• Nenhum resultado encontrado

Vote MDB. Você sabe porque: democracia, Estado e política econômica no discurso emedebista durante a distensão ( )

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Vote MDB. Você sabe porque: democracia, Estado e política econômica no discurso emedebista durante a distensão ( )"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

* Mestrando do Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e bolsista CAPES.

emedebista durante a “distensão” (1974-1979)

PEDRO HENRIQUE GOMES DE QUEIROZ*

RESUMO

Este artigo procura apresentar pontos básicos do discurso produzido pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) durante a primeira fase da transição da ditadura burgo-militar instaurada no Brasil em 1964 para o regime democrático liberal da Nova República: a distensão (delimitada aqui pelo mandato do ditador-general Ernesto Geisel, de 1974 a 1979). Através da análise de discurso bakhtiniana, será apresentado como o MDB, fazendo uso de uma preleção democrática, se apresentou enquanto opção viável e essencial na superação do regime. Particular ênfase será dada às construções discursivas do partido sobre os fins da ação estatal, da política econômica e do sistema democrático, a fim de melhor delinear qual tipo de democracia era buscado pela oposição institucional à ditadura burgo-militar.

PALAVRAS-CHAVE

Movimento Democrático Brasileiro (MDB), democracia, discurso, partido, transição.

ABSTRACT

This article presents basic features of the discourse produced by the Brazilian Democratic Movement (MDB) during the first phase of the transition from the bourgeois-military dictatorship installed in Brazil in 1964 to the New Republic liberal democratic regime: the détente (defined here by the term of dictator-general Ernesto Geisel, 1974 to 1979). Through bakhtinian discourse analysis, it will be presented how the MDB, using a democratic rhetoric, presented itself as a viable and essential option for overcoming the regime. The emphasis will be on the discoursive constructions made around the goals of State action, economic policy, and democratic system, to define which democracy was sought by the institutional opposition.

(2)

Brazilian Democratic Movement (MDB), democracy, discourse, party, transition. O SURGIMENTO DO MDB E A TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA

O MDB1 é, atualmente, uma das maiores agremiações do sistema partidário brasileiro. Sua presença nas instâncias parlamentares e executivas de todo o Brasil é tão relevante que se chegou a propagar entre analistas políticos a crença de que sem seu apoio, não se governa2.

Tal relevância o torna essencial se se objetiva compreender as características e contradições da institucionalidade tida democrática do país. Esse intuito se torna ainda mais premente em um contexto de intensas discussões sobre ameaças a esta institucionalidade3, sendo papel da

ciência histórica produzir análises que contextualizem esse debate e apontem caminhos a ser tomados pelo sujeito concreto atuante em sua conjuntura.

Sua formação remonta a 1966, quando o regime ditatorial burgo-militar, instaurado em 1964, outorgou o Ato Institucional Nº 2, que, dentre outras arbitrariedades (ALVES, 1985: 90-94), proscreveu os partidos políticos então existentes (UDN, PSD, PTB, PSP, PDC, PRP, PR, PSB). A maior parte dos componentes do antigo Partido Trabalhista Brasileiro, junto a parcela da liderança do Partido Social Democrático, formou, então, o Movimento Democrático Brasileiro, colocando como função central e pauta básica da agremiação a “luta pelo estabelecimento da democracia representativa, dos direitos civis e da liberdade de organização para todos os setores da sociedade civil” (KINZO, 1988: 60). No outro polo, o governo golpista do ditador-general Humberto de Alencar Castelo Branco (1964-1967) organizou a fundação da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido de sustentação ao novo regime, composto pela quase totalidade da então União Democrática Nacional, a

1 Ao longo deste artigo o leitor encontrará três grafias utilizadas para denominar a forma partidária assumida,

historicamente, pelo atual Movimento Democrático Brasileiro. MDB será utilizado para os períodos em que o partido assim se apresentava legalmente (1966-1979; 2017-atualmente). PMDB será utilizado para o período a partir da reconstrução do partido quando de sua proscrição pela ditadura burgo-militar (1979-2017). P/MDB é a forma como encontrou-se aqui de relacionar ambas as existências legais do partido como um continuum histórico de um grupo político que, em diferentes momentos, reclamou a existência do partido desde 1966 como forma de apresentação formal à população e construção identitário-memorial.

2 REDAÇÃO. “Sem o PMDB não se governa”, afirma Temer. O Tempo, 13 set. 2014. Disponível em:

<https://www.otempo.com.br/hotsites/elei%C3%A7%C3%B5es-2014/sem-o-pmdb-nao-se-governa-afirma-temer-1.915475>. Acesso em: 25 jan. 2020.

3 CAMPANTE, Felipe. A democracia brasileira corre perigo?. Nexo, 21 ago. 2019. Disponível em:

<https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2019/A-democracia-brasileira-corre-perigo>. Acesso em: 5 ago. 2020.

(3)

maioria do Partido Social Democrático, e menor participação de outros como o Partido Social Progressista e o Partido Democrata Cristão.

Ainda que tenha tentado trabalhar com os partidos do período pré-1964, o bloco burgo-militar no poder não conseguiu constituir uma base legislativa coesa e confiável, recorrendo, então, à força de seus poderes de exceção para criar um forte e hegemônico partido de governo, a ARENA. Contudo, a própria legislação partidária imposta após o AI-2 permitia a criação de até 3 partidos (sendo que apenas 2 foram viáveis), abrindo caminho, assim, para a formação de uma frente oposicionista condensada no MDB. Esta última deveria ser, ao que parece, estruturalmente fraca e vacilante, porém existente, já que sua atuação seria uma constante validação da suposta natureza democrática do regime.

É a este arranjo estrutural da disputa política no período de 1964 a 1985 que se define aqui a existência de um simulacro democrático, isto é, uma simulação de existência de um regime democrático liberal formal. Suas instituição e ritos, em geral, foram mantidos, porém sofrendo reordenamentos que garantissem o controle efetivo do poder de Estado pelo bloco burgo-militar. Foi este um dos grandes diferenciadores do regime instaurado no Brasil para seus congêneres no Cone Sul neste período.

Os primeiros anos de existência do MDB, como é de se pensar, foram marcados por intensa fragilização junto ao aparato de Estado. Com incipiente capilarização na população, dada sua natureza institucionalista de fundação (muito atrelada a políticos de carreira eleitos), a forte herança herdada do PTB, e do PSD em menor montante, foi essencial para sua estruturação. Motta (1997: 32-33) frisa a importância dessa estrutura pregressa na institucionalização do partido, sendo que herdou da velha aliança PSD-PTB boa parte de seus quadros mais proeminentes, como o primeiro presidente nacional, Oscar Passos (PTB), o vice-presidente Ulysses Guimarães (PSD), o influente deputado federal Tancredo Neves (PSD), dentre tantos outros.

A parte a Frente Ampla4, poucos episódios marcam o primeiro ciclo de existência do

emedebismo. Seu gelatinoso caráter frentista, amplo o bastante para congregar políticos de

4 A Frente Ampla foi uma aliança política orquestrada pelo ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, em

(4)

matizes e interesses extremamente variados, aliado às constantes ameaças de endurecimento do regime, levaram-no a impor uma tépida atuação oposicionista. A outorga do AI-5, em dezembro de 1968, produziu um vertiginoso endurecimento e fechamento do regime, levando a uma repressão ainda mais terrorista tanto à oposição armada ao regime (contando com grupos como a ALN, a VAR-Palmares, o MR-8, a VPR e a Ala Vermelha) quanto à oposição institucional, de formas diversas.

O MDB perdeu dezenas de partidários em sucessivas rodadas de cassação promovidas pelo governo, em todos os níveis da federação5. Como bem aponta Kinzo (1988), as cassações

privaram o partido de boa parte de seus quadros mais combativos e menos suscetíveis a negociatas com o bloco burgo-militar. Aliadas ao clima generalizado de terror de Estado, levaram a uma paralisia do partido, fazendo parcas acusações ao uso da repressão policial no período de governo do Gal. Garrastazu Médici (1969-1974). Por outro lado, se levaram a agremiação a uma inflexão, também produziram uma renovação forçada dos quadros, e à ascensão de uma nova liderança, o Dep. Fed. Ulysses Guimarães.

Ao longo da década de 1970, o grupo dos imaturos, logo depois chamados de autênticos (NADER, 1998), passa a encampar uma posição mais combativa ao regime, pautado pela defesa dos marcos clássicos da democracia liberal (eleições livres, divisão dos Três Poderes, respeito à Constituição). Sua atuação foi galvanizada pela anticandidatura do presidente nacional do MDB, Ulysses Guimarães, à Presidência da República. Concorrendo contra o ungido do governo, Gal. Ernesto Geisel, a liderança do partido resolveu usar o parco espaço oficial que o pleito indireto lhe conferia para tornar aquela uma campanha de denúncia da ditadura, explorando as contradições do sistema político em vigor. Aliou-se também naquela postura um combate com forte vertente trabalhista à política econômica do governo

adiamento do fim mandato do Gal. Castelo Branco (de 1965 para 1967). O ex-governador se aliou a antigos adversários, os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart, numa campanha pela realização de eleições livres e diretas à Presidência e devolução dos direitos políticos da população (ALVES, 1985: 127). Como aponta Kinzo (1988), contudo, as ações mais ostensivas da Frente Ampla foram pouco além dos discursos públicos promovidos por Lacerda, até a proscrição das atividades do movimento em 1968.

5 FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO. Relação dos deputados cassados pelo AI-5. Fundação Perseu Abramo, 2

set. 2008. Disponível em: <https://fpabramo.org.br/2008/09/02/relacao-dos-deputados-cassados-pelo-ai-5/>. Acesso em: 10 jun. 2020.

(5)

que redundava no Milagre Econômico, taxando-o de elitista e permissivo ao avanço indesejado do capital estrangeiro6.

O caldo político dessas movimentações foi um surpreendente resultado eleitoral no pleito legislativo de 1974. O MDB conseguiu superar a votação nacional da ARENA para o Senado Federal, e se aproximar muito desta na Câmara dos Deputados Federais e nas Assembleias Legislativas estaduais (ALVES, 1985: 189; KINZO, 1988, 73-74). Isso levou o governo Geisel a adotar medidas drásticas de controle político, estabelecendo uma lei eleitoral rigorosa, que ceifava o debate político (a conhecida Lei Falcão, de 1976). O avanço do MDB, quando este conseguiu articular combatividade discursiva a uma potente postura trabalhista, o colocaram no centro das preocupações do bloco burgo-militar, passando de coadjuvante menor da dialética governo X oposição a um ator político de primeira relevância, que deveria ser contido.

A OPOSIÇÃO E A TRANSIÇÃO

A política de distensão, formalmente lançada pelo Gal. Ernesto Geisel quando assumiu seu governo em 1974, revelou-se futuramente como a primeira fase de um longo e árduo processo de transição do regime burgo-militar a uma frágil democracia liberal, consumada somente na segunda metade dos anos 1980. Suas bases discursivas podem ser remontadas à longa duração da história política brasileira, compondo um imaginário de transições entre regimes incruentas, sem combate e sem antagonismos (DEBRUN, 1983). Seriam estes todos processos de acomodação e negociação entre as forças políticas dominantes, sempre tendo como base o consenso e conciliação de interesses (real ou artificial).

A distensão seria, desta maneira, uma política de arrefecimento da repressão policial sobre a oposição institucional e social, possuindo como contrapartida uma aceitação do dirigismo governista do processo pelas forças opositoras. O ônus da tranquilidade e estabilidade estava, lógico, imputado nestas forças, uma vez que sua atuação ordeira seria

6 FUNDAÇÃO ULYSSES GUYMARÃES. “Navegar é preciso. Viver não é preciso”. Fundação Ulysses

Guimarães, 2016. Disponível em:

(6)

condição sine qua non para evitar represálias arbitrárias do governo (FORGET, 1994: 95). Estabelecia-se, assim, um pacto forçado, imposto monocraticamente com vias de possibilitar a tutela militar7 sobre uma abertura “lenta, gradual e segura”.

Sua implementação foi, como a própria ditadura burgo-militar, profundamente contraditória. Ao passo que o regime acenava à oposição social com medidas de liberalização da disputa política e retomada de certas liberdades individuais (abolição do AI-5, eleições com maior liberdade em 1974, diálogos com organizações reivindicatórias), tomava medidas de cerceamento do debate público e da expressão de críticas ao governo (Lei Falcão, fechamento do Congresso em 1977, cassação de deputados oposicionistas). Carvalho (2019) denota que o regime como um todo se deu sob esse compasso, em ritmos de liberalização e recrudescimento no tocante ao uso da força para exercer o poder de Estado. Logo, a distensão não teria desviado de uma trajetória estrutural daquela conjuntura, que via na repressão aberta aos dissidentes uma constante para a garantia do cumprimento da Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento.

Foi em meio a este complexo processo de rearranjo das forças políticas, pós-1974, que o MDB imprimiu forte avanço no que diz respeito a suas vitórias eleitorais e sua participação nas decisões legislativas. Seu caráter fortemente institucionalista, isto é, pautado pela disputa eleitoral e pela conquista de cargos públicos (MACIEL, 2004: 233), tornava o entendimento da categoria Estado e de sua funcionalidade uma questão fortemente presente em suas formulações documentadas, como pode-se ver nestes excertos das cartilhas MDB em Ação:

“O homem é filho do homem. Não é filho do Estado. [...]

O homem ao nascer se investe em direitos como homem. [...]

7 Mathias (1995: 39) define o modelo de transição proposto pelo bloco burgo-militar como um que objetivava

implementar uma “democracia tutelar”, na qual se permitiria a abertura do poder de Estado aos civis desde que estes se comprometessem a acatar os ditames da Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento (preceito básico que orientava as medidas tomadas pelo bloco burgo-militar) e garantir participação ativa da ala militar na condução à democracia liberal.

(7)

Tais direitos, ditos naturais, estão onde estiver o homem. [...]

Não é o Estado que criou o homem. O homem é quem criou o Estado. O homem é anterior ao Estado, inventou-o para ajudá-lo, como meio, e não para ser por ele negado, perseguido, preso, torturado ou assassinado.” (DN-MDB, 1976c: s/p)

“A segurança do Estado não pode ser a insegurança da Nação e a grandeza do homem é mais importante do que a grandeza do Estado.

[...]

O homem é titular, não objeto do Estado. O homem ao criar o Estado quis criar o aliado e não o monstro que persiga, tortura e mate seu criador ou o martirze com salários desmoralizados pela carestia galopante, com a inacessibilidade de médico e remédio ou de escolha para seus filhos.” (IEPPH, 1977: 117)

“Se não vota, o povo é expropriado do poder político e centrifugado para a periferia do Estado. Passa a ser objeto e não personagem do Estado.

De dominante, seu status subalterniza-se em dominado.

Como ouvir e submeter-se ao povo, se não outras as forças que instituíram e sustentam o governo imposto?

Na Democracia, o soberano é o povo.” (DN-MDB, 1976b: 156-157)

“A Nação está ansiosa pela normalidade de sua vida institucional, pois de todos os pontos do País só se ouve uma só voz: ‘queremos o Estado de Direito’.” (DN-MDB, 1978: 26)

É possível ver, claramente, que o Estado e seu poder de intervenção possuíam um papel bastante proeminente nas formulações do MDB. Havia uma centralidade da ação estatal quando o partido pensava a solução dos grandes problemas sociais, e a qualificação desta atuação estava diretamente relacionada ao tipo de regime em vigor naquele momento. O

(8)

centro das críticas à ditadura burgo-militar estava justamente na forma como esta havia provocado uma cisão entre o Estado e a Nação, os governantes e os governados. Negando a supostamente necessária e natural harmonia entre estes dois âmbitos, a ditadura ceifava qualquer capacidade de o poder estatal ser verdadeiramente representativo de seu povo.

Primeiramente, é importante pensar que este horizonte estratégico que coloca centralidade na atuação estatal, vendo a atuação direta da organização popular como um elemento acessório ou ocupante de um segundo plano de preocupações, era majoritário na burocracia partidária. Do Diretório Nacional (instância máxima de decisão) aos Diretórios Regionais, a burocracia emedebista estava tomada por uma hegemonia tida como composta pelo grupo dos “moderados”, mas que na verdade compunha uma aliança entre figuras conservadoras e liberais que se identificavam com o campo da oposição na sua relação com a ditadura burgo-militar. Desse grupo moderado-conservador faziam parte importantes políticos de carreira como o presidente nacional do MDB, Ulysses Guimarães, e deputados como Tancredo Neves, Joaquim Bevilacqua, Sebastião Rodrigues, João Menezes, Pacheco Chaves, Thales Ramalho, Saturnino Braga e Chagas Freitas.

Este grupo possuía múltiplas funções na condução do emedebismo. No campo organizativo, sua atuação procurava garantir um mínimo de coesão na atuação e nos discursos promovidos pelos membros eleitos do MDB, de forma a tornar possível a execução da estratégia partidária por uma frente política tão ampla. Nominalmente, esta estratégia estava firmemente conectada à retomada das prerrogativas da democracia liberal tradicional no Brasil: eleições periódicas, livres e diretas; transição de partidos nas estruturas de poder; prerrogativas e harmonia entre os Três Poderes; garantia dos direitos de liberdade de expressão e atuação política etc8. Este horizonte colocava, justamente, na conquista do

8 Florestan Fernandes (2019) faz uma boa conceituação que mostra como a ideia de democracia liberal é

indissociável da democracia burguesa e do estabelecimento e perpetuação de um modo de dominação burguês sobre o conjunto da sociedade: “Primeiro, a democracia típica da sociedade capitalista é uma democracia

burguesa, ou seja, uma democracia na qual a representação se faz tendo como base o regime eleitoral, os

partidos, o parlamentarismo é o Estado constitucional. A ela é inerente forte desigualdade econômica, social e cultural com uma alta monopolização do poder pelas classes possuidoras-dominantes e por suas elites. A liberdade e a igualdade são meramente formais, o que exige, na teoria e na prática, que o elemento autoritário seja intrinsicamente um componente estrutural e dinâmico da preservação, do fortalecimento e da expansão do ‘sistema democrático capitalista’. Segundo, a ótica capitalista circunscreve o horizonte intelectual do analista político (seja ele um ‘homem de ação’, um filósofo, um sociólogo, um jurista ou um cientista político) [...]. Isso significa uma identificação insanável entre ‘consciência social’ e ideologia. Essa identificação não foi um

(9)

aparelho de Estado o objetivo máximo do partido, ao qual todos os seus esforços deviam se voltar.

É por isso que se vê a ênfase na crítica à cisão entre o Estado e a Nação, bem como a coisificação que este Estado, que aliena seu próprio povo de si, produz no indivíduo. O partido estabelece uma intensa interdiscursividade (BAKHTIN, 2016) com a tradição liberal que remonta desde a Rousseau e Condorcet (CONSANI, 2018: 127) para justificar a ilegitimidade que encontra no Estado burgo-militar. Ao trazerem a ideia de um pacto social natural, de direitos naturais do ser humano que deveriam ser respeitados, retomam esta tradição liberal para contradizerem-se a um governo abertamente autoritário e cerceador de liberdades.

Este recurso não se deu de forma não-intencional. O bloco moderado-conservador que controlava o MDB se utilizava destas amplas categorias, como a defesa da democracia, defesa dos direitos naturais e o uso de termos clássicos da democracia liberal como uma forma de dar coesão à ampla massa de filiados àquela frente oposicionista. Vale lembrar que o partido compunha desde ex-membros do PSD a militantes do PCB, que atuavam na clandestinidade (NADER, 1998: 70). É lógico pensar que o horizonte estratégico destes diferentes grupos divergia. A função agregadora deste grupo de liderança, e especialmente da figura central de Ulysses Guimarães, foi justamente a de montar um programa partidário amplo o bastante para ser útil às diversas forças, mas também conciso o bastante para não fugir aos ditames do simulacro democrático – o que poderia levar a atos de repressão do governo.

Justamente por isso vemos que boa parte dos discursos que ganham as páginas dos documentos oficiais do MDB eram do próprio Ulysses Guimarães, quando não eram documentos sem autoria que compunham construções frasais quase idênticas às do presidente nacional. O caráter agregador da liderança de Ulysses garantiu que tanto “autênticos” quanto “moderados” e até mesmo aqueles mais próximos ao governo se sentissem confortáveis com a atuação no MDB. Isso ajuda a entender como figuras como Chagas Freitas, governador dos obstáculo nas fases históricas em que as classes possuidoras, dentro do capitalismo, foram classes revolucionárias (na destruição do antigo regime e na consolidação da ordem social competitiva). Assim que esse limite é ultrapassado, porém, o direito racional ou positivo deixa de ser um ‘direito revolucionário e a ótica

liberal torna-se prisioneira de uma ideologia conservadora, primeiro, e de uma ideologia reacionário, em

(10)

estados da Guanabara (1971-1975) e do Rio de Janeiro (1979-1983), puderam manter intensos laços com a ARENA e o governo da ditadura, ao passo que controlavam setores importantes do MDB (MELHEM, 1998).

É importante frisar que o produto desta confluência de tendências internas e interpenetrações discursivas foi a defesa militante do Estado de direito. Este, como visto no último trecho supracitado, era sempre colocado em oposição ao tipo jurídico do Estado de exceção, representado pelo constante desrespeito à Constituição, aos direitos naturais do ser humano e da harmonia entre os Três Poderes9. Neste sentido, é notória a aproximação do

MDB, na segunda metade dos anos 1970, a entidades civis como a OAB e uma série de intelectuais críticos ao regime. O jurista Dalmo Dallari – à época, presidente da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo – foi convidado pelo partido para um simpósio com o tema A Luta pela Democracia em 1977 (IEPPH, 1977), onde fez uma enfática defesa da retomada do Estado de direito no Brasil, e como esta luta se conectava à ampla luta por redemocratização do país.

Novamente, é importante frisar o aspecto amplo desta luta. A não adjetivação desta disputa, sendo simplesmente uma defesa dos “direitos do homem”, a tornava válida a todos os elementos da sociedade. Era sem classes, sem contradições e sem disputas internas. Tal qual o próprio MDB, apresentava-se como uma ampla defesa da abstrata democracia, cristalizada apenas como o ideal de democracia liberal espelhado pelos exemplos do centro do capitalismo mundial. Contudo, é possível encontrar elementos que mostram a contradições deste partido, especialmente em sua política econômica e trabalhista:

9 Maciel (2004: 30-33) mostra como uma das características estruturais do funcionamento do sistema político

imposto após 1964 levou em conta justamente um agigantamento do Poder Executivo frente ao Legislativo e ao Judiciário. Se utilizando de atos institucionais e mudanças casuísticas na Constituição, o bloco burgo-militar via no controle da máquina pública pelo Executivo a maneira mais prática e eficiente de contornar a disputa política clássica da democracia burguesa e garantir de forma monocrática a execução das medidas de exceção necessária para debelar a oposição ao projeto de modernização conservadora do desenvolvimento capitalista brasileiro. São características como essa que auxiliam certos autores a tipificar o regime que vigorou de 1964 a 1985 como bonapartista, ou componente de um mais longo bonapartismo brasileiro, como vê-se em Demier (2013).

(11)

“Este é o retrato de um estilo de desenvolvimento selvagem presidido por um Estado Autoritário divorciado do povo.

ESTE PROCESSO DE CONCENTRAÇÃO DE RENDA RESULTA DIRETAMENTE DO REGIME DE EXCEÇÃO QUE SUPRIMIU AS LIBERDADES PÚBLICAS E EXCLUIU O POVO DA VIDA POLÍTICA DO PAÍS. O ESTADO AUTORITÁRIO IMPEDIU A LIVRE E PLENA ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE, QUE TERIA PERMITIDO AOS TRABALHADORES, AOS PROFISSIONAIS LIBERAIS, AOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS LUTAREM ATRAVÉS DE SEUS SINDICATOS E ASSOCIAÇÕES POR MELHORES SALÁRIOS E CONDIÇÕES DE VIDA. O ESTADO AUTORITÁRIO, IMPEDINDO QUE O POVO PUDESSE LIVREMENTE ESCOLHER SEUS GOVERNANTES E ENFRAQUECENDO O PARLAMENTO E OS PARTIDOS, EXCLUIU OS INTERESSES DOS ASSALARIADOS DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS E SOCIAIS.” (DN-MDB, 1978: 55)

“Antes de ter-se colocado, por via de conseqüência, o antagonismo entre intervenção do Estado e livre iniciativa, desabrocha completamente o sentido de integração dos dois movimentos. Ao Estado, até mesmo através de ação disciplinar, cabe preservar a sobrevivência daquela, defendendo-a dos males e imperfeições que traz em seu bojo e permitindo-lhe ser coletivamente criadora mercê do atendimento ao conjunto dos indivíduos, mas sem permitir apropriações indébitas do excedente socialmente gerado pelo trabalho de cada um e de todos. Mas cabe-lhe igualmente preencher as lacunas na produção, assegurar a exploração econômica de potencialidades vitais, preservando-as de um esgotamento precoce por uso inconveniente. Cabe-lhe, ainda, intervir sempre, de modo direto ou indireto, na tarefa de assegurar a prosperidade crescente da Nação e a criação de perspectivas para um progresso condizente com a dignidade humana e o saber adquirido.

Recusa-se, hoje, tanto uma atabalhoada e irresponsável intervenção estatal, quanto a omissão do Poder Político nos negócios coletivos. Recusam-se de modo igual tanto as injúrias à ação do Estado e as caricatas investidas sob epíteto de estatização, quanto a temeridade e fazer desta ação um elemento exclusivo e avassalador da atividade econômica.” (DN-MDB, 1976a, p. 26)

(12)

Uma das principais funções do grupo dos “autênticos” na correlação de forças interna ao MDB foi justamente a de tensionar à esquerda o programa e a atuação do partido. Trazendo um importante discurso classista, herdeiro da tradição trabalhista, vê-se em trechos como os supracitados que a crítica feita à política econômica do regime era fortemente pautada pela recusa a uma modelo visto como elitista, que colocava o crescimento econômico acima do desenvolvimento social. A defesa do direito à organização dos trabalhadores vinha justamente destes setores que, ao longo dos anos 1970, foram cada vez mais se aproximando de sindicatos e líderes sindicais que colocavam na linha de frente de suas reivindicações a questão dos salários – profundamente desvalorizados.

Este foi um dos fatores que levaram a anticandidatura de Ulysses Guimarães em 1973 e a campanha legislativa de 1974 a terem um componente classista muito mais intenso. Uma vez visto este giro discursivo, várias entidades ligadas a esquerda, que outrora apenas viam o MDB como um veículo alternativo do mesmo sistema de dominação, passaram a encará-lo como um instrumento viável de chegada na base populacional. Tais grupos, tidos pela burocracia do partido como adesistas, passaram a veicular candidatos seus em nome do partido, usando sua militância organizada para conduzirem as campanhas.

A contrapartida do grupo moderado-conservador foi, justamente, a de garantir que este apelo trabalhista das bases do partido não extrapolasse os limites ideológicos liberais. Não é a toa que o MDB, como supracitado, tenta constantemente apresentar como conciliáveis e necessárias a intervenção estatal na economia e a livre-inciativa. Enquanto, por um lado, o planejamento estatal e a capacidade reguladora eram importantes para garantir uma competição justa e uma repartição dos lucros do crescimento econômico, por outro, as empresas privadas tinham um papel essencial no desenvolvimento, no qual deveriam ter garantia total de atuação sem as constrições de um modelo estatizante.

A partir de 1974, é importante frisar, o MDB passa a imprimir uma linha de ação bifocal: apresentar-se como oposição combativa e resistente à base de seu eleitorado, e colocar-se como opção de governo possível e confiável às classes dominantes. Justamente para garantir a eficácia desta tática que o partido passa a imprimir este discurso trabalhista aliado à defesa do “empresário nacional”, vítima da ação perniciosa das multinacionais e do

(13)

descaso do governo. De coadjuvante da política nacional a agremiação passa a ser uma das protagonistas do processo de transição.

E é justamente assim que podemos entender o sentido da preleção democrática do MDB. Um partido criado “de cima para baixo”, fortemente enraizado nos esquemas clientelísticos e eleitoreiros da política brasileira, teve de atuar no contexto da ditadura burgo-militar como uma oposição que se dava a partir de dentro do sistema. Sua trajetória ao longo daquela quadra histórica foi, justamente, a de buscar fincar raízes populares e angariar apoio o bastante para conseguir concessões variadas do governo. Isto o fez apoiar propostas que surgiam dos próprios movimentos sociais, como a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, ou a anistia a presos políticos e exilados.

O MDB nunca se propôs um partido antissitêmico no sentido amplo da palavra. Sua atuação sempre foi no sentido de derrubar a estrutura legal da ditadura, promovendo uma democratização jurídico-política nos termos da democracia liberal tradicional. Mesmo seus setores mais combativos, contudo, jamais tiveram um claro horizonte que atacasse as raízes do sistema socioeconômico vigente. Se propunham como reformadores, pois se criam como melhores e mais humanizados gestores da ordem capitalista posta no Brasil. Tal afirmação permite questionar até que ponto, mesmo quando o futuro PMDB chegou ao poder, o simulacro democrático foi efetivamente derrubado. Até que ponto os resquícios da ditadura burgo-militar vão muito além do que comumente se acredita.

CONCLUSÃO

A raiz das contradições do MDB pode ser traçada a condicionantes de sua formação, da relação que estabeleceu com a ditadura e de seus componentes. O simulacro democrático foi a mediação básica de sua tática, tendo sempre que atuar em compasso de referendo ou rejeição desta dinâmica. Ocorre que, como visto na argumentação acima, mesmo quando o partido aparentava aproximar-se de uma dinâmica de rejeição, pela atuação combativa de seus componentes, por exemplo, ainda assim continuava a atuar dentro de um consenso democrático mais amplo, que compreendia o sistema de dominação socioeconômico capitalista.

(14)

Como bem pontua Deo (2014), a transição política no Brasil compreendeu um processo de passagem da dominação burguesa de tipo abertamente autoritário e militarizado, para um modelo que compreendesse participação política e inclusão de anseios da classe trabalhadora, em certa medida. O veículo essencial desta passagem foi justamente o MDB, na medida em que se consolidou como uma agremiação policlassista que garantiria o interesse de todos, mas, ao fim e ao cabo, se tornou peça-chave na condução do protesto popular e do conflito social em recurso político a ser usado nas negociações do parlamento.

DOCUMENTOS

DIRETÓRIO NACIONAL DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (DN-MDB). MDB em ação – volume X. Brasília, DF: Instituto de Estudos Políticos Pedroso Horta, 1976.

DIRETÓRIO NACIONAL DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (DN-MDB). MDB em ação – volume XI. Brasília, DF: Instituto de Estudos Políticos Pedroso Horta, 1976.

DIRETÓRIO NACIONAL DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (DN-MDB). MDB em ação - Nos municípios: volume XII. Brasília, DF: Instituto de Estudos Políticos Pedroso Horta, 1976.

DIRETÓRIO NACIONAL DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (DN-MDB). MDB e ação – Manual da Constituinte: volume XIV. Brasília, DF: Instituto de Estudos Políticos Pedroso Horta, 1977.

DIRETÓRIO NACIONAL DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (DN-MDB). Constituinte com anistia – compromissos políticos, sociais e econômicos do MDB - volume XV. Brasília, DF: Instituto de Estudos Políticos Pedroso Horta, 1978.

INSTITUTO DE ESTUDOS POLÍTICOS PEDROSO HORTA (IEPPH). A luta pela democracia. Brasília, DF: Instituto de Estudos Políticos Pedroso Horta, 1977.

(15)

BIBLIOGRAFIA

ALVES, Maria Helena Moreira. Estado e oposição no Brasil (1964 – 1984). Bauru, SP: EDUSC, 2005.

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. São Paulo: Editora 34, 2016.

CARVALHO, Aloysio Castelo de Carvalho. Liberalização e tutela militar. Rio de Janeiro: Consequência, 2019.

CONSANI, Cristina Foroni. O conceito de vontade na filosofia política de Rousseau e Condorcet. Trans/Form/Ação. Marília, SP, v. 41, n. 1, p. 99-140, jan./mar. 2018.

DEMIER, Felipe. O longo bonapartismo brasileiro (1930-1964). Rio de Janeiro: Mauad X, 2003.

DEO, Anderson. Uma transição à long terme: a instituicionalização da autocracia burguesa no Brasil. In: PINHEIRO, Milton (org.). Ditadura: o que resta da transição. São Paulo: Boitempo, 2014.

DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado – ação política, poder e golpe de classe. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

FERNANDES, Florestan. Apontamentos sobre a “teoria do autoritarismo”. São Paulo: Expressão Popular, 2019.

FERREIRA, Denise Paiva. PFL x PMDB: Marchas e contramarchas (1982-2000). Goiânia, GO: Alternativa, 2002.

FLEISCHER, David. Manipulações casuísticas do sistema eleitoral durante o período militar, ou como usual mente o feitiço se voltava contra ao feiticeiro. In: D’ARAÚJO, Maria Celina; SOARES, Gláucio Ary Dillon (orgs.). 21 anos de regime militar – balanços e perspectivas. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1994.

FORGET, Danielle. Conquistas e resistências do poder. São Paulo: EDUSP, 1994. GONÇALVES, Williams. A China e o Governo Trump: Os EUA em busca uma nova “Grande Estratégia da Contenção”. Diálogos do Sul, São Paulo, 12 de jul. 2019. Mundo. Disponível em:

(16)

<https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/mundo/59453/a-china-e-o-governo-trump-os-eua-em-busca-uma-nova-grande-estrategia-da-contencao>. Acesso em: 23 mai. 2020.

KINZO, Maria D’Alva Gil. Oposição e autoritarismo: gênese e trajetória do MDB. São Paulo: Vértice; Editora Revista dos Tribunais, 1988.

LEMOS, Renato Luís do Couto Neto e. Ditadura, anistia e transição (1964-1979). Rio de Janeiro: Consequência, 2018.

MACIEL, David. A argamassa da ordem: da Ditadura Militar à Nova República (1974-1985). São Paulo: Xamã, 2004.

MACPHERSON, C. B.. The life and times of liberal democracy. Thetford, Norfolk, Great Britain: Lowe & Brydone, 1979.

MATHIAS, Suzeley Kalil. Distensão no Brasil: o projeto militar (1973-1979). Campinas, SP: Papirus, 1995.

MELHEM, Celia Soibelmann. Política de botinas amarelas: o MDB-PMDB paulista de 1965 a 1988. São Paulo: HUCITEC/Departamento de Ciência Política da USP, 1998.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. O MDB e os intelectuais. Varia História. Belo Horizonte, MG, n. 12, p. 104-113, dez. 1993.

__________. Partido e sociedade – a trajetória do MDB. Ouro Preto, MG: UFOP, 1997.

NADER, Ana Beatriz. Juntando os fragmentos do discurso político nacional: história oral de vida do grupo “Autênticos do MDB”. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 660 p., 1997.

NAPOLITANO, Marcos. Cultura e poder no Brasil contemporâneo. Curitiba: Juruá, 2006.

NETTO, José Paulo. Pequena história da ditadura brasileira (1964-1985). São Paulo: Cortez, 2014.

PINHEIRO, Milton (org.). Ditadura: o que resta da transição. São Paulo: Boitempo, 2014.

(17)

__________. Golpe Burgo-militar de 1964. 2020. (1h00m06s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8WJ6TGaQOHs>. Acesso em: 29 mai. 2020.

WOLFF, Richard. US politics’ true bipartisan consensus: capitalism is untouchable. The Guardian, Nova Iorque, 22 out. 2013. Opinion – Economics. Disponível em: <https://www.theguardian.com/commentisfree/2013/oct/22/ republicans-democrats-bipartisan-consensus-capitalism>. Acesso em: 13 mai. 2020.

Referências

Documentos relacionados

A ARENA foi um dos dois partidos criados no período de vigência do chamado bipartidarismo (o outro partido foi o Movimento Democrático Brasileiro – MDB), montado pelo Regime a fim

Se ao final da vigência ou encerramento antecipado deste Contrato houver saldo na conta específica deste Contrato, proveniente de sobra de recursos ou aplicações, este deverá

Política que apesar dos cortes de recursos teve continuidade no governo do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do ex- Presidente Michel Temer.. até então não

Ela foi gestora da forma política que operou a transição brasileira do golpe burgo-militar de 1964 para a democracia formal em 1985 e é definidora dos graves momentos que

AC Rio Branco AL Maceió AM Manaus AM Parintins BA Alagoinhas BA Caculé BA Camaçari BA Curaçá BA Feira de Santana BA Mucugê BA Salvador BA Vitória da Conquista

•  Versatilidade (variáveis respostas de vários tipos) •  Variáveis explicativas categóricas ou contínuas •  Modelos simples ou mistos (fixas e aleatórias)

PÃO FRANCÊS, com 50 g, a base de farinha de trigo, Validade: 03 dias, Embalagem em saco de polietileno lacrado, aberto na vertical, acondicionado em caixa de papelão contendo até

A aula consiste em uma atividade interativa em que cada estudante recebe um estudo dirigido com orientações sobre como utilizar o dispositivo móvel para montar uma sequência lógica