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Seus romances podem ser agrupados em: regionalistas, urbanos, indianistas e históricos.

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Academic year: 2021

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Livro Analisado: O Guarani Preparação: Prof. Menalton Braff O Autor: José Martiniano de Alencar

Nasceu em Mecejana (CE), perto de Fortaleza, no ano de 1829 e morreu no Rio de Janeiro em 1877. Filho de senador, bem menino vem morar no Rio de Janeiro, onde inicia-se sua educação. Em São Paulo, ingressa na Faculdade de Direito, mas vai terminar o curso em Olinda (PE). No tempo de estudante escreveu uma novela (Os contrabandistas), que se perdeu. Formado, começou a advogar no Rio de Janeiro. Logo, porém, o gosto da literatura substituiu o direito. Neste tempo começa sua colaboração (Ao correr da pena) no Correio Mercantil. Nunca mais parou de escrever. Em 1860, morto o pai, ingressa na política elegendo-se deputado pelo Ceará. Atinge o alto cargo de Ministro da Justiça do governo conservador de D. Pedro II. Desgostoso com o Imperador, abandona a política, para a qual, na realidade, não era grande sua vocação. Foi político conservador, sobretudo na questão do abolicionismo, que desejava lento e gradual. Seus romances podem ser agrupados em: regionalistas, urbanos, indianistas e históricos.

A Obra

O Guarani (1857) faz parte do grupo de seus romances nativistas (indianistas), ao lado de Iracema e Ubirajara.

Estrutura

Composto de quatro partes: Os aventureiros

Peri

Os Aimorés A Catástrofe

Cada uma das partes é formada por cerca de quinze capítulos, todos intitulados. (O romance foi publicado primeiramente em folhetins).

Personagens

D. Antônio de Mariz - Fidalgo português, guerreiro com características de um cavalheiro medieval. Defensor dos grandes valores da civilização, como Honra, Justiça, Lealdade, Coragem. Tudo fazia por sua família, cuja defesa, ao lado da Fidelidade à coroa portuguesa, considerava como sua principal missão.

D. Lauriana - Esposa de D. Antônio. Fidalga paulista, ciosa de sua posição, zelosa das tradições.

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D. Diogo - Filho mais velho do casal. Acidentalmente causa a morte de uma índia Aimoré, provocando involuntariamente o desenlace final. Além de sua irmã, é o único da família que se salva, ao ser enviado ao Rio de Janeiro em busca de socorro.

Cecília - A Ceci, filha mais nova de D. Antônio. Heroína tipicamente romântica. Verdadeira diva, angelical, pura, ingênua, olhos azuis, pele muito clara. Heroína idealizada. É salva do ataque Aimoré por um índio. Peri - A encarnação do heroísmo. Bravo, inteligente, forte, bondoso, e, finalmente, na visão de Ceci, também belo. Representa o Cavalheiro feudal como comportamento idealizado. Em tudo se assemelha a D. Antônio. É um índio goitacás que salva Ceci, primeiro dos Aimorés, depois de uma enchente (dilúvio?).

Isabel - Boa parte do romance aparece como prima de Ceci, criada por D. Antônio e sua esposa. Descobre-se mais tarde que é filha de D. Antônio com outra mulher (uma índia), um segredo inviolável. Isabel apaixona-se pelo jovem a quem Ceci havia sido prometida. Isabel, na dicotomia anjo (Ceci) x demônio, é o demônio: morena, sensual, apaixonada. Isabel tem sangue indígena.

D. Álvaro - Jovem fidalgo a serviço de D. Antônio. Encarna também os ideais cavalheirescos: bravura, honradez, força, inteligência, bondade, etc. Ama Ceci, e é amado apaixonadamente por Isabel. Acaba cedendo ao assédio de Isabel, a quem, finalmente, declara seu amor (pouco antes de morrer).

Aires Gomes - Escudeiro de D. Antônio. Fiel servidor, com atitudes quixotescas.

Loredano - Aventureiro feroz, capaz das maiores atrocidades. É a cobra no seio da família. Na realidade é o Fr. Ângelo di Luca, que abandona o hábito tentado pelo mapa de uma mina de prata na Bahia. Depois de conhecer Ceci, arde em um fogaréu de desejo pela menina. Tem morte tipicamente da inquisição.

Aventureiros - Homens que habitam um barracão próximo do solar de D. Antônio e que estão a seu serviço. Formam uma espécie de exército particular do senhor.

Espaço

Três léguas acima da desembocadura do Paquequer no Paraíba. Casa construída mais ou menos a maneira de um castelo medieval, não faltando o rochedo em precipício que lhe serve de fosso inexpugnável. Depois da tragédia que se abate sobre a família de Mariz, abre-se o espaço para a floresta e o rio, por onde Peri e Ceci fogem para o futuro.

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O espaço é magistralmente caracterizado, sobretudo pela enumeração de nomes de plantas, frutos e animais.

Tempo

O tempo externo, ou histórico, em que transcorre a ação, aproxima-se do ano de 1 600, poucos anos mais.

O tempo interno, ou narrativo, é de poucas semanas. Tempo bem marcado com expressões freqüentes do tipo: A tarde ia morrendo ou Era meio-dia.

Tema

A fusão das raças. Narrador

Apesar de dois ou três momentos em que o narrador se mostra (Tudo que até aqui narramos...) o narrador de O Guarani é o narrador demiurgo, em terceira pessoa, o narrador onisciente.

Ação

D. Diogo mata involuntariamente uma índia aimoré. Enquanto isso, Loredano, um aventureiro, prepara o bote para raptar Ceci. Atento a tudo, Peri, sombra que pode aparecer em qualquer lugar a qualquer hora, tem uma só idéia: proteger sua senhora: Ceci. Por diversas vezes ele a tinha salvado da morte. D. Álvaro, candidato à mão de Ceci, forma um dos ângulos do quadrângulo: Ceci - Peri - Loredano - D. Álvaro. A rivalidade entre os três homens sustenta a dramaticidade por bom tempo. Loredano preparaa-se para assaltar a casa de D. Antônio, auxiliado por outros aventureiros, que ele mesmo havia insuflado contra o fidalgo. Ao mesmo tempo anuncia-se o ataque da tribo aimoré. D. Diogo é enviado ao Rio de Janeiro para procurar socorro, mas não volta a tempo. Os índios atacam, os aventureiros se rebelam, mas Loredano é desmascarado como praticante de um sacrilégio e entregue aos aventureiros é queimado na fogueira. Peri tenta salvar a família de Mariz, entregando-se aos aimorés, que o deveriam comer envenenado. Salvo a contragosto, tem de embrenhar-se na mata em busca de um antídoto ao veneno que havia usado. Depois de muitas investidas, os aimorés atacam com flechas incendiárias e o solar de D. Antônio não resiste mais. Peri consegue fugir com Ceci no ombro e D. Antônio faz explodir seu paiol de pólvora antes que o primeiro índio entre em sua casa. Todos morrem, inclusive os índios. Fugindo de barco, Peri e Ceci são surpreendidos por uma enchente descomunal. Peri abriga sua amada no alto de uma palmeira, o que se mostra insuficiente, pois as águas estão subindo assustadoramente. Com esforço digno de um herói romântico, Peri luta contra as águas, luta contra o tronco da palmeira, que finalmente desenraíza. Os dois,

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aninhados na copa da palmeira somem-se no horizonte. Comentários

• Primeiro romance de final aberto da literatura brasileira. • Narrativa alinear, magistralmente encadeada.

• Romance mitopoético, em que Alencar renova o tema do índio na literatura brasileira, criando um herói - Peri - que vai habitar o imaginário de infindáveis gerações, no Brasil, como aquele que se ombreia em nobreza e valor com os europeus. Essas renovação se dá pela poetização do mito do "bom selvagem".

• Peri, assim como Tamandaré, são recorrências do Noé cristão.

• O romance simboliza a fusão de duas das três raças que comporiam a etnia brasílica. O final aberto deixa entrever o futuro: a miscigenação. O mesmo processo atrativo se dá entre Álvaro (europeu) e Isabel (sangue indígena).

• Prosa poética de grande valor expressivo. Farta adjetivação, rica de sugestões, sobretudo quando descreve a natureza brasileira.

• Maniqueísmo. Como regra geral do Romantismo, predomina uma visão maniquísta da realidade. O Bem e o Mal em frentes inconciliáveis. Nesta mesma linha, Ceci é o anjo, representa o céu, provoca sentimentos elevados e puros, é loira; Isabel é o demônio, representa a terra, provoca sensualidade, é morena.

• A marcação exata do tempo (interno e externo à narrativa) caracteriza certa preocupação com a relidade a a verossimilhança.

• A Natureza é tipicamente romântica. Animizada através de uma infinidade de prosopopéias, ela representa, geralmente aspectos dos estados de alma das personagens. Ora triste, acabrunhada, ora exuberante, luxuriante. Abriga e agasalha, mas revolta-se e tenta destruir.

• Idealização romântica: Ao descrever Peri: "...a sua pele, cor de cobre, brilhava com reflexos dourados: os cabelos pretos cortados rentes, a tez lisa, os olhos grandes com os cantos exteriores erguidos para a fronte: a pupila negra, móbil, cintilante; a boca forte mas bem modelada e guarnecida de dentes alvos, davam ao rosto pouco oval a beleza inculta da graça, da força e da inteligência."

Note-se o sentido positivo dos adjetivos para descrever uma personagem empática. O mesmo é feito quando descreve antagonistas, com adjetivos de sentido negativo.

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• Concomitância - J. de Alencar manipula com muita competência o conceito de concomitância de ações. Narrativa

alinear.

• O amor: O tema amoroso recebe tratamento diversificado: Álvaro - amor/paixão; Loredano - amor/desejo; Peri - amor/adoração. Paixão, loucura, religião.

• Há momentos de verdadeiro amor cortês (Trovadorismo). Exemplo: "- Somente como a nuvem não é da terra e o homem não pode tocá-la, Peri morria e ia pedir ao Senhor do céu a nuvem para dar a Ceci.

• Religiosidade. Característica fundamental do Romantismo, O Guarani está eivado de pensamento religioso (cristão). Inclusive o desfecho, a partir do momento em que Peri se propõe a salvar Ceci e D. Antônio exige que ele seja batizado. Isso repete o conceito de Santa Rita Durão a respeito dos índios. D. Diogo Álvares vai casar com Paraguaçu, mas ela antes deve ser cristianizada. Cena da Morte de Moema, de Caramuru. • Estilo reflexivo e sentencioso. A todo instante o narrador tece

considerações de caráter genérico. "As mulheres têm isso de particular; reconhecendo-se fracas, a sua maior ambição..."

Referências

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