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EFORMAG
ERENCIAL NOB
RASILPaula Freire 2015
I
NÍCIO...
Em 1995, Fernando Henrique Cardoso assume a
Presidência da República.
Convoca Luiz Carlos Bresser Gonçalves Pereira
para assumir o Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.
Bresser propõe uma reforma gerencial para a
administração pública brasileira: o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE).
D
IAGNOSTICANDO PROBLEMASO Plano Diretor traça um panorama da
administração pública e, a partir deste, traça as mudanças necessárias.
O primeiro ponto apontado é que o resultado do
retrocesso burocrático de 1988 foi:
1) Um encarecimento significativo do custeio da
máquina administrativa, tanto no que se refere a gastos com pessoal como bens e serviços,
2) E um enorme aumento da ineficiência dos
O
BJETIVOS DA REFORMA1) A curto prazo, facilitar o ajuste fiscal,
especialmente nos Estados e municípios, onde existe um claro problema de excesso de quadros;
2) A médio prazo, tornar mais eficiente e
moderna a administração pública, voltando-a para o atendimento dos cidadãos.
PDRAE
E SEUS OBJETIVOSO Plano diretor entendia que a modernização da
gestão se daria através da superação da administração burocrática e dos traços de patrimonialismo existentes no setor público com a introdução da administração gerencial, contemplando:
Descentralização e autonomia gerencial com
flexibilidade de gestão;
Resultados sob a ótica da eficiência, eficácia e
efetividade;
Foco no cidadão, em vez da auto-referência; Controle social.
E
STADO E NOVA GESTÃOResultados sob a ótica da eficiência, eficácia e
efetividade com a reorientação dos mecanismos de controle dos procedimentos para resultado;
Controle social com a introdução de mecanismos
e instrumentos que garantam a transparência, assim como a participação e controle por parte do cidadão.
PDRAE
Adota muitos dos princípios das reformas
gerenciais, entre eles o de que o Estado deve transferir serviços para a iniciativa privada.
“A reforma do Estado deve ser entendida dentro
do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços, para fortalecer-se na
função de promotor e regulador desse
R
EFORMA DE1995
Âncora fiscal.
Poucos recursos e muitas demandas.
Aumento progressivo de carga tributária. Melhora na utilização dos recursos públicos.
Ótica do gerencialismo puro, do consumerismo e
do PSO.
Bresser divide o Estado brasileiro em 4 setores. Levanta a necessidade de fortalecer o Estado,
S
ETORES DOE
STADOPDRAE identificou quatro segmentos de
organização do Estado, formas de relacionamento com a sociedade, no que concerne à distribuição de responsabilidades:
1) Núcleo estratégico (NE): tomada de decisões. 2) Atividade exclusivas de Estado (AE). Exercício
do Poder Extroverso. Não podem ser delegadas aos entes privados.
3) Serviços não exclusivos (ANE): podem ser
delegados aos particulares. Ex: saúde e educação.
S
ETORESE
STATAIS Setores do Estado Atividades Exclusivas Produção para o mercado Serviços não exclusivos Núcleo EstratégicoN
ÚCLEO ESTRATÉGICODeve permanecer no Estado. É o governo em sentido lato.
Define, leis e políticas públicas. Implementa e
fiscaliza seu cumprimento.
Tomada de decisões estratégicas.
Corresponde MP, aos Poderes Legislativo,
Judiciário e, à cúpula do Executivo: Presidente da República, seus ministros auxiliares e assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação de políticas públicas.
A
TIVIDADES TÍPICAS DEE
STADOPoder Extroverso: regulamentar, fiscalizar e
fomentar.
Somente o Estado pode exercer. Indelegável.
Exemplos: cobrança e fiscalização de tributos,
polícia, previdência social básica, serviço de desemprego, fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, de trânsito, controle do meio ambiente, subsídio à educação básica, serviço de emissão de passaportes.
S
ERVIÇOS NÃO EXCLUSIVOEstado atua juntamente com outras organizações
públicas não-estatais e privadas. Não exercem o Poder Extroverso.
O Estado está presente porque:
1) As atividades desse setor estão ligadas aos
direitos humanos fundamentais, como educação, saúde.
2) Possuem economias externas (externalidades),
pois seus ganhos não podem ser apropriados por essas instituições. Os ganhos são de toda a sociedade. Ex: universidades, museus, hospitais.
P
RODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS PARA O MERCADOEmpresas estatais (empresas públicas e
sociedades de economia mista).
Atividade econômica. Produção de lucro.
Pertencem ao Estado porque a iniciativa privada
não pôde investir ou porque era necessário o monopólio. Questões político-ideológicas. Art. 173, CF/88.
S
ETORES DOE
STADO E PROPRIEDADEInicialmente pensava-se em 2 tipos de
propriedade: estatal ou privada.
O PDRAE traz uma 3ª possibilidade: a
propriedade pública não estatal.
Os serviços não exclusivos são de propriedade
pública não estatal. OS, OSCIP.
Núcleo estratégico e atividades exclusivas
permanecem na propriedade estatal.
P
ROPRIEDADES Estatal Pública não estatal Privada NE AE SNE PPMSETOR E GESTÃO
NE: Burocracia e Gerencialismo
Nos demais (AE, SNE e PPM): Gerencialismo.
ATENÇÃO! O PDRAE não defendia que a
administração burocrática deveria ser totalmente eliminada.
S
EGUNDO OB
RESSERP
EREIRA:
“’Por outro lado, a combinação de princípios
gerenciais e burocráticos deverá variar de acordo
com o setor. A grande qualidade da
administração pública burocrática é a sua segurança e efetividade*.”
“Por isso, no núcleo estratégico, onde essas
características são muito importantes, ela deverá estar ainda presente, em conjunto com a administração pública gerencial.”
S
EGUNDO OB
RESSERP
EREIRA(
CONTINUA):
“Já nos demais setores, onde o requisito de
eficiência é fundamental dado o grande número de servidores e de cidadãos-clientes ou usuários envolvidos, o peso da administração pública
burocrática deverá ir diminuindo até
praticamente desaparecer no setor das empresas estatais.”
O P
LANO FOI PENSADO ENTÃO EM TRÊSPROJETOS BÁSICOS
:
Projeto Avaliação Estrutural Projeto Agências Autônomas
P
ROJETOA
VALIAÇÃOE
STRUTURALTem por objetivo “analisar as missões dos órgãos
e entidades governamentais, identificando superposições, inadequação de funções e possibilidades de descentralização, visando dotar o Estado de uma estrutura organizacional moderna e ágil e permeável à participação popular”.
Com base na avaliação, ocorreria a proposta de
extinção, privatização, publicização e
descentralização de órgãos, e também de incorporação e criação de órgãos.
A
GÊNCIASA
UTÔNOMASObjetivo: transformação de autarquias e de
fundações que exerçam atividades exclusivas do Estado, em agências autônomas, com foco na modernização da gestão. As agências autônomas são chamadas hoje de Agências Executivas.
Gestão por resultados: caracteriza-se pela
responsabilização por resultados em troca da maior autonomia de gestão. O instrumento utilizado é o contrato de gestão.
O
RGANIZAÇÕESS
OCIAIS EP
UBLICIZAÇÃOPublicização dos serviços não exclusivos do
Estado, ou seja, sua transferência do setor estatal para o público não-estatal, onde assumiriam a
forma de “organizações sociais”.
Objetivo: permitir a descentralização de
atividades no setor de prestação de serviços não exclusivos, a partir do pressuposto que esses
serviços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado, forem
O
RGANIZAÇÕES SOCIAISOrganizações sociais: São as entidades de direito
privado que, por iniciativa do Poder Executivo, obtêm autorização legislativa para celebrar contrato de gestão com esse poder, e assim ter direito à dotação orçamentária.
Gestão por resultados, pois as entidades que
obtiverem a qualidade de organizações sociais gozarão de maior autonomia administrativa, e, em compensação, seus dirigentes teriam maior responsabilidade pelo seu resultado, por meio da celebração do contrato de gestão.
P
UBLICIZAÇÃOA publicização pode ser definida como o processo
de descentralização para o setor público não-estatal da execução de serviços que não envolvem o exercício do poder de Estado, mas devem ser subsidiados pelo Estado, como é o caso dos serviços de educação, saúde, cultura e pesquisa científica.
Exemplo: o Estado extingue uma fundação que
administrava uma universidade pública e os bens desta universidade são transferidos para a gestão de uma entidade privada, uma organização social. Seus servidores continuam sendo pagos pelo Estado, e os recursos orçamentários a ela destinados.
S
ERVIÇOS NÃO EXCLUSIVOSA prestação de serviços não exclusivos deve ser
pública não estatal.
É pública porque tem relevância para os direitos
humanos e por envolver as economias externas e é não estatal porque na prestação daqueles não se faz uso do poder extroverso.
A transformação dos serviços não exclusivos
estatais em organizações sociais se daria de forma voluntária, a partir da iniciativa dos respectivos ministros, através de um Programa Nacional de Publicização.
E
CONOMIASE
XTERNASEconomias Externas são os efeitos gerados por
determinada atividade que beneficiam pessoas ou empresas que não o executor de tal atividade.
Por exemplo, a despoluição de um rio beneficia
todos os municípios que se situam abaixo do ponto escolhido. Estes benefícios não resultam em maiores lucros para aquele que realiza a despoluição.
S
EGUNDOM
ARIAS
YLVIA:
Embora o Plano Diretor fale em publicização e a
própria Lei nº 9.637/98, logo na ementa, fale em Programa Nacional de Publicização para definir a forma como se substituirá uma entidade pública por uma entidade privada qualificada como organização social, não há qualquer dúvida
quanto a tratar-se de um dos muitos
instrumentos de privatização de que o Governo vem se utilizando para diminuir o tamanho do aparelhamento da Administração Pública.
C
UIDADO!!!
Em que pese a opinião de Maria Sylvia, nas
provas, está errada a afirmação que diga que os bens serão transferidos para as OS por meio de privatização.
Os bens são cedidos, e não vendidos ou doados,
retornando para o Estado caso haja a
desqualificação da OS.
Portanto, publicização é diferente de
ESAF / MPOG / 2010) A ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA, A PARTIR DOS ANOS 1930, PERMITE CONCLUIR ACERTADAMENTE QUE:
a) com o Estado Novo e a criação do DASP, a admissão ao serviço público
passou a ser feita exclusivamente por meio de concurso público, sendo descontinuadas as práticas do clientelismo e da indicação por apadrinhamento.
b) a reforma trazida pelo Decreto-Lei n. 200/67 propugnou pela
descentralização funcional do aparelho do Estado mediante delegação de autoridade aos órgãos da administração indireta para a consecução de muitas das funções e metas do governo.
c) a partir de meados do século XX, com o desenvolvimentismo, deu-se a
ampliação e a consolidação da administração direta, principal gestora das políticas públicas implementadas pela administração indireta.
d) a partir dos anos 1980, dadas a falência do estado do bem-estar social, a
crise fiscal e a redemocratização, as reformas do aparelho do Estado passaram a seguir uma estratégia única e homogênea.
e) os ‘50 Anos em 5’ e a construção de Brasília, no período JK,
representaram a pedra fundamental do que seria a adoção do gerencialismo no serviço público.
G
ABARITOAlternativa B.
O Decreto-Lei nº 200/67 primou pela
descentralização da administração, inclusive instituindo a chamada Administração Indireta.
C
OMENTÁRIOSAlternativa a)
Como vimos na aula passada, as práticas
patrimonialistas / clientelistas nunca foram efetivamente descontinuadas na administração pública brasileira. Na época do DASP, apesar de o patrimonialismo ter sido combatido pela Reforma Burocrática, práticas do clientelismo fizeram-se presentes.
Alternativa c)
Durante o desenvolvimentismo (ou a
“administração para o desenvolvimento”) conduzido durante o governo de Juscelino Kubitschek, há a expansão significativa da Administração Indireta, sendo esta dotada de maior flexibilidade e de uma gestão moderna e tecnocrática. Criou-se, assim, uma cisão entre Administração Direta e Indireta: construíram-se
“ilhas de excelência” em estruturas da
administração pública (indireta) voltadas ao desenvolvimento, ao passo que o núcleo central da administração deteriorava-se.
C
OMENTÁRIOS–
ALTERNATIVA D:
Após o fim do regime militar, seguiram-se os
governos de José Sarney e de Fernando Collor de Mello. Fato que fica evidente no governo deste último é a total falta de plano para a reforma administrativa do Estado.
Foram medidas heterogêneas e arbitrárias, cujo
resultado foi catastrófico: o desmantelamento do aparato administrativo estatal.
C
OMENTÁRIOS–
ALTERNATIVA E:
A pedra fundamental para a adoção do
gerencialismo no serviço público, conforme Bresser-Pereira (2001), é o Decreto-Lei nº 200/67.