SICOP – Sind. do Com. Pneumáticos Av. Paulista, 1499 – Cj. 506 – 01311-928
São Paulo, 20 de Novembro de 2003.
DE: MÁRCIO FERNANDES DA COSTA Presidente
PARA: ASSOCIADOS
CIRCULAR Nº 044/2003
MEDIDA PROVISÓRIA 135/03 – LEGISLAÇÃO ADUANEIRA
O Governo Federal editou a Medida Provisória 135, de 30/10/03, publicada no DOU do dia seguinte, em edição extra, que altera a legislação tributária federal e dá outras providências.
Além de eliminar a cumulatividade da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), a Medida Provisória 135 traz um capítulo específico para a legislação aduaneira (arts. 43 a 65).
De uma forma geral, constata-se que a nova medida, no tocante à parte aduaneira, absorve os dispositivos das Medidas Provisórias 38, de 15/05/03 e 75, de 25/10/03, que perderam a eficácia em razão de o Congresso Nacional não tê-las votado dentro do prazo previsto no Constituição.
Com efeito, o art. 43, inicialmente, coloca o beneficiário de regime aduaneiro suspensivo, destinado à industrialização para a exportação, como responsável solidário de outro beneficiário que efetuar operação relacionado com o produto a ser por ele exportado.
Em seguida, o art. 44 cria a possibilidade de a Receita Federal extinguir regimes de exportação temporária pelo retorno de bem equivalente, quando decorrente de garantia ou conserto, além de outras hipóteses.
O art. 45 trata dos efeitos fiscais e cambiais das operações de exportação sem saída do produto do território nacional, com pagamento a prazo.
Por sua vez, o art. 46 diz que o regime de entreposto aduaneiro (tanto na importação, quanto na exportação) poderá ser operado em instalações portuárias de uso privativo misto, bem como nos estaleiros navais e nas plataformas em construção destinadas à pesquisa e lavra de jazidas de petróleo e gás natural.
O art. 47 autoriza a Receita Federal estabelecer cálculos de juros e multa de mora na substituição de beneficiário de regime aduaneiro suspensivo, bem como os serviços permitidos em entreposto aduaneiro.
Nos termos do art. 48 os documentos aduaneiros poderão ser emitidos, transmitidos e recepcionados eletronicamente (Internet).
O art. 49 diz que a Receita Federal poderá adotar nomenclatura simplificada para a classificação de mercadorias apreendidas, na autuação de perdimento, bem como aplicar alíquotas de 50% sobre o valor arbitradas dessas mercadorias, para cálculo do II e do IPI que seriam devidos na importação, para efeitos de controle patrimonial, elaboração de estatística, formalização de processo fiscal e representação para fins penais.
Para fins de cálculo dos tributos aduaneiros, diz o art. 50 que as diferenças percentuais de graneis, de até 1%, não serão considerados.
Quando a Receita Federal não puder identificar mercadoria importada, em razão de extravio ou consumo, fica ela autorizada a tributar a operação e utilizar a alíquota de 50% (II e IPI), consoante disposição do art. 51.
O art. 52, por sua vez, diz que as mercadorias descritas de forma semelhante em diferentes declarações do mesmo contribuinte são presumidas idênticas para fins fiscais.
De sua parte, o art. 53 reporta-se ao art. 84 da MP 2.158/01, que instituiu multa de 1% sobre o valor aduaneiro da mercadoria classificada e/ou quantificada incorretamente, dizendo, contudo, o valor desta multa não poderá ultrapassar a 10% do valor total das mercadorias constantes da DI. Além disso, estende a multa para as seguintes situações: ao importador, exportador beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar informação inexata ou incompleta (tais como comprador, vendedor, agente, destinação da mercadoria, país de origem, porto de embarque etc).
Preceitua o art. 54 que, nas operações de importação por conta e ordem de terceiros, se o importador não (mantiver ou) apresentar os respectivos documentos (durante o prazo de cinco anos), ficará sujeito ao arbitramento do valor das mercadorias e não reconhecimento de eventual benefício fiscal utilizado, sem mencionar a aplicação de multa de 5% a 100% do valor das mercadorias importadas e sem prejuízo da aplicação
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O art. 55 dispõe que o despachante aduaneiro, o transportador, o agente de carga, o depositário e os demais intervenientes em operações de comércio exterior ficam obrigados a manter em boa guarda e ordem, e a apresentar à fiscalização, quando exigidos, os documentos e registros relativos às transações em que intervierem.
Já o art. 56 estabelece multa de: 10% do valor aduaneiro da mercadoria submetida ao regime aduaneiro de admissão temporária, se descumprido; e, 5% no caso de exportação temporária.
Reza o art. 57 que se não houver a possibilidade de apreensão de mercadoria para fins de perdimento, deverá ser lavrado auto de infração para exigir multa (no valor aduaneiro da mercadoria não encontrada).
O transportador de passageiros em viagem internacional fica obrigado a identificar os volumes de bagagem, é o que estabelece o art. 58. Se não houver identificação a bagagem será considerada de propriedade do transportador.
Além disso, o art. 59 estabelece multa de R$ 15.000,00 ao transportador, de passageiros ou de carga, que transportar mercadoria sujeita a pena de perdimento, sem identificação do proprietário ou possuidor.
O art. 60 dispõe que os intervenientes nas operações de comércio exterior ficam sujeitos à advertência, suspensão, cancelamento ou cassação de registro ou licença, nos casos das omissões e faltas que menciona.
O art. 61 dá nova redação a diversos artigos do Decreto-lei 37/66, estabelecendo casos de não incidência do II sobre mercadoria estrangeira avariada em acidente, excluindo do exame de similaridade os bens doados a entidades sem fins lucrativos e estabelecendo horários de funcionamento das aduanas.
Ademais, estabelece a obrigatoriedade de prestar informações sobre cargas e mercadorias aos respectivos transportadores, bem como normas para verificação de mercadoria no curso da conferência aduaneira ou em qualquer outra ocasião.
Comina, outrossim, as hipóteses de pena de perda de veículos, além das seguintes multas (art. 107):
I - de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por contêiner ou qualquer veículo contendo mercadoria, inclusive a granel, ingressado em local ou recinto sob controle aduaneiro, que não seja localizado;
II - de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), por contêiner ou veículo contendo mercadoria, inclusive a granel, no regime de trânsito aduaneiro, que não seja localizado;
III - de R$ 10.000,00 (dez mil reais), por desacato à autoridade aduaneira; IV - de R$ 5.000,00 (cinco mil reais):
a) por ponto percentual que ultrapasse a margem de cinco por cento, na diferença de peso apurada em relação ao manifesto de carga a granel apresentado pelo transportador marítimo, fluvial ou lacustre;
b) por mês-calendário, a quem não apresentar à fiscalização os documentos relativos a operação que realizar ou em que intervier, bem assim outros documentos exigidos pela Secretaria da Receita Federal, ou não mantiver os correspondentes arquivos em boa guarda e ordem;
c) a quem, por qualquer meio ou forma, omissiva ou comissiva, embaraçar, dificultar ou impedir ação de fiscalização aduaneira, inclusive no caso de não-apresentação de resposta, no prazo estipulado, a intimação em procedimento fiscal;
d) a quem promover a saída de veículo de local ou recinto sob controle aduaneiro, sem autorização prévia da autoridade aduaneira;
e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso porta-a-porta, ou ao agente de carga; e f) por deixar de prestar informação sobre carga armazenada, ou sob sua responsabilidade, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ao depositário ou ao operador portuário;
V - de R$ 3.000,00 (três mil reais), ao transportador de carga ou de passageiro, pelo descumprimento de exigência estabelecida para a circulação de veículos e mercadorias em zona de vigilância aduaneira;
VI - de R$ 2.000,00 (dois mil reais), no caso de violação de volume ou unidade de carga que contenha mercadoria sob controle aduaneiro, ou de dispositivo de segurança;
VII - de R$ 1.000,00 (mil reais):
a) por volume depositado em local ou recinto sob controle aduaneiro, que não seja localizado;
b) pela importação de mercadoria estrangeira atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde ou à ordem pública, sem prejuízo da aplicação da pena prevista no inciso XIX do art. 105;
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c) pela substituição do veículo transportador, em operação de trânsito aduaneiro, sem autorização prévia da autoridade aduaneira;
d) por dia, pelo descumprimento de condição estabelecida pela administração aduaneira para a prestação de serviços relacionados com o despacho aduaneiro;
e) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitar-se ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitar-se ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados;
f) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para executar atividades de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos; e
g) por dia, pelo descumprimento de condição estabelecida para utilização de procedimento aduaneiro simplificado;
VIII - de R$ 500,00 (quinhentos reais):
a) por ingresso de pessoa em local ou recinto sob controle aduaneiro sem a regular autorização, aplicada ao administrador do local ou recinto;
b) por tonelada de carga a granel depositada em local ou recinto sob controle aduaneiro, que não seja localizada;
c) por dia de atraso ou fração, no caso de veículo que, em operação de trânsito aduaneiro, chegar ao destino fora do prazo estabelecido, sem motivo justificado;
d) por erro ou omissão de informação em declaração relativa ao controle de papel imune; e
e) pela não-apresentação do romaneio de carga (packing-list) nos documentos de instrução da declaração aduaneira;
IX - de R$ 300,00 (trezentos reais), por volume de mercadoria, em regime de trânsito aduaneiro, que não seja localizado no veículo transportador, limitada ao valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais);
X - de R$ 200,00 (duzentos reais):
a) por tonelada de carga a granel em regime de trânsito aduaneiro que não seja localizada no veículo transportador, limitada ao valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais); b) para a pessoa que ingressar em local ou recinto sob controle aduaneiro sem a regular autorização; e
c) pela apresentação de fatura comercial em desacordo com uma ou mais de uma das indicações estabelecidas no regulamento; e
XI - de R$ 100,00 (cem reais):
a) por volume de carga não manifestada pelo transportador, sem prejuízo da aplicação da pena prevista no inciso IV do art. 105; e
b) por ponto percentual que ultrapasse a margem de cinco por cento, na diferença de peso apurada em relação ao manifesto de carga a granel apresentado pelo transportador rodoviário ou ferroviário.
A MP em questão esclarece que a aplicação das multas acima não prejudica a aplicação de outras específicas e a representação fiscal para fins penais.
Relativamente às infrações administrativas prevista no Decreto-lei 37/66 (art. 169), dispõe a MP em comento que elas “não poderão ser inferiores a R$ 500,00” ou superiores a R$ 5.000,00 e, alguns casos que menciona.
Adiante, a MP em seu art. 62 estabelece multa de R$ 2,00 por maço de cigarro apreendido, sem prejuízo da sanção criminal.
O art. 63 estabelece o rito do Decreto 70.235/72 (processo fiscal) para a apuração e exigência dos direitos “antidumping”.
O art. 64 acrescenta a legislação do IPI a incidência deste imposto no caso de mercadoria importada ou extraviada.
Por fim, o art. 65, diz que a redução da multa de lançamento de ofício prevista no art. 6º da Lei 8.218/91 (de 50% se for efetuado o pagamento no prazo de impugnação) não se aplica nos casos de importação por conta e ordem de terceiros (art. 54), de descumprimento de regime de entreposto aduaneiro (art. 56), de transportes de passageiros ou cargas (art. 59), dentre outras.
