DESENVOLVIMENTO DE UM MOOC (MASSIVE OPEN
ONLINE COURSE) PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
SOBRE O TEMA DA ATENÇÃO AO PARTO E NASCIMENTO
Luciana Palharini
Joyce Wassem
Cássio Ricardo Fares Riedo
Fonte: Censo da Educação Superior/ MEC/ INEP, 2010
Evolução do número de matrículas de graduação por modalidade de ensino
Número de Matrículas por Modalidade de Ensino e Grau Acadêmico – Brasil – 2010
Pedagogia 34,2% dos cursos oferecidos em EAD
Os dez maiores cursos de graduação em número de matrículas por modalidade de ensino - Brasil - 2009
MOOC – Massive Open Online Course
• Curso Aberto e Massivo pela Internet
• Surgiu em 2008 como experimento pedagógico focado na criação de um ambiente de aprendizagem mais acessível e democrático • Duração média entre 4 e 6 semanas, dedicação de 2 a 6 horas
semanais, disponibilização e entrega semanal de trabalhos, avaliações parciais e contínuas
• Modelo de ensino colaborativo
• Estudantes também podem gerar conteúdo
Obs.: Tecnicamente MOOC não pode ser considerado uma inovação, não é fácil diferencia-lo de outros tipos de cursos online. Sua característica mais relevante reside na abordagem pedagógica ativa e centrada no aluno, resultando em forte incentivo à interação entre os participantes
MOOC: Principais Conceitos
• “Abertura” (open): sem restrição no acesso, seja do ponto de vista econômico (free) como do conhecimento prévio (qualquer pessoa com conexão à internet pode participar), podendo favorecer a divulgação e disseminação do conhecimento;
• Oferecido simultaneamente a um público amplo (massive);
• Formato de curso (course): início e fim determinados, interação entre participantes, processos avaliativos, reelaboração de conhecimentos prévios e produção de novos conhecimentos
MOOC: Vantagens e Problemas
Ampliação da Educação em direção à um público mais amplo Condições favoráveis de capacitação em um ambiente de rede Metodologias ativas e postura educacional comprometida
Reestruturação da produção e disseminação do conhecimento Ênfase na aquisição e no desenvolvimento de competências Formação continuada baseada em interesses personalizados Incentivar a autorregulação na construção do conhecimento Fomentar o pensamento crítico
Promover a autonomia e a produção socializada do conhecimento
MOOC: A Estrutura Típica
Tema: tão específico quanto possível
Carga Horária: geralmente um total entre 25 e 125 horas Duração: média de 4 a 10 módulos semanais
Conteúdo (adaptado ao formato): vídeos de curta duração,
orientações compreensíveis e atividades com avaliação formativa e feedback imediato por meio de sistemas automatizados
Cada módulo composto por 4 a 6 vídeos e outros materiais de suporte que desafiem os participantes e diretamente associáveis às atividades e avaliações
Incentivo à colaboração e interação entre pares
Canais sociais de interação: princípio web 2.0 (fóruns, chat, etc) Organizado de maneira a facilitar o aprendizado
MOOC: O Planejamento
O grupo de professores deve aprender e saber como usar as ferramentas disponibilizadas pelo ambiente
Incentivar a reflexão sobre como os conteúdos e atividades se diferenciam dos materiais usados em cursos presenciais,
ressaltando a relação entre a coerência educacional e as estruturas de controle do curso
Facilitadores e tutores: papel chave no desenvolvimento do curso Mecanismos analíticos disponíveis para a análise do aprendizado
associado a questionários para obtenção de dados e avaliações Cada tópico pode ter mais de um vídeo, com tempo de 7 a 12 min. Atividades variadas e de níveis diferentes
MOOC: A Realização
Estar consciente da responsabilidade de oferecer a formação para um público amplo e diferenciado
Ter sempre presente que o centro da aprendizagem deve ser o estudante
Levar em consideração as diferentes motivações dos estudantes e que motivadores tradicionais, como, por exemplo, a certificação do curso, não funcionam da mesma maneira que em cursos
presenciais
Valorizar adequadamente as atividades realizadas pelos participantes
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Por que este tema?
O modelo obstétrico atual tem sido questionado no Brasil por pesquisadores e profissionais da saúde por ser considerado altamente intervencionista e impessoal
Este debate tem ocorrido em nível mundial no sentido de questionar a hegemonia do modelo tecnocrático na obstetrícia – termo
cunhado pela antropóloga norte-americana Robbie Davis-Floyd (1999; 2001)
Os questionamentos envolvem desde a perda do protagnismo da mulher na cena do parto até procedimentos hospitalares de rotina na atenção ao parto e nascimento
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Questionamentos
Modelo centrado no médico; perda de protagonismo da mulher e desrespeito aos processos fisiológicos naturais do parto
Cultura do parto e gravidez como eventos patológicos
Procedimentos transformados em rotina não baseados em
evidências científicas e quem tem sido apontados por pesquisas médicas como fatores de risco à saúde e do aumento da
mortalidade materna e infantil
Excesso de medicalização (nas intervenções durante a atenção, no uso indiscriminado de analgésicos, etc.)
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Questionamentos
Brasil: Taxa de cesárea mais alta do mundo (53,7% em 2011) Rede suplementar e privada chega a ser de 83 a 98%
Organização Mundial da Saúde recomenda que: 15% dos partos sejam por via cesariana
Crença na cirurgia cesariana e nos procedimentos tecnológicos como via de nascimento mais seguro
Abuso de realização de cesáreas desnecessárias (indisponibilidade do médico em acompanhar um trabalho de horas de parto; cultura de pavor à dor do parto; atender conveniências da agenda do
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Taxas de cesáreas em alguns países
Fonte: Brasil: MS e ANS (2004).
Argentina: Pesquisa Enscuesta de Condiciones de Vida 2001-Dalud.
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Violência Obstétrica
No Brasil, 1 em cada 4 mulheres são vítimas de violência obstétrica
Fonte: Pesquisa “Na hora de fazer não gritou”, Fundação Perseu Abramo (2012)
As mulheres que fazem parto normal são mais suscetíveis por ficarem “expostas” por mais tempo
A violência está presente tanto na rede pública quanto privada ou suplementar
Envolve desde violência física (amarrar a parturiente, impedi-la de comer ou movimentar-se, etc.) até violência verbal (título da
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Violência Obstétrica
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Acontecimentos Recentes
Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ): Ameaça de cassação do registro do médico Jorge Kuhn após entrevista ao programa Fantástico ao defender parto domiciliar (2012)
Marcha do Parto em Casa em várias cidades brasileiras após o ocorrido: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Belo Horizonte,
Florianópolis, entre outras (2012)
Crescimento dos movimentos pela humanização do parto – criação de novos fóruns e redes; Campinas: Fórum pela Humanização do Parto (2013)
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA é o item mais votado dentro da pasta “Violência contra as mulheres” da Defensoria Pública do Estado de São Paulo - as mulheres podem agora mover ação pública contra hospitais e médicos (2013)
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Por que formar para o tema?
O Ministério da Saúde do Brasil preconiza ações simples,
consideradas humanizadas, entretanto, a maior parte das mulheres não tem recebido garantia de seus direitos
Muitas mulheres atendidas pelos serviços de saúde não têm
consciência de terem sido vítimas da violência obstétrica, tanto na rede pública, quanto na rede privada e suplementar
A importância do papel da família (acompanhante, pai, etc.) e o direito de acompanhante da mulher na cena do parto – Lei do Acompanhante – são desrespeitados
O tema deve ser tratado no campo da sexualidade e da saúde, dos direitos humanos, das políticas de gênero e dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Por que formar para o tema?
APESAR DA EFERVESCÊNCIA DESSE DEBATE NOS ÚLTIMOS ANOS...
A desinformação de mulheres e famílias é apontada como grande fator para a ocorrência de desrespeito aos direitos da parturiente O acesso a informações sobre a assistência ao parto e ao
nascimento no Brasil é precário e tendencioso
Há ausência do tema tanto na educação básica formal (mesmo na área de Educação para a sexualidade ou Educação em saúde)
Há ausência do tema nos cursos que formam professores (Pedagogia e Licenciaturas)
O tema da Atenção ao Parto e Nascimento
Por que formar para o tema?
PORTANTO, ASSUMIMOS QUE:
É preciso pensar na formação para o debate atual desde o ensino básico, para que meninos e meninas tomem conhecimento sobre os processos fisiológicos do parto, dos procedimentos considerados adequados e daqueles considerados como de risco para a saúde materno-infantil pelos órgãos nacionais e internacionais e dos
direitos humanos e das mulheres envolvidos nos eventos do parto e nascimento.
A modalidade MOOC pode ser de grande contribuição para a formação de professores sobre o tema por ser aberta, livre e massiva e por atender a critérios de qualidade do conteúdo oferecido por meio da modalidade à distância
Resultados esperados
Ampliar o debate e o conhecimento teórico sobre uma temática ainda pouco abordada no ensino formal;
Avaliar a adequação aos pressupostos pedagógicos e as
possibilidades abertas para as Instituições de Ensino Superior; Analisar a viabilidade na formação continuada de professores e o
melhor modo de utilização da modalidade, considerando as condições e limitações locais brasileiras;
Contribuir na diminuição da taxa de abandono e na ampliação de sucesso da aprendizagem na área de EaD.