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ÁGUA MAIS LIMPA MAIS LIMPA ÁGUA

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Efluentes

ÁGUA

MAIS LIMPA

ÁGUA

MAIS LIMPA

O tratamento de

efluentes em

abatedouros avícolas é

obrigatório e

fundamental para

amenizar o impacto

ambiental da atividade.

A água tratada pode

retornar à natureza sem

poluir rios e lagos e ainda

proporcionar economia

ao frigorífico com a sua

reutilização nas

atividades de limpeza de

áreas externas

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Produção Animal| Avicultura 35

Sabe-se que o lançamento de resíduos (ou efluentes) não dos, ou insuficientemente trata-dos, além de ir contra a legislação ambiental brasileira, provoca im-pactos desastrosos ao meio am-biente como acúmulo de gorduras deterioradas, mau cheiro, mortan-dade de peixes em cursos d’água, infestação de insetos (moscas e mosquitos, por exemplo), entupi-mentos, comprometimento da área poluída e até riscos à saúde pública. Assim, as unidades de aba-te e de processamento de aves pre-cisam ter instalações e sistemas para fazer o tratamento de seus efluentes antes de transferi-los ao meio ambiente. Segundo o Minis-tério do Meio Ambiente, toda uni-dade frigorífica industrial precisa de uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) para reduzir ao máximo o impacto ambiental ge-rado pelos seus resíduos. Caso con-trário, a unidade tem a sua licença ambiental negada e fica impedida de operar. As legislações, neste caso, abrangem todas as esferas: a municipal, a estadual e a federal (veja mais no box “Legislação

Am-biental”). Para tanto, é preciso que

a unidade frigorífica conheça quais são as exigências ambientais de sua localidade e siga as reco-mendações necessárias para o seu funcionamento dentro da legali-dade. Como a redução total da de-manda bioquímica desses efluen-tes é quase impossível, as técnicas de tratamento conseguem dimi-nuir os danos em cerca de 90%, evitando a poluição e a degradação de rios e do meio ambiente.

No Brasil e em vários países, a legislação ambiental regula o des-carte de efluentes sobre corpos d’água limitando a carga poluido-ra lançada de acordo com o tipo de uso estabelecido para a água do corpo receptor (abastecimento público, por exemplo). Também existe a participação de órgãos in-ternacionais de financiamento de

res de Minas Gerais (Avimig), Emílio Mouchreck Filho, a água tratada pelas ETE’s dos frigoríficos de aves podem ser reutilizadas para lavagem de áreas externas do abatedouro e para irrigação de la-vouras. “Após o tratamento, esta água está apta para ser descartada, pois seus níveis de oxigênio e de coliformes fecais foram reduzidos, o que diminui expressivamente

ser simplesmente descartados na natureza.

Toda unidade

frigorífica industrial

precisa de uma

Estação de

Tratamento de

Efluentes para

reduzir ao máximo o

impacto ambiental

gerado pelos seus

resíduos

Resíduos da indústria

avícola, compostos por

águas sujas, ossos, graxas,

penas e sangue, não

podem ser simplesmente

descartados na natureza

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Efluentes

um impacto ambien-tal. Porém, esta água não pode ser reapro-veitada nos processos do abatedouro, porque a sua reciclagem total é muito difícil de ser feita”, alerta. Mou-chreck Filho também explica que o processo de tratamento de efluentes serve para se-parar os resíduos sóli-dos e os líquisóli-dos. “No caso dos frigoríficos de aves, os resíduos

sóli-dos (penas, ossos e partes de san-gue) vão para as graxarias para a fabricação de farinhas”, relata. “É bom ressaltar que o tratamento de efluentes em uma unidade frigorí-fica é uma obrigação. Sem este sis-tema de tratamento a unidade não pode operar, pois o seu objeti-vo é reduzir o impacto ambiental na região onde o abatedouro en-contra-se instalado”.

E para manter o frigorífico em pleno funcionamento, a unidade precisa contar com uma equipe de monitoramento e de manutenção da ETE que, periodicamente, co-lhe amostras da água tratada e as encaminha para análises nos la-boratórios credenciados. “Estas análises são feitas de acordo com a legislação de cada Estado ou loca-lidade, mas, geralmente, são feitas a cada dois ou três meses. Esta fis-calização é rígida e pode compro-meter a licença ambiental do aba-tedouro”, frisa o especialista.

Tipos de tratamento

Um sistema de tratamento de efluentes, de uma forma geral, permite que a água utilizada em um processo industrial possa re-tornar ao meio ambiente (rios, la-gos, lençóis, etc) sem a poluição obtida na atividade industrial como, por exemplo: óleos e

gra-xas, areia, sólidos, temperatura e pH, demanda química de oxigê-nio, entre outros.

Segundo Antonio Celso Rossi-ni, diretor Técnico da Wasserlink, empresa paulista de projetos e tecnologias para tratamento de efluentes industriais, existem vá-rios tipos de sistemas para este tipo de tratamento. “Os sistemas de tratamento podem ser aeró-bios, anaeróbios e combinados, de acordo com o tipo de micro-orga-nismos presentes nos módulos de tratamento para a redução da car-ga orgânica e ao atendimento dos limites de lançamento”, descreve. “No caso específico dos frigorífi-cos, os principais módulos de tra-tamento são: peneiramento, re-moção de óleos e graxas, reatores aeróbios e anóxicos para redução biológica de nutrientes (fósforo e nitrogênio, que podem causar a eutrofização – crescimento de al-gas - dos corpos hídricos), decan-tadores para a remoção de sólidos, unidades de desaguamento para redução da umidade dos resíduos sólidos gerados no sistema de tra-tamento, com a produção de água+resíduo+óleo”.

Rossini revela que, hoje, a grande maioria das grandes em-presas frigoríficas está desenvol-vendo engenharia específica de

No Brasil, grande

parte dos efluentes

gerados pela

indústria

processadora de

aves e suínos é

tratada por sistemas

de lagoas de

estabilização

A presença de estações de

tratamento de efluentes é

obrigatória nas unidades

frigoríficas brasileiras

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Produção Animal| Avicultura 37

Produção Animal | Avicultura 37 so que não pode ficar estagnado.

A estação de tratamento deve acompanhar o crescimento do frigorífico”, avalia.

Mas como saber qual é o siste-ma siste-mais adequado para cada fri-gorífico? O consultor Emílio Mouchreck Filho diz que a escolha do sistema deve levar em conside-ração, dentre outros, os fatores eficiência na remoção e estabiliza-ção da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), exigência de es-paço, flexibilidade operacional e custo. Ele aponta os sistemas de tratamento com lagoas de estabili-zação e o sistema com lodos ativa-dos como os mais comuns para as unidades frigoríficas. “As lagoas de estabilização (anaeróbia e fa-cultativa) são mais apropriadas onde, entre outros, a terra é barata e o clima é favorável. A construção é simples, envolvendo principal-mente, movimentação de terra. Em geral, os custos podem ser bastante compensadores desde que o terreno seja barato e a movi-mentação de terra não seja exces-siva”, descreve. “O sistema de lo-dos ativalo-dos, no entanto, é muito utilizado para o tratamento de despejos domésticos e industriais, em situações de elevadas qualida-de e quantidaqualida-de qualida-de efluentes, além de reduzidos requisitos de espaço e área”.

De acordo com o consultor, o sistema de lagoas de estabilização, anaeróbia mais a facultativa, co-nhecido também como Lagoas Australianas, é usado, preferen-cialmente, para o tratamento de

das bactérias anaeróbias, a taxa de estabilização da matéria orgânica é lenta. Isto quer dizer que, para o tempo de detenção de três e cinco dias do efluente, a remoção e esta-bilização da DBO é de 50% a 60%, aliviando, por conseguinte, a car-ga para a lagoa facultativa, que recebe 40% a 50% do efluente bruto”. As vantagens deste siste-ma, segundo o especialista, são: satisfatória eficiência na remoção de DBO, construção, operação e manutenção simples, reduzidos custos de implantação e operação,

Frigoríficos avícolas geram resíduos

altamente poluentes ao meio ambiente

como gorduras, ossos, penas e sangue

acordo com o tipo

de

micro-organismos

presentes nos

módulos de

tratamento

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Efluentes

ausência de equipa-mentos, remoção do lodo após longo tempo de acúmulo e menor espaço de instalação. “Como desvantagem, posso citar a possibili-dade de mau cheiro na lagoa anaeróbia e a necessidade de afasta-mento de residências circunvizinhas”, aler-ta. Já o sistema com

lodos ativados funciona da se-guinte forma: a aeração é feita de forma prolongada (18 – 30 dias), quando o lodo já sai estabilizado. “Ocorre aqui uma grande simplifi-cação do processo, porque não há necessidade de decantador primá-rio”, esclarece o consultor. Quan-do o tanque único passa a ser a unidade de digestão do lodo, no mesmo tanque, acontecem as eta-pas de reação e sedimentação. “Quando os aeradores estão desli-gados, os sólidos sedimentam, ocasião em que se retira o efluente (sobrenadante). Ao religarem-se os aeradores, os sólidos sedimen-tados retornam à massa líquida, o que dispensa elevatórias de

recir-culação”. Sobre este sistema, Mouchreck Filho destaca a eleva-da eficiência na remoção de DBO, baixa exigência de espaço (área), é a variante de concepção mais simples e de maior flexibilidade operacional, exige menos equipa-mento que as outras variantes. E como desvantagens, o consultor aponta o seu elevado custo de im-plantação e de operação, maior potência instalada em relação às demais variantes, necessidade de tratamento e disposição do lodo. “O tratamento com lagoas, em geral, é mais barato do que o com lodos ativados. Este último exige uma área menor, o que significa mais gasto com mecanizações. Quando você tem área livre maior, que é o caso do tratamento de la-goas, fica mais fácil de manejar. A técnica de lodos ativados é indica-da para regiões com a topografia acidentada e o tratamento em la-goas é mais recomendado para áreas maiores”, resume.

No Brasil, segundo os especia-listas do agronegócio, grande par-te dos efluenpar-tes gerados pela in-dústria processadora de aves e suínos é tratada por sistemas de lagoas de estabilização.

De acordo com os especialistas em qualidade de água, a existência de oxigênio (O2) dissolvido nas águas (OD), é uma necessidade fundamental para a subsistência da vida aquática. A maioria das espécies de peixes necessita de pelo menos 3 mg de oxigênio dissolvido por litro de água para sobreviver. “A 20ºC – 25ºC, os níveis máximos de oxigênio dissolvido na água situam-se na faixa de 8 mg a 7 mg por litro”, relata em situam-seu trabalho sobre tratamento de efluentes industriais, Luiz Alberto Cesar Teixeira, professor do Departamento de Ciência de Materiais e Metalurgia e membro do Programa de Engenharia Ambiental da PUC, do Rio de Janeiro, RJ. “O aumento de temperatura causa

diminuição na solubilidade de oxigênio na água, a qual chega a zero na temperatura de ebulição”. Segundo ele, o lançamento de esgotos e efluentes industriais contendo substâncias orgânicas sobre os cursos d´água leva ao consumo do pouco oxigênio disponível na água por consequência de reações do tipo: Mat. Org + O2 (aq) --- CO2 (aq) + H2O - o que pode causar

mortandade de peixes e outros organismos. Para evitar esses impactos, o professor descreve a receitinha básica, que recomenda a adoção dos conceitos, mensuração e controle de Demanda Química de Oxigênio (DQO) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) em efluentes e nas águas dos rios ou lagos receptores.

Tratamento com

lagoas, em geral, é

mais barato do que

com lodos ativados,

diz especialista

A química da vida aquática

Água sem tratamento polui

rios e lagos, causando

prejuízos quase que

incalculáveis

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Produção Animal| Avicultura 39

condicionante para um projeto de uma estação de tratamento de efluentes (ETE), sendo importante ressaltar que as diferenças das legislações muitas vezes inviabilizam a cópia de uma estação de tratamento que apresente sucesso em um Estado para outro. Uma ETE pode ser suficiente para atender a legislação de um Estado, mas não atender a todos os limites estabelecidos por outro Estado. Os parâmetros para controle da carga orgânica são aplicados de forma muito diferente, entre alguns Estados. É sempre recomendável a consulta a órgãos especializados e a empresas de consultoria nesta área antes de projetar e viabilizar um sistema de tratamento de efluentes. Para tanto, vale pesquisas e leituras junto às seguintes leis:

Constituição Federal de 1988: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas.

Decreto 24.643 de 1934 - Código de Águas Lei 9.433/97, Lei das Águas de 1997

Conama 357/2005: parâmetros para lançamento de efluentes em corpos d’água.

Lei Federal 11.445/2007: estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.

Decreto 7.271 de 21 de Junho de 2010: regulamenta a Lei Federal 11.445/2007 que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.

Na prática

A empresa Big Frango, instala-da em Rolândia, PR, abate hoje 400 mil aves por dia e mantém uma ETE com lagoas anaeróbicas e aeróbicas, com capacidade para o tratamento de efluentes oriun-dos de um abate de 500 mil aves por dia. “Tratamos a água desta estação e os demais resíduos são transportados até a fábrica de subprodutos para serem transfor-mados em farinhas e óleos, com uso posterior na alimentação animal. Tudo isso atendendo às normas legais determinadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento (Mapa)”, re-vela Valter Bampi, diretor indus-trial da Big Frango. Segundo ele, este sistema de tratamento de efluentes acompanha a agroin-dústria desde a sua fundação, há

40 anos. “Seguimos à risca a le-gislação ambiental brasileira e do Estado do Paraná”. Além de redu-zir o impacto ambiental na re-gião, o diretor da Big Frango

des-taca que a ETE ajuda na contenção de desperdício de água.

“Toda a água tratada vai para um depósito e é reutilizada nas tarefas de limpeza externa e lava-gem da indústria”.

Outro bom exemplo é o da unidade da Perdigão, em Capin-zal, SC. O complexo inaugurou em 2006 uma moderna estação de tratamento de efluentes, por sistemas de lagoas, com capacida-de para um abate diário capacida-de 500 mil aves. Logo após o início de suas operações, o novo sistema conquistou o seu primeiro Prê-mio Fritz Müller, a principal pre-miação na área ambiental, conce-dida pela Fundação de Meio Ambiente (Fatma) e pelo governo de Santa Catarina, pela redução do impacto ambiental que a ETE proporcionou à região.

Referências

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