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INCUBADORAS ORIENTADAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: É POSSÍVEL? O CASO DO CENTRO DE INCUBAÇÃO DE EMPRESAS DE TECNOLOGIA (CIETEC)

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(1)RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental Maio - Ago. 2008, V. 2, Nº. 2, pp. 69-87 www.rgsa.com.br. INCUBADORAS ORIENTADAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: É POSSÍVEL? O CASO DO CENTRO DE INCUBAÇÃO DE EMPRESAS DE TECNOLOGIA (CIETEC). André Coímbra Felix Cardoso * Isak Kruglianskas ** José Glimovaldo Lupoli Jr. *** Alexandre Toshiro Igari ****. RESUMO Este artigo descreve um estudo que objetivou investigar o potencial de Incubadoras de Micro e Pequenas Empresas em contribuir com a sensibilização dessas organizações para as preocupações com Desenvolvimento Sustentável. Para tanto, o estudo empreendeu uma pesquisa do tipo estudo de caso exploratório, em uma das mais importantes incubadoras do Brasil, o Centro de Incubação de Empresas de Tecnologia (CIETEC). A obtenção de dados concentrou-se na técnica da entrevista e na pesquisa bibliográfica. Por sua vez, a análise destes dados baseou-se na técnica de conteúdo. Os resultados mostraram que, embora existam preocupações na incubadora quanto à seleção de projetos sócio-ambientalmente adequados, o potencial existente na instituição para fomentar e induzir as empresas incubadas à abordagem do Desenvolvimento Sustentável é pouco explorado. Palavras-Chave: Desenvolvimento Sustentável; incubadora de empresas; micro e pequena empresa; meio ambiente; sócio-ambiente. ABSTRACT This article describes a study that looked for investigate the potential of Small Firm Incubators in contributing with Sustainable Development. For in such a way, the study undertook an exploratory case’s study research in one of the most important organizations responsible to development small companies in Brazil, the Centro de Incubação de Empresas de Tecnologia (CIETEC). The data’s attainment was concentrated in the interview technique and bibliographical research. The results showed the CIETEC doesn’t explore its potential to induce and foment Sustainable Development in the process of incubating small companies.. *. Universidade de São Paulo - USP Universidade de São Paulo - USP *** Universidade de São Paulo - USP **** Universidade de São Paulo - USP **.

(2) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. Key-Words: Sustainable development; incubations of companies; small company; environment, partner-environment. 1 INTRODUÇÃO O grande desafio da humanidade hoje é manter o desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente e, ao mesmo tempo, assegurar a qualidade de vida da sociedade. Como resposta a tal desafio, o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) aparece como uma opção importante. Apesar da sua relevância, frequentemente, os princípios do DS são interpretados como conflitantes aos modelos econômicos de desenvolvimento atuais. Embora o DS seja hoje um tema central, tanto de políticas de governos e programas regionais, como no discurso de grandes empresas, observa-se certo descaso na implementação dos seus princípios nas práticas de gestão das Micro e Pequenas Empresas (MPEs). Supõe-se que, por enfrentarem difíceis obstáculos para sobreviver, as MPEs concentram-se em lidar com desafios mais básicos, como: comportamento empreendedor pouco desenvolvido; falta de planejamento prévio; gestão deficiente do negócio; insuficiência de políticas de apoio; conjuntura econômica, entre outros. Conseqüentemente, as questões sócio-ambientais não recebem a priorização devida, ou sequer são conhecidas por estas organizações. Não obstante, é consenso mundial que a questão do desenvolvimento sustentável passa pela mudança de comportamento tanto organizacional, quanto individual. Sendo assim, as MPEs não podem se colocar à margem de tais responsabilidade, uma vez que suas atividades redundam em mudanças sócio-ambientais. Para se contrapor a esse estado de coisas, as incubadoras de negócios de micro e pequenas empresas, particularmente as que incorporam empreendimentos de inovação e de base tecnológica, podem se tornar um poderoso catalisador do Desenvolvimento Sustentável, não apenas por auxiliarem as MPEs a se tornarem organizações auto-sustentáveis do ponto de vista econômico, mas também pela sua capacidade de induzir tais negócios a se conformarem sócio-ambientalmente. Explorar tal possibilidade é o foco deste trabalho. O presente estudo objetivou investigar como uma grande Incubadora de micro e pequenas empresas de inovação e base tecnológica, da cidade de São Paulo, conduz tais questões em seus processos de incubação: na seleção de empresas a serem incubadas; na capacitação dos gestores; e nos critérios de avaliação de desempenho dessas empresas, relacionando-os com aspectos do DS. A metodologia de pesquisa contemplou uma abordagem do tipo “estudo de caso” de natureza exploratória, no Centro de Incubação de Empresas de Tecnologia (CIETEC), em São Paulo. Para descrever o estudo realizado, este artigo inicialmente aborda o conceito de desenvolvimento sustentável, como um conjunto de princípios que baliza as relações de produção e crescimento para responder ao desafio da sustentabilidade. Em seguida, discute o conceito de MPE’s e o seu papel na sociedade e no DS. Posteriormente, apresenta o conceito de incubadora de negócios, o seu papel na sociedade e a força indutiva que pode exercer sobre as estruturas organizacionais das micro e pequenas empresas, colocando-se como uma opção poderosa para promover o DS. Em seguida, é explicitada a metodologia de pesquisa, a natureza do estudo e as técnicas utilizadas para coletar e tratar os dados. A seguir, o texto analisa e discute os dados coletados. Por fim, são apresentadas as conclusões e sugestões para potencializar as ações das incubadoras na direção do DS. 2. PEQUENA REVISÃO TEÓRICA 2.1 Princípios do Desenvolvimento Sustentável nas Empresas RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 70.

(3) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. O atual ambiente trouxe à tona novas responsabilidades para as organizações. Além das econômicas e estruturais, começam a fazer parte das responsabilidades das empresas as questões relacionadas com o meio ambiente natural e social. Destas novas responsabilidades, surge o conceito de desenvolvimento sustentável, sugerindo que a evolução do padrão de vida da sociedade envolve outros aspectos além do crescimento econômico e da renda, quais sejam: preservação do meio ambiente, qualidade de vida, saúde da população e melhores padrões educacionais, (Pearce, 1994: 04). Na visão da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1988), a atual crise planetária e a crescente conscientização de que não é possível haver crescimento econômico e populacional infinito em um planeta de recursos naturais finitos, mostra a necessidade da construção de um novo modelo de desenvolvimento. Sob tal premissa, a CMMAD (1988) considera o Desenvolvimento Sustentável como uma evolução que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Para os fins deste trabalho, o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) está assentado em três pilares básicos: o crescimento econômico, a equidade social e o equilíbrio ecológico, designado por Elkington (1999: 75) pelo termo triple bottom line, que enfatiza duas questões centrais para a atuação orientada para a sustentabilidade: 1) a integração dos três pilares do DS; e 2) a integração dos mesmos com objetivos de curto e longo prazo. Disto depreende-se que o grande desafio que se coloca é a criação de uma nova forma de desenvolvimento, onde a preservação do meio ambiente, a geração de negócios e a promoção do emprego se fertilizem reciprocamente, em um ciclo virtuoso, (Delazaro e Barbieri, 1994). Louette (2008:77) argumenta que, apesar da proliferação de inúmeras iniciativas que emanam de organismos e organizações de naturezas muito diversas, as ferramentas de gestão de responsabilidade sócio-ambiental que contribuem e visam atender aos pilares clássicos do DS – triple bottom line – devem ser construídas de modo a estimular o engajamento de todos os stakeholders da organização: acionistas, público interno (assalariados e terceiros), clientes, fornecedores, parceiros, comunidade, meio ambiente, entre outros. A principal distinção entre essas ferramentas de gestão diz respeito ao grau de adesão e de comprometimento das organizações em relação à sustentabilidade (Louette, 2008:78), algo que no caso de MPEs, alvo deste texto, parece não ser fácil de promover, sem algum tipo de coordenação e/ou pressão externa. Parece razoável supor que as incubadoras de MPEs podem contribuir de forma relevante para esta missão. A incorporação dos princípios do DS pelas estratégias das empresas é traduzida por diferentes termos relacionados, são eles: Gestão Sócio-ambiental, Responsabilidade Social Corporativa, Gestão Cidadã, Gestão Sustentável, entre outras. Porter e Linde (1995: 125) sugerem quatro linhas de estratégias possíveis para atuar sobre o DS pelas empresas, duas com o foco em processos e duas com foco em produtos e serviços, são elas: a) Produtividade dos Recursos – Porter e Linde (1995) chamaram a atenção para o uso ineficiente dos recursos, dizendo que as empresas deveriam identificar as oportunidades ocultas para lucrar com os investimentos ambientais. b) Além da Conformidade Legal – Esta linha estratégica considera que a adoção pelas empresas de iniciativas ambientais, como: os princípios CERES 1 (Coalition for Environmentally Responsible Economics), a Atuação Responsável, implantação da ISO 14000 e outras, devem ir além das exigências de conformidade legal. c) Produtos Ecologicamente Orientados – O desenvolvimento de 1. CERES é uma organização não governamental, com sede em Boston, Estados Unidos, que engloba organizações ambientais, investidores institucionais, organizações sindicais e religiosas. Os Princípios CERES compõem de dez pontos que norteiam um código de conduta empresarial ambientalmente responsável. Ver: www.ceres.org . RGSA – www.rgsa.com.br V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 71.

(4) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. atributos ecológicos em produtos ou serviços é considerado o movimento estratégico mais viável de todas as quatro opções. As empresas que buscam obter vantagens competitivas utilizando este caminho estratégico devem observar que: os consumidores precisam estar dispostos a pagar pelos custos da diferenciação ecológica; informações confiáveis sobre o desempenho ambiental do produto precisam estar disponíveis para o consumidor; e a diferenciação deve ser difícil de ser imitada pelos concorrentes. d) Liderança de Custo Ambiental – Esta é a mais ambiciosa das quatro estratégias, pois ela exige inovações radicais nos projetos de produtos que reduzam os custos econômicos e impactos ambientais. Kinlaw (1997) escreve que várias estratégias já se mostram valiosas para o direcionamento das empresas rumo ao DS. Suas virtudes concentram-se em conduzir o desempenho das empresas que as adotam para o lucro com responsabilidade ambiental. Dentre tais estratégias, o autor (Kinlaw, 1999) destaca cinco que, em sua visão, são claramente compatíveis com os princípios do DS são elas: a) Conservação e atenção aos detalhes: atentar para os detalhes associados com o processo de trabalho; por exemplo: utilizando as quantidades estritamente necessárias de material, racionalizando os recursos como água e energia elétrica, mantendo máquinas e veículos em condições de funcionamento, atuando sobre a ineficiência e o desperdício de matérias primas e insumos. Qualquer tipo de ineficiência, seja na forma que for, é uma contrariedade ao DS. b) Modificação ou Substituição dos Processos, Produtos e Serviços Existentes: modificar ou substituir os processos, produtos e serviços existentes de modo a torná-los ambientalmente favoráveis; por exemplo, mudando para maquinário mais eficiente em termos de uso de energia, reduzindo os materiais de embalagem, eliminando produtos químicos e emissões tóxicas. c) Recuperação de resíduos e produtos secundários: recuperar, por meio de reciclagem e reutilização, resíduos e produtos secundários, tais como produtos químicos, papel, plástico, metal e água. d) Redução de uso de materiais: Reduzir o uso de materiais, como a quantidade de material de embalagem, o tamanho de relatórios e faturas, a quantidade de material usado nos processos de produção e o uso de energia. e) Descoberta de novos nichos de mercado, os nichos verdes: identificar novos nichos “verdes” de mercado, atendendo-os com serviços e produtos, por exemplo: serviços de administração e descarte de resíduos, produtos químicos alternativos e de limpeza nãonocivos, em substituição dos produtos tóxicos e destruidores da camada de ozônio, etc. Kinlaw (1998) acrescenta que nem sempre essas estratégias podem ser diferenciadas umas das outras, os processos de melhoria frequentemente consideram o emprego simultâneo de duas ou mais estratégias. Por fim, Kinlaw (1997) argumenta que são, principalmente, as pressões que levam as empresas a se preocupar mais intensamente com o DS. Tais pressões atuam em quatro níveis: 1) no cumprimento da lei: atitude defensiva, buscando atender demandas relativas ao cumprimento da Lei; 2) iniciativas não integradas: as empresas começam a extrapolar o exigido por lei, preocupando com os aspectos do DS relacionados com a eficiência no uso de recursos, tais como redução do uso de energia, aproveitamento de oportunidades óbvias de redução de resíduos e embalagens, etc.; 3) planos e iniciativas ambientais: é um nível em que as empresas buscam se posicionar para atingir um desempenho sustentável, preocupando-se em estabelecer as bases para o desempenho ambiental, em realizar investimentos para o desenvolvimento ou aquisição de novas tecnologias ambientais, em implementar sistemas rotineiros de auditoria, etc.; e RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 72.

(5) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. 4) desempenho sustentável: neste nível os conceitos de responsabilidade ambiental e DS estão integrados e consolidados nos sistemas de RH, informação, planejamento, processo decisório da empresa e aos processos de projeto e fabricação. A sustentabilidade está incorporada à estratégia empresarial, às estruturas, às políticas e processos, e ao comportamento das pessoas e cultura organizacional, as empresas neste patamar detêm uma posição competitiva e demonstra que podem “operar verde”. Isto posto, não seria ilógico arriscar uma hipótese segundo a qual, para que as organizações contribuam para o desenvolvimento sustentável do planeta, elas precisarão modificar não só os seus produtos, serviços e processos produtivos; mas, ao longo do tempo, talvez todo o seu negócio, sua estratégia, seus modelos de gestão e de tomada de decisão, considerando o triple bottom line. Pode-se afirmar que, para contribuir para o desenvolvimento sustentável, as empresas devem atuar não só sobre produtos e processos produtivos, mas sobre todo o negócio: estratégia, modelos de gestão e processo decisório. Contudo, a conscientização é um processo muitas vezes lento e gradativo, fazendo-se necessário a conscientização destes fatores, por parte das empresas, o que pode ocorrer em função das pressões da sociedade: governo, regulamentações, investidores, consumidores, sociedade, etc. (Hoffman, 2000). 2.2 Micro e Pequenas Empresas e o Desenvolvimento Sustentável De acordo com o SEBRAE/SP, no Brasil existem 5,1 milhões de empresas, e desse total, 98% é micro e pequenas empresas. Os pequenos negócios respondem por mais de dois terços das ocupações do setor privado. O gráfico da figura 1 ilustra a participação das micro e pequenas empresas na economia nacional. Sob a ótica social, os dados mostram o descompasso entre o percentual de ocupações (67%) do setor privado da economia a cargo das micro e pequenas empresas e o percentual do PIB (20%) que elas representam.. Figura 1: Participação das MPEs na economia nacional (Fonte: SEBRAE-SP e SEBRAE- NA, 2007).. As MPEs no Brasil são responsáveis por oferecer ocupação a uma enorme massa de trabalhadores que não conseguem mais ocupar os reduzidos postos oferecidos pelas médias e grandes empresas que, na busca de maior eficiência, têm oferecido menos vagas de trabalho. Tais organizações nascem, em grande parte, do empreendedorismo por necessidade, o que pouco contribui para diminuir o descompasso entre número de pessoas ocupadas e o percentual do PIB correspondente às micro e pequenas empresas. Para solucionar o dilema há necessidade de transformar o perfil de negócios das MPEs, buscando incentivar o empreendedorismo por oportunidade, com mecanismos que auxiliem os empresários de MPEs a identificar oportunidades e nichos de mercado nos quais eles possam ter maiores probabilidades de sucesso, assim como mecanismos de capacitação para que eles possam atuar em setores que demandem bens e serviços de maior valor agregado. RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 73.

(6) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. Coerente com o proposto acima, a geração de soluções inovadoras e, ao mesmo tempo, sócio-ambientalmente adequadas, tais como: bens, serviços e processos produtivos sustentáveis, devem fazer parte das considerações sobre as oportunidades a serem prospectadas pelas MPEs, que devem aliar suas idéias e recursos com a redução de desperdícios, criando mecanismos de sustentação ecológica, com o mínimo de investimentos (Vedovello, 2000: p. 275). A redução de desperdícios libera recursos para o crescimento econômico, sem exigir mais insumos. A reciclagem de resíduos, a conservação de energia, da água, a manutenção do acervo de equipamentos e da infra-estrutura promovem ganhos econômicos importantes. Este é ainda um campo vasto de oportunidades de negócio e emprego, onde considerações sociais, econômicas e ambientais seguem juntas, e oferecem um ponto de partida conveniente para o planejamento de estratégias de eco-desenvolvimento urbano e rural (Sachs, 1993). No Brasil, as oportunidades são inúmeras. O País é ainda muito pouco sensível ao controle de desperdícios. Exemplos como: o precário armazenamento e transporte das safras agrícolas; o desmantelamento das ferrovias e rodovias, que aumentam os acidentes, as mortes e os fretes; o aproveitamento insuficiente de águas subterrâneas e dos rios perenes para irrigação; o baixo índice de exploração do potencial do eco-turismo; a deficiência da construção civil de residências; a má difusão de modernas tecnologias agrícolas de pequena escala; a quase inexistente reciclagem ou reaproveitamento do lixo urbano ou dos resíduos industriais, ilustram o quanto se pode evoluir no Brasil em termos de Desenvolvimento Sustentável, (Delazaro e Barbieri, 1994). Entretanto, DS é assunto que não é levado em conta pela grande maioria das MPEs, suas preocupações são mais emergenciais e imediatas, dados do SEBRAE (2007) dão conta que, no Brasil, 56% das empresas fecham antes de completar o 5º ano de atividade. Portanto, não se pode esperar visões mais amplas destas organizações do que a sobrevivência. Para superar tais restrições os arranjos produtivos locais, coordenados por Incubadoras de Negócios podem ser soluções viáveis. 2.3 As Incubadoras de Negócios e a Aprendizagem das MPEs Incubadoras de empresas são agentes de apoio à inovação e ao desenvolvimento de empresas incipientes. As incubadoras abrigam empreendimentos de pequeno porte com potencial de crescimento, inovação e desenvolvimento, oferecendo os recursos necessários para o desenvolvimento das empresas incubadas, por meio de serviços especializados, orientação e consultoria, além de espaço físico, infra-estrutura técnica, administrativa e operacional (Sousa et alli, 2006). Os processos-chave na incubação de empresas compreendem três fases: as fases de préincubação, incubação e pós-incubação, que podem ocorrer internamente, incubação interna ou residente, ou externamente, incubação à distância ou não-residentes, (Abreu et alli, 2006). A primeira fase, também denominada hotel de projetos, tem duração de três meses a um ano, tempo utilizado para que o pretendente aprimore o seu plano de negócios, efetue uma pesquisa de mercado e prepare-se tecnicamente para a gestão do seu negócio. O principal objetivo dessa fase é dar suporte aos empreendedores, capacitando-os a transformar suas idéias em uma empresa legalmente constituída com um produto comercializável (Sheen e Broadfoot apud Abreu et alli, 2006). Na segunda fase de incubação, o plano de negócios, formulado na fase anterior (préincubação), é desenvolvido pelo empreendedor. A incubadora, por sua vez, dirige seus esforços para oferecer estrutura e serviços para promover a projeção da empresa incubada no mercado, (Bizzotto, 2003). Na modalidade de incubação interna, a empresa se instala na incubadora, por isso também é chamada de incubação de empresas residentes. A empresa passa a aproveitar as instalações físicas e demais serviços prestados pela incubadora. O prazo RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 74.

(7) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. é, geralmente, de dois anos, podendo ser prorrogado por mais um ano. A incubação de empresas não-residentes – ou incubação externa – é realizada fora das instalações físicas da incubadora, contudo, ainda há a utilização de serviços da incubadora, principalmente o apoio técnico-administrativo. Em geral, a incubação externa segue os mesmos princípios da incubação interna, com a diferença de que não há cobrança por permanência física na incubadora (Abreu et alli, 2006). Outra característica desta fase é a atenção especial que a incubadora dá à orientação, ao acompanhamento e à avaliação das empresas incubadas. O “monitoramento” contínuo dessas empresas é um processo crítico na adição de valor e, conseqüentemente, crítico também para o sucesso da incubadora e da empresa incubada. A última fase do processo, a qual não tem prazo para encerramento, é a pós-incubação. Aqui a empresa recebe a denominação de empresa graduada ou empresa liberada. Representa o alcance da maturidade, mas permanecem à disposição das empresas os serviços prestados pela incubadora. Esta modalidade tem a finalidade de amenizar o impacto da desvinculação da incubadora, pois a empresa pode manter o vínculo com a incubadora no papel de empresa associada (Abreu et alli, 2006). Se, conforme visto acima, uma incubadora pode ser uma entidade catalisadora de empreendimentos bem-sucedidos, tornando-se um elemento-chave para o desenvolvimento regional (Vedovello, 2000), não se pode excluir a potencialidade destas instituições em contribuir efetivamente para o desenvolvimento sustentável, pelo estímulo e atração de negócios sócio-ambientalmente adequados. O presente estudo analisa a hipótese de que é possível uma incubadora de negócios ir além de um importante fomentador do desenvolvimento econômico, transformando-se também em um agente sócio-ambientalmente responsável, catalisador do DS. Essa hipótese se fundamenta fortemente no fato de que, enquanto incubadoras, esses centros desenvolvem práticas organizacionais incentivadoras de processos de aprendizagem e da criação de conhecimento. Abreu et alli (2006) corroboram com a argumentação quando afirmam que: “... no processo de incubação, as etapas voltadas ao planejamento do negócio são as mais favoráveis para a aprendizagem e aquisição de conhecimentos” (Abreu, Souza e Gonçalo, 2006). Ademais, suspeita-se que as incubadoras possam funcionar como um mecanismo de indução ao DS, tanto na fase de pré-incubação, quanto na fase de incubação das MPE’s. A indução é um mecanismo isomórfico que ocorre quando os agentes econômicos do setor não têm poder para impor ou pressionar outras organizações a adotarem seus modelos e normas, e, por isso, utilizam os estímulos financeiros indiretos para convencer as organizações a se moldarem segundo os interesses destes agentes, (Dimaggio e Powell, 2005). 3 METODOLOGIA O presente estudo teve um caráter exploratório, baseado em “pesquisa de campo”. O objeto do estudo foi a organização Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (CIETEC), (Marconi e Lakatos, 2003). Quanto à natureza da pesquisa, o estudo contempla uma abordagem do tipo “estudo de caso” de natureza qualitativa (Godoy, 1995). Quanto às técnicas de coleta de dados, buscou-se coletar tanto dados primários, por meio de questionário e entrevista semi-estruturada, quanto secundários, por meio de pesquisa documental no website da organização e de relatórios fornecidos. A entrevista e a aplicação do questionário foram conduzidas pelos pesquisadores junto a um dos membros da diretoria da organização, responsável tanto pela coordenação do processo de seleção das empresas candidatas à incubação, como também pelo processo de capacitação das empresas incubadas. O entrevistado foi escolhido em função de dois critérios: disponibilidade e grau de conhecimento do processo em estudo. Por ser uma entrevista semiRGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 75.

(8) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. estruturada, o entrevistado foi estimulado a discorrer sobre a importância dada pela direção do CIETEC a diversos tópicos ligados à sustentabilidade econômica, social e ambiental. Dentro deste contexto, os pesquisadores buscaram relacionar os aspectos sócioambientais a três processos chave da incubadora: a) o processo de seleção das empresas e dos projetos por parte da incubadora; b) o processo de capacitação das empresas selecionadas; e c) o processo de avaliação de desempenho da empresas incubadas e do próprio CIETEC. Houve um cuidado especial para se diminuir a possibilidade de comportamentos tendenciosos na pesquisa, tanto por parte dos entrevistadores quanto do entrevistado, evitando-se de revelar, de início, a motivação principal da entrevista, revelando-se apenas que as informações seriam destinadas à composição de um artigo acadêmico na área de administração de empresas. Só no fim é que o entrevistado foi informado sobre o escopo da entrevista e fez suas considerações finais sobre o tema. Os tópicos citados pelo entrevistado que não estavam presentes na lista inicial do roteiro da entrevista foram adicionados à lista final, fazendo com que esta refletisse com fidelidade a totalidade dos assuntos abordados na entrevista. A entrevista foi dividida em duas fases. Na primeira fase, foram feitas perguntas abertas ao entrevistado, sem a explicitação do foco da pesquisa. Na fase seguinte, o entrevistado tomou contato com o questionário objetivo, validando as observações realizadas pelo entrevistador durante a primeira fase e julgando o nível de importância dos tópicos que não foram citados espontaneamente. A aplicação do questionário, como procedimento de validação, permitiu aprofundar aspectos relevantes para compreensão do fenômeno estudado, bem como capturar outros não exarados na entrevista. Quanto ao processamento dos dados, os mesmos foram tratados com base nas técnicas de análise documental e análise de conteúdo, com uma orientação descritiva. Cumpre acrescentar que os dados obtidos foram cruzados entre si para que não se colocasse em risco a consistência das informações, evitando-se, com tal procedimento, qualquer tipo de viés nas análises e nas conclusões dos resultados. Cumpre salientar que, além do caráter descritivo da pesquisa, o presente estudo também se preocupou em oferecer contribuições práticas à organização, tendo em vista a temática abordada. 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Contextualização da Organização Pesquisada O CIETEC - Centro Incubador de Empresas Tecnológicas - foi inaugurado em abril de 1998, em São Paulo. Segundo o website da organização, a missão do órgão é: “promover o desenvolvimento da ciência e da tecnologia nacional, incentivando a transformação do conhecimento em produtos e serviços inovadores e competitivos.” Para tanto, o CIETEC se auto-reconhece em posição de vanguarda diante da “estratégia nacional de desenvolvimento”, capaz de incentivar o empreendedorismo e de contribuir para o posicionamento do País como um pólo criador e exportador de tecnologias inovadoras nas mais diversas áreas do conhecimento. O Centro tem como objetivo possibilitar a ampliação do índice de sobrevivência e competitividade das pequenas e micro empresas de base tecnológicas que lá são incubadas. Entre as características que distinguem o CIETEC como um dos mais relevantes centros incubadores do Brasil, destaca-se a sua localização, no Campus da USP em São Paulo, onde as empresas têm acesso aos laboratórios do IPEN, IPT e da própria USP, ambientes fundamentais para garantir a qualidade dos projetos ali desenvolvidos. Além disso, o Centro se comporta como um elo convergente de instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais e da iniciativa privada; comportando-se como coordenador de uma grande RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 76.

(9) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. rede de relacionamentos composta por: empreendedores, investidores, pesquisadores, cientistas, jornalistas, consultores, estudantes, educadores e empresários bem sucedidos. 4.1.1 Modalidades de Incubação e o Processo Seletivo As modalidades de incubação são quatro, a saber: a) Incubadora Tecnológica de Empresas Residentes – para empresas que dominam uma tecnologia, mas têm interesse em desenvolver seu produto ou serviço na Incubadora; b) Incubadora Tecnológica de Software para a criação ou continuidade de novos negócios na área de softwares diferenciados; c) PréIncubação ou Hotel de Projetos – para empresas que têm uma oportunidade de negócio, sabem como viabilizá-la, mas necessitam de um período de até 12 meses para, com o apoio do CIETEC, comprovar a viabilidade técnica e buscar recursos para o projeto; d) Incubadora Tecnológica de Empresas Não Residentes – para empresas já constituídas, que não precisam de espaço físico para suas instalações, mas de apoio e fomento; e e) Incubadora de Idéias (que está em processo de implementação), destinada a estudantes universitários que necessitam de ambiente e infra-estrutura de TI para desenvolverem seus projetos. Convém ressaltar que o CIETEC dedica-se a apoiar projetos de base tecnológica, preferencialmente nas áreas: aplicações técnicas nucleares, biomedicina, biotecnologia, convergência de mídia, educação à distância, energias alternativas, fármacos, fototerápicos, genética, Internet, instrumentação, laser, mecânica, ecologia e meio ambiente, nanotecnologia, novos materiais, química, química fina, software e telecomunicação. Em 2005, o CIETEC passou a incentivar os empresários na organização de Redes de Cooperação Empresarial (RCE), cujo objetivo é desenvolver projetos comuns para conquistar novos mercados, alcançar escala e criar sinergias de grupo. As RCEs visam fortalecer as micro e pequenas empresas diante de clientes ou concorrentes de grande porte. O CIETEC encerrou o ano de 2006 com 115 empreendimentos. Essas empresas, com 693 postos de trabalho, tiveram um faturamento de R$ 29,05 milhões. O total de impostos arrecadados nos quase sete anos de existência do CIETEC é 4,68 vezes o valor investido pelo governo, feito através do convênio com o SEBRAE-SP. Dentro do Centro a sobrevivência das pequenas empresas é inversamente proporcional ao de empresas que não têm esse apoio. De acordo com dados do SEBRAE (2007), sozinhas no mercado, 75% das pequenas empresas fecham as portas nos três primeiros anos. No CIETEC de 70% a 80% dos empreendimentos continuam atuantes no mesmo espaço de tempo. 4.2 Entrevista Semi-estruturada (respostas não induzida) Doravante, serão analisados alguns trechos das respostas não induzidas mediante a técnica de entrevista semi-estruturada. Nesse sentido, primeiramente, foi perguntado ao entrevistado o que é o CIETEC Sua resposta foi: “ (...) A idéia de uma incubadora de empresa de base tecnológica é aproveitar o conhecimento existente no Campus da USP em São Paulo, ou em outras entidades de ensino e pesquisa, transformando-o em produtos e serviços em benefício da comunidade.. Investigando o processo de seleção dos interessados à incubação, questionou-se sobre os critérios para que empresas sejam aceitas no Centro. O entrevistado descreveu o processo, denominado de fase pré-incubação: “(...) o interessado compra um edital, com todas as regras do jogo, incluindo um roteiro de proposta. Na proposta, o interessado deve prestar algumas informações como: 1º) quem são as pessoas envolvidas na empresa, qual a formação técnico-acadêmica, o nível de experiência profissional, etc. (...); 2º) qual a inovação, ou produto que se está propondo, será que já não existe? E se existir concorrentes, o produto proposto possui características superiores? 3º) Qual o mercado potencial: compensa o investimento? Espera-se atender ao mercado interno ou também ao mercado internacional? Qual o volume de produção? 4º) Qual é a necessidade de investimentos? Quanto o interessado possui para financiar o projeto? e 5º) Por que a opção pela incubadora?. RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 77.

(10) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. Com as respostas a estes questionamentos, é possível identificar os projetos mais consistentes, e ter uma idéia geral da proposta. O próximo passo é a confecção de um Plano de Negócios. Deve ficar claro que a incubadora não faz este documento, apenas presta um assessoramento sobre o processo. O Plano de Negócios é composto por cinco grandes itens: 1º) O empreendimento: o que é, onde surgiu a idéia, qual o cenário considerado, exige-se também nesta fase: uma análise estratégica, uma análise SWOT e a identificação dos fatores críticos de sucesso. 2º) Produtos e serviços: descrição dos produtos e serviços, normas e regulamentações previstas para produto, descrição do processo, estimação da necessidade de recursos, padrões de qualidade, etc; 3º) Mercado: cliente potencial, público-alvo, concorrência, segmentação, etc. 4º) Estratégia de Marketing: plano de marketing, não apenas as estratégias de promoção, mas políticas de preço, distribuição, etc. 5º) Aspectos financeiros: investimentos, despesas operacionais, receitas previstas, fluxo de caixa estimado, taxa interna de retorno e valor presente.” Concluído o Plano de Negócios, o documento é analisado por um ou dois especialistas no assunto, não vinculados ao CIETEC, que podem ser: da FEA/USP, Escola Politécnica/ USP, IPT, etc. “Após a análise do especialista, o Plano é submetido ao conselho do CIETEC, integrado por representantes da USP, IPT, IPEN, SEBRAE, SCT e MCT, que decidirá quais empresas irão entrar no processo de incubação. (...), o prazo para esta avaliação é de quatro meses. Este processo, particularmente, envolve muita aprendizagem para o interessado, pois durante este período, o empreendedor tem a oportunidade para refletir sobre seu negócio. 50% dos interessados interrompem o processo, seja para buscar mais informações, ou porque chegam à conclusão de que não é um bom negócio. Acredito que este processo seja um dos principais responsáveis pelo sucesso do CIETEC.”. O depoimento de entrevistado remete-se a um processo de aprendizado, com duração de quatro meses, que pode ser esquematizado conforme a Figura 2. Objetivando aprofundar a questão da aprendizagem proporcionada aos empreendedores o processo de análise do Plano de Negócios, indagou-se sobre o potencial do CIETEC de induzir mudanças de comportamento nos micro e pequenos empresários? O entrevistado respondeu da seguinte forma: “O potencial é muito grande! No início do Centro, entrou um projeto da área de tecnologia da informação. Para avaliá-lo, buscamos um especialista, professor doutor nesta área. No entanto, o especialista era leigo na questão de negócios e empresas, o que nos levou a treiná-lo. Com o treinamento, a atuação deste especialista em sala de aula mudou, passando a ser um multiplicador dos conhecimentos adquiridos no Centro para seus alunos. A partir daí, percebemos uma mudança de comportamento dos avaliadores convidados, na maioria professores.. RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 78.

(11) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. Figura 2 – Esquema da Etapa de Pré-Incubação das Empresas no CIETEC, dos autores. Esses profissionais deixaram de ver seus alunos como futuros empregados, passando a vê-los como futuros empresários. Várias vezes nos convidaram para palestras sobre empreendedorismo e incubação de empresas para universitários.” “Atualmente, 60% das empresas aqui incubadas têm alguma relação com os professores: ou como sócios, sociedade, consultores, ou como parceiros em projetos. Isso tudo é muito importante e um dos aspectos mais relevantes da atuação do CIETEC. (...). Outro dado interessante, resultado de um estudo da ANPEI, que também ilustra nosso potencial de produzir conhecimento, mostra que 47% das micro e pequenas empresas não sabem que existe dinheiro a fundo perdido para inovação. O CIETEC ensina, além das fontes de financiamentos, como fazer o projeto para acessar estas fontes. Novamente deve ficar claro que o Centro não faz o projeto para o empresário, apenas assessoramos, fazemos isso para evitar a dependência da empresa com o Centro.”. É importante observar que, até este ponto da entrevista, não foi introduzido o tema do Desenvolvimento Sustentável. As questões a seguir começam a introduzir o assunto. A RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 79.

(12) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. pergunta a seguir procurou identificar a existência de preocupações no CIETEC com aspectos relacionados com o Meio Ambiente, o entrevistado respondeu da seguinte forma: “Estamos iniciando agora a abordagem sobre o tema sustentabilidade das empresas, nossa atuação concentra-se em três aspectos: os sistemas e processos, o meio ambiente e o público interno (educação e segurança no trabalho). As questões relacionadas com o meio ambiente, qualidade e recursos humanos, são tratadas desde a confecção do Plano de Negócios. Nós enfatizamos questões relacionadas com a qualidade, principalmente porque as nossas empresas não visam apenas ao mercado brasileiro, mas também ao mercado internacional. Mas estamos evoluindo em outros aspectos. Atualmente estamos participando de uma pesquisa de doutorado em que a pesquisadora está tentando implantar a abordagem de sustentabilidade em uma microempresa de base tecnológica. Este conhecimento será muito útil para o Centro.”. Continuando nesta linha, foi questionado se já havia alguma orientação formal no CIETEC abordando o Desenvolvimento Sustentável. O entrevistado respondeu: “No próprio plano de negócios, o interessado tem que informar sobre este aspecto. De uma forma detalhada, o interessado deve esclarecer: qual a política da qualidade da empresa, os possíveis impactos do produto e do processo de fabricação ao meio ambiente, etc. Portanto, desde a concepção da empresa, o interessado se obriga a pensar sobre o tema. Muitas inovações na área ambiental têm surgido aqui no CIETEC.”. Decorrente da resposta anterior, indagamos se o CIETEC prioriza negócios voltados para o Desenvolvimento Sustentável? A resposta foi a seguinte: “A visão do centro volta-se para outro sentido, se uma proposta for apresentada que, de alguma forma, impacte negativamente o meio ambiente, tal proposta nem é considerada para avaliação.”. Na seqüência, interrogamos se, na opinião do entrevistado, o CIETEC poderia ser um propulsor do desenvolvimento sustentável, considerando as três dimensões base deste artigo: a dimensão econômica, social e a ambiental, uma vez que o CIETEC potencial para induzir empresas a mudanças e de promover a aprendizagem. O entrevistado respondeu: “Atualmente não possuímos uma metodologia para atuar de forma estruturada. Mas os estudos da pesquisa de doutorado, que estamos acompanhando, poderão úteis para que possamos, em breve, estabelecer uma política consistente nesta área. No entanto, para as micro e pequenas empresas, que são o nosso público-alvo, os obstáculos são grandes, as prioridades desses negócios são, antes de tudo, encontrar soluções para sua sobrevivência. Eu espero que nós cheguemos a esse tripé. O CIETEC é a âncora de uma rede de dez incubadoras de base tecnológica, localizadas em um raio de 100 km de São Paulo: em São Bernardo; Santo André; Mauá; Guarulhos; Mogi das Cruzes; Sorocaba; Piracicaba; e Santos. Por ser uma referência, o Centro busca multiplicar o conhecimento produzido aqui, procuramos divulgar as melhores práticas usadas pelo CIETEC, desde os relatórios de acompanhamento, que hoje é um software, licenciamentos e patentes, registros de marcas, cursos, etc. Obviamente, avançaremos na idéia do Desenvolvimento Sustentável da micro e pequena empresa”.. Concluindo a entrevista, questionamos: quais seriam as maiores dificuldades para se implantar a abordagem do DS nas micro e pequenas empresas? O entrevistado respondeu: “Micro e pequena empresa é uma organização onde o empreendedor tem que tomar todas as decisões, também por seu porte, as preocupações das poucas pessoas envolvidas concentram-se mais na sobrevivência do negócio. Nós do CIETEC procuramos ensinar a importância do gerenciamento técnico, da gestão de pessoas, das preocupações ambientais, etc., mas não é algo simples sensibilizar essas pessoas.”. 4.3 Entrevista Fechada Neste momento da pesquisa, buscou-se identificar como as dimensões econômica, social e ambiental são consideradas pelo CIETEC durante os processos de: pré-seleção dos projetos e seleção final dos Planos de Negócios; capacitação das empresas incubadas, tanto na fase de pré-incubação quanto na de incubação; e na avaliação de desempenho das empresas, principalmente, na fase de incubação e pós-incubação. Para tanto, utilizou-se um roteiro contendo diversos tópicos relacionados às dimensões de interesse para cada um dos processos em estudo. Com este procedimento, procurou-se induzir e especificar as respostas do entrevistado. Os dados são apresentados a seguir. 4.3.1 Processo de Seleção RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 80.

(13) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. Neste processo os tópicos que representaram a dimensão econômica foram os seguintes: conhecimento do mercado; conhecimento da demanda potencial; perfil dos potenciais clientes; perfil da concorrência; fornecedores; enquadramento tributário; total de investimentos necessários; mecanismos de financiamento próprio; existência de linhas de crédito específicas; definição de financiadores; VPL e TIR do empreendimento. Após a entrevista, verificou-se que o entrevistado citou espontaneamente e classificou como muito importantes para a avaliação dos planos de negócios das empresas candidatas nove dos onze tópicos presentes no roteiro. Dos nove, cinco tópicos se destacaram também entre os critérios de pré-seleção dos projetos. Somente dois tópicos: fornecedores e enquadramento tributário foram considerados de pouca importância nesta fase. Com relação à dimensão social, foram considerados os seguintes tópicos: capacidade de geração de empregos; conformidade com legislação trabalhista; e legislação de segurança e saúde. Já na dimensão ambiental, considerou-se: conformidade com legislação ambiental; geração de resíduos tóxicos; e eficiência na utilização de recursos. O entrevistado considerou como muito importantes três dos seis tópicos. O tópico “conformidade com a legislação trabalhista”, embora considerado muito importante, não faz parte da avaliação dos planos de negócio. Dois tópicos: capacidade de geração de empregos e eficiência na utilização dos recursos foram avaliados pelo entrevistado como pouco importantes no processo de seleção dos projetos. No entanto, o entrevistado ressalvou que no caso específico dos recursos, o Centro analisa se as demandas de recursos como: energia elétrica, água e espaço, estimados pelo projeto, são compatíveis com a capacidade do CIETEC. Apesar do forte viés da avaliação dos Planos de Negócios em direção à dimensão econômica, é importante destacar que projetos que representam ameaças ao meio ambiente não são aceitos pelo CIETEC. Disto, pode-se inferir que a questão ambiental excede o caráter de critério de avaliação para assumir a posição de pré-condição de instalação do empreendimento na incubadora. Com isso, o CIETEC reforça o seu papel de indutor de comportamento ambientalmente responsável na gênese dessas organizações. 4.3.2 Processo de Capacitação Para analisar este processo o roteiro de entrevista considerou os seguintes tópicos para relacionados com a dimensão econômica: marketing; comércio exterior; contabilidade; legislação tributária e administração financeira. As respostas mostraram que, independente do nível de importância dada a cada tópico, todos são alvo de cursos, treinamentos e consultorias pelo CIETEC. Sob o aspecto social, considerou-se apenas dois tópicos nesta fase: legislação trabalhista e responsabilidade social. Para a dimensão ambiental, os tópicos relacionados foram: legislação ambiental; eco-negócio; marketing ambiental; eco-design; ciclo de vida de produtos; Protocolo de Kyoto e mercado de créditos de carbono; mecanismos de desenvolvimento limpo; licenciamento ambiental; avaliação de impactos ambientais; análise de risco ambiental; contingenciamento de passivos ambientais; compensação ambiental; certificação e auditoria ambiental; selos de integridade ambiental; gerenciamento de áreas verdes; relacionamento com ONGs sócio-ambientais; gestão de projetos; reciclagem de material e comportamento ambientalmente correto. As respostas mostraram que, dos vinte e um tópicos apresentados, oito foram considerados como pouco importantes e não eram abordados pelo CIETEC em atividades de capacitação das empresas incubadas. Dos quatorze restantes, embora considerados importantes, onze não são abordados por cursos, palestras ou consultorias. Apenas legislação trabalhista e legislação ambiental recebem a atenção em termos de capacitação do CIETEC. RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 81.

(14) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. 4.3.3 Processo de avaliação de desempenho A análise deste último processo considerou-se na dimensão econômica: faturamento e crescimento; participação de mercado; atendimento da demanda; crescimento da carteira de clientes; parcerias com fornecedores; conformidade tributária; investimentos obtidos; VPL e TIR do empreendimento. Nesta dimensão todos os tópicos foram considerados importantes ou muito importantes. Os tópicos representativos da dimensão social foram: empregos gerados; conformidade com legislação trabalhista; conformidade com segurança e saúde. O entrevistado avaliou todos os tópicos como importantes, destacando que, em relação aos empregos gerados, não se avalia a quantidade, mas na qualidade das ocupações. Na dimensão ambiental considerou-se: conformidade com legislação ambiental; geração de resíduos tóxicos e eficiência na utilização de recursos. Neste aspecto, destaca-se que o CIETEC incuba três empreendimentos diretamente relacionados com estes critérios, são eles: reciclagem de alumínio através de técnica envolvendo plasma, recuperação de prata de filmes fotográficos e software de gestão de resíduos. As empresas em incubação no CIETEC são organizadas em cinco grandes redes de cooperação empresarial, entre elas destaca-se a rede Meio Ambiente como 49 empresas participantes, colocando-se como a segunda maior rede em número de empresas participantes, conforme a tabela da Fig. 3. Configurando a relevância do tema como oportunidade de negócios. Aprofundando a classificação anterior, buscou-se identificar, entre as 45 empresas associadas à rede Meio Ambiente, as que apresentassem uma proximidade maior com os temas ligados diretamente com a sustentabilidade ambiental. O resultado mostrou que o CIETEC incuba: 08 empresas ligadas ao setor de Produtos Ecológicos; 07 empresas interessadas em Recursos Hídricos e Saneamento; e 08 empresas voltadas para o setor de Resíduos e Reciclagem (CIETEC, 2007). A composição das empresas incubadas indica que há esforços concretos na prospecção de negócios ligados à sustentabilidade ambiental, confirmando os dados obtidos durante a entrevista. REDE DE COOPERAÇÃO NÚMERO DE EMPRESAS PARTICIPANTES MEDICINA E SAÚDE 49 MEIO AMBIENTE 45 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 40 ELETRÔNICO 30 BIOTECNOLOGIA 26 Figura 3 – Tabela das Empresas componentes das Redes de Cooperação. Fonte: CIETEC, 2007.. 5. DISCUSSÃO Inicialmente, convém destacar que a atuação do CIETEC, enquanto uma organização de apoio e fomento das PMEs de inovação tecnológica incorpora um papel intrinsecamente social. Em primeira análise, tal propósito já pode proporcionar muitos benefícios à sociedade, na medida em que catalisa negócios sustentados com produtos inovadores, de alto valor agregado, gerando emprego e renda. Entretanto, em uma análise focada no Desenvolvimento Sustentável, nota-se que não é o suficiente, pois, percebe-se a ausência do estímulo à reflexão sobre a importância das dimensões social e ambiental no dia-a-dia das PMEs. Isto, mais que um problema, mostra-se ser uma grande oportunidade para que, de imediato, a Instituição possa se tornar o elemento de coordenação e de pressão para promover o DS, de acordo com o proposto por Louette (2008). Analisando o edital de ingresso da incubadora (versão de abril 2006), observa-se que os critérios de seleção são os seguintes: viabilidade técnica e econômica do empreendimento; RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 82.

(15) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. equipe técnica do empreendimento; capacidade empresarial dos proponentes; conteúdo tecnológico e grau de inovação dos produtos e serviços; potencial de interação do empreendimento com as atividades desenvolvidas pelos parceiros do CIETEC e viabilidade mercadológica do empreendimento. Disto, conclui-se que, antes mesmo da fase de pré-incubação, o empreendedor já é induzido a refletir sobre as viabilidades: mercadológica, competitiva e econômica da sua proposta, um viés apenas para os negócios. É razoável considerar que se poderiam incluir aqui critérios de seleção que considerassem também a viabilidade sócio-ambiental. Por outro lado, constam, no documento que acompanha o “Roteiro para Elaboração da Proposta”, fornecido aos interessados, três tópicos relacionados ao meio ambiente: Riscos e Agressões ao Meio Ambiente; Normas Técnicas e Registros, onde o candidato deve descrever produtos e processos; e Exigências Legais para a Comercialização dos Produtos. Na etapa seguinte, ainda da fase de pré-incubação, ocorre um workshop para a elaboração do Plano de Negócios (PN), quando o candidato desenvolve o documento sob a orientação dos consultores associados ao CIETEC. Nesta fase ocorre um interessante e profundo processo de reflexão, amadurecimento de idéias e de aprendizagem por parte do candidato, por se ver compelido a buscar e analisar uma grande quantidade de informações sobre sua proposta, questionando-a ou reforçando suas convicções sobre sua viabilidade. De acordo com o depoimento do entrevistado, é freqüente, nessa etapa, ocorrerem significativas mudanças nas propostas ou até mesmo desistências. Sob a óptica deste estudo, verifica-se que, também nessa fase, há o predomínio da dimensão econômico-mercadológica e, da mesma forma, desperdício de importante espaço para um processo de educação sócio-ambiental dos empreendedores. Seria interessante introduzir algo que contemple as dimensões social e ambiental. Posteriormente, ocorre a avaliação final para a escolha dos candidatos que passarão à fase de incubação. A escolha dos planos de negócios é feita pelo Conselho Administrativo. Durante a avaliação, caso seja necessário, os candidatos são chamados para esclarecer dúvidas dos avaliadores sobre o plano. À luz do Desenvolvimento Sustentável, poder-se-ia, caso houvesse uma metodologia consistente, desenvolver um plano com características inovadoras no CIETEC: um “Plano de Negócio para o Desenvolvimento Sustentável”. Em relação à avaliação das empresas incubadas, considera-se o quanto estão cumprindo a missão, objetivos e as metas estabelecidas; produtos desenvolvidos com sucesso; patentes; participação em feiras; utilização das facilidades e serviços oferecidos pelo CIETEC. Contudo, não há também nenhum sistema formal de avaliação sócio-ambiental. Embora ainda não se perceba por parte do CIETEC movimentos intencionais visando à promoção de DS nas micro e pequenas empresas de base tecnológica. Analisando o posicionamento do CIETEC quanto à maturidade nos níveis de reação às pressões ambientais, elencadas por Kinlaw (1997), pode-se situá-lo como no nível três: “Plano e Iniciativas Ambientais Integradas”; caracterizado pelo surgimento de um nível de resposta em que a empresa começa a se posicionar para atingir um desempenho sustentável, uma vez que há fortes estímulos à modificação ou substituição dos processos, produtos e serviços existentes ou a serem criados. Quanto às empresas incubadas, nota-se que, entre estas, há presença de MPEs já orientadas a produtos “Ecológicos”. Um fato que sem dúvida é bastante auspicioso para as esperanças na evolução do DS. Isto porque tais empresas são estimuladas e estimulam a descoberta de novos nichos de mercado, os nichos verdes, buscando atendê-los com novos serviços e produtos. Entretanto, ainda falta para o CIETEC um caminho longo evoluir do nível em que está para o próximo nível estratégico do DS. Partindo desta premissa, parece ser razoável RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 83.

(16) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. apresentar algumas sugestões de melhoria com o propósito de elevar o CIETEC ao nível quatro, o “Desempenho Sustentável”. 5.4 Sugestões de melhorias Conforme as discussões anteriores, percebe-se que, mesmo sem uma política estruturada, é possível para o CIETEC avançar seus processos em direção a uma orientação para o DS. A seguir, algumas sugestões são propostas que, embora simples, podem proporcionar impactos importantes: • Há preocupações em selecionar empresas sócio-ambientalmente adequadas, mas não existem critérios de avaliação claros quanto a isso. Portanto, critérios objetivos e claros quanto à viabilidade sócio-ambiental das propostas a serem analisadas para fins de incubação podem ser incluídos; • Não existem módulos de treinamentos voltados para a área sócio-ambiental no processo de capacitação. A incubadora pode introduzir tópicos de educação sócio-ambiental para as empresas. • O CIETEC não possui um planejamento estratégico, mas possui uma estratégia não formalizada que orienta seus objetivos e propostas. Decorrente disto é perfeitamente viável que o Centro formalize um planejamento estratégico para si, considerando a sua contribuição para o DS, e não somente para o DS das empresas incubadas. Além disso, poder-se-ia estabelecer indicadores que controlassem a implementação deste Planejamento Estratégico. • Aproveitar as Redes de Cooperação Empresarial (RCE) para desenvolver projetos comuns que proponham soluções voltadas à sustentabilidade ambiental A figura 04 ilustra o processo de incubação, em suas três fases (pré-incubação, incubação e pós-incubação), enriquecido com as sugestões deste estudo, destacadas em cor vermelha 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo realizado permitiu avaliar o potencial de uma incubadora de micro e pequenas empresas, colocando-se como um elemento de pressão externa, conforme argumenta Hoffman (2000), para fomentar o Desenvolvimento Sustentável em organizações desta natureza. Os resultados mostraram que a possibilidade é muito grande, desde que haja a adequada estruturação para tal objetivo. Mesmo sem uma estrutura formal e direcionada para o Desenvolvimento Sustentável, o papel de uma incubadora como o CIETEC é dos mais relevantes para as evoluções neste campo. Como foi discutido no texto, para as MPEs, as preocupações ligadas à viabilização e sobrevivência do negócio mostram-se mais urgentes e prioritárias do que as relacionadas com a sustentabilidade, as normas de avaliação e de seleção de candidatos à incubação, aplicadas pelo CIETEC, garantem que temas ligados ao Desenvolvimento Sustentável sejam incluídos na agenda das considerações dos futuros empresários, candidatos à incubação. Entretanto, a incubadora, embora se mostre sensível a esta temática e da sua relevância, não traduz suas preocupações em projetos consistentes atualmente. Como visão de futuro, a Instituição deposita suas esperanças em uma pesquisa acadêmica que deve auxiliar o Centro a desenvolver políticas orientadas para o DS, o que nos leva a classificar o CIETEC em um nível alto na classificação de Kinlaw (1998), quanto à reação às pressões ambientais, mas ainda distante do patamar ideal, esperado para uma estrutura pública de fomento como é o CIETEC. A nosso ver, o estudo realizado recobre-se de relevância ao explorar o quanto e como uma das principais incubadoras de Micro e Pequenas Empresas traduz em suas atribuições e em seu contexto as preocupações, cada vez mais intensas da sociedade brasileira, com relação ao desenvolvimento com sustentabilidade. RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 84.

(17) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. Também não se pode deixar de considerar que as propostas de melhorias sugeridas no escopo do trabalho são contribuições que, mesmo não implementadas, auxiliam como subsídios para reflexões com vistas à evolução da abordagem do Desenvolvimento Sustentável, não apenas na Instituição de Fomento analisada, mas também para outras incubadoras de MPEs que, cedo ou tarde, terão que enfrentar os desafios de promover o Desenvolvimento Sustentável em seus contextos de atuação. .. Figura 04: Proposta de Processo de Incubação para o Desenvolvimento Sustentável; dos autores.. RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 85.

(18) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. REFERÊNCIAS Abreu, F., Swirski, Y., & Gonçalo, C. (2006). Aprendizagem e Criação do Conhecimento em Incubadoras. Anais do XXX Encontro Nacional da Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Administração – EnANPAD, Salvador - Brasil. Bizzotto, C. The Incubation Process. (2003). Brasília. Recuperado em 27 fevereiro, 2004, de http://toolkit.idisc.net/upload/anexos/Bizzotto.pdf. CMMAD, Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. (1991). Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: FGV. Delazaro, W. & Barbieri, J. C. (1994, nov-dez). Geração de empregos e preservação do meio ambiente. Revista de Administração de Empresas, 34 (6), pp. 73-79. Dimaggio, P. & Powell, W. (2005, abr-jun). A Gaiola de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade nos campos organizacionais. Revista de Administração de Empresas, 45 (02). Elkington, J. (1999). Triple bottom line revolution: reporting for the third millennium. Australian CPA: Vol. 69. (pp. 75 – 93). Melbourne. Hoffman, A. (2000, jun.) Environmental and social issues into corporate practice. Environment, 42, pp. 22 - 35. Godoy, A. (1995, mai- jun). Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, 35 (03), pp. 20-29. Kinlaw, D. C. (1998). Empresa Competitiva & Ecológica, São Paulo: Makron Books. Louette, Anne. (2008). Compêndio para a Sustentabilidade: ferramentas de gestão de responsabilidade sócio-ambiental. Uma contribuição para o desenvolvimento sustentável. Willis Harman House. Marconi, M., & Lakatos, E. (2003). Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas. Pearce, D. (1994). Blueprint for a green economy (6 Ed). London-GB: Earth Scan Publications. Porter, M., & Linde, C. (1995, sep – oct) Green and Competitive. Harvard Business Review, pp. 120-134. Sachs, I. (1993). Estratégias de Transição para o Século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: FUNDAP. Sachs, I. (1986). Eco-desenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice.. RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 86.

(19) Incubadoras. André Coímbra / Isak / Lupoli / Toshiro. SEBRAE. (2006). Relatório consolidado das micro e pequenas empresas. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Recuperado em 04 junho, 2007, de http://www.sebrae.com.br/br. Sousa, P.; Sousa, M. & Predebon, E. (2006). O Posicionamento Estratégico de uma Rede de Relacionamentos Organizacionais. Anais do XXX Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração – EnANPAD, Salvador - Brasil. Vedovello, C. (2000, dez.). Aspectos Relevantes de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas. Revista do BNDES, 7 (14), pp. 273-300.. RGSA – www.rgsa.com.br. V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008 87.

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