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MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO

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SI-C3T1 Fl

MINISTÉRIO DA FAZENDA

CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO

Processo n" 16561.,000195/2007-57 Recurso n" 171957 Voluntário

Acórdão n" 13014)0.264 — 3" Câmara / I" Turma Ordinária Sessão de 11 de dezembro de 2009

Matéria IRPJ E CSLL

Recorrente BANCO SANTANDER S/A - sucessor por incorporação de BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A - BANESPA

Recorrida DRJ EM SAO PAULO I

ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2002

NULIDADE, ENQUADRAMENTO LEGAL. INOCORRÊNCIA.

Incabível a argüição de nulidade por equivoco na fundamentação legal da exigência, quando demonstrado que os dispositivos mencionados pela Fiscalização estão em perfeita consonância com a natureza da irregularidade suscitada.

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2002

CONTROLADA DOMICILIADA NO EXTERIOR. APURAÇÃO DO RESULTADO. COMPROVAÇÃO,

A apuração do resultado da controlada domiciliada no exterior pode ser efetuada com base na legislação do país em que estiver domiciliada, Entretanto, as operações que afetam a situação fiscal da controladora no Brasil estão sujeitos à comprovação de sua efetiva realização .

EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL.

O resultado positivo da equivalência patrimonial na investidora, decorrente da variação cambial no patrimônio da investida, não integra a apuração do lucro real por ausência de previsão em lei formal nesse sentido.

Recurso Voluntário Provido.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.

Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas e, no mérito, dar provimento ao recurso, nos termos do

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relatório e voto que integram o presente julgado. Fez sustentação oral pela Recorrente Dr. Roberto Quiroga Mosquera - OAB/SP n" 81755.

Leak

LEONARDO DE ANDRADE COUTO — Presidente e Relator

EDITADO EM: 2 IN G g 2 0 .1

Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Waldir Veiga Rocha, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Décio Lima Jardim, Rogério Garcia Peres, Vahnir Sandri e Leonardo de Andrade Couto.

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Processo n" 16561.000195/2007-57 SI-C3T1

Acórdão n."1301-00.264 El 2

Relatório

O procedimento fiscal de que tratam os autos foi realizado ,junto ao Banco do Estado de São Paulo S/A — Banespa, incorporado pelo Banco Santander S/A durante a fiscalização. Assim, a incorporadora foi identificada como sujeito passivo, ainda que todas as operações analisadas refiram-se à incorporada.

Trata o presente de Autos de Infração (fis,196/213) para cobrança do IRPJ e da CSLL referentes ao ano-calendário de 2002, como decorrência da não adição ao lucro líquido, na determinação do lucro real, dos lucros auferidos por filial e controlada domiciliadas no exterior.

No período sob ação fiscal, a fiscalizada detinha filiais em New York, 'raio e Ilhas Cayman,; e uma controlada em Luxemburgo. Em relação a todas elas a autoridade lançadora tributou, na fiscalizada e na proporção do capital detido, a variação cambial ocorrida com o patrimônio líquido entre .31/12/2001 e .31/12/2002.

Ainda em relação às filiais nas Ilhas Cayman e Nova York, o Fisco glosou a provisão para devedores duvidosos informada no resultado dessas filiais, por entendê-las em desacordo com a legislação de regência.

A interessada apresenta impugnação ao feito (fls.. 2.37/290, com documentos de fis, 291/405). Questiona a glosa das despesas com provisão para devedores duvidosos sob o argumento de que a legislação brasileira não pode alcançar a composição dos lucros gerados no exterior.

Sobre o terna, afirma que em nenhum momento a norma determina que se ajuste o lucro líquido da empresa alienígena acordo com as adições e exclusões previstas na legislação brasileira. Em outras palavras, a lei pode estabelecer a inclusão , na base de cálculo do IRPI, dos lucros recebidos de coligadas no exterior mas não pode determinar a forma de composição desse lucro para efeitos tributários,

Aduz ainda que, se existisse a previsão de alterar a forma de composição do lucro gerado no exterior, essa circunstância implicaria na necessidade da Fiscalização apurar o efetivo lucro real da controlada estrangeira e não apenas glosar uma despesa específica. Como último argumento nessa questão, reclama que não houve comprovação por parte da autoridade fiscal de que os valores representativos da provisão glosada estavam em desacordo com a legislação brasileira.

Em relação à tributação da variação cambial e resultado positivo da equivalência patrimonial, argúi em preliminar a iliquidez da autuação por equívoco no cálculo referente à filial Nova York, Também em preliminar, sustenta a nulidade do auto de infração sob o argumento de que o enquadramento legal mencionado pela autoridade lançadora é estranho ao feito, visto que nenhum dos dispositivos tratam de tributação da variação cambial.

No mérito, defende que o caráter precário e temporal da variação cambial torna equivocado conceituá-la como receita. Registra o veto, pelo Presidente da República, do

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art. 46 da MP 135/04 que definia corno receita ou despesa a variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo método da equivalência patrimonial. O art. 9' da MP n" 232/04 restabeleceu essa previsão, mas foi revogado pelo art. 4", da MP n" 243/05.

Afirma que a jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes reconhece a inexistência de previsão legal para tributação dessa variação cambial e faz uma arrazoado sobre o método da equivalência patrimonial registrando que o resultado daí decorrente não pode ser confundido com lucro.

Reclama a ilegalidade da Instrução Normativa SRF n° 213/02 que teria extrapolado os limites legais ao estabelecer a tributação do resultado positivo da equivalência patrimonial quando existia previsão expressa da lei em sentido contrário. Acrescenta que cumpriu a lei e ofereceu à tributação os lucros obtidos nas filiais.

Sustenta a impossibilidade de cobrança da multa de oficio nos casos de incorporação posterior à ocorrência dos fatos geradores. Por fim, aduz a ilegalidade da taxa SELIC como indexador dos juros de mora.

A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo prolatou o Acórdão n" 16-16.674 (lis. 412/4.33) aceitando as razões de defesa e fazendo as devidas correções exclusivamente no que se refere ao erro na apuração do valor tributável concernente à filial de nova York..

Devidamente cientificado (fl. 434), o sujeito passivo recorre a este Colegiado (lis, 442/503, com documentos de fls. 504/550) ratificando as razões expedidas na peça impugnatória,1

É o relatório.

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Processo n" 16561. 000195/2007-57 SI-C3T1

Acórdão n " 1301-00.264 Fl 3

Voto

Conselheiro LEONARDO DE ANDRADE COUTO

Em preliminar de nulidade, a interessada sustenta o que seria a equivocada fundamentação legal da autuação, pois nenhum dos dispositivos mencionados teriam relação com a tributação da variação cambial.

De fato, a legislação em questão envolve aspectos da tributação do lucro obtido no exterior, sem mencionar especificamente a variação cambial. A Fiscalização tratou o resultado positivo da equivalência patrimonial como lucro e o tributou. Abstraindo da questão de mérito que será analisada posteriormente, independentemente desse resultado ter origem na variação cambial, fato é que sob tal ótica o enquadramento mostra-se coerente pois a autuação envolve a tributação do lucro obtido no exterior.

No que se refere aos dispositivos do RIR199 (art, .249, II e 394), convém lembrar que parte da autuação envolveu a glosa com despesas de provisão para créditos de liquidação duvidosa. Os artigos mencionados tratam justamente da dedutibilidade desses valores. Independentemente do mérito, ratifique-se, o enquadramento legal está em perfeita consonância com a matéria autuada.

Pelos motivos expostos, voto por rejeitar a preliminar de nulidade..

No que se refere à provisão para devedores duvidosos, a dedução não foi aceitada pela Fiscalização por não se enquadrar no art. 90 da Lei if 9..4.30, matriz legal do art, 340 do RIR199, Reclama a interessada que é possível a tributação do lucro auferido no exterior segundo as leis brasileiras, mas a legislação pátria não teria o condão de modificar a apuração desse lucro.

O dispositivo que submeteria os lucros auferidos por controladas no exterior à legislação brasileira é o inciso I, do § 2', do art.25, da Lei n° 9.249/95:

Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de

dezembro de cada ano.

§ 2" Os lucros auferidos por filiais, .sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte:

1 - as filiais, sucursais e controladas deverão denwnstrar a apuração dos lucros que auferirem em cada um de seus everciciós fiscais, segundo as normas da legislação brasileira; (...) (destaque acrescido)

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A literalidade do texto não dá margem a dúvidas quanto à necessidade de apuração do lucro da controlada no exterior sob as regras da legislação brasileira. O que se poderia discutir é o alcance dessa submissão..

Isso porque não há como conferir extraterritorialidade à lei tributária fora do âmbito dos tratados internacionais. Assim, como regra geral a pessoa jurídica submete-se às normas tributárias do país onde está domiciliado.. Demonstrado que a apuração do resultado ocorreu sem violação ao tegumento local, acata-se o valor do lucro declarado.

Entretanto, a aceitação para a administração tributária brasileira condiciona-se ao ônus do sujeito passivo em demonstrar os valores informados, ainda que essa comprovação implique na apresentação de documentos oriundos do exterior.

Aplicando essa diretriz aos autos, se a interessada apresentasse contratos de financiamento ou qualquer outro documento similar, ainda que firmado no exterior e sob as regras lá estabelecidas, que identificasse a origem do crédito e os motivos pelos quais foi considerado como perda, a dedução deveria ser aceita.

Entretanto, nenhum documento foi apresentado. Nesse caso, acatar as razões de defesa seria conceber que os resultados das controladas no exterior deveriam ser aceitos incondicionalmente, independentemente do impacto tributário na controladora. Falando em tese, a pessoa jurídica poderia formalizar urna controlada em paraíso fiscal e simular em relação a ela toda sorte de operações de forma a utilizar os resultados para reduzir ou aumentar a transferência de recursos para a controladora, de acordo com a conveniência.

Ao contrário do alegado, não vislumbrei omissão da autoridade julgadora na apreciação do tema. Mesmo superada a questão da norma aplicável, fato é que a recorrente não demonstrou a origem da despesa. Ratificando, a submissão da apuração do resultado às regras do país de domicílio não elide a necessidade de demonstrar a existência do valor pleiteado.

Destarte, entendo como coneta a glosa das despesas com devedores duvidosos.

Quanto à contestação do que seria a tributação da variação cambial, cabe esclarecer que a exigência teve corno base o resultado positivo da equivalência patrimonial decorrente da variação cambial e não a variação cambial propriamente dita. Tal ressalva mostra-se necessária pois, ao contrário do que afirma a recorrente, a variação cambial dos direitos de crédito representa de fato urna receita, nos termos do art. 18, do Decreto-Lei n°

1598/77 c/c art. 8', da Lei n" 9.249/95..

Por outro lado, se, corno já dito, a exigência foi constituída sobre o resultado positivo da equivalência patrimonial, merece críticas severas. Na análise da arguição de nulidade por erro no enquadramento legal mencionei, ressaltando que estava abstraindo da questão meritória, que os dispositivos normativos citados estavam compatíveis com a autuação porque envolvem a tributação do lucro auferido no exterior e foi essa a irregularidade suscitada pelo Fisco.

No mérito, a situação é bem diferente Isso porque a Fiscalização tratou o resultado positivo da equivalência patrimonial, decorrente da variação cambial do patrimônio líquido das filiais, como se lucro fosse. Nesse caso, assiste razão à recorrente quando alega a inexistência de base legal pata esse entendimento.

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Processo o* 16561 000195/2007-57 SI-CM

Acórdão o " 1301-00,264 F I 4

inexiste lei formal que dê embasamento à autuação É esse o posicionamento deste Colegiado como registrado na peça recursal através da transcrição de parte do voto condutor do Acórdão Ir 105-16..365 proferida pela antiga 5" Câmara do 1° CC.

A partir do veto presidencial ao art. 46, da MP 135/03 e também com a revogação da art. 90, da MP n° 232/04, restou à autoridade fiscal utilizar a Instrução Normativa SRF IV 21.3/02 como base para considerar tributável o resultado positivo da equivalência patrimonial decorrente da variação cambial.

Esse posicionamento foi corroborado pela decisão recorrida que estabeleceu (f1.428):

Portanto, de acordo com a IN 213/200.2 deve-se adotar a equivalência patrimonial que inclui a tributação da variação cambial

A Instrução Normativa tem por objeto, principalmente, esclarecer de que forma determinada lei será aplicada. Entretanto, não pode ampliar ou criar novas formas de aplicação que resultem em obrigação principal sem previsão na lei a ser regulada.

Se o art. 23 do Decreto-Lei n" 1.598/77, com a redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n" 1,648/78, estabelece que o ajuste por equivalência patrimonial não será computado na determinação do lucro real, tal previsão só pode ser alterada por lei formal.

Do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário.

Na hipótese de ser vencido pelos meus pares, restaria a questão da multa de oficio e da incidência da taxa SELIC como indexador dos juros de mora.

A apuração dos juros com base na taxa SELIC é matéria consolidada nos Conselhos de Contribuintes através da Súmula 1° CC n" 4.

Em relação à multa de oficio, este Conselho entende que a imputação é cabível na incorporadora por irregularidades praticadas pela incorporada, quando ambas pertencem ao mesmo grupo empresarial, circunstância essa que pode ser verificada às fls. 51/5.3,.

LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Relator

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