades. (N3)

“[...] Sim considero, todas as atribuições do nutricionista na alimentação coletiva, trabalho em conjunto com a parte burocrática e com toda a equipe.”

(N2)

Porém, podemos identificar nos discursos que são exercidas muitas atividades administrativas. Essa percepção das nutricionistas se aproxima do que foi exposto por VEIROS (2002), que tais funções já foram incorporadas como de responsabilidade do nutricionista, principalmente quando este assume cargo de chefia na UAN.

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5.4 A REALIZAÇÃO PROFISSIONAL

Para a construção de um debate relacionado as metodologias mais adequadas para estudo das definições e aspectos relativos a Realização Profissional é necessário que sejam abordados inicialmente os Valores do Trabalho, pois a realização profissional integra um dos eixos que formam tais valores (TAMAYO; PORTO, 2005). Podem ser considerados valores do trabalho

“[...] os princípios ou crenças sobre metas ou recompensas desejáveis, hierarquicamente organizados, buscados por meio do trabalho, que guiam as avaliações sobre os resultados, o contexto, o comportamento e a escolha de alternativas de trabalho pelos indivíduos” (AKUTSU, 2009, p.129).

Dentre os fatores que constituem os eixos de estudo necessários para o entendimento desse conceito têm-se a: Realização Profissional, Estabilidade, Prestígio e as Relações Sociais; ambas se correlacionam e contribuem para o Bem-estar no trabalho (TAMAYO; PORTO, 2005; SILVA; GOMES, 2009; AKUTSU, 2009).

AKUTSU (2009) acrescenta que ao analisarmos a realização profissional, considerando-a como a busca de prazer, independência de pensamento, autonomia no trabalho e liberdade de criar, podemos associar à satisfação profissional para complementar tal análise. Nesse sentido, GOMES et al.8 (2000 apud SILVA; GOMES, 2009) afirmam a necessidade de

investigar fatores como: se possível, optaria novamente por esse curso superior; sentimento de satisfação profissional e pessoal atual e sentimento de realização profissional e pessoal atual.

Ao questionarmos as entrevistadas sobre a vontade de cursar novamente a graduação em nutrição, obtivemos os seguintes discursos:

“Faria, eu acho que me encontrei, me realizei, eu não chegaria a fazer um outro curso de graduação; somente complementaria com alguma coisa da administração. Eu acho que o nutricionista desse setor especificamente ele necessita de muito conhecimento da parte da administração.” (N1)

“Eu faria sim nutrição novamente, mas se pudesse... hoje tem outro curso que

eu gosto bastante que é a Psicologia. Mas eu quero trabalhar com a Psicologia e com a Nutrição juntos” (N2)

“Faria. Eu falo que sou uma grande divulgadora do curso: Faça Nutrição! Talvez teria me envolvido mais ainda com palestras e cursos na graduação... tem muita coisa nova [...]” (N3)

8 Gomes, A. R., et al. Estudo do stress e do burnout nos psicólogos portugueses. In J. Cruz, A. R. Gomes, & B. Melo (Orgs.), Stress e burnout nos psicólogos portugueses (pp. 73-130). Braga: SHO – Sistemas Humanos e Organizacionais. 2000.

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O discurso da entrevistada N1 corrobora com a afirmação de RODRIGUES (2004) de que o nutricionista apresenta algumas lacunas em sua graduação diante de tantas exigências mercadológicas. Mas, é preciso destacar que todas as entrevistadas se graduaram anos antes da UFMT reformular sua matriz curricular e que é de suma importância que o nutricionista esteja inserido em uma equipe multiprofissional para auxiliá-lo no desenvolvimento de atividades que exijam certo grau de especialidade.

Quanto ao desejo expresso por N2 de realizar uma outra graduação, expõem uma certa deficiência quanto o entendimento do trabalho em equipe multiprofissional. Pois, ao estar inserido em uma equipe que conte com um psicólogo, o nutricionista não precisa necessariamente ter também a graduação em Psicologia. Seria necessário analisar também nesse discurso os motivos que levaram N2 a escolher a área da nutrição e como se deu seu ingresso no curso, para que dessa forma pudesse ser analisada a influência que a escolha profissional tem exercido na realização profissional (BOSI, 1996).

Esse estudo investigou também o sentimento de realização das nutricionistas com as atividades desenvolvidas na instituição.

“[...] Me sinto muito, muito realizada. Eu aprendi que tenho muita capacidade, muita habilidade [...]” (N1)

“[...] Eu acho que ainda existem muitos desafios na área, fazer de fato uma atividade que dê respaldo e que consiga ver mais à frente um resultado positivo, então esse é o grande desafio para a realização [...]” (N2)

“[...] É muito bom... as atividades me trazem esse sentimento de realização, é recompensador [...]” (N3)

Foi possível identificar na fala de N2, a mesma entrevistada que se queixou da falta de condições adequadas para o trabalho e da remuneração incompatível com as atividades desenvolvidas; alguns desafios a serem vencidos. Para ampliar a análise referente a situação dessa nutricionista, poderíamos associar alguns valores gerais, como abertura a mudança, autotranscendência (preocupação com o bem-estar dos outros), autopromoção e conservação de tradições. Porém, seria necessário um estudo mais específico quanto aos valores gerais e o bem-estar no trabalho, sendo aplicado a toda a equipe que se relaciona com essa profissional (AKUTSU, 2009).

Analisamos também os motivos que fazem com que o profissional continue nessa área de atuação e se possuem desejo de mudar de área.

“[...] Me agrada muito transformar a matéria-prima em alimento, ofertar uma alimentação saudável e equilibrada. Conhecer a ciência da nutrição e ir para a cozinha, transformar o alimento e trabalhar com as pessoas... esse é o

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meu grande laboratório. Eu acho maravilhoso, eu adoro a produção [...]”.

(N1)

“[...] Vejo com gratificação o produto final... isso é importante. É onde tudo começa. É uma área que de fato eu gosto [..]”. (N2)

“[...] Essa área que me encontrou, ainda na faculdade e me apaixonei pela área. Acho recompensador e importante para a qualidade de vida das pessoas [...]”. (N3)

Identificamos diversos motivos para a permanência na área, mas todos eles se correlacionam com a percepção das nutricionistas a cerca do quão importante é o seu trabalho para a vida dos indivíduos atendidos pelas respectivas instituições. Nenhuma delas apontou o desejo de mudar de área de atuação, fato que difere do exposto por BOSI (1996) em que a área da alimentação coletiva era apontada como aquela com o maior desejo de mudança.

Essa mudança de atitude, reflete o intenso crescimento e inovação que a área da alimentação coletiva tem vivenciado e também a maior percepção dos empregadores quanto ao papel crucial que o nutricionista tem para o sucesso da instituição (ABREU; SPINELLI; SOUZA, 2009; AKUTSU, 2009).

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos dados coletados e de acordo com o referencial teórico, esse estudo demonstrou que os nutricionistas entrevistados, atuantes na área da alimentação coletiva na cidade de Cuiabá, seguem o perfil sociodemográfico exposto na literatura: mulheres, na faixa etária de 25 a 55 anos, graduadas há mais de 05 anos e com pós-graduação na área da Nutrição; quanto a remuneração atual, somente a profissional que atua no setor público relatou insatisfação.

Esse estudo aponta também que somente a nutricionista empresária desenvolve atividades fora das estabelecidas pela Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas nº 380/2005. Porém, esse fato é visto como algo típico do trabalho autônomo, pois ele exige que o empreendedor circule sobre todas as áreas de seu negócio e na maioria das vezes não esteja dentro das normas que regem as Leis Trabalhistas, principalmente aquelas que se referem a jornada de trabalho, férias remuneradas e atividades privativas da profissão (TAVARES, 2007).

Foi possível identificar condições de trabalho menos favoráveis somente no discurso da nutricionista atuante no setor público. Fato que explicita as atuais dificuldades para operacionalização e sucateamento dos serviços prestados aos cidadãos brasileiros, por conta da antiga crise na administração pública brasileira (MORAIS; COUTINHO; BERNARDO, 2010).

Com relação a realização profissional, podemos inferir por meio das entrevistas, que a nutricionista empresária está extremamente realizada, ela expõem seu desejo de crescimento e expansão do negócio dentro da área da alimentação coletiva e não cogita a possibilidade de mudança de área ou cursar outra graduação. O mesmo se reflete nos depoimentos da outra atuante no setor privado. Esse contexto de realização é um pouco diferente com a atuante no setor público, a entrevistada demonstra interesse em cursar outra graduação e relata que ainda vê muitos desafios a serem vencidos em seu ambiente de trabalho; porém, não expõem o desejo de mudar de área de atuação para alcançar a realização profissional.

Encontramos nesse estudo alguns dados mais otimistas quanto a área da alimentação coletiva do que expõem a literatura. É possível inferir que as nutricionistas estudadas se sentem valorizadas profissionalmente, apesar de ainda existirem alguns desafios a serem vencidos. Elencamos como principais fatores que influenciam na valorização do profissional atuante

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nessa área, na cidade de Cuiabá: as condições de trabalho, remuneração compatível com o cargo, a ausência de união da classe, baixo status social da área e a inatividade do sindicato.

Nessa perspectiva é possível as mudanças que vem ocorrendo na formação e na profissionalização do nutricionista podem corroborar na valorização profissional. Entretanto a análise da valorização profissional deve considerar os contextos político, social e econômico, pois estes se refletem nas condições psicológicas, biológicas e sociais do indivíduo, são aspectos subjetivos que envolvem a identificação das condições de trabalho. Assim como, deve se ter em conta os valores democráticos, de liberdade e a organização da classe profissional possibilitam aos nutricionistas a defenderem seus interesses e compreenderem o seu papel na sociedade, tornando-a justa e garantindo a segurança alimentar e nutricional da população.

Finalizando, ressaltamos a importância de maior produção de estudos nessa linha de pesquisa e também a ampliação da investigação para outras áreas de atuação. Para que dessa forma possamos, ainda na academia, refletir sobre os paradigmas e atitudes que precisam ser mudados para vencermos alguns desafios aqui expostos e fortalecermos nossa classe profissional.

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Referências

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