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Biblioteca Digital do IPG: Relatório de Estágio Curricular - Farmácia Mouro (Viseu)

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Potylechnic of Guarda

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Licenciatura em Farmácia

Relatório Profissional 1

Solange Marina Correia Rodrigues

9

1PG

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Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I

SOLANGE MARINA CORREIA RODRIGUES

CURSO DE FARMÁCIA – 1º CICLO

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Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

CURSO DE FARMÁCIA – 1º CICLO

4º ANO – 1º SEMESTRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I

ESTÁGIO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

SOLANGE MARINA CORREIA RODRIGUES ORIENTADOR: ANDRÉ RICARDO T. S. A. PEREIRA SUPERVISOR: DRA. ANA PAULA PIPA

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ANF – Associação Nacional de Farmácias ARS – Administração Regional de Saúde DCI – Denominação Comum Internacional DL – Decreto-lei

FEFO – First Expired, First Out FIFO – First In, First Out HDL - High Density Lipoprotein

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de saúde IP. IVA – Imposto de Valor Acrescentado

LDL - Low Density Lipoprotein

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica PVF – Preço de Venda à Farmácia

PVP – Preço de Venda ao Público PIC – Preço Impresso na Cartonagem SNS – Serviço Nacional de Saúde TF – Técnico de Farmácia

(5)

Agradeço a todos que tornaram a concretização do meu estágio possível. Em especial a todos os funcionários da Farmácia Mouro que sempre se mostraram disponíveis para me esclarecer qualquer dúvida, bem como para me integrar no funcionamento da farmácia com toda a simpatia.

Aos que colaboraram no meu percurso académico e à orientadora de estágio Dra. Ana Paula Pipa.

(6)

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.”

(7)
(8)

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Figura I – Organização da Farmácia Mouro………..13 Figura II – Medição da glicémia………31 Figura III – Reflotron……….32

(9)

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I – Receita médica renovável……….40

Anexo II – Comprovativo de medicamentos cedidos………41

Anexo III – Menu SPharm® ………...…..42

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 6

2.FARMÁCIA MOURO ... 11

2.1. LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO ... 11

2.2. ASPETO EXTERIOR ... 11

2.3. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO INTERIOR ... 11

2.4. RECURSOS HUMANOS ... 15 2.5. SISTEMA INFORMÁTICO ... 15 3.CIRCUITO DO MEDICAMENTO... 17 3.1. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS ... 17 3.1.1. Aquisição a armazenistas ... 17 3.1.2. Aquisição a laboratórios ... 17

3.2. ELABORAÇÃO DE ENCOMENDAS E SUA TRANSMISSÃO ... 18

3.3. RECEÇÃO DE ENCOMENDAS ... 19

3.4. ARMAZENAMENTO ... 20

3.5. DEVOLUÇÕES ... 21

3.6. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE ... 22

3.7. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE SAÚDE ... 22

3.7.1. Dispensa de MSRM ... 22

3.7.2. Receita médica ... 23

3.7.3. Receitas pertencentes ao SNS ... 25

3.7.4. Receitas pertencentes a outros organismos com acordo com a ANF ... 26

3.7.5. Aviamento da receita ... 26

3.7.6. Faturação ... 27

3.7.7. Dispensa de MNSRM e dispositivos médicos ... 28

3.7. OUTROS SERVIÇOS E CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS ... 29

3.8. PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS MANIPULADOS ... 34

3.9. FARMACOVIGILÂNCIA ... 37

(11)

INTRODUÇÃO

O presente relatório surge no âmbito da unidade curricular de Estágio Profissional I, do 4º ano, do 1º semestre, do curso de Farmácia da Escola Superior de Saúde do instituto politécnico da Guarda. O estágio realizou-se no período compreendido entre os dias 6 de outubro de 2014 e o 16 de janeiro de 2015 na Farmácia Mouro, em Viseu, e perfez o total de 490 horas. A orientação do estágio foi realizada pela Dra. Ana Paula Pipa e a supervisão pelo professor André Araújo. O horário definido pelo local de estágio para a concretização do estágio foi das 09:00h às 18:30h com 1:30h de pausa para almoço.

O estágio é parte integrante, obrigatória e fundamental para a licenciatura em Farmácia. Os objetivos gerais interpostos pelo plano de Estágio Profissional I são o desenvolvimento de competências científicas e técnicas para a realização de atividades correlacionadas com a profissão do Técnico de Farmácia (TF), bem como a aplicação de princípios éticos e deontológicos da profissão.

O estatuto legal da carreira de TF, estabelecido no Decreto-Lei nº 564/99 de 21 de Dezembro, refere como conteúdo funcional do TF o desenvolvimento “ de atividades no circuito do medicamento, tais como análises e ensaios farmacológicos, interpretação da prescrição terapêutica e de fórmulas farmacêuticas, na sua separação, identificação e distribuição, controlo da conservação, distribuição e stocks de medicamentos e outros produtos de saúde, informação e aconselhamento sobre o uso de medicamentos”(1).Como tal, com este estágio pretende-se que sejam realizadas as seguintes atividades:

 Receção e conferência de encomendas;

 Elaboração de encomendas e sua transmissão via modem;

 Dispensa de medicamentos com receita médica através do sistema informático;  Dispensa e aconselhamento de medicamentos não sujeitos a receita médica

(MNSRM);

 Controlo de prazos de validade;

 Participação nos vários processos de registo desde a entrada até à dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes;

 Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica especial;

 Preparação de manipulados de acordo com as Boas Práticas de Preparação de Manipulados;

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 Avaliação de parâmetros bioquímicos;

 Conferência de receitas médicas e processo de faturação mensal.

No presente relatório irei descrever as características da farmácia, as atividades desenvolvidas no circuito do medicamento bem como todos os serviços prestados na farmácia, terminando com uma reflexão crítica.

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2.FARMÁCIA MOURO

2.1. LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO

A Farmácia Mouro está situada na Quinta do Galo, em Viseu. Encontra-se aberta ao público das 08:00h às 23:00h, exceto domingos e feriados.

Devido à localização da farmácia, no centro da cidade e junto a zonas residenciais, os utentes que a frequentam dividem-se em dois grupos. Os utentes habituais são maioritariamente idosos, em grande parte polimedicados, residentes na zona. Estes são já clientes fidelizados, com os quais existe uma familiaridade, o que contribui para a assiduidade e confiança dos utentes. Frequentam também a farmácia pessoas de várias faixas etárias e residências, devido à facilidade de acesso, à proximidade ao Hospital São Teotónio e devido à diversidade de oferta de produtos e serviços.

2.2. ASPETO EXTERIOR

A Farmácia é constituída por 4 andares. O aspeto exterior é envidraçado, o que permite a criação de montras inovadoras, renovadas periodicamente. Tem ainda estacionamento na parte frontal.

Tal como regulamenta o Decreto-lei nº 307/2007 de 31 de Agosto (2), a farmácia

tem um aspeto facilmente identificável, contendo a cruz verde luminosa e um letreiro a identificar a farmácia. Encontra-se também visível o horário de funcionamento da farmácia e a identificação da farmácia que se encontra de serviço permanente.

2.3. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO INTERIOR

Segundo o Decreto-Lei n.º 171/2012 de 1 de agosto (3), as divisões obrigatórias de uma farmácia são as seguintes:

a) Zona de atendimento ao público;

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c) Laboratório;

d) Gabinete de Serviços Administrativos;

e) Gabinete de Avaliações e administração de injetáveis; f) Instalações sanitárias.

Na Farmácia Mouro a organização é a seguinte:

Piso -1

Neste piso encontram-se a área de stock e processamento de encomendas, o local de conferência das receitas e instalações sanitárias.

Na área de processamento de encomendas encontra-se todo o material necessário para o processamento de encomendas, incluindo 2 terminais informáticos, impressora fiscal, leitores óticos, impressora, telefone e fotocopiadora. Existe ainda um balcão e gavetas móveis usados para a receção e etiquetagem de encomendas. Todos os produtos são rececionados e colocados nas gavetas móveis para serem posteriormente arrumados no local correto.

Na área de stock existem 2 salas, na 1ª sala encontram-se todos os medicamentos genéricos organizados em prateleiras segundo a DCI e forma farmacêutica. Na 2ª sala encontram-se todos os dispositivos médicos, produtos cosméticos e de higiene corporal, medicamentos psicotrópicos e estupefacientes (num armário individualizado), produtos de puericultura, medicamentos de uso veterinário e ainda medicamentos termolábeis no respetivo frigorífico, com sensor de temperatura controlada por um dispositivo eletrónico que faz o seu registo contínuo.

Aquando a arrumação dos produtos farmacêuticos e dispositivos médicos existe sempre o cuidado em manter a regra FEFO – First expired, First Out.

A organização do processamento e armazenamento do stock está diretamente relacionada com o bom funcionamento da farmácia uma vez que quanto maior a organização desta área mais eficaz é a dispensa de medicamentos, pois existe uma minimização do tempo de procura de medicamentos/produtos de saúde e uma minimização dos erros.

O local da conferência das receitas é destinado para os farmacêuticos ou técnicos responsáveis pela conferência do receituário. Em cada mês é escalada uma equipa de 2 pessoas com o objetivo de conferir e corrigir as receitas.

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Piso 0

No seguinte piso encontra-se a zona de atendimento ao público (figura 1) e ainda uma zona reservada para a ótica (Opticália).

Trata-se de uma zona muito ampla e com bastante luminosidade, apresentando 6 balcões de atendimento, nos quais se encontram 6 terminais de computadores. Nas zonas laterais à zona de atendimento bem como atrás dos balcões de atendimento, existem lineares onde se encontram expostos vários produtos:

 MNSRM;

 Complexos vitamínicos;  Produtos sazonais;

 Produtos específicos de higiene oral;  Produtos homeopáticos;

 Produtos de cosmética e higiene corporal;

No restante espaço de atendimento existem lineares contendo produtos que estão à disponibilidade dos utentes, tais como:

 Produtos de puericultura;  Produtos dietéticos;  Produtos capilares;

 Produtos de higiene íntima feminina;  Produtos de ortopedia;

 Preservativos e produtos relacionados;

Atrás dos balcões de atendimento existem gavetas deslizantes onde estão organizados comprimidos/cápsulas, xaropes, pomadas e injetáveis, por ordem alfabética de nome comercial e forma farmacêutica.

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Piso 1

O piso 1 é destinado ao gabinete de serviços administrativos, gabinete de avaliações e administração de injetáveis, 2 gabinetes de consultas, laboratório e instalações sanitárias.

Laboratório

O laboratório é a zona onde se procede à preparação de medicamentos manipulados, bem como ao armazenamento das matérias-primas usadas nos mesmos. Contém uma bancada e um lavatório. Sobre a bancada encontra-se uma balança analítica de precisão e um banho termostatizado.

As matérias-primas encontram-se em armários, separadas pelo seu estado físico e por ordem alfabética de designação. É também nestes armários que estão arrumados os restantes materiais para preparação de medicamentos manipulados.

Após a preparação do manipulado, é necessário preencher a “ficha de preparação de manipulados” onde constam:

 Nome do manipulado;  Forma farmacêutica;  Posologia;

 Data da preparação;  Quantidade a preparar;

 Matérias-primas e suas quantidades;  Médico prescritor;

 Lote atribuído;

O manipulado é acondicionado em recipientes próprios que posteriormente são rotulados com o nome da farmácia, o nome do produto, o lote, a data da preparação, prazo de utilização e recomendações.

Gabinete de serviços administrativos

Esta área é reservada à execução de tarefas administrativas da farmácia. Realizam-se atividades contabilísticas e de gestão financeira. Nesta área encontra-Realizam-se uma Realizam-secretária e um terminal informático.

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Gabinete de avaliações e administração de injetáveis

A farmácia dispõe de um gabinete destinado à avaliação de parâmetros bioquímicos e à administração de injetáveis. Neste espaço está todo o material necessário para a realização das atividades supracitadas, tais como o Reflotron.

Nesta área é ainda possível uma maior privacidade no diálogo com o utente, possibilitando que exponha algumas situações mais delicadas.

Gabinetes de consultas

Destinam-se à realização de consultas de nutrição, estética e podologia.

2.4. RECURSOS HUMANOS

A Farmácia Mouro dispõe de uma equipa dinâmica e responsável. É composta por 14 profissionais, entre os quais uma diretora técnica, uma farmacêutica adjunta, 5 farmacêuticas, 4 técnicos de farmácia e 3 ajudantes técnicos de farmácia.

2.5. SISTEMA INFORMÁTICO

O Sistema informático constitui na farmácia comunitária um elemento essencial para o seu bom funcionamento.

O SPharm® é o sistema de eleição na Farmácia Mouro. Para que toda a equipa possa desempenhar da melhor forma possível a sua função, o sistema informático veio facilitar algumas tarefas (4).

O sistema permite:

 Gestão de Vendas / Compras;  Gestão de Stocks / Validades;  Gestão de Clientes / Utentes;  Faturação a Entidades;  Histórico de vendas;

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 Atualização do dicionário de produtos;  Transmissão de encomendas via modem;  Otimização de Compras e Stocks;

A nível do processo de venda, o programa mostra ser extremamente importante, já que permite a verificação de interações entre medicamentos, indicações terapêuticas e efeitos secundários dos medicamentos, posologias comuns, pesquisa dentro de grupos homogéneos, etc. Deste modo é garantido um atendimento mais rápido e personalizado ao utente.

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3.CIRCUITO DO MEDICAMENTO

3.1. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS

A aquisição de produtos está diretamente ligada à dispensa dos mesmos. O principal objetivo é manter em stock a quantidade necessária de produtos de forma a satisfazer as necessidades do utente, evitando a rutura de stock.

Existe informaticamente uma ficha de cada produto com um stock mínimo e máximo, que permite ter sempre presente a quantidade necessária de cada produto.

A aquisição de produtos é realizada através de duas vias, através de armazenistas ou diretamente aos laboratórios.

3.1.1. Aquisição a armazenistas

Os fornecedores, devido à rápida resposta que dão aos pedidos das farmácias, são importantes para o seu bom funcionamento. Assim, além das entregas diárias previstas, estes podem fazer entregas urgentes recorrendo a estafetas pertencentes à empresa. Este é o modo mais frequente de aquisição de especialidades farmacêuticas e outros produtos, uma vez que permite um contato fácil para a realização de pedidos e uma grande rapidez na entrega, para além das claras vantagens económicas oferecidas. Este tipo de aquisição permite ainda adquirir produtos em poucas quantidades, facto que não é possível quando a compra é feita diretamente aos laboratórios.

Os armazenistas apresentam ainda um papel ativo na formação e informação dos profissionais de farmácia, promovendo ações de formação sobre determinados temas. Disponibilizam também uma linha telefónica destinada à prestação de informações sobre medicamentos e outros produtos de saúde.

3.1.2. Aquisição a laboratórios

Este tipo de aquisição é designado muitas vezes de direta, uma vez que não existem intermediários entre a farmácia e os laboratórios. As encomendas são efetuadas diretamente ao representante comercial do laboratório, em função das necessidades da farmácia e das condições apresentadas pelo próprio laboratório. Muitas vezes, associado

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a este modo de aquisição, há um benefício económico, especialmente quando a encomenda é de grandes dimensões.

No que respeita a este tipo de aquisição, o técnico responsável deverá ter um profundo conhecimento da realidade da farmácia, especialmente a nível de stock, rotatividade, sazonalidade, relação preço/qualidade e bonificações do produto em causa. Assim, deve dar sempre importância à qualidade/utilidade/benefício do produto. A compra direta de medicamentos compreende a compra de medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), MNSRM, produtos de cosmética e higiene corporal e puericultura.

Neste tipo de encomendas, é fornecida uma maior informação relativa aos produtos, sendo disponibilizados folhetos informativos, amostras e expositores. Deste modo, o farmacêutico ou o técnico de farmácia pode reunir toda a informação necessária para aconselhar o utente, podendo este experimentar os produtos.

3.2. ELABORAÇÃO DE ENCOMENDAS E SUA TRANSMISSÃO

As encomendas feitas aos armazenistas são geralmente por via informática. Numa primeira fase, procede-se à elaboração da nota de encomenda, tendo por base a proposta realizada pelo sistema informático, o qual regista os movimentos de stocks dos produtos. Uma vez atingido um stock inferior ao máximo o sistema gera automaticamente uma proposta de encomenda com uma determinada quantidade do produto, de modo a que o

stock se iguale ao máximo definido.

Antes de ser enviada, a proposta de encomenda é revista pela pessoa responsável pela sua elaboração, podendo esta acrescentar ou retirar o pedido de certos produtos, tendo em conta as bonificações evidenciadas no programa informático, a rotação do produto e as necessidades da farmácia.

Outra situação acontece quando é necessária a dispensa de um produto que não existe de momento na farmácia. Nessa situação os pedidos são feitos por telefone ou pelo

Gadjet da Cooprofar e adicionados à encomenda que chegará na próxima entrega à

farmácia.

A Farmácia Mouro trabalha com 3 armazenistas, sendo eles a Cooprofar, a Alliance Healthcare e a Agroviseu.

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3.3. RECEÇÃO DE ENCOMENDAS

As encomendas feitas aos fornecedores chegam à farmácia acondicionadas em contentores (com exceção dos medicamentos termolábeis que vêm acondicionados em contentores com acumuladores de frio), os quais se encontram identificados, com o nome da farmácia destinatária, um código de barras e um código numérico. No seu interior, encontra-se a fatura (original e duplicado).

Na fatura devem constar a identificação do fornecedor, o número de guia/fatura, hora e local de carga e descarga, designação dos produtos (código, nome comercial, dosagem, forma farmacêutica), quantidade enviada, preço de venda ao público (PVP) (exceto nos medicamentos não sujeitos a receita médica), preço de venda à farmácia (PVF), imposto de valor acrescentado (IVA) e preço total da encomenda. O original da fatura é então arquivado na devida pasta para que, no final do mês, o contabilista possa proceder ao seu levantamento e processamento.

No SPharm® (anexo I), para iniciar o processo escolhe-se a função “receção de encomendas”, na qual existem várias encomendas que podem ser consultadas. Procede-se então à identificação da fatura referente à encomenda que queremos dar entrada e depois à leitura do código de barras dos produtos presentes na encomenda. Os produtos que necessitam de refrigeração são os primeiros a ser rececionados para que possam ser armazenados o mais rápido possível. Durante este processo verifica-se o estado de acondicionamento dos produtos e o prazo de validade. Após a leitura do código de barras de todos os produtos verifica-se se a quantidade enviada, o PVP e o PVF estão em concordância, utilizando o duplicado da fatura.

O responsável pela conferência da encomenda tem que ter especial atenção ao preço, uma vez que os MSRM apresentam o preço marcado, conforme a lei em vigor, à taxa de IVA de 6%. Tem que ter em atenção também, se o preço impresso na cartonagem (PIC), corresponde ao preço indicado na fatura. Caso isso não aconteça podem ter acontecido 2 situações, ou o PIC é inferior ao PVP e o produto tem que ser devolvido ou o PIC é superior ao PVP e não há necessidade de devolver o produto.

Aquando a atualização de preços é necessário ter em conta se existem produtos iguais em stock e nesse caso coloca-se um papel temporário na cartonagem do produto com a indicação do novo preço a praticar, para que quando saírem todos os produtos com o preço antigo se possa proceder à atualização do preço no software.

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No caso dos produtos não tabelados, deve ser introduzido na ficha do produto o preço de custo e a margem de comercialização. Através destes parâmetros, o programa calcula automaticamente o PVP do produto. As etiquetas destes produtos são então impressas no final da receção da encomenda. Nelas figuram o nome do produto, o preço, o código nacional do rótulo ou o código interno e o código de barras.

Quando um produto é rececionado pela primeira vez na farmácia, é necessário criar a ficha do produto, preenchendo o nome do produto, o código nacional do rótulo, o PVF, se é um medicamento de venda livre (MVL), um MSRM ou outro.

No caso particular dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, os armazenistas enviam em duplicado uma guia de requisição. O duplicado é devidamente carimbado e assinado pelo diretor técnico, sendo de seguida enviado para o armazenista, enquanto que o original é arquivado na farmácia.

Sempre que é rececionada uma matéria-prima, esta terá de vir acompanhada por o respetivo boletim de análise.

Os produtos pedidos que não foram enviados vêm indicados na fatura, bem como o motivo do não cumprimento, tal como: esgotado, retirado, descontinuado. É feita uma transferência das faltas para os esgotados, ou seja, passam-se os produtos mencionados na nota de encomenda mas não recebidos para outro fornecedor.

3.4. ARMAZENAMENTO

Uma vez concluído o processo de receção da encomenda é necessário armazenar os produtos. Esta é uma etapa de grande importância, uma vez que deverá garantir não só a estabilidade dos medicamentos como também a acessibilidade destes, de modo a que o serviço prestado ao utente seja rápido, eficaz e de qualidade.

Segundo a Farmacopeia Portuguesa (FP) existem condições de armazenamento que devem ser respeitadas, tais como:

 Temperaturas máximas de 25ºC;  Humidade inferior a 60%;

 Luminosidade (alguns produtos devem ser armazenados na ausência de luz);  Medicamentos que necessitam de refrigeração devem ser conservados no

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Outra situação especial é a dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, que devem ser armazenados imediatamente após a sua receção, em armário exclusivo e restringindo-se assim o acesso facilitado aos mesmos.

Ao proceder ao armazenamento dos produtos é necessário ter em atenção a regra FEFO (first expired, first out), por forma ao produto com prazo de validade mais curto ser sempre o primeiro a ser dispensado.

A receção, conferência e armazenamento das encomendas foram as primeiras atividades que realizei no estágio. Essas atividades permitiram-me ter conhecimento dos produtos existentes na farmácia, dos produtos com maior rotatividade, perceber a organização da farmácia e ainda aprofundar o meu conhecimento sobre alguns medicamentos.

3.5. DEVOLUÇÕES

Durante a receção de encomendas, podem existir erros quer por parte do fornecedor/laboratório, quer por um erro do técnico responsável, tais como, discordância entre a quantidade pedida e enviada, na dosagem e no medicamento. Nesses casos liga-se para a linha de apoio do devido fornecedor e depois procede-se a uma nota de devolução que é feita através do sistema informático.

A nota de devolução é impressa em duplicado, uma via fica na farmácia e a outra é enviada para o fornecedor devidamente carimbada e assinada. Os medicamentos a devolver são acondicionados num saco com as notas de devolução e colocados dentro dos contentores vazios da entidade fornecedora, que posteriormente são levados pelos estafetas.

Quando falta produto na encomenda o fornecedor procede a uma nota de crédito, sendo creditado o produto à farmácia.

As devoluções dos produtos adquiridos diretamente ao laboratório são feitas através do delegado responsável na farmácia. Estas devoluções são normalmente feitas devido ao prazo de validade ou a produtos danificados.

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3.6. CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE

“Prazo de validade de um medicamento é aquele durante o qual as características físicas, químicas, microbiológicas, galénicas, terapêuticas e toxicológicas não se alteram ou sofrem eventuais modificações dentro de limites aceitáveis e bem definidos” (6).

O controlo dos prazos de validade é de grande importância, pois permite garantir que os produtos dispensados se encontram nas condições desejadas e evitar perdas económicas para a farmácia.

Todos os meses são retiradas listagens dos produtos cujo prazo de validade é inferior a 6 meses. O objetivo é tentar dispensar os produtos que estão com prazo de validade curto. Quando o prazo de validade esta próximo da expiração, realiza-se uma nota de devolução para ser enviada ao fornecedor. O objetivo é que o fornecedor proceda à emissão de uma nota de crédito.

Os produtos cuja devolução não é aceite são posteriormente sujeitos a um processo de quebras de stocks.

3.7. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS DE SAÚDE

O técnico de farmácia tem um papel indispensável na dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde, sendo que tem o dever de assegurar que o doente recebe informação correta sobre a sua utilização, cumprir a prescrição médica tendo sempre em vista o benefício/custo e assegurar que todos os serviços são prestados segundo as boas práticas.

O profissional de farmácia desempenha um papel importante no uso racional de medicamentos por parte da população. Torna-se portanto o elo de ligação entre o médico e o utente, desempenhando não só um importante papel na promoção da saúde, como também um papel educativo.

Atualmente a dispensa de medicamentos pode ser distinguida em MSRM e MNSRM.

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De acordo com a legislação portuguesa, estão sujeitos a receita médica os medicamentos que preencham uma das seguintes condições:

 Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

 Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

 Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

 Destinem-se a ser administrados por via parentérica (7).

3.7.2. Receita médica

O modelo de receita médica atualmente em vigor para a prescrição de medicamentos a comparticipar pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) é utilizado em hospitais e centros de saúde, bem como por profissionais e unidades de saúde privadas.

Relativamente ao tipo de receita médica que requerem, os MSRM podem ainda ser divididos em:

 Medicamentos de receita médica renovável (Anexo II);  Medicamentos de receita médica especial;

 Medicamentos de receita médica restrita.

Em cada receita médica podem ser prescritos o limite de 4 embalagens, até 4 medicamentos distintos. Por cada medicamento, podem ser prescritas até duas embalagens, a não ser medicamentos em dose unitária que podem ser prescritas até quatro embalagens por receita. Este modelo inclui uma modalidade de receita renovável que facilita o acesso dos doentes aos medicamentos, evitando assim as consecutivas idas ao centro de saúde. A receita médica renovável tem validade de 6 meses e é composta por 3 vias.

De acordo com a portaria número 137-A/2012 de 11 de Maio, passou a ser obrigatória a prescrição do medicamento por denominação comum internacional (DCI), de modo a dar opção de escolha do laboratório aos utentes (8).

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Portanto, antes de aviar uma receita, o profissional de farmácia tem que a analisar pormenorizadamente, confirmando se nela constam:

 Identificação do utente e respetivo número de utente;  Local de prescrição;

 Regime de comparticipação;

 Vinheta do médico e vinheta do local de prescrição (centro de saúde ou hospital) ou o respetivo carimbo (no caso da prescrição de receitas manuais);

 Assinatura do médico prescritor;  Data de prescrição;

A prescrição por nome comercial só pode ser utilizada nos casos em que não existam medicamentos de referência similares, medicamentos que não disponham de medicamentos similares comparticipados ou por uma justificação técnica do médico nas seguintes situações:

a) Medicamentos com índice terapêutico estreito – constantes da lista definida pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED);

b) Suspeita fundada, previamente reportada ao INFARMED, de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial;

c) Medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias.

O Despacho 15700/2012, de 30 de novembro prevê que sob determinadas exceções sejam aceites ainda prescrições manuais. Neste caso o prescritor deve assinalar, de entre as opções possíveis e em local próprio no impresso, a justificação correspondente ao facto de não ter sido possível realizar a prescrição informatizada. As exceções legais possíveis são as seguintes (9):

 Alínea a) Falência Informática;  Alínea b) Inadaptação do Prescritor;  Alínea c) Prescrição no domicílio;  Alínea d) Até 40 receitas/mês.

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 Uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico, de acordo com o Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro (10);

 Possam, em caso de utilização anormal, dar origem a riscos importantes de abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais;  Contenham uma substância que, pela sua novidade ou propriedades, se considere,

por precaução, incluída nas situações previstas na alínea anterior.

No caso de comparticipações especiais ao abrigo de portarias o médico deve identificar qual a portaria a partir da qual se fará a comparticipação (são exemplo de patologias a Doença de Alzheimer, Psoríase, Lúpus, entre outras).

Os medicamentos de receita médica restrita são aqueles cuja utilização é reservada a certos meios especializados.

3.7.3. Receitas pertencentes ao SNS

As receitas pertencentes ao SNS podem ter um caracter renovável, compostas por três vias iguais no que diz respeito à medicação. O que varia é o número identificativo da receita.

Neste caso incluem-se, por exemplo, as receitas de pensionistas pertencentes ao SNS. Estes, caso os seus rendimentos sejam classificados e inseridos num determinado escalão (normalmente rendimentos com valor inferior ao ordenado mínimo nacional), usufruem de uma comparticipação superior, distinguindo-se dos utentes de regime normal pela presença da letra R após a sigla “R.C.” (Regime de Comparticipação).

No regime geral de comparticipação, o Estado paga uma percentagem do PVP dos medicamentos de acordo com os seguintes escalões:

 O escalão A é comparticipado em 90% e engloba patologias como doença endócrina, afeções oculares, antineoplásicos e imunomodeladores, entre outros.  O escalão B é comparticipado em 69% e é aplicado a medicamentos

anti-infeciosos, medicamentos do foro do sistema nervoso central e aparelho cardiovascular, entre outros.

 O escalão C é comparticipado em 37% para medicamentos antialérgicos, do aparelho génito-urinário e locomotor, entre outros.

 O escalão D é comparticipado em 15% para medicamentos cuja percentagem de comparticipação está numa fase transitória.

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No regime especial de comparticipação do escalão A o Estado acrescenta 5% e 15% nos escalões B, C e D, para pensionistas.

Os medicamentos manipulados são comparticipados em 30% do seu preço e nos produtos destinados ao autocontrolo o valor máximo da comparticipação do Estado no custo de aquisição das tiras -teste corresponde a 85 % e para a aquisição das agulhas, seringas e lancetas corresponde a 100 % (11).

3.7.4. Receitas pertencentes a outros organismos com acordo com a ANF

Neste tipo receitas é indicado qual a entidade que comparticipa (na totalidade, ou parte) a prescrição. Os organismos que comparticipam estas prescrições estão associados ao utente em questão. Nestes casos torna-se necessário fotocopiar a receita médica pois ao terminar a venda é necessário imprimir o documento de faturação na receita médica original e na cópia, a original segue para o SNS e a fotocopia para a ANF que efetua o pagamento da comparticipação correspondente.

3.7.5. Aviamento da receita

O TF deve, em primeiro lugar, certificar-se da autenticidade da receita e verificar se esta obedece aos requisitos legais e formais indispensáveis para que se possa proceder à dispensa dos medicamentos. Na dispensa dos medicamentos, sempre que a receita não especificar a dosagem ou a dimensão da embalagem, deve ser sempre dispensada a quantidade mínima comercializada, tendo sempre em atenção se se destina a adultos ou crianças.

Após a verificação é então iniciado o aviamento. O TF recolhe os medicamentos das gavetas e/ou prateleiras onde se encontram armazenados. Após este processo, é escolhido o organismo de comparticipação de acordo com a receita, é feita a impressão dos medicamentos dispensados no verso da receita e é impressa a fatura (anexo III).

Na dispensa de medicamentos estupefacientes ou psicotrópicos, o sistema informático exige a introdução de uma série de dados relativos ao doente a que se destina, ao médico prescritor e ao adquirente que pode ser ou não o próprio doente. No final da venda, além da fatura, são emitidos mais dois documentos de psicotrópicos/estupefacientes que devem ser arquivados juntamente com a fotocópia da receita.

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Ocasionalmente os utentes necessitam de medicação que tomam com regularidade mas ainda não têm em sua posse a receita. Nesses casos procede-se a uma venda suspensa em que o utente paga os medicamentos na totalidade e quando trouxer a receita é-lhe feita a comparticipação correspondente e devolvido o dinheiro.

É de realçar que é dever do TF prestar esclarecimento acerca da posologia, modo de administração, finalidade terapêutica, duração do tratamento, possíveis interações, efeitos secundários, etc. Esta informação transmitida oralmente, pode ainda ser complementada escrevendo a posologia na embalagem.

3.7.6. Faturação

As receitas são separadas em lotes, segundo o organismo comparticipante, de ordem crescente de número de receita (atribuído pelo sistema). Cada lote é constituído por trinta receitas, exceto o último que pode não atingir as trinta receitas.

A conferência de receituário é realizada diariamente pelos técnicos/farmacêuticos responsáveis por essa função durante o mês. Ao conferir o receituário é necessário verificar os seguintes pontos:

 O regime de comparticipação;  O carimbo e a vinheta;

 Data da prescrição;  Assinatura do médico;

 Medicamentos prescritos vs cedidos;  Formas farmacêuticas;

 Dosagens;  Preços;

Este processo de conferência é de elevada importância, uma vez que pode ter sido cedido o medicamento errado/dosagem errada ao utente e é necessário alertá-lo, além disso quando alguma irregularidade não é detetada a receita é devolvida à farmácia e a farmácia não recebe a fração comparticipada.

Para as receitas de cada regime de comparticipação são emitidos os seguintes documentos:

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 Verbete de identificação do lote (onde constam a entidade comparticipante, o nome da farmácia e o numero de inscrição na ANF, o valor total do PVP dos medicamentos cedidos, a quantia paga pelos utentes e a quantia que irá ser reembolsada.

 Relação Resumos de Lotes, onde constam os vários lotes emitidos para o organismo em questão. Neste documento constam os valores totais de todos os loStes de PVP dos medicamentos, as quantias pagas pelos utentes e as que irão ser pagas pela entidade comparticipante.

3.7.7. Dispensa de MNSRM

O DL nº 176/2006 de 30 de Agosto, considera como medicamento não sujeito a receita médica, aqueles que não preencham qualquer das condições previstas para serem considerados sujeitos a receita médica (7).

Os MNSRM são dispensados nas Farmácias e nos Locais de Venda autorizados para o efeito, sendo o seu PVP sujeito ao regime de preços livres, ou seja, fixado a nível dos canais de distribuição e comercialização.

Entende-se por automedicação “a utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde”

(12).

Pelo facto da farmácia ser o local de prestação de cuidados de saúde de mais fácil acesso aos utentes, é importante que os profissionais de farmácia tenham um papel ativo. Cabe ao TF esclarecer e aconselhar o utente de forma a alertá-lo para o perigo da automedicação, promovendo o uso racional dos medicamentos. O profissional de farmácia deve então focar alguns aspetos, como por exemplo: Sinais e sintomas, intensidade e duração dos sintomas, frequência e recorrência, medicação em curso, alergias medicamentosas, hábitos de vida e história familiar. Perante o quadro obtido a partir das questões colocadas, poderá ser aconselhado ao utente o que fazer.

O TF tem uma responsabilidade acrescida nos casos de dispensa deste tipo de medicamentos, visto que são usados para patologias menos graves que não necessitam de intervenção médica para serem tratadas. Logo, o dever do TF é informar, aconselhar, e, em alguns dos casos, encaminhar para o médico. Por outro lado, este tipo de medicação

(31)

pode mesmo camuflar uma patologia mais grave, pelo que é sempre importante averiguar se o doente deve ou não seguir essa terapêutica.

Em doentes crónicos, grávidas, mulheres a amamentar e crianças até aos dois anos de idade, a automedicação é desaconselhada, sendo preferível a orientação médica.

3.7.8. Outros produtos de saúde

Os dispositivos médicos fazem parte de uma parte significativa das vendas na Farmácia Mouro.

Entende-se por dispositivo médico “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, material ou artigo utilizado isoladamente ou combinado, incluindo os suportes lógicos necessários para o seu bom funcionamento, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios e seja destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, de uma lesão ou de uma deficiência, estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da conceção”(13).

3.8. OUTROS SERVIÇOS E CUIDADOS DE SAÚDE PRESTADOS

Na Farmácia Mouro existem diversos serviços prestados aos utentes, sendo eles:  Avaliação da pressão arterial;

 Avaliação e controlo da glicemia;

 Avaliação e controlo do colesterol total, HDL (High Density Lipoproteins) e LDL

(Low Density Lipoproteins);

 Administração de medicamentos injetáveis;

 Recolha de resíduos de embalagens e de medicamentos fora de uso - ValorMed.

Avaliação da pressão arterial

A expressão “tensão arterial” diz respeito à pressão que o sangue exerce na parede das artérias por onde circula.

(32)

A pressão arterial “máxima e mínima” (ou “sistólica e diastólica”), é o valor máximo alcançado com a contração do coração (sístole) e o valor mínimo quando o coração a seguir se distende e relaxa (diástole).

Os valores normais para a pressão sistólica (em centímetros de mercúrio) vão, nos adultos, de 10 até 13,9 cm Hg, e para a diastólica de 6 a 8,9 cm Hg. Os valores nas crianças são um pouco mais baixos. Pode-se falar em hipertensão arterial quando os valores da máxima e da mínima forem iguais ou superiores a 14/9. Aproximadamente uma em cada 3 pessoas adultas, em Portugal, tem hipertensão (14).

Na atual conjuntura (estilos de vida e alimentação cada vez menos saudáveis) é cada vez mais necessário medir regularmente a pressão arterial.

Na Farmácia Mouro esse servido é prestado gratuitamente, sempre que solicitado. O TF tem o dever de informar o utente sobre hábitos saudáveis que deve adotar para que a sua pressão arterial e assim o seu risco cardiovascular estejam diminuídos. Dentro desses hábitos saudáveis temos por exemplo, evitar o consumo excessivo de sal e de álcool, praticar atividade física, entre outras.

Avaliação e controlo da glicemia

Os valores normais de glicose no sangue estão entre 60 e 110 mg/dL. Valores inferiores a 60 ou superiores a 110 mg/dL correspondem a problemas relacionados com a hipoglicemia ou hiperglicemia, respetivamente.

A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta diz-se que o doente está com hiperglicemia (15).

O número de pessoas com diabetes em Portugal ultrapassou pela primeira vez a fasquia de um milhão, pelo que é muito importante a intervenção

que o TF faz aquando a medição da glicémia.

A medição da glicemia é feita com um medidor de glicose, utilizando as tiras onde se coloca a gota de sangue (figura II).

Geralmente, o teste realiza-se em jejum ou duas horas após o final da refeição.

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Avaliação e controlo do colesterol total, HDL e LDL

A quantidade de colesterol no sangue não é apenas dependente da quantidade produzida pelo organismo, é também devido aos alimentos que são ingeridos, estando os altos índices desta molécula diretamente relacionados com ingestão de elevadas quantidades de gorduras, bem como a fatores de stress, tabagismo, excesso de peso, etc. Os valores de referência, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, são (16):

 Colesterol total < 190 mg/dL;

 Colesterol HDL: Homens > 40 mg/dL; Mulheres > 46 mg/dL;  Colesterol LDL: < 115 mg/dL;

O controlo dos níveis de colesterol é cada vez mais importante na nossa sociedade devido aos maus hábitos alimentares da sociedade moderna. Os elevados níveis de colesterol constituem fator de risco para o desenvolvimento de aterosclerose (doença vascular associada a um espessamento interno das artérias) e assim aumentam o risco de doença cardiovascular.

Para realizar o teste, escolhe-se qual a tira correspondente ao teste. Posteriormente efetua-se a recolha do sangue através de um capilar.

Coloca-se o sangue na tira e coloca-se no Reflotron (figura III). O valor é impresso pelo aparelho e transmitido ao utente. Consoante os resultados são aconselhadas ao utente medidas que deve seguir no seu estilo de vida.

Administração de injetáveis

As farmácias segundo o Decreto-Lei n.º 307/2007, já referido anteriormente, podem prestar os serviços farmacêuticos de promoção da saúde e do bem-estar dos utentes, das quais se destacam:

a) Administração de medicamentos;

Fig. III – Reflotron

(34)

b) Administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação.

Nas farmácias apenas se podem administrar injetáveis cuja via de administração seja subcutânea, intramuscular ou intradérmica.

Segundo a Deliberação n.º 139/CD/2010 do INFARMED, a administração de vacinas nas farmácias de oficina deve ser executada por farmacêuticos, que devem estar habilitados com formação complementar específica, sobre administração de vacinas e suporte básico de vida (17).

A administração de medicamentos injetáveis efetua-se segundo uma técnica específica. O procedimento compreende os seguintes passos:

1. Lavar as mãos;

2. Selecionar o local de administração; 3. Calçar luvas;

4. Desinfetar a pele num gesto circular de dentro para fora; 5. Preparar a medicação;

6. Elevar a seringa e expulsar as bolhas de ar;

7. Introduzir a agulha num ângulo de 90º com a pele e com o bisel para cima;

8. Aspirar e ver se aparece sangue; se aparecer e se misturar com o fármaco deve-se retirar a agulha e inutilizar o medicamento. No caso de não se misturar com o fármaco, retirar um pouco a agulha e voltar a introduzir noutro sentido. Aspirar novamente;

9. Administrar o medicamento lentamente, mantendo a seringa firme; 10. Retirar rapidamente a agulha após a administração;

11. Massajar o local com algodão e álcool e pressionar;

12. Proteger a agulha e colocá-la em recipiente preparado para o efeito.

Valormed

A Valormed é a empresa que gere os resíduos e as embalagens de medicamentos fora de uso recolhidos nas farmácias. Consiste na recolha de embalagens e medicamentos fora do prazo de validade ou que já não tenham utilidade para o utente. Quando o contentor se encontra cheio, é pesado, selado, e é preenchida uma ficha onde se coloca o nome da farmácia, o código da ANF e o peso, sendo depois assinado pelo profissional de farmácia responsável.

(35)

Estes contentores são recolhidos pelas empresas distribuidoras e reencaminhados para a empresa competente pela sua destruição.

Este programa visa contribuir para o uso racional do medicamento e para a prevenção de danos ambientais.

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3.9. PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS MANIPULADOS

A realização de manipulados por parte do TF deve seguir as Boas práticas de preparação de medicamentos manipulados que consta na portaria nº 594/2004 de 2 de Junho (18).

Segundo o Decreto-lei nº 95/2004 de 22 de Abril, que regula a prescrição e a preparação de medicamentos manipulados, entende-se por medicamento manipulado “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”(19), sendo estes definidos da seguinte maneira:

 Fórmula magistral: “medicamento preparado em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares segundo receita médica que especifica o doente a quem o medicamento se destina; “

 Preparado oficinal: “ qualquer medicamento preparado segundo as indicações compendiais, de uma farmacopeia ou de um formulário, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares, destinado a ser dispensado diretamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço.”

Antes de se preparar um manipulado, é necessário verificar alguns aspetos, tais como: as matérias-primas a utilizar, o material necessário, as condições de higiene de todo o material e do laboratório.

Por forma a garantir a qualidade final do medicamento manipulado, devem ser seguidos os métodos inscritos na ficha de preparação. As operações devem ser padronizadas e o TF que manipula deve estar devidamente equipado com bata, luvas, touca e máscara.

Após a preparação de um manipulado, este deve ser acondicionado num recipiente adequado consoante seja a quantidade e a forma farmacêutica, de modo a garantir a sua estabilidade e a cómoda utilização.

Para cada manipulado preparado, é preenchida uma ficha de preparação de medicamentos manipulados (anexo IV). Estas fichas permanecem arquivadas na farmácia.

No final de cada preparação é também colocado um rótulo na embalagem que deve conter:

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• Nome do medicamento manipulado; • Número de lote atribuído;

• Prazo de utilização;

• Condições de conservação; • Via de administração; • Posologia;

• Identificação da farmácia;

Durante o estágio tive oportunidade de realizar uma suspensão oral de trimetoprim a 1% e uma solução aquosa de ácido bórico.

Para a realização da suspensão oral de trimetoprim foram utilizadas: - 1g de Trimetoprim;

- 1 mL de essência de banana; - q.b.p. 100 mL de xarope comum.

O trimetoprim é um antibacteriano, que, em Portugal, apenas está disponível como especialidade terapêutica em associação com sulfametoxazol (sulfonamida), justificando assim a solicitação deste manipulado, em especial para uso pediátrico.

Isoladamente, o trimetoprim é utilizado com frequência no tratamento de infeções urinárias não complicadas já que apresenta vantagens de ter menos efeitos secundários do que com a sua associação com sulfametoxazol. A suspensão oral de trimetoprim a 1% destina-se especialmente ao uso pediátrico, mas também pode constituir uma alternativa às formas sólidas para doentes com dificuldades de deglutição.

Segundo o Formulário Galénico Português, o prazo de utilização desta suspensão é de um mês, desde que seja conservado no frigorífico.

Para a preparação da solução aquosa de ácido bórico foram utilizadas: - 5g de ácido bórico;

- q.b.p. 100 mL de água purificada.

Esta solução é utlizada como desinfetante, tem uma atividade bacteriostática e fungicida e segundo o Formulário Galénico Português o prazo de validade desta solução são 3 meses, acondicionado ao abrigo da luz e a temperatura inferior a 25ºC.

(38)

No momento da dispensa dos medicamentos manipulados, deve-se informar o utente acerca dos cuidados a ter no momento da toma, das condições de conservação e sobre o prazo de utilização.

(39)

4. FARMACOVIGILÂNCIA

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define farmacovigilância como “o conjunto de atividades de deteção, registo e avaliação das reações adversas, com o objetivo de determinar a incidência, gravidade e nexo de causalidade com os medicamentos, baseadas no estudo sistemático e multidisciplinar dos efeitos dos medicamentos” (20).

As farmácias colaboram com o INFARMED na identificação, quantificação, avaliação e prevenção dos riscos do uso de medicamentos, uma vez comercializados, permitindo o seguimento das suas possíveis reações adversas.

Sempre que um utente notifica à farmácia da ocorrência de efeitos indesejáveis não descritos para um determinado medicamento, esta deve, por sua vez, notificar o Centro Nacional de Farmacovigilância do INFARMED, que tomará as devidas providências.

(40)

CONCLUSÃO

No decorrer deste estágio aprendi e desenvolvi várias tarefas que serão úteis para o meu futuro enquanto técnica de farmácia.

A forma como fui recebida, integrada e acarinhada no local de estágio foi fundamental para a minha motivação e aprendizagem enquanto estudante.

Tive oportunidade de participar em todo o circuito do medicamento, nomeadamente na elaboração de encomendas, receção de encomendas, armazenamento de medicamentos, armazenamento de produtos de saúde nos lineares de farmácia, controlo de prazos de validade, dispensa de medicamentos ao público, devoluções para fornecedores, reposição de stocks, conferência de receituário, efetuar avaliações dos parâmetros de glicemia, colesterol total, HDL e LDL e ainda tive a oportunidade de assistir e preparar medicamentos manipulados.

O contacto com o utente e a forma como estes demonstram confiança no profissional de farmácia foi deveras gratificante.

Durante o estágio tive a perceção de quão é importante é o papel do profissional de farmácia, sendo que temos uma grande responsabilidade no aconselhamento a cada utente, bem como na promoção da saúde pública.

É de realçar que todas as experiências que vivenciei foram graças a toda a equipa da Farmácia Mouro, que não poderia ter sido mais acolhedora, fazendo-me sentir membro da equipa.

(41)

BIBLIOGRAFIA

1. DIÁRIO DA REPÚBLICA– 1Série – A, Decreto – Lei Nº 564/99 de 21 de Dezembro. Acedido a 5 de Janeiro;

2. INFARMED. Legislação farmacêutica compilada. Deliberação nº 1500/2004 de 7 de Dezembro, acedida a 5 de Janeiro;

3. INFARMED. Legislação farmacêutica compilada. Decreto-lei nº 176/2006 de 30 de Agosto, acedida a 12 de Janeiro;

4. http://www.softreis.pt/wp/?page_id=181,acedido a 15 de Janeiro;

5. Farmacopeia Portuguesa. acedido a 12 de Janeiro;

6. INFARMED. Veiga, Francisco. Estabilidade de medicamentos, acedida a 12 de Janeiro

7. Decreto-lei nº176/2006, de 30 de Agosto. Medicamentos sujeitos a receita médica, acedido a 17 de Janeiro;

8. DIÁRIO DA REPÚBLICA. 1ª Série – Nº 92, Portaria Nº 137 A/2012 de 11 de Maio, acedido a 18 Janeiro;

9. INFARMED. Legislação farmacêutica compilada. Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro, acedido a 18 de Janeiro;

10. INFARMED. Legislação farmacêutica complicada. Decreto-lei nº15/93 de 22 de Janeiro. Regime jurídico do tráfico e consumo de estupefacientes e psicotrópicos, acedido a 18 de Janeiro;

11. INFARMED. Legislação farmacêutica complicada. Decreto-lei nº176/2006, de 30 de Agosto, acedido a 18 de Janeiro;

12. INFARMED. Legislação Farmacêutica Complicada. Despacho n.º 17690/2007, de 23 de Julho, acedido a 20 de Janeiro;

13. http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/DISPOSITIVOS_MEDI COS, acedido a 20 de Janeiro;

14. DIREÇÃO GERAL DE SAÚDE. Circular Normativa. Diagnóstico, Tratamento e Controlo da Hipertensão Arterial, acedido em 15 de Janeiro;

(42)

15. PORTAL DA DIABETES. http://www.apdp.pt/index.php/diabetes/a-pessoa-com-diabetes/valores-de-referencia, acedido em 15 de Janeiro;

16. HIPERTENÇÃO ARTERIAL.

https://www.bial.com/imagem/Caderno%20saude_Hipertensao%20arterial_V2.p df, acedido em 20 de Janeiro;

17. INFARMED. Deliberação n.º 139/CD/2010, acedido em 21 de Janeiro;

18. INFARMED. Legislação Farmacêutica Complicada. Portaria n.º 594/2004 de 2 de Junho. Aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, acedido em 21 de Janeiro; 19. Decreto-Lei 95/2014, de 24 de Junho, acedido a 21 de Janeiro;

20. INFARMED. Farmacovigilância, acedido em 21 de Janeiro; (http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEM ATICOS/SAIBA_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/Farmacovigil%E 2ncia.pdf).

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ANEXOS

Anexo I – Receita médica renovável

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Referências

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