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As contas públicas e a inflação

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARCELO ARRIVABENI VIEIRA

AS CONTAS PÚBLICAS E A INFLAÇÃO

Palhoça 2018

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AS CONTAS PÚBLICAS E A INFLAÇÃO

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de graduação em Ciências Econômicas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Jailson Coelho

Palhoça 2018

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O objetivo deste trabalho foi contribuir com o tema do controle inflacionário introduzindo o conceito da inflação, bem como uma documentação das tentativas de controle inflacionário no Brasil ao longo da história, além da evolução das contas públicas durante o mesmo período analisado. Ao final tentou-se, utilizando o coeficiente de correlação linear de Pearson, correlacionar a inflação com diversas rubricas das contas públicas na tentativa de encontrar uma ligação clara entre estes dois importantes componentes da economia do país. Ao final concluiu-se de que não é tão simples encontrar uma única causa que possa ser relacionada diretamente à inflação e, posteriormente, atacada na tentativa de mantê-la sobre controle.

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1 INTRODUÇÃO 3

1.1 EXPOSIÇÃODOTEMAEDOPROBLEMA 4

1.2 OBJETIVOS 4 1.2.1 Objetivo geral 5 1.2.2 Objetivos específicos 5 1.3 JUSTIFICATIVA 5 1.4 PROCEDIMENTOSMETODOLÓGICOS 6 2 REFERENCIAL TEÓRICO 8 2.1 CONTASPÚBLICAS 8 2.1.1 Definição 8 2.1.2 Situação no Brasil 11 2.2 INFLAÇÃO 12 2.2.1 Definição 12 2.2.2 Situação no BRASIL 13

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 16

3.1.1 Inflação 16

3.1.2 Contas Públicas 16

CONSIDERAÇÕES FINAIS 17

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1 INTRODUÇÃO

A inflação sempre foi um problema presente na economia brasileira, mostrando-se persistente e duradoura. Em meados da década de oitenta diversos planos econômicos foram implementados visando a diminuição da inflação por meio do controle dos preços ou a quantidade de moeda em circulação, todos tendo sucesso passageiro, até que, em 1994, o plano Real foi implementado e trouxe, finalmente, a inflação à níveis aceitáveis, no entanto neste último não houve controle dos preços e sim uma indexação da economia ao Dólar.

Completando mais de vinte anos desde o último grande plano de estabilização da economia, o Real, o Brasil não viu a inflação retornar à níveis sequer próximos dos antes experimentados, no entanto a inflação na economia brasileira mostra-se bastante resistente com períodos de certo descontrole.

O controle da inflação é uma responsabilidade do Governo que pode agir por meio de políticas fiscais e/ou monetárias fazendo com que se aproxime do intervalo de valor desejado.

Segundo Riani (2002, p. 44),

a função de estabilização do governo utiliza instrumentos macroeconômicos para manter certo nível de utilização de recursos e estabilizar o valor da moeda. Assim, esta função surge para assegurar um desejável nível de pleno emprego e estabilidade dos preços que não são automaticamente controlados pelo sistema de mercado.

No ano de 1986 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) assumiu a função de mensurar as contas nacionais e aplica uma revisão metodológica com base em estudos e padronizações fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo Rossetti (1992, p. 35),

[...] o Sistema de Contas Nacionais das Nações Unidas (ou, de maneira abreviada, SCN-52) forneceu uma estrutura coerente para os trabalhos de levantamento e apresentação dos principais fluxos relacionados à produção, consumo, acumulação, atividades econômicas do governo e transações econômicas com o exterior.

Pretende-se no decorrer da pesquisa analisar a evolução das contas públicas e suas diversas rubricas na tentativa de correlacionar estas com a evolução da inflação.

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1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

Desde a década de 80 diversas tentativas de estabilização econômica e combate à inflação foram idealizadas e colocadas em prática no Brasil: Cruzado em 1986, Bresser em 1987, Verão em 1989, Collor I em 1990 e Collor II em 1991.Todas fracassaram e têm em comum a tentativa de controle dos preços da economia, mas sem controlar o preço mais caro da economia que são as contas públicas do Estado que, aqui no Brasil, têm um histórico de alta constante.

Em 1994 foi colocado em vigor o Plano Real, que não impôs um controle de todos os preços da economia, mas sim tentou tirar o componente inercial e de memória de alta dos preços criando, por meio da Unidade Real de Valor (URV), uma indexação prévia da economia com o Dólar e, tornando assim, a transição para a nova moeda estável e duradoura.

No entanto, nenhum dos planos, mesmo o Real, impôs ou tentou impor um controle rígido de gastos da máquina pública, fazendo com que o peso do Estado na economia seja difícil de ser carregado e, tornando-a assim, menos eficiente.

Passadas mais de duas décadas da estabilização da economia pelo plano Real, a inflação que assolou a economia brasileira por muito tempo mostra-se resiliente e, em certos períodos, aparentemente ligados ao aumento do descontrole dos gastos públicos, parece ganhar força.

Pode-se verificar uma relação efetiva entre as contas públicas e o descontrole da inflação, o que será fundamentado no decorrer da presente pesquisa e responderá à questão: Qual a relação entre as Contas Públicas e a inflação?

1.2 OBJETIVOS

Tomando como base o problema de pesquisa, apresentam-se, na sequência, os objetivos a serem alcançados neste trabalho de conclusão de curso.

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1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral do trabalho de conclusão de curso é verificar evolução das contas púbicas e da inflação no Brasil, verificando a existência de correlação entre estas variáveis.

1.2.2 Objetivos específicos

De forma a atingir e complementar o objetivo geral, apresentam-se alguns objetivos específicos a serem alcançados no decorrer do trabalho:

- Realizar revisão da literatura relacionada às Contas Públicas e Inflação. - Avaliar historicamente debate para a economia brasileira.

- Apresentar variáveis das Contas Públicas e a Inflação e verificar possíveis correlações entre elas no período entre 1999 e 2017.

1.3 JUSTIFICATIVA

Desde a implantação do Plano Real o Brasil não enfrenta mais os índices de inflação absurdos de outrora, no entanto tendo o índice oficial atingido a casa dos dois dígitos no ano de 2015 (10,67%), o que só havia acontecido após o Plano Real em 1995 (22,41%), primeiro ano pós implantação, e em 2002 (12,53%), ano de grande turbulência política, um sinal parece ter acendido alertando que o temido “Dragão” da inflação talvez não tenha sido “domado” de vez da economia brasileira.

Este trabalho busca trazer à tona e tentar elucidar se um eventual descontrole das contas públicas pode ser a causa que torna a inflação brasileira tão resistente às políticas públicas de controle.

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1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Como propõe Roesch (1996), definir a metodologia significa estabelecer procedimentos de como se pretende investigar a realidade. Ao pesquisador compete escolher o método mais adequado para conduzir o estudo proposto, bem como delimitá-lo.

Os objetivos de apresentar a metodologia no corpo do relatório compreendem: sumarizar os aspectos metodológicos do projeto de pesquisa de forma a torná-los compreensivos para os leitores não técnicos e despertar a confiança na qualidade dos procedimentos adotados e, consequentemente nos resultados da pesquisa. (MATTAR, 1999, p.182)

No presente trabalho optou-se por realizar uma pesquisa de natureza exploratória, uma vez que, este tipo de pesquisa é “apropriada para os primeiros estágios da investigação quando a familiaridade, o conhecimento e a compreensão do fenômeno por parte do pesquisador, são geralmente insuficientes ou inexistentes” (MATTAR, 1997, p.80), e também de natureza descritiva, visto que a mesma “observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los” (CERVO E BERVIAN, 1983).

Ao realizar-se um estudo exploratório como propõe Triviños (1997) está em permitir ao investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema, originado de uma pergunta norteadora, e então aprofundar seu estudo nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes e maior conhecimento, para, em seguida, planejar uma pesquisa descritiva.

A pesquisa será composta de leitura, pesquisa, comparação entre teorias, dados históricos e artigos.

Para atender ao objetivo da pesquisa de correlação foram obtidos dados históricos do período de 1997 a 2017 através do site de Internet Tesouro Transparente. Estes dados foram sistematizados em tabelas e totalizados por ano, para posteriormente ser realizado o cálculo de correlação entre eles com o auxílio da ferramenta de software Microsoft Excel.

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A correlação é uma medida de associação entre duas variáveis, ou seja, mensura a força de relação entre duas variáveis.

De acordo com Mundstock et al (2006) o coeficiente de correlação Linear de Pearson (r) é uma medida que varia de –1 a +1. O mesmo fornece informação do tipo de associação das variáveis através do sinal:

• Se r for positivo, existe uma relação direta entre as variáveis; • Se r for negativo, existe uma relação inversa entre as variáveis;

• Se r for nulo ou aproximadamente nulo, significa que não existe correlação linear. As hipóteses do Coeficiente de Correlação de Pearson são:

• Hipótese Nula (): ρ = 0 nesse caso, não existe correlação entre as variáveis e; • Hipótese Alternativa (): ρ ≠ 0 nesse caso, existe correlação significativa.

Segundo Money, Babin e Samouel (2003) apud Silva et al (2013), o coeficiente de correlação entre 0,91 a 1,00, negativos ou positivos, são considerados muito fortes, de 0,71 a 0,90, é considerado alto, de 0,41 a 0,70, é considerado moderado, de 0,21 a 0,40 a força é pequena mas definida, se for 0,01 a 0,20 é leve, quase imperceptível.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTAS PÚBLICAS

2.1.1 Definição

No presente capítulo tratar-se-á das Contas Públicas, iniciando pela concepção de Estado, pois sua compreensão é fundamental para o entendimento das Contas Públicas, e, avançando para a situação destas no Brasil.

2.1.1.1 Estado

O Estado é uma abstração para a forma de organização de um povo, portanto, é um conceito bastante amplo tendo várias definições dependendo da ótica em que é analisado, porém podemos defini-lo como a organização jurídica e política de um povo em um determinado território conforme Hely Lopes Meireles (2009, p.61):

[...] Do ponto de vista sociológico, é corporação territorial dotada de um poder de mando originário (Jellinek); sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção (Malberg); sob o prima constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana (Biscaretti di Ruffia) [...]

O Estado tem por finalidade atender aos interesses da sociedade, que, no caso de uma democracia como o Brasil, é responsável, inclusive, pela nomeação de seus agentes representantes.

Regis Fernandes de Oliveira (2008, p.95) leciona em sua obra:

O Estado deve cuidar das atividades rotuladas essenciais, que atendem a interesses primários da Administração Pública. A Constituição Federal identifica aqueles fins a que o Estado deve curar. Dentre eles a educação, a saúde, a segurança pública, a justiça etc. O Estado nasce exatamente para evitar os conflitos individuais e cuida daquilo que é importante para a subsistência da

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sociedade. Não se efetua uma aferição subjetiva, mas são os interesses primários estabelecidos em documento solene que é a Constituição.

A fim de exercer sua finalidade, que é servir a sociedade prestando os serviços públicos, o Estado necessita dispor dos meios materiais para tanto e tem em sua atividade financeira que, segundo Pereira (2003, p. 41), consiste: “em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades cuja satisfação está sob sua responsabilidade ou transferida a outras pessoas jurídicas de direito público.”.

2.1.1.2 Contas Públicas

Uma vez existindo a responsabilidade de administrar recurso alheio, esta é indissociável do dever de prestar constas, sendo até um direito do administrador de fazê-lo com a finalidade de legitimar seus atos.

Tendo o Estado representantes nomeados e exercendo o direito de administrar o bem público a estes também é conferido o dever de informar ou prestar contas dos recursos envolvidos e/ou dispendidos no âmbito da administração pública.

Cabe ressaltar que a prestação de contas é um dever do administrador e não do Estado em si, como destaca José de Ribamar Caldas Furtado (2007, p.63):

Portanto, quem presta contas é o Presidente da República, o Governador, o Prefeito, e não, a União, o estado-membro ou o município; ou ainda, quem presta contas é o administrador (CF, art. 71, II), não a administração. Vale lembrar que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, art. 15, definiu que a sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público de sua administração.

Auferir as contas de uma empresa, que tem um escopo de atuação bastante limitado em comparação à um Estado, já é uma tarefa árdua e complexa, portanto a aferição no âmbito Estatal torna-se ainda mais difícil. Há a necessidade de que estas informações sejam padronizadas para que seja possível uma avaliação sistêmica e tenham credibilidade, caso contrário não teriam serventia alguma.

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Paulani e Braga (2007, p. 6) exemplificam a complexidade desta tarefa:

Como agregaríamos, por exemplo, toneladas de bananas, metros de tecido, toneladas de fios, unidades de camisas, unidades de aparelhos de TV, unidades de automóveis, cabeças de boi, unidades de apartamentos, toneladas de aço, toneladas de fertilizantes, pés de alface, litros de leite, quilowatts de energia, dúzias de ovos, horas de aula, horas de serviços médicos, horas de serviços de segurança, horas de serviços de telefonia e horas de trabalho de atores de teatro?

A resposta à pergunta colocada é: a moeda. Que possui uma importante função que é ser um meio de troca, adquirindo o papel de denominação comum de valores (ROSSETI, 1992) e tornando possível mensurar todos os produtos e serviços de uma economia utilizando uma mesma unidade de medida.

Segundo Paulani e Braga (2007, p. 7):

No sistema econômico em que vivemos, tudo pode ser avaliado monetariamente, de modo que toda a imensa gama de diferentes bens e serviços que uma economia é capaz de produzir pode ser transformada em algo de mesma substância, ou seja, moeda ou dinheiro.

Além da função de prestação de contas à sociedade as Contas Públicas também são utilizadas para comparar economias de países distintos, porém para que seja possível este tipo de comparação a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do seu escritório de Sistema Nacional de Conta, criou um documento padrão que visa recomendar um padrão no processo de elaboração das contas, permitindo assim que a comparação seja possível.

Quando o resultado das contas é negativo, ou seja, é gasto mais do que se arrecada, há um déficit nas contas e caso contrário, um resultado positivo, gasta se menos do que se arrecada o resultado é um superávit.

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• Nominal: corresponde ao resultado nominal das contas do setor público, ou seja, está incluso o efeito da inflação e do pagamento de juros sobre as receitas e despesas do governo;

• Operacional: corresponde ao resultado primário das contas públicas adicionado o pagamento de juros e excluindo-se o efeito da inflação; e

• Primário: corresponde ao resultado real das contas públicas, ou seja, excluindo-se a despesa com juros, que o Governo tem que pagar sobre as suas dívidas, e a inflação.

2.1.2 Situação no Brasil

No Brasil a mensuração das contas nacionais tem início em 1947, inicialmente o Núcleo de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi a instituição responsável pelo cálculo, utilizando-se uma metodologia própria e, posteriormente, a partir de 1952 começa-se a introduzir melhorias advindas de modelo produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Em 1956 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passa a ser a instituição responsável por mensurar as contas do país, e, ao assumir, efetua uma revisão metodológica que altera de cinco para quatro contas no modelo, excluindo a conta governo e passando a incluir as contas referentes ao governo diluídas nas outras quatro contas. Esta alteração permite que sejam apuradas as contas do governo, porém a consolidação prejudica a transparência dos dados apresentados, em especial os dados da dívida pública que, até 1996, eram lançados na conta corrente e não em uma conta específica.

Entre 1996 e 1998 o IBGE promoveu um processo de reformulação das contas em conjunto com a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Comissão das Comunidades Europeias (CCE), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Banco Mundial (BM). Processo este que manteve a base conceitual aplicada pela FGV, no entanto altera substancialmente a forma como são exibidas as contas e, proporcionando assim, maior transparência ao modelo que é utilizado até hoje.

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2.2 INFLAÇÃO

2.2.1 Definição

A inflação é um processo de aumento contínuo e generalizado nos níveis de preços. É importante destacar que a inflação é um processo e não um fato isolado, portanto envolve aumentos contínuos e não esporádicos de preços. É um fenômeno universal e comum a, praticamente, todos os países, variando apenas de época para época e em intensidade.

Ela representa uma elevação dos preços monetários, ou seja, o valor real da moeda é depreciado pelo seu processo inflacionário. Portanto, por definição, a inflação é um fenômeno monetário, o que não significa que apenas o controle do estoque de moeda seja solução definitiva.

O processo inflacionário pode ser encarado com mais de uma faceta que representam conflitos distributivos entre os agentes econômicos.

A hipótese mais comum, enfatizada pelos monetaristas, seria o desequilíbrio financeiro do setor público induzindo à elevação de moeda superior às taxas de aumento do produto. Traduzindo em conflito seria o setor público disputando o produto com o setor privado. Neste caso uma redução de gastos do setor público poderia evitar o acréscimo de moeda, resolvendo o problema inflacionário.

Outra hipótese de conflito distributivo é a relação entre salários e preços, onde o problema está na disputa pelo produto entre trabalhadores e empresários que instabilizam a relação entre salários e preços.

Ainda é possível classificar os processos inflacionários quanto à sua origem, como a inflação da demanda, que ocorre quando o excesso de demanda em uma economia não pode ser absorvido pela oferta o que resulta em aumento de preços, pois há uma quantidade maior de moeda em relação ao bens e serviços disponíveis na economia, ou a inflação de oferta que é caracterizada quando ocorre a diminuição de bens e serviços ofertados, seja pela diminuição da produção ou pelo aumento dos preços devido a aumento nos custos de produção. Quando ocorre a união da inflação de demanda e a de

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oferta caracteriza-se a inflação mista que é, geralmente, iniciada por um aumento na quantidade de moeda em poder do público em relação aos bens e serviços disponíveis.

Há ainda a inflação estrutural, que se caracteriza pela falta de capacidade de oferta de bens e serviços ao setor agrícola e exportado e estes, devido à falta de capital, tecnologia ou mão de obra, deixa de expandir-se, este tipo possui quatro principais bases. A primeira é a inelasticidade da oferta de produtos agrícolas, que, devido ao êxodo rural, propicia um aumento de população nas áreas urbanas onde o custo de alimentação sobre e o governo, numa tentativa de contê-lo, desestimula a oferta agrícola ao baixar os preços fazendo uso de sua política monetária. O desequilíbrio crônico na balança comercial, que é a segunda, é causado pela relação desigual entre a elasticidade dos países desenvolvidos por produtos primários que é baixa versus a elasticidade, que é alta, dos países emergentes para produtos duráveis e este déficit ao ser financiado por entrada de divisas pressiona a inflação. A terceira é a luta das classes mais baixas por melhores remunerações aumentando o custo de produção. Por fim o governo através da emissão de moeda para fazer frente às demandas da sociedade por desenvolvimento.

Por último temos a inflação inercial que está ligada à falta de confiança no futuro da economia, pois os agentes, temendo instabilidade dos preços no futuro, hesitam em investir e acabam por estocar produtos e/ou moedas mais fortes causando pressão inflacionária e a forte indexação da economia que faz com o que o processo inflacionário se retroalimente.

2.2.2 Situação no BRASIL

A inflação é uma característica marcante da história econômica do Brasil, pois é nítida a tendência de alta de preços que sempre a acompanhou, e, são raras as fases em que se observaram baixas agudas e persistentes dos preços.

Em meados da década de 50, logo após um período de estabilização no pós-guerra, houve uma aceleração mais acentuada do processo inflacionário. A resposta do governo foi um programa de estabilidade monetária que, devido à impopularidade, logo foi abandonado.

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No início da década de 60, devido à falta de uma política de contenção, a inflação atingiu níveis muito altos, e, em 1964 esta torna-se uma das principais metas do governo, porém as medidas fiscais, monetários e de controle de preços são todas em vão e o processo inflacionário persiste.

Ao final da década de 70 o Brasil já experimentava índices de inflação na casa dos 40%, reflexo do processo inflacionário aliado ao desequilíbrio econômico causado pelo regime militar.

Nos anos 80, a situação se complicou, após dois choques do petróleo e maxidesvalorizações cambiais a inflação atingiu a casa de três dígitos e, simultaneamente, o setor real da economia registrou indicações de recessão.

Em 1986, inspirado nas experiências de Argentina e Israel, o governo preparou e colocou em prática um plano que tinha como ideia central a existência de um forte componente inercial acirrando o conflito distributivo entre os agentes, o plano Cruzado, que implementava como principais medidas o congelamento de preços e salários, bem como uma reforma monetária, além de dividir o valor de da moeda por mil. Imediatamente após a implementação a inflação cedeu e, nos primeiros meses, até ocorreu deflação, porém o setor público não conteve seus gastos durante o período de congelamento de preços fazendo com que a inflação reaparecesse com força à partir do final de 1987.

Em junho de 1987 o plano Bresser foi implementado, assim como plano anterior também congelava preços e salários, mas apenas por três meses. A inflação também cedeu fortemente, mas retomou com muita força tão logo encerrado o congelamento.

Em janeiro de 1989 foi a vez do plano verão, que assim como seus antecessores se baseou em congelamento de preços e salários aliados à uma reforma monetária que dividiu o valor por mil introduzindo uma nova moeda, e, como era de se esperar de um plano similar aos anteriores, o resultado foi o mesmo.

Em 1990 um novo plano foi preparado, o plano Collor, mas desta vez partia-se do princípio que havia excesso de moeda na economia e reteve saldos superiores à NCz$ 50.000,00 em contas correntes, poupanças e aplicações financeiras, além de uma reforma monetária que retornou a moeda ao cruzeiro sem efetuar uma divisão do valor. Este teve efeito similar aos anteriores fazendo com que a inflação baixasse num primeiro momento e retornasse, neste caso, em meados do mesmo ano.

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Em fevereiro de 1991 foi implementado o plano Collor II que introduziu controles de preços temporário e apenas sobre parte dos bens da economia, tendo um resultado mais curto que os planos anteriores, pois a inflação demorou menos tempo para reaparecer com bastante força tendo em 1993 atingido seu ápice a quase 2.500% ao ano.

Em julho de 1994 é implementado o plano Real, que se baseava em cinco fatores essenciais: zerar o déficit público, desindexar a economia, reindexar a economia de acordo com a taxa de câmbio, abrir a economia por meio da redução das tarifas de importação e aumentar acentuadamente as reservas internacionais, pois acreditava-se que com estas medidas a nova moeda criada, o Real, nasceria com um valor praticamente igual ao dólar. Desta vez a tentativa de conter o processo inflacionário foi bem-sucedida e a inflação cede e não retorna com força após alguns poucos meses.

Em 1999 o Brasil implementa um sistema de metas de inflação que são divulgadas anualmente e é responsabilidade do Banco Central, utilizando a política monetária, manter os índices de inflação dentro dos limites estabelecidos. Desde então a inflação tem respeitado os limites estabelecidos na política de metas, com algumas exceções.

Gráfico 1 – Metas de Inflação x Inflação. Fonte: Banco Central do Brasil, 2018.

0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Metas de Inflação x Inflação

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3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

3.1.1 Inflação

Para as análises deste trabalho será utilizado Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fornecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é o índice oficial de inflação no Brasil, e, doravante denominado como Inflação.

3.1.2 Contas Públicas

Para esta análise foram selecionadas como variáveis as principais rubricas das contas públicas que foram submetidas ao teste de correlação conforme metodologia previamente descrita, são elas:

• Receita Total;

• Receita Líquida (Receita Total – Transferências); • Transferências por Repartição de Receita – Total; • Despesas Total;

• Despesas – Pessoal e Encargos Sociais;

• Despesas – Outras Despesas Obrigatórias – Total; • Despesas – Discricionárias – Todos os Poderes; • Resultado Primário – Governo Central;

• Resultado Primário – Tesouro Nacional; • Resultado Primário – Previdência Social; • Resultado Primário – Banco Central.

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Tabela 1 – Coeficiente de correlação Linear de Pearson (r) para as variáveis. Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Como podemos verificar nos resultados da Tabela 1, apenas foi verificada uma correlação inversa com força pequena na variável Resultado Primário – Tesouro Nacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inflação é um problema muito complexo para que possa ser facilmente correlacionado apenas com uma parte das variáveis da economia de um país, como foi comprovado no estudo apresentado uma simples tentativa de correlacioná-la com as rubricas das contas públicas não obteve o resultado esperado.

Portanto não é um trabalho apenas de cortar um gasto ou controlar um indicador e sim o trabalho de equilibrar a economia como um todo que poderá fazer com que a inflação se mantenha sobre controle.

Grupo Série Pearson (r) Força

Total -0,09 Leve

Líquida (Receita Total - Transferências) -0,09 Leve Transferências Por Repartição de Receita - Total -0,09 Leve

Total -0,08 Leve

Benefícios Previdenciários - Total -0,11 Leve Pessoal e Encargos Sociais -0,10 Leve Outras Despesas Obrigatórias - Total 0,00 Nulo Discricionárias - Todos os Poderes -0,06 Leve

Governo Central -0,05 Leve

Tesouro Nacional -0,24 Pequena

Previdência Social 0,18 Leve

Banco Central -0,20 Leve

Resultado Primário Receitas

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REFERÊNCIAS

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estudantes universitários. 3ª ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil.

FURTADO, José de Ribamar Caldas (2007). Os regimes de contas públicas: contas

de governo e contas de gestão. REVISTA DO TCU, 61-89.

MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de Marketing. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1997, vol I. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de Marketing v.1: Metodologia, Planejamento. 5.ed-São Paulo: Atlas, 1999

MEIRELES, Hely Lopes. Curso de Direito Administrativo. 35ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009.

MUNDSTOCK, Elsa et al. Introdução à Análise Estatística Utilizando o SPSS 13.0. Porto Alegre, 2006.

OLIVIEIRA, Regis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social: uma

introdução à macroeconomia. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.

PEREIRA, José Matias. Finanças Públicas. A Política Orçamentária no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

RIANI, Flávio. Economia do Setor Público. Uma Abordagem Introdutória. 4ª ed. São Paulo: Atlas. 2002.

ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágio do Curso de Administração. São Paulo: Atlas, 1996.

ROSSETTI, José Paschoal. Contabilidade social. 7ª ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 1992.

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Acesso em: 20 de novembro de 2018.

TRIVIÑOS, Augusto Nivaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a

Referências

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