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As informações relevantes para a decisão de importar ou exportar são preços domésticos, preços externos e taxa de câmbio.

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Academic year: 2021

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Módulo 16 ­ Introdução à Economia Internacional 

O  comércio  internacional  se  constitui  no  intercâmbio  de  bens,  serviços  e  capitais  entre os diversos países. Muitos teóricos em economia tentaram explicar as razões  que  levam  os  países  a  comercializarem  entre  si.  A  diversidade  de  condições  de  produção,  a  possibilidade  de  redução  de  custos,  a  obtenção  de  economias  de  escala,  na  produção  de  certos  bens  vendidos  no  mercado  internacional  foram  algumas das explicações sugeridas pelos economistas ao longo dos anos. 

Fundamentalmente, o comércio internacional surge pela impossibilidade dos países  produzirem  todos  os  bens  que  necessitam.  Isto  ocorre  ou  porque  os  países  não  dispõem de matérias­primas necessárias à sua produção ou porque não dispõem de  tecnologia e conhecimento suficiente para produzir determinados bens. 

Muitas  vezes,  as  diferenças  entre  capacidades  tecnológicas  e  disponibilidade  de  recursos  produtivos  justificam  o  intercâmbio  de  bens  e  serviços  que  poderiam  ser  produzidos dentro do próprio país. Isto porque, segundo o Princípio das Vantagens  Comparativas[1] cada país deveria se especializar na produção daquela mercadoria  em  que  é  mais  eficiente,  ou  que  tenha custos  relativamente  menores.  A  existência  de  uma  diferença  nos  custos  relativos  seria,  então,  suficiente  para  que  cada  um  deles  se  especializasse  naquela  produção  para  a  qual  um  país  disponha  de  uma  vantagem  comparativa  em  relação  a  outro,  e  troquem  o  produto  entre  si.  Esta  especialização  resulta  numa  ampliação  da  produção  mundial,  ampliando  a  capacidade do sistema econômico de satisfazer os desejos dos indivíduos. 

Embora as vantagens do livre comércio sejam evidentes, existem situações em que  se  faz  necessária  a  adoção  de  medidas  protecionistas,  seja  para  proteger  uma  indústria considerada estratégica para o país; seja para fomentar a industrialização e  a  criação  de  empregos;  seja  para  tornar  possível  o  desenvolvimento  de  indústrias  ainda embrionárias. Seja para combater os déficits na balança comercial. 

As  principais  medidas  protecionistas  seriam:  a  implementação  de  impostos  de  importação  ou  tarifas  aduaneiras;  estabelecimento  de  quotas  para  importação;  subsídios à exportação[2]. 

As  informações  relevantes  para  a  decisão  de  importar  ou  exportar  são  preços  domésticos, preços externos e taxa de câmbio.  TABELA 1 – Crescimento do comércio mundial ­1950­2001  PERÍODO  EXPORTAÇÕES  MUNDIAIS  (média no período)  US$ bilhões  1950­1960  91,2  1961­1970  195,7  1971­1980  986,2  1981­1990  2302,3

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1991­2001  4995,8 

Fonte : FMI, International Financial Statistics; dados apresentados em Ipeadata.  16.1. Taxa de Câmbio 

Quando  dois  países  mantêm  relações  econômicas  entre  si,  é  preciso  fixar­se  a  relação de troca entre suas moedas, já que nestas relações entram necessariamente  em jogo duas moedas diferentes. 

A  taxa  de  câmbio é  o  preço  de  uma  moeda  expressa  em  outra.  Pode  também  ser  definida como o preço da moeda estrangeira (divisa) em termos da moeda nacional.  É uma variável econômica muito importante porque intermedia todas as transações  entre  residentes  e  não­residentes  de  um  país;  todas  as  contas  do  balanço  de  pagamentos são influenciadas pela taxa de câmbio. 

Não  é  simples  explicar  a  determinação  da  taxa  de  câmbio:  são  inúmeros  determinantes,  principalmente  o  regime  cambial  (regra  que  a  autoridade  monetária  de um país adota para determinar a taxa de câmbio ou preço das divisas). O regime  cambial define duas formas básicas de determinação das taxas de câmbio: 

a)  institucionalmente,  através  da  decisão  das  autoridades  econômicas,  que  periodicamente fixam estas taxas a partir de seus balanços de pagamentos, de suas  reservas em ouro e dos acordos internacionais (taxas fixas de câmbio); o Bacen fixa  o preço das moedas e garante a conversão de moeda estrangeira em nacional;  b)  através  do  funcionamento  do  mercado,  onde  ocorre  a  flutuação  automática  das  taxas de  câmbio,  em  decorrência  das  pressões  da  oferta  e  demanda  por  divisas  estrangeiras (taxas flutuantes ou flexíveis); 

Os  mercados  de  divisas[3]  são  os  mercados  nos  quais  se  compram  e  vendem  as  moedas  dos  diferentes  países.  Neste  mercado  faz­se  a  troca  da  moeda  nacional  pelas moedas de países com os quais se mantêm relações econômicas, originando  um  conjunto  de  ofertas  e  demandas  de  moeda  nacional  em  troca  de  moedas  estrangeiras. O conjunto de agentes econômicos que transfere recursos de um país  para outro forma o mercado de divisas ou mercado cambial. 

Essas  operações  são  realizadas  no  mercado  cambial  e  não  envolvem  deslocamentos de moeda de um país para outro; na prática ocorrem apenas débitos  e créditos em contas mantidas em bancos comerciais. 

A  demanda  de  divisas  é  constituída  pelos  importadores,  que  precisam  delas  para  pagar suas compras no exterior, já que a moeda nacional em geral não é aceita fora  do país de origem (com exceção das moedas fortes,como dólar e euro), e pela saída  de  capitais  financeiros  –  o  banco  central  recebe  do  importador  nacional  a  importância em reais e troca por moeda estrangeira o valor correspondente. 

A  oferta  de  divisas  é  realizada  tanto  pelos  exportadores,  que  recebem  moeda  estrangeira como  pagamento de  suas  vendas,  e  também  através  da  entrada  de  capitais financeiros internacionais.

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Como  a  divisa  não  pode  ser  utilizada  internamente,  precisa  ser  convertida  em  moeda  nacional  –  isso  é  feito  pelo  Banco  Central  que  recebe  dos  importadores  do  exterior  a  quantia  em  divisas, mantendo  estas  divisas  consigo,  e  paga  para  o  exportador  nacional  em  reais  a  quantia  correspondente.  O  Banco  Central  de  qualquer  país  é  a  autoridade  monetária  que  realiza,  entre  outras  atribuições,  o  controle  das  “entradas”  e  “saídas”  de  moeda  estrangeira;  seu  papel  nesse caso,  é  centralizar  o controle  das  operações  de câmbio,  e,  portanto,  deve ser  notificado de  todas as transações de bancos comerciais que envolvam entrada e saída de moeda  estrangeira do país. 

Uma  taxa  de  câmbio  elevada  significa  que  o  preço  da  moeda  estrangeira  está  elevado,  ou  que  a  moeda  nacional  está  desvalorizada.  Assim,  a  expressão  desvalorização  cambial  significa a  taxa  de  câmbio  aumentou –  maior  número  de  reais  por  unidade  de  moeda  estrangeira.  Valorização  cambial  significa  moeda  nacional  mais  forte,  isto  é,  paga­se  menos  reais  por  dólar,  e  tem­se  em  conseqüência, uma queda na taxa de câmbio. 

As mesmas leis que afetam o preço dos bens de mercado também afetam a taxa de  câmbio;  e  algumas  questões  que  afetam  a  demanda  de  moeda  também  afetam  o  nível da taxa de câmbio: 

1) especulação: processo fácil de acontecer, dado que as divisas são estocáveis, tal  qual a moeda comum; 

2) a interferência governamental: é elevada no mercado cambial, porque manipulam  a  situação  do  balanço  de pagamentos  através  deste  mercado  também (através  de  leilões; comprando ou vendendo divisas); 

3)  taxa  de  juros:  podem  provocar  a  migração  de  capitais,  que  se deslocam  de  um  país para outro à procura de alta rentabilidade e baixo risco. 

A  taxa  de  câmbio  está  intimamente  relacionada  com  os  preços  dos  produtos  exportados  e  importados: portanto,  com  o  resultado  da  balança  comercial  do  país.  Alterações na taxa de câmbio afetam os preços relativos dos produtos no mercado  interno e externo e podem induzir aumento ou redução do saldo comercial. 

Se  a  taxa  de  câmbio  estiver  elevada,  estimulará  as  exportações,  pois  para  cada  produto  vendido, mais  reais  serão  auferidos  pelos  exportadores pela  mesma  quantidade  de  divisas  derivadas  da  exportação;  em  conseqüência,  haverá  maior  oferta  de  divisas.  Assim,  uma  desvalorização  da  moeda  nacional  faz  com  que  nossos bens sejam mais baratos no exterior, e com que os bens estrangeiros fiquem  mais  caros  no  mercado  nacional.  Cria­se,  então,  a  tendência  para  elevar  as  exportações e para reduzir as importações. 

Do  lado  das  importações,  a  situação  se  inverte,  pois  se  os  preços  dos  produtos  importados se elevam, em moeda nacional (os importados pagarão mais reais pelos  mesmos dólares pagos antes das importações), haverá desestímulo às importações  e uma queda na demanda por divisas.

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Quando uma empresa brasileira realiza uma compra, na Inglaterra por exemplo, ela  precisa converter seu dinheiro, assim vai ao banco que realiza a transação: se a taxa  de  câmbio  for  R$  2,40  =  US$  1,00,  os  US$  100.000  custarão  240.000.  Essas  operações  são  realizadas  no  mercado  cambial  e  não  envolvem  deslocamentos  de  moeda  de  um  país  para  outro;  na  prática  ocorrem  apenas  débitos  e  créditos  em  contas mantidas em bancos comerciais. 

Uma  taxa  de  câmbio  sobrevalorizada  (isto  é,  a  moeda  nacional  encontra­se  valorizada) surte efeito contrário tanto nas exportações como nas importações –  há  um desestímulo às exportações e estímulo às importações. 

Quando  há  uma  elevação  das  taxas  de  inflação,  conseqüentemente  teremos  uma diminuição  da  taxa  real  de  câmbio,  ou  seja,  a  taxa  nominal  de  câmbio  permanece  a  mesma,  mas  com  a  inflação  gera­se,  internamente,  uma  queda  no  poder aquisitivo da moeda. 

Os  efeitos  da  perda  do  poder  aquisitivo  são:  um  desestímulo  às  exportações: o  preço do produto exportado não sofre uma elevação equivalente à inflação, e para o  exportador  torna­se  mais  vantajoso  vender  seu  produto  no  mercado  interno;  por  outro  lado  temos um  estímulo  às  importações, pois  os  bens  importados  tornam­se  relativamente  mais  baratos,  já  que  seus  preços  não  são  corrigidos,  estimulando  o  seu consumo. 

Enquanto  as exportações são  mais  afetadas  pelo  que  ocorre com  a  renda  mundial  (um aumento da renda mundial certamente estimulará o comércio internacional e em  conseqüência as exportações nacionais), as importações estão mais relacionadas à  renda nacional – um aumento da produção e da renda nacional significa que o país  está  crescendo,  o  que  demandará  mais  produtos  importados,  seja  na  forma  de  matérias­primas, bens de capital ou bens de consumo. 

Como vimos,  as  taxas  de câmbio  dependem  do  papel  que o  Banco  Central  exerce  no  mercado  de  divisas.  O  sistema  de  taxas  de  câmbio  nada  mais  é  do  que  o  conjunto  de  regras  que  descrevem  a  atuação do  BACEN neste  mercado.  As  taxas  de  câmbio  são  totalmente  flexíveis  quando  não  há  interferência  do  BACEN  no  mercado cambial; as taxas de câmbio que são determinadas rigidamente pelo Banco  Central são fixas. 

Na prática nenhum país adota nem um regime nem outro de forma radical, mas com  adaptações. A maioria dos países adota um regime de câmbio fixo; em geral a taxa  de câmbio de um país é fixa em relação a outra moeda, que pode ser considerada  uma  âncora;  portanto  adotar  um  regime  de  taxas  fixas  significa  ancorar  o valor  da  moeda no de outra, e pode ser: 

a) regime de ancoragem unilateral – a responsabilidade pela manutenção é do país  ancorado e não do país ancora, esse tipo de arranjo foi muito utilizado na época do  padrão­ouro, atualmente os países que adotam esse sistema ancoram sua moeda à  de um país com forte presença política e econômica no mundo, como os EUA;  b)  currency  board  é  uma  versão  radical  da  ancoragem  unilateral.  Nesse  regime  o  país não só estabelece uma taxa de câmbio fixa, como vincula o volume de moeda

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local à quantidade de moeda estrangeira de referência existente no país, com essa  medida,  fica  garantida,  por  parte  da  autoridade  monetária,  a  conversão  entre  as  moedas  local  e  estrangeira  à  taxa  de  câmbio  estipulada.  O  país  que  adota  esse  regime perde o controle da política monetária, por exemplo: a Argentina, que adotou  desde maio de 1991 esse regime, quando fixou sua taxa de câmbio, e condicionou o  volume de pesos argentinos em circulação ao saldo de dólares de suas reservas.  Se  os  pagamentos  internacionais  são  feitos  em  moeda,  é  preciso  haver  um  mecanismo de transferência desses recursos de um país para outro e uma taxa de  conversão de uma moeda em outra. 

Essa  taxa  depende  do  regime  cambial  adotado  e  da  oferta  e  demanda  de  moeda  estrangeira  no  país.  A  oferta  é  resultado  de  todas  as  transações  econômicas  que  impliquem  entrada  de  divisas,  tais  como  exportações,  investimentos  e  financiamentos.  A demanda  resulta das  transações  econômicas  que  levem  à  saída  de  divisas, como  importações,  remessas  de  lucros para  o exterior, pagamentos  de  juros, etc. 

As transações do comércio internacional são realizadas no mercado cambial e não  envolvem deslocamentos de moeda de um país para o outro. No caso da importação  brasileira,  o  banco  nacional  não  envia  dólares  para  a  Inglaterra,  apenas  credita  o  valor  na  conta  do exportador  inglês.  Na  prática  ocorrem  apenas  créditos  e  débitos  em contas mantidas em bancos comerciais. 

16.2. O Balanço de Pagamentos 

Com  o  crescimento  do  comércio  internacional  surgiu  a  necessidade  de  medi­lo.  O  Balanço  de  Pagamentos  é  o  registro  estatístico­contábil  sistemático  de  todas  as  transações  econômicas  realizadas  entre  os  residentes  do  país  com  os  residentes  dos  demais  países.  Estão  registradas  no  balanço  de  pagamentos  todas  as  operações  com  mercadorias, capitais  físicos,  financeiros,  serviços  e  obrigações entre  o  país  e  o  resto  do  mundo:  importações,  exportações,  fretes,  seguros, empréstimos obtidos no exterior, etc. 

As importações são os bens ou mercadorias e serviços que os residentes nacionais  compram dos estrangeiros. As exportações são as vendas de bens e serviços feitos  por  residentes  nacionais  a  estrangeiros.  O  saldo  de  um  balanço,  por  sua  vez,  é  a  diferença entre as entradas e os pagamentos. 

No  Brasil  a  contabilização  iniciou­se  em  1947,  feitos  pelo  Banco  do  Brasil  e  pela  FGV, hoje é função do Banco Central. Há uma padronização das contas dos países  que foi feita pelo FMI a nível internacional, e os balanços de pagamentos de países  membros  passaram  então  a  ser  divulgados  internacionalmente.  As  principais  finalidades do Balanço de Pagamentos são: 

a) informar como o país se comporta diante do comércio internacional; 

b)  instrumento  para  o  governo  tomar  decisões  e  corrigir  problemas  comércio  internacional;

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c) medir o efeito das medidas tomadas. 

A  contabilidade  dessas  transações  segue  as  normas  gerais  da contabilidade  geral,  utilizando­se  o  método  das  partidas  dobradas  (débito  e  crédito).  Contudo,  no  caso  das  transações  externas  não  existe  propriamente  uma  conta  caixa,  e,  para  se  contornar tal situação, usa­se uma conta especial chamada haveres e obrigações no  exterior – quando há ingresso de dinheiro no país debitamos na conta HOE; quando  há saída de dinheiro, creditamos na conta HOE.  A conta haveres e obrigações no exterior (HOE) apresenta 3 tipos de transações:  a) divisas (moedas estrangeiras);  b) ouro monetário (é aceito como meio de pagamento no comércio internacional);  c)  direitos  especiais  de  saque  (DES):  uma  espécie  de  “cheque  especial”  que  os  países  têm  junto  ao  FMI,  cujo  limite  varia  inversamente  com  a  renda  per  capita  e  participação no comércio internacional. 

As contas do balanço de pagamentos referem­se apenas ao fluxo num dado ano, e  não  indicam  o total  de  endividamento  externo  e de  reservas  internacionais  do  país  (que  são  os  estoques).  No  entanto,  é  possível  saber  a variação  da dívida  externa,  obtida  pela  diferença  entre  a  entrada  de  empréstimos  e  financiamentos,  e  os  pagamentos efetuados (amortizações e liqüidação de atrasados comerciais). 

A variação das reservas internacionais, que são as divisas estrangeiras, ouro e DES  que  estão  em  poder  do  Banco  Central  ou  depositados  no  FMI  é  dada  pela  conta  haveres e obrigações no exterior. 

O balanço de pagamentos apresenta as seguintes subdivisões: 

•  balança  comercial:  essa  conta  compreende  basicamente  o  comércio  de  mercadorias  –  se  as  exportações  FOB  (free  on  board,  isto  é,  isentas  de  fretes  e  seguros)  excedem  as  importações  FOB,  temos  um  superávit  no  balanço  do  comércio; caso contrário temos um déficit. 

As exportações serão afetadas pelos preços externos em  moeda estrangeira, pelos  preços internos em reais, pela taxa de câmbio, pela renda mundial e pelos subsídios  e  incentivos às  exportações.  As  importações  serão  afetadas  pelos  preços  externos  em  moeda  estrangeira,  pelos  preços  internos  em  reais,  pela  taxa  de  câmbio,  pela  renda e produto nacional, pelas tarifas e barreiras às importações. 

•  balanço  de  serviços:  além  das  mercadorias,  todo  país  compra  e  vende  serviços.  por exemplo, os residentes no Brasil podem passar suas férias no exterior, pagando  por  diversos  serviços  que  são  englobados  sob  a  rubrica  generalizada  de  turismo.  Registram­se,  portanto,  todos  os  serviços  pagos  e/ou  recebidos  pelo  Brasil,  tais  como:  seguros,  lucros,fretes, juros,  royalties  e  assistência  técnica,  viagens  internacionais.  Os  serviços  que  representam  remuneração  a  fatores  de  produção  externos (juros, lucros, royalties, assistência técnica) são chamados de serviços de  fatores,  e  é  a  renda  líquida  do  exterior.  Os  serviços  de  não­fatores  correspondem

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aos  itens  do  balanço  de  serviços  que  se  referem  a  pagamentos  às  empresas  estrangeiras pela prestação de serviços de fretes, seguros, transporte, viagens, etc.  • transferências unilaterais: também conhecidas como conta de donativos, registram  as doações interpaíses. Os donativos podem ser em divisas ou em mercadorias.  O  somatório  dos  balanços  comercial,  de  serviços  e  de  transferências  unilaterais;  resulta no saldo em conta corrente e/ou balanço de transações correntes; se temos  um  saldo  do  balanço  de  transações  correntes  negativo,  temos  uma  formação  de  poupança  externa, dando  indicativo  de que  o  país  aumentou  seu  endividamento  externo,  em  termos  financeiros,  mas  absorveu bens e serviços  em  termos reais  no  exterior;  se  o  balanço  de  transações  correntes  apresentar  um  saldo  positivo, podemos dizer que o país enviou um volume maior de bens e serviços para  o exterior que recebeu – em termos reais é uma poupança externa negativa. 

Quando  um  país  registra  um  déficit  no  balanço  de  transações  correntes,  ele  tem  duas  opções:  pedir  empréstimos  ao  exterior  ou  vender  ativos,  isto  é,  propriedades  imobiliárias, propriedades diretas de empresas, ações, etc a estrangeiros. Esse tipo  de  transação  aparece  no  balanço  de  conta  capital,  que  informa  quais  os  possíveis  desequilíbrios  do  balanço  de  transações  correntes  que  podem  ser  compensados  pelo saldo favorável no balanço de conta de capital. 

•  Movimento  de  capitais  ou balanço  de capitais:  nesta  conta,  também  chamada  de  conta de capital, irão aparecer as operações que produzem variações no ativo e no  passivo  externo  do  país  e  que,  portanto,  modificam  sua  posição  devedora  ou  credora  perante  o  resto  do  mundo.  Esse  conjunto  de  transações  que  refletem  a  disponibilidade  do  país  em  financiar  a  formação  de  capital,  ou  modificar  a  posição  credora ou devedora frente ao resto do mundo, engloba quatro tipos de operações,  todas elas integrantes do balanço de conta de capital. Nesta conta são registradas:  A)  Os  investimentos  diretos  tais  como  a  compra  de  um  terreno  ou  uma  casa  por  estrangeiro; 

B) Investimentos em carteira, isto é, quando o que se compra, ou o que se vende, e  a propriedade de uma empresa, suas ações ou capital; 

C)  Créditos  a  longo  prazo,  recebidos  do  exterior  por  prazo  superior  a  um  ano  ou  concedidos  ao  exterior,  e  devolução  dos  créditos  concedidos  ou  recebidos  (em  moeda ou em títulos); 

D) Capital a curto prazo, isto é, créditos recebidos ou concedidos e sua devolução,  quando o prazo de vencimento é inferior a um ano (em moeda ou em títulos); 

E) Variações nas reservas centrais de divisas. 

As  reservas são  as  possessões  que  um  país  tem  na  forma  de  divisas  e  de  outros  ativos, que podem ser utilizadas para satisfazer a demanda de divisas, e que situam  o  país como  credor  frente  ao exterior,  dado que  representam  ativos  em  relação  ao  resto do mundo.

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A conta de capital subdivide­se em duas: 

∙ movimentos autônomos de capital, na forma de investimentos diretos de empresas  multinacionais, de empréstimos e financiamentos para projetos de desenvolvimento  do  país  e  de  capitais  financeiros  de  curto  prazo,  aplicados  no  mercado  financeiro  nacional. 

•  movimentos  induzidos  de  capital,  para  financiar  o  saldo  do  balanço  de  pagamentos.  Inclui  as  contas  haveres  e  obrigações  no  exterior  (HOE),  atrasados  comerciais  (quando as  obrigações  do  país  não  são  pagas no  dia de  vencimento)  e  empréstimos  de  regularização  do  FMI  (quando  o  país  apresenta  dificuldades  de  liquidez internacional) – ou seja, são as formas pelas quais é financiado o saldo do  balanço  de  pagamentos:  ou sai  do caixa, ou  toma  emprestado,  ou deixa  de  pagar.  Esse  item  é  denominado  financiamento  do  resultado,  e  corresponde  ao  saldo  do  balanço de pagamentos, com o sinal trocado. 

•  erros  e  omissões:  é  a  diferença  entre  o  saldo  do  balanço  de  pagamentos  e  o  financiamento  do  resultado  que  surge  quando  se  tenta  compatibilizar  transações  físicas e financeiras e as várias fontes de informações (banco central, departamento  de comércio exterior, receita federal, etc.). Como o banco central tem maior controle  sobre  o  item  financiamento  do  resultado,  supõe­se  seu  saldo  correto,  e  joga­se  a  diferença  entre  esse  item  e  a  soma  das  transações  correntes  e  movimento  de  capitais autônomos em erros e omissões. 

O  saldo  do  balanço  de  pagamentos  é  igual  ao  saldo  do  balanço  de  transações  correntes  mais  o  saldo  do  balanço  da  conta  capital,  sem  incluir  a  variação  das  reservas. O balanço de pagamentos tem um superávit quando a conta corrente mais

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a  de  capital  autônomo  apresentam  superávit  em  conjunto,  e  as  divisas  estão  aumentando.  O  Banco  Central  terá  suas  reservas  de  divisas  aumentadas.  Quando  as divisas procedentes das transações correntes e da conta de capital autônomo se  reduzem, isto indica a existência de um déficit no saldo do balanço de pagamentos.  Quando  isto  ocorre,  o  banco  central  reduz  suas  reservas  de  divisas.  Um  déficit  no  balanço  de  pagamentos corresponde  a  uma  importação  de  poupança externa, que  se canaliza para investimentos domésticos. 

Como se observa, historicamente, a economia brasileira tem apresentado em todos  os  anos  uma  balança  comercial  superavitária,  mas  um  balanço  de  serviços  deficitário,  principalmente  devido  ao  pagamento  de  juros  da  dívida  externa,  mas  também devido à remessa de lucros e pagamentos de fretes e seguros 

Como  o  saldo  negativo  do  balanço  de  serviços  tem  superado,  na  maior  parte  das  vezes,  o  saldo  positivo  da  balança  comercial  e  das  transferências  unilaterais,  o  balanço  de  transações  correntes  tem  sido  quase  sempre  negativo. Esse  déficit  em  conta corrente  tem  sido financiado pela  entrada líquida de capitais  externos,  o que  torna o saldo do balanço de pagamentos positivo. 

16.3. Política Externa 

As políticas externas, que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da  economia, dividem­se em política cambial e política comercial. 

A política cambial refere­se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio; a política  comercial  diz  respeito  aos  instrumentos  de  estímulo  às  exportações,  controle  ou  abertura das importações. 

Os  fluxos  financeiros  são  afetados  por  expectativas  e  políticas  cambiais  e  monetárias  das  diferentes economias.  Quando  as  taxas  de  juros de  um  país  forem  superiores  às  taxas  de  juros  de  outro  país,  pode­se  esperar  um  fluxo  positivo  de  recursos.  Assim,  a  manipulação  da  taxa  de  juros  acaba  se  configurando  também  como um instrumento de política externa. 

O  desenvolvimento  e  velocidade  dos  movimentos  financeiros  tem  levado  à  necessidade  de  uma  maior  coordenação  de  políticas  dentro  do  país,  e  até  mesmo  entre os diferentes países. As alterações de políticas monetárias, fiscais, cambiais e  comerciais  muitas  vezes  podem  gerar  impactos  em  toda  a  economia  mundial,  dependendo  do nível  de integração  do  país no  comércio  internacional  e  nos  fluxos  financeiros internacionais. 

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ 

[1] A Teoria das Vantagens Comparativas foi formulada por David Ricardo em 1817.  [2]  O  subsídio  à  exportação  é  uma  ajuda  ao  fabricante  nacional  de  determinados  bens para que possa exportá­los a preços menores e mais competitivos. 

Referências

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