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Sexualidade e qualidade de vida da pessoa estomizada: reflexões para o cuidado de enfermagem

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Sexuality and quality of life of the ostomy patient: reflections

for nursing care

Sexualidade e qualidade de vida da pessoa estomizada: reflexões para o cuidado de enfermagem

La sexualidad y la calidad de vida del paciente de ostomía: reflexiones para la atención de enfermeira

ABSTRACT

Objective: to reflect on the ostomy people about sexual activity as an important dimension of quality

of life and care process in nursing. methodology: a descriptive study of theoretical and reflective nature, with prior review of the literature on the subject. Results: the data were analyzed with allowing to emerge as guiding points of reflection, two thematic areas: Nursing care to an ostomy patient and Sexuality and quality of life factor in ostomy. Conclusion: the stomatal condition requires a process of adaptation, with the need of an interdisciplinary team trained in relation to the physiological and psychosocial problems resulting from the surgical treatment and adjuvant therapies, which hinder the sexuality of these subjects, compromising the quality of life.

RESUMO

Objetivo: refletir sobre a sexualidade de pessoas estomizadas como dimensão importante na qualidade

de vida e no processo de cuidar em enfermagem. Metodologia: estudo descritivo de cunho teórico-reflexivo, com prévia revisão da literatura especializada na temática. Resultados: as informações foram analisadas possibilitando com que emergissem como pontos norteadores de reflexão, dois eixos temáticos: O cuidado de enfermagem ao paciente estomizado e Sexualidade como fator de qualidade de vida em estomizados.Conclusão: a condição de estomizado requer processo de adaptação, com

necessidade de equipe interdisciplinar capacitada em relação aos problemas fisiológicos e psicossociais decorrentes do tratamento cirúrgico e terapêuticas adjuvantes, que dificultam a sexualidade destes sujeitos, comprometendo a qualidade de vida.

RESUMEN

Objetivo: reflexionar sobre el pueblo de ostomía sobre la actividad sexual como una dimensión

importante de la calidad del proceso de la vida y el cuidado de enfermería. Metodología: estudio descriptivo de carácter teórico y reflexivo, con la revisión previa de la literatura sobre el tema.

Resultados: las informaciones fueron analizadas posibilitando que emergieran como puntos

orientadores de reflexión, dos ejes temáticos: El cuidado de enfermería al paciente estomizado y Sexualidad como factor de calidad de vida en estomizados. Conclusión: la condición de estomizado requiere proceso de adaptación, con necesidad de equipo interdisciplinario capacitado en relación a los problemas fisiológicos y psicosociales resultantes del tratamiento quirúrgico y terapias adyuvantes, que dificultan la sexualidad de estos sujetos, comprometiendo la calidad de vida.

Samuel Oliveira da Vera¹

Gilson Nunes de Sousa²

Sarah Nilkece Mesquita Araújo³

Delmo de Carvalho Alencar

4

Michely Glenda Pereira da Silva

5

Luísa Regina Oliveira Dantas

6

561

¹Enfermeiro, Residente em Enfermagem pelo Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica

(MDER), Universidade Federal do Piauí (UFPI). Teresina (PI), Brasil. E-mail: oliveira-samuel@outlook.com

²Enfermeiro, Associação de Ensino Superior do Piauí (AESPI). Teresina (PI), Brasil. E-mail: gilson-nsousa@hotmail.com

³Enfermeira, Doutoranda em Enfermagem, Universidade Federal do Piauí (UFPI). Teresina (PI), Brasil.

E-mail: sarahnilkece@hotmail.com

4Enfermeiro, Doutorando em Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Teresina (PI), Brasil.

E-mail: delmo-carvalho@hotmail.com

5Enfermeira, Doutoranda em Engenharia Biomédica, Universidade do Vale do Paraíba. São José dos

Campos (SP), Brasil. E-mail: michely.glenda@gmail.com

6Enfermeira, Especialista em Saúde da Família, Centro Universitário UNINOVAFAPI. Teresina (PI), Brasil.

E-mail: luolidantas@hotmail.com

Descriptors Sexuality. Quality of life. Ostomy.

Nursing.

Descritores Sexualidade. Qualidade de vida. Estomia. Enfermagem. Descriptores Sexualidad. Calidad de vida.

Ostomia. Enfermería.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2017-11-01 Accepted: 2017-12-03

Publishing: 2017-12-28

Corresponding Address

Delmo de Carvalho Alencar. Escritório Regional da Fiocruz Piauí. Rua Magalhães Filho, 519, Centro/Norte. Teresina-Piauí. E-mail: delmo-carvalho@hotmail.com

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INTRODUÇÃO

O aumento da expectativa de vida e a exposição das pessoas ao tabagismo, sedentarismo e hábitos não saudáveis, contribuíram significativamente para o maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), dentre elas o câncer, particularmente o câncer no intestino grosso ou delgado, maior causador de confecção de estomias intestinais de eliminação(1).

Adicionalmente, também as causas externas (aumento da violência urbana, acidentes de trânsito e violência por arma branca e arma de fogo), tendem a aumentar o número de pessoas que serão submetidas à estomia intestinal de eliminação(2).

A palavra estoma vem do grego “stóma”, que significa boca. De acordo com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), estomia é a confecção cirúrgica de uma abertura artificial com o objetivo de promover fistulização externa. A estomia intestinal confeccionada para a saída de fezes ou flatos é denominada colostomia e ileostomia, pois constituem aberturas do segmento do cólon ou íleo na parede abdominal, respectivamente. Anteriormente, a palavra ostomia era utilizada como descritor e mais recentemente, considerando a grafia da língua portuguesa, foi substituída por estomia ou estoma(2,3).

Este procedimento provoca várias mudanças que podem afetar negativamente a saúde física, psicológica, social e sexual da pessoa que precisa conviver com essa nova condição de vida.

A presença do estoma gera a dependência do equipamento coletor. Estas pessoas necessitam conviver com um estoma em caráter temporário ou definitivo, sendo necessária a adoção de práticas e cuidados específicos(3).

A presença de uma estomia traz mudanças significativas na vida dos indivíduos, em virtude, principalmente, do uso de dispositivos coletores de fezes e/ou urina. Além das transformações físicas, há as psicológicas e sociais, associadas às alterações na imagem corporal, fazendo com que muitos indivíduos se sintam incapazes de retornarem às suas atividades de vida diária, conduzindo ao isolamento social(4).

A sociedade mostra-se como um mundo de aparências, em que existem padrões de beleza e o culto ao corpo. A alteração física decorrente de uma estomia resulta principalmente em uma mudança sexual, decorrente do não enquadramento aos padrões sociais.

O paciente estomizado pode encontrar dificuldades em torno de sua sexualidade, pois a própria cirurgia contribui para isso, podendo causar, em homens, alterações na ereção e ejaculação, estenose e perfuração vaginal nas mulheres, e diminuição da libido em ambos os sexos.

Problemas psicológicos e emocionais podem também surgir nesse período, relacionados principalmente aos problemas físicos, problemas com o dispositivo e o medo de não serem aceitos pelo parceiro(5).

Nos primórdios, a sexualidade era vista como um assunto que não deveria ser comentado em público. O sexo era visto como meio de reprodução e não de prazer, logo, qualquer manifestação sexual para além do ato de procriação era considerado como demoníaco(6).

As mulheres eram mais atingidas, sendo-lhe reservado um lugar de menos destaque. Dos gregos acreditava-se que a mulher era um ser inferior, tendo seus direitos e deveres sempre voltados para a criação dos filhos e o cuidado do lar(7).

A sexualidade é considerada como um dos pilares da qualidade de vida, de caráter multidimensional, envolvendo os aspectos biopsicossociais de cada indivíduo, abrangendo seu potencial biológico, emoções e crenças adquiridas e modificadas no processo de socialização(8).

A sexualidade é um aspecto ainda pouco explorado pelos profissionais de saúde na assistência à pessoa estomizada, existindo lacunas e muita dificuldade para a abordagem ou questionamentos sobre esta dimensão da vida. Inexistem assim, intervenções sistematizadas no que se refere à abordagem da sexualidade do estomizado. Evidencia-se assim a importância e relevância de pesquisas acerca da sexualidade de pessoas com estomias.

Diante do exposto, este estudo teve como objetivo refletir sobre a atividade sexual como dimensão importante na qualidade de vida e no processo de cuidar em enfermagem no manejo de pessoas estomizadas.

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METODOLOGIA

Estudo descritivo, do tipo análise reflexiva, que aborda a temática sexualidade e qualidade de vida de pessoas estomizadas como dimensão para o cuidado de enfermagem. Foram consultados artigos científicos nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e portal de periódicos SciElo (Scientific Electronic Library online). Após análise das informações, o estudo possibilitou que emergisse como ponto norteador de reflexão dois eixos temáticos, a saber: O cuidado de enfermagem ao paciente estomizado e Sexualidade como fator de qualidade de vida em estomizados.

RESULTADOS

O cuidado de enfermagem ao paciente estomizado

A adaptação à nova condição de ser ou estar estomizado é um processo amplo e complexo. Os profissionais de saúde podem contribuir para que ela seja vivenciada de forma objetiva, e que os pacientes tenham a possibilidade de compreender o que de fato é possível fazer para que o enfrentamento seja o mais tranquilo e positivo possível(9).

Prover orientações e condições que ajudem o paciente a adequar-se à nova situação, especialmente no que se refere ao autocuidado, é fundamental e contribui sobremaneira para o seu retorno às atividades da vida diária, inclusive aquelas que dizem respeito à expressão da sexualidade.

Os cuidados de enfermagem ao estomizado devem iniciar-se no momento do diagnóstico e da indicação da realização de uma ostomia, para minimizar sofrimentos e obter uma melhor reabilitação. Frente à complexidade do tratamento e da reabilitação do estomizado, o estomaterapeuta é o profissional habilitado para o planejamento, implementação e avaliação do cuidado do paciente. Entretanto, o número desses especialistas ainda é pequeno nas instituições hospitalares brasileiras e o cuidado desse paciente fica a cargo de enfermeiros generalistas(10).

Os profissionais da área de saúde precisam ter cuidado para que as pessoas estomizadas por eles

assistidas não recebam informações focais ou muito generalizadas, quando não errôneas, sobre as questões relativas à sexualidade. A reabilitação sexual pós-doença/deficiência física deve fazer parte da promoção da readaptação global da pessoa e, para tanto, faz-se necessário, em primeira instância, avaliar, para posteriormente, ter elementos para intervir(11).

Os usuários estomizados embora não se constituam expressivamente do ponto de vista epidemiológico, merecem atenção especial dos profissionais, serviços e programas de saúde, uma vez que possuem problemáticas de esfera física e psicossocial, levando à necessidade de propostas intervencionistas voltadas para a reabilitação.

A educação em saúde como prática que capacita indivíduos e grupos para se auto-organizarem a desenvolver ações a partir de suas próprias prioridades, orienta e estimula a participação dos sujeitos nas ações dirigidas à melhoria de suas condições de vida e saúde, pois sua condição crítica e de reflexão estão aguçadas, exercendo com maior segurança e autonomia os cuidados relacionados à manutenção de sua estomia, avaliando, modificando hábitos, transformando a realidade(12).

O Instituto Nacional do Câncer estimou para o Brasil em 2014 uma incidência de 576.000 casos de câncer. Destes, 15.070 casos novos de câncer de cólon e reto em homens e 17.530 em mulheres. Apesar dos inúmeros fatores de risco, a maioria dos cânceres de cólon e reto se dá de forma esporádica, surgindo de mutações somáticas e evolução do clone celular tumoral(13).

Estudo(14) ressalta a necessidade de que as

intervenções sejam feitas em uma abordagem flexível, sempre que possível, contextualizadas, e que envolvam reavaliações e redefinições das intervenções programadas, uma vez que a dimensão da sexualidade se reflete no contexto biopsicossocial do indivíduo e, portanto, a avaliação do impacto da doença/deficiência sobre a esfera sexual deve contemplar fatores orgânicos e psicossociais.

Para alcançar esse objetivo, é necessário que os profissionais desenvolvam habilidades para ouvir e pesquisar como a pessoa sente e percebe seu corpo, sem menosprezar ou criticar dúvidas, angústias e ansiedades, bem como oferecer informações coerentes e reais,

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utilizando o bom senso e discernimento, especialmente na sua forma de abordagem e assim avaliar o impacto da doença/deficiência sobre a esfera sexual(4,9).

Neste sentido, é imprescindível a apropriação do conhecimento pelo enfermeiro sobre a técnica cirúrgica e a anatomofisiologia intestinal para identificar as consequências e modificações específicas para cada pessoa. Isto influenciará diretamente no ensino do autocuidado, na indicação do tipo de equipamento coletor e adjuvantes, considerando o tipo de estomia, as necessidades individuais e a prevenção de complicações de estoma e pele periestomal(15).

Nos grupos ou em atendimentos individuais, os profissionais também podem, paulatinamente, trabalhar na desmistificação de crenças errôneas sobre a vivência da sexualidade pós-estomia: desafiando o paciente e seu parceiro a desconstruírem as representações sociais negativas, falaciosas e preconceituosas dominantes a respeito da sexualidade, desencorajando a aceitação passiva das limitações e dificuldades sexuais, incentivando atitudes ativas de redescoberta da sexualidade a partir da nova condição de ser ou estar estomizado e desmontando a ambivalência traduzida pela coexistência dos fatores doença-sofrimento e sexo-prazer, que frequentemente conduzem à inibição da satisfação sexual(14).

Abordar a pessoa estomizada e o parceiro pode ser uma boa estratégia, especialmente, quando se pretende prevenir e/ou reformular afetos negativos, como tristeza, preocupação, desilusão, culpa, vergonha, hostilidade, medo e rejeição, auxiliando-os a combater expectativas irrealistas diante das eventuais restrições que sejam impostas pela nova condição de ser ou estar estomizado e, assim, favorecendo o surgimento de novas possibilidades e expectativas de eficácia e de confiança.

Para que esse objetivo seja alcançado, é necessário lançar mão de recursos, estratégias e abordagens que auxiliem a pessoa/o casal a retomar a vivência da sexualidade, e, para tanto, é importante fortalecer as bases afetivas do relacionamento, incentivando a sua reciprocidade no processo de readaptação sexual. O aconselhamento individual e/ou conjugal é uma intervenção psicológica que pode ser realizada(16).

Sexualidade como fator de qualidade de vida em estomizados

A expressão qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural(17).

Retomando o contexto da qualidade de vida dos estomizados, estudos(12,14,15) retratam que uma estomia

pode ser um sério limitador da qualidade de vida, pois esses pacientes enfrentam não só dificuldades físicas, mas também psicológicas. Há questões psicossociais envolvidas na dinâmica desses pacientes, como a perda de integridade corporal, a violação involuntária das regras de higiene e a perda da função reguladora do esfíncter anal. A cirurgia com confecção de estomia intestinal, por si só, já proporciona alterações na sexualidade, uma vez que há mudança da via fecal com a presença de um orifício no abdome por onde passa a eliminar as fezes e necessita utilizar equipamentos coletores, o que faz a pessoa sentir-se diferente das outras(18). Por outro lado, os

problemas de disfunção erétil e a ejaculação são as principais dificuldades enfrentadas pelos homens estomizados, pois para eles a sexualidade está relacionada ao ato sexual em si(8).

A comparação em relação à imagem corporal da mulher retrata a formação cultural determinada pela sociedade, que apesar do adoecimento é como se esta tivesse a obrigatoriedade de cumprir as exigências sociais, defronta-se com seus conflitos e fantasias em função da imagem que ela faz do seu corpo, como também da imagem que fazem dela, as pessoas que a cercam(7).

Assim, culturalmente o corpo é analisado como uma totalidade, que associa o físico ao emocional (sentimentos), representando algo que acontece no próprio corpo(5).

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A sexualidade ultrapassa os limites da necessidade fisiológica e tem relação direta com a simbolização do desejo. Não se reduz aos genitais, refere-se à emoção que o refere-sexo pode produzir, transcende definições físicas e se coloca como algo mais difuso que permeia todos os momentos da vida, possui significados complexos, multifacetados e que concentram grande carga de subjetividade(18).

O medo constante de rejeição faz com que a pessoa adote atitudes e comportamentos para se defender antecipadamente, uma vez que ele reconhece as suas limitações, e desta forma afasta-se das pessoas de um modo geral, antes que aconteça o pior, ou seja, realiza previsão negativa do futuro. Contudo, nem sempre isso se concretiza(19). Além disso, a visão pessimista sobre si

resulta na falta de uma iniciativa em relação à sexualidade, principalmente, por envolver exposição corporal, levando a uma sensação de mutilação contínua(18).

O apoio do parceiro é essencial para o desenvolvimento de atitudes positivas frente à nova situação, tornando mais fácil e rápido o retorno às atividades sexuais, bem como a adaptação do casal para a vivência deste momento de uma maneira mais prazerosa (3-4).

A assistência à saúde para os estomizados intestinais são asseguradas por legislação específica pela Portaria nº 400 de novembro de 2011, que recomenda atendimento multiprofissional, vinculado ao seguimento ambulatorial e fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes.

Além disso, prevê um espaço adequado para propiciar troca de experiências entre os estomizados e familiares com finalidade de auxiliar na reabilitação e reintegração da vida familiar e na sociedade(19), o que

remete à discussão sobre a qualidade desta assistência. A sexualidade não é um aspecto comum de ser abordado pelos profissionais da saúde, tanto no âmbito hospitalar e ambulatorial, sendo, por vezes, omitida ou discutida superficialmente nos encontros com os pacientes, pois os profissionais de saúde têm receio de constrangimento para si ou causar embaraço nos pacientes.

Desta forma, os profissionais precisam de conhecimento e desenvolvimento de habilidades para abordar o tema. Os profissionais buscam prestar o suporte aos pacientes desde o diagnóstico de câncer colorretal até a confecção da estomia, com seguimento especializado no ambulatório(19).

Portanto, há mecanismos de defesa que podem ser adotados por ambas as partes da relação, tanto por aquele que tem a imagem corporal alterada quanto pelo parceiro, que precisa lidar com sentimentos incongruentes de desejo e compaixão, mas também, nojo e repulsa. Além disso, evidencia-se que tanto o parceiro quanto a família exercem um papel fundamental na reelaboração de sua sexualidade. Na abordagem da equipe multiprofissional sobre a sexualidade do estomizado há necessidade da inserção do parceiro e da família.

CONCLUSÃO

Os estomizados apresentam necessidade de retomar a sua sexualidade com a nova condição, o que requer dos profissionais conhecimento e desenvolvimento de habilidades para abordar e oferecer suporte adequado. Ressaltamos que as mudanças na sexualidade estão vinculadas diretamente à imagem corporal, repercutindo na autoestima e nas relações interpessoais com o parceiro, família e amigos.

As modificações consequentes à estomia vão além do visível, com alterações emocionais, interferindo na vida do estomizado, principalmente, pelas disfunções sexuais e sentimentos de medo, rejeição na relação sexual, dificuldade de desenvolver novos relacionamentos, atitudes de isolamento, vergonha de expor o seu corpo, medo de situações de constrangimento pelo descolamento do equipamento coletor, medo que o ato sexual cause danos à estomia e ainda, dificuldade de contar sobre a sua condição, trata-se portanto, de um período de redescoberta e adaptação à nova situação de ser ou estar estomizado.

Os resultados mostram que é importante e necessário que esta temática seja contemplada na sistematização da assistência à pessoa estomizada e que os profissionais sejam capacitados para sua realização, especialmente nos cursos de graduação e pós-graduação,

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mas sem esquecer que educação permanente e reuniões científicas e da equipe multiprofissional também podem ser importantes canais para sua efetivação gradual na prática assistencial.

REFERÊNCIAS

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