M A C R O C H I N A
Ano 2 Nº 4 – 11 de maio de 2006 Síntese gráfica trimestral do comércio bilateral e do desempenho macroeconômico chinês - Primeiro trimestre de 2006.Para surpresa de muitos analistas, o Banco Central chinês elevou a taxa de juros anual de empréstimos de 5,58% para 5,85% na última semana de abril. O aumento, de 0,27 ponto percentual, foi o primeiro desde outubro de 2004, apresentado como mais um forma de enxugar parte da liquidez do mercado chinês e conter o ritmo intenso de crescimento da economia. Já a taxa de juros para os depósitos bancários foi mantida inalterada, um indício de que o governo quer conter o investimento sem, no entanto, afetar o consumo das famílias.
Tais medidas administrativas, no entanto, não surtiram efeito relevante sobre os índices de ativi-dade econômica. Desde o terceiro trimestre de 2005, as taxas de crescimento são ascendentes. Nos três primeiros meses de 2006, o PIB chinês cresceu 10,2%, impulsionado por investimentos em ativos fixos, exportações e empréstimos bancários. O crescimento mais intenso foi registrado no setor industrial, e a taxa no setor de serviços teve ligeira queda.
Apesar de modesta, a elevação dos juros foi elogiada pelos bancos estrangeiros. Segundo o Goldman Sachs, a alta sugere disposição do governo central para lidar com o superaque-cimento por meio de ajustes macroeconômicos em detrimento de medidas administrativas. Desde o último aumento dos juros, há um ano e meio, determinações administrativas, como o veto a novos investimentos em alguns seto-res, eram as únicas medidas colocadas em prática para conter o aquecimento.
Com a diminuição das intervenções administrativas na economia e o uso mais freqüente de instrumentos de política monetária, analistas esperam que concessão de empréstimos bancários passe a refletir, de maneira mais fidedigna, a composição do PIB chinês. Em 2003, as empresas privadas de capital nacional ou estrangeiro responderam por 52% do PIB, mas receberam 27% dos empréstimos oferecidos por bancos chineses. Por outro lado, as estatais, que representaram 23% do PIB, receberam 38% dos empréstimos.
Parcela de contribuição das empresas no PIB Empréstimos bancários por tipos de empresa
25% 23% 52% 38% 35% 27% Crescimento do PIB chinês
Variação trimestral (%)
Fonte: Escritório Nacional de Estatísticas
Composição do PIB chinês
Variação trimestral (%) 14 12 10 8 6 4 2 0 Agricultura Indústrias
1º tri 2005 2º tri 2005 3º tri 2005 4º tri 2005 1º tri 2006 Serviços Taxa de juros anual de empréstimos
Fonte: EIU 6.0 5.8 5.6 5.4 5.2 5.0 5,85 5,31 5,58 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 5,85 5,85 5,31 5,58 10,4 10 9,6 9,2 8,8 9,8 9,5 9,5 1º tri
2004 2º tri2004 3º tri2004 4º tri2004
9,6
10,2
9,4
9,9
1º tri
2005 2º tri2005 3º tri2005 4º tri2005 1º tri2006
9,1
Os investimentos em ativos fixos, que haviam apresentado pequeno recuo no último trimestre de 2005, subiram para 27,7% no acumulado do primeiro trimestre de 2006. Em março, o índice alcan-çou a maior marca em dois anos e quase dobrou a meta anual estipulada pelo governo, de 18%.
Investimentos em ativos fixos
Variação (%)
Fontes: Bloomberg e Citigroup
abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06
40 30 20 10 0 26,4 28,2 28,8 27,6 28,5 29,4 27,2 29,0 24,2 26,6 26,6 32,7
Fontes de investimentos em ativos fixos
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 100% 80% 60% 40% 20% 0
Empréstimos de bancos domésticos Investimento Estrangeiro Direto Orçamento governamental Fundraising e outros
O aumento dos investimentos no primeiro trimestre foi conseqüência da liquidez crescente na economia. A meta de oferta monetária (M2) para 2006, de 16%, foi ultrapassada em 2,8 pontos percentuais nos doze meses encerrados em março, chegando a 18,8%, mesmo valor de fevereiro de 2006. O volume intenso de investimentos refletiu-se também sobre a produção industrial, que registrou o maior crescimento nos últimos dois anos em março.
Fontes: Escritório Nacional de Estatísiticas e Goldman Sachs
abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06
25 20 15 10 5 0 14,1 14,6 15,7 16,3 17,3 17,9 18,0 18,3 17,6 19,2 18,8 18,8 12,5 12,4 13,2 13,0 13,2 13,5 13,7 13,8 12,8 13,1 13,4 14,0 Produção industrial Variação (%)
abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06
18,0 17,5 17,0 16,5 16,0 15,5 15,0 16,0 16,6 16,8 16,1 16,5 16,1 16,6 16,5 16,2 17,6 16,0 16,2
Mesmo com a elevada liquidez na economia, os preços permaneceram controlados. O índice de preços ao consumidor no primeiro trimestre subiu 1,2%, valor 1,6 ponto percentual menor do que observado no mesmo período de 2005. As vendas no mercado varejista movimentaram US$ 230,5 bilhões no primeiro trimestre de 2006, aumento de 12,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Índice de preços ao consumidor (%) Índice de preços ao produtor (%)
Fontes: Escritório Nacional de Estatísticas e Goldman Sachs
abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06
8 6 4 2 0 1,8 1,8 1,6 1,8 1,3 0,9 1,2 1,3 1,6 1,9 0,9 5,8 5,9 5,2 5,3 5,3 4,5 4,0 3,2 3,2 3,1 3,0 0,8
abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06
20 15 10 5 0 12,2 12,8 13,0 12,7 12,5 12,7 12,8 12,4 12,5 15,5 9,4 13,5 2,5 Vendas no varejo Variação (%)
Oferta Monetária (M2) Empréstimos
O superávit comercial chinês em março, de US$ 11,2 bilhões, foi o segundo maior da história. O resultado foi o dobro do superávit estimado pela Bloomberg, de US$ 5,7 bilhões. As exportações em março cresceram 28,3% em termos anuais e atingiram US$ 78 bilhões, de acordo com o Ministério do Comércio. Exportações (%) Importações (%) 50 40 30 20 10 0 -10
jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06
A China atingiu US$ 873,7 bilhões em reservas cambiais no primeiro trimestre de 2006. Desde fevereiro, quando as reservas chinesas ultrapassaram as do Japão em US$ 3,7 bilhões, a China possui as maiores reservas cambiais do mundo.
Fonte: Economist Intelligence Unit 1000 800 600 400 200 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 jan/06 fev/06 mar/06 166 212
286 403
610
819 845 857 875
As exportações chinesas em 2005 cresceram, especialmente, em segmentos mais sofisticados da pauta. As vendas de circuitos integrados, componentes para computadores, automóveis, autopeças e navios passaram a ocupar maior parcela da pauta exportadora e cresceram entre 30% e 140% no ano passado. As vendas de produtos tradicionais, como brinquedos, peças de vestuário e calçados, cresceram, em média, 15%. Os resultados têm estimulado as pressões internacionais, sobretudo dos Estados Unidos, para a valorização do yuan. Desde 1990, os norte-americanos acumulam déficits comerciais crescentes com a China.
Fonte: Goldman Sachs e Escritório Nacional de Estatísticas 80,0
60,0 40,0 20,0 0,0
jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06
Exportações Importações Saldo comercial
50,7 44,3 Brinquedos Vestuário Calçados Computadores Circuitos integrados Navios Autopeças Automóveis 0 25 50 75 100 125 150 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 jan/06 fev/06 0 -50 -100 -150 -200 -250 -10,4 -12,7 -13,3-22,8 -29,5 -33,8 -39,5 -49,7 -56,9-68,7 -83,8 -83,1 -103,1 -124,1 -161,9 -201,6 -17,9 13,8 Crescimento das exportações chinesas em 2005
(Var. anual em %) Déficit comercial dos EUA com a China(Em US$ bilhões)
Reservas internacionais
(Em US$ bilhões)
Fonte: CEIC e OMC
Comércio exterior
(Em US$ bilhões)
6,5 44,3 39,9 60,8 55,2 62,1 57,7 58,4 49,4 65,9 56,2 65,5 54,9 68,4 57,8 70,2 62,668,0 56,1 72,2 61,7 75,4 64,0 64,9 55,5 54,1 51,6 78,0 66,8 4,4 5,6 4,4 9,0 9,7 10,6 10,6 7,5 12,0 10,5 11,0 9,4 2,5 11,2
Exportações brasileiras para a China Principais produtos ou famílias de produtos Janeiro a março de 2006
Carnes e laticínios Soja em grão Óleo de soja Fumo
Granito cortado e bruto Minério de ferro
Outros minérios (manganês, cobre, nióbio etc.) Petróleo e derivados
Produtos químicos orgânicos e inorgânicos Couros e peles
Pastas de madeira, papel e celulose Produtos semimanufaturados de ferro e aço Máquinas, ferramentas e aparelhos mecânicos Máquinas, ferramentas e aparelhos elétricos Partes e componentes para veículos e tratores
2006
Produtos ou famílias de produtos US$ mi Kg mil
Variação FOB (%) 10,0 340,3 50,6 0,9 11,8 569,2 8,4 121,3 24,7 72,7 102,1 49,8 49,9 17,8 16,9 14.640,2 1.435.346,2 116.409,0 178,2 85.876,9 19.182.065,4 185.490,4 400.292,6 28.512,2 27.761,4 264.172,5 36.725,4 8.402,6 3.793,3 3.155,9 18,3 137,7 24,5 48,2 11,4 244,1 44,6 154,3 39,9 49,8 67,2 84,8 77,5 16,7 13,3 29.457,0 624.031,5 49.250,0 12.970,8 74.377,9 11.265.649,5 275.789,3 620.525,7 93.964,6 18.489,2 187.341,5 192.540,9 10.408,8 821,1 2.919,0 -45,2 147,1 106,5 -98,1 3,7 133,2 -81,3 -21,4 -38,1 46,0 52,1 -41,3 -35,6 6,4 26,9 Kg mil US$ mi 2005 Fonte: AliceWeb
Elaborado pelo Conselho Empresarial Brasil-China Comércio bilateral
A queda nos volumes exportados para a China de petróleo, produtos químicos, outros minérios (manganês, cobre e nióbio), produtos semimanufaturados de ferro e aço, e aparelhos mecânicos resultou em déficit comercial de US$ 62 milhões para o Brasil no primeiro trimestre de 2006. O déficit só não foi mais intenso por conta do crescimento de três dígitos registrado por produtos básicos e tradicionais da pauta exportadora brasileira para a China, em especial complexo soja e minério de ferro. Em contrapartida, as importações de máquinas e componentes para veículos provenientes da China cresceram em ritmo superior a 70%. Já as exportações brasileiras de máquinas e aparelhos mecânicos, que haviam registrado, em 2005, aumento de 35%, recuaram 35,6% no primeiro trimestre de 2006 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Intercâmbio comercial Brasil-China (US$ milhões) Janeiro a março de 2006 Jan Fev Mar Total 476,1 378,0 704,2 1.558,3 380,1 289,9 445,3 1.115,3 25,3 30,4 58,1 39,7 500,2 478,3 641,5 1.620,0 325,0 323,8 405,8 1.054,6 53,9 47,7 58,1 53,6 Fonte: AliceWeb Exportações Importações 2006 2005 Variação % 2006 2005 Variação %
Importações brasileiras da China Principais produtos ou famílias de produtos Janeiro a março de 2006
Coques e hulha
Produtos químicos orgânicos e inorgânicos
Têxteis e vestuário Calçados
Máquinas e aparelhos mecânicos e suas partes
Bombas, válvulas e aparelhos de uso doméstico (refrigeradores, fornos e máquinas de lavar)
Máquinas e equipamentos para construção civil
Máquinas e aparelhos da indústria têxtil Máquinas e aparelhos da indústria metalúrgica Máquinas de processamento de dados Outras máquinas
Máquinas e aparelhos elétricos e suas partes
Conversores, transformadores, acumuladores e geradores elétricos Eletrodomésticos
Fornos e aquecedores elétricos Aparelhos elétricos para telefonia Aparelhos de som
Aparelhos de radiodifusão
Condensadores elétricos e resistências Circuitos impressos
Disjuntores, interruptores, suportes, lâmpadas e outros aparelhos para circuitos elétricos
Circuitos integrados
Outros equipamentos elétricos
Partes e componentes para veículos e tratores
Brinquedos
2006
Produtos ou famílias de produtos US$ mi Kg mil
Variação FOB (%) 31,6 141,7 155,3 21,8 258,7 24,6 3,5 9,6 10,9 148,0 5,6 631,7 18,6 3,7 22,0 28,0 79,9 215,1 10,8 24,0 75,8 79,6 22,2 27,2 20,8 294.483,1 147.333,3 42.663,1 2.084,4 37.538,9 6.857,7 1.621,2 2.490,0 3.598,7 10.373,6 1.190,7 57.277,9 4.429,7 707,5 7.348,3 1.081,3 9.964,2 5.407,1 579,7 796,9 14.181,0 228,0 3.818,0 11.712,2 4.554,0 53,9 140,8 83,0 16,0 135,7 11,0 0,9 6,3 7,0 81,2 2,8 366,2 21,5 1,7 7,5 25,3 49,4 109,6 5,4 11,7 39,4 45,8 15,1 15,7 15,1 371.297,0 76.409,3 29.386,5 1.549,6 21.662,9 3.251,6 422,8 1.779,5 1.767,2 6.520,2 816,8 34.259,4 3.457,2 404,6 2.623,7 1.039,4 6.520,0 4.351,9 376,8 393,5 6.089,5 45,5 2.993,0 7.176,5 3.425,0 -41,34 0,63 87,06 36,65 90,62 123,51 303,94 52,08 56,52 82,23 99,54 72,49 -13,15 112,48 193,81 10,49 61,67 96,19 100,72 106,05 92,28 73,92 47,55 72,98 37,77 Kg mil US$ mi 2005 Macro China
Macro China é uma publicação trimestral da secretaria executiva do Conselho Empresarial Brasil-China que apresenta uma síntese gráfica do
desempenho da macroeconomia chinesa e do comércio sino-brasileiro. As análises são de responsabilidade da secretaria executiva do CEBC e não refletem necessariamente a opinião dos associados.
Macro China é distribuída a associados do CEBC e a destinatários recomendados por associados. Editores
Renato Amorim Isabela Nogueira
Estagiárias: Marla Naumann e Zaira Lanna
Projeto gráfico
Fonte: AliceWeb