Energia nos edifícios
2
Consumo global de energia nos edifícios
Em 2010, os edifícios representaram 35% do uso global final de energia e 19% de todas as emissões de gases de estufa.
3
Consumo global de energia nos edifícios
Uma grande diferença no uso de energia per capita final em edifícios: em países frios pode ser 5–10 vezes maior do que nas regiões quentes, como a África ou América Latina.
4
• Os edifícios consomem cerca de 40% das necessidades energéticas finais totais na Europa. No contexto de todos os setores de utilização final, os edifícios representam o maior
setor, seguido pelos transportes com 33%.
• O parque imobiliário (residencial e não residencial) é o principal consumidor de energia na Europa.
Consumo energético final por setor na UE
Contexto Europeu
Comparação da emissão mundial de CO2 no setor residencial
5
Contexto Português
Consumo de energia final por setor em Portugal
Evolução do consumo de energia total per capita e por setor de 1989 - 2000
6
Evolução do consumo de energia no setor doméstico (tep) por tipo de fonte
7
Distribuição do tipo de fonte no número de alojamentos.
8
Edifícios Residenciais
• A despesa total por agregado familiar foi, em média, 1 843EUR,
incluindo os gastos com veículos. A eletricidade surge como a
principal fonte de energia consumida nos lares, representando
42,6% do consumo total de energia (excluindo os combustíveis
utilizados nos veículos).
• A lenha surgiu como a segunda maior fonte de energia
consumida nos lares portugueses, com 24,2% no consumo total
de energia no setor doméstico.
9
Mix Energético em edifícios residenciais Sul Norte e Oeste Centro e Este Portugal Biomassa 27% 21% 20% 37% Eletricidade 18% 13% 1% 37% Aquecimento urbano 29% Carvão 1% 41% Petróleo 32% 20% 3% 17% Gás 23% 39% 7% 9% LPG, DH, RES 6%
Contexto Europeu
10
Contexto Europeu
Diferentes cenários para metas de redução de CO2. • Regulação e prática efetiva
podem forçar a redução das emissões de CO2, cumprindo a meta e travando a escassez de energia.
• Profunda reforma que inclui nZEB para reduzir o consumo de energia e a emissão de CO2.
Porquê melhorar: Situação UE
4 principais estratégias de redução de consumo
energético nos edifícios (Harvey, 2010)
1. Reduzir cargas de aquecimento e de arrefecimento
através de uma envolvente de alto desempenho
12
• Todo o elemento do edifício que separe os espaços climatizados do ambiente exterior, de espaços não climatizados ou de outras construções adjacentes.
Envolvente do Edifício
Definição
Espaço climatizado Desvão
13 Elementos verticais • Paredes • Pilares e vigas Elementos horizontais • Coberturas
• Pavimentos em contacto com o solo ou em contacto com o exterior Portas e envidraçados
Sistemas de sombreamento
Elementos da envolvente
4 principais estratégias de redução de consumo
energético nos edifícios (Harvey, 2010)
1. Reduzir cargas de aquecimento e de arrefecimento
através de uma envolvente de alto desempenho
4 principais estratégias de redução de consumo
energético nos edifícios (Harvey, 2010)
1. Reduzir cargas de aquecimento e de arrefecimento
através de envolvente de desempenho elevado
2. Reduzir as cargas utilizando técnicas passivas de
aquecimento solar, ventilação e arrefecimento.
Técnicas passivas de aquecimento solar,
ventilação e arrefecimento
4 principais estratégias de redução de consumo
energético nos edifícios (Harvey, 2010)
1. Reduzir cargas de aquecimento e de arrefecimento
através de envolvente de desempenho elevado
2. Reduzir as cargas utilizando técnicas passivas de
aquecimento solar, ventilação e arrefecimento.
3. Utilizar os equipamentos mecânicos mais eficientes
para atingir as restantes cargas necessárias ao
4 principais estratégias de redução de consumo
energético nos edifícios (Harvey, 2010)
1.
Reduzir cargas de aquecimento e de arrefecimento através de
envolvente de desempenho elevado
2.
Reduzir as cargas utilizando técnicas passivas de aquecimento solar,
ventilação e arrefecimento.
3.
Utilizar os equipamentos mecânicos mais eficientes para atingir as
restantes cargas necessárias ao conforto
4.
Assegurar que os equipamentos que utilizam
energia na habitação são o mais eficientes
possível e de dimensão apropriada
19
O Edifício troca energia térmica para o ambiente exterior: • Pela cobertura
• Pelas paredes
• Pelos envidraçados e pelas portas • Por infiltração através de frinchas. • Para o solo
Trocas térmicas através da Envolvente do Edifício
Para o solo Pelas paredes Pelos envidraçados Devido às infiltrações Pela cobertura
Balanço térmico de um edifício
Componentes do balanço térmico: • Radiação solar
• Trocas de ar (ventilação e infiltração)
• Envolvente (condução combinada com convecção e radiação térmica nas superfícies)
Princípios físicos a ter em conta na térmica dos
edifícios
- Processos de transferência de calor entre o interior
e o exterior do edifício
- Processos de distribuição do calor, frio e ar fresco
dentro de um edifício
23
A transferência de calor pela envolvente de um edifício dá-se por: - Condução molecular
- Convecção
- Trocas radiativas
- Passagem de ar através de fugas na envolvente
Trocas térmicas através da Envolvente do Edifício
𝑄
𝐶𝑜𝑛𝑑=
𝑖=1 𝑛
𝑈
𝑖. 𝐴
𝑖. 𝑇
𝑖𝑛𝑡− 𝑇
𝑒𝑥𝑡Ui - Coeficiente de transferência de calor do elemento i (W/m2.ºC);
Ai - Área do elemento i (m2);
Tint - Temperatura interior (ºC); Text - Temperatura exterior (ºC);
Trocas térmicas através da Envolvente do Edifício
O coeficiente de transferência de calor também é resultado de:
𝑈 = 𝜆 𝑙
λ – condutividade térmica do material (W/m.ºC) l – espessura da camada do material (m)
A resistência térmica é o inverso do coeficiente de transferência de calor:
𝑅 = 1
𝑈 =
𝑙 𝜆
A condutividade térmica de um betão ser 1,75 W/m.oC
significa que se uma parede de betão tiver 1m de espessura, a sua face externa estiver a 20oC e a face
interna estiver a 21oC, o fluxo de calor que a atravessaria
em cada m seria igual a 1,75W (ou 1,75 Js-1)
Trocas térmicas através da Envolvente do Edifício
O calor perdido por uma camada de material será tanto menor quanto mais espessa esta for e quanto mais baixa for a sua condutividade térmica
Espaço condicionado, Ti Ambiente exterior, Te Te Ti Tsi Tse Lâmina de ar/ fronteira
térmica, 1/hsi(Rsi)
Lâmina de ar/ fronteira térmica, 1/hse(Rse) Elemento
Construtivo, λ
l
28
Perdas térmicas pelas paredes
• Mecanismo típico de convecção – condução
• Temperatura interior superior à temperatura exterior Ti>Tsi>Tse>Te
𝑄 = 𝑈(𝑇𝑖 − 𝑇𝑒) 𝑈 = 1 1 ℎ𝑠𝑖 + 𝑙 𝜆 + 1 ℎ𝑠𝑒
29
Trocas térmicas através da Envolvente do Edifício
Parede multicamada para uma condução de calor em estado estacionário numa dimensão
=
𝑙1 𝜆1+
𝑙2 𝜆2+
𝑙3 𝜆3+
𝑙4 𝜆4+
𝑙5 𝜆530
Trocas térmicas através da Envolvente do Edifício
Nestas superfícies há troca de calor através de: – Convecção com o ar ambiente;
– Radiação de largo intervalo de comprimento de onda com as superfícies vizinhas.
Mas, na prática o que sabemos a partir dos dados climáticos é a temperatura do ar adjacente às superfícies (ex. temperatura no exterior e a temperatura da divisão)
31
Trocas térmicas através da Envolvente do Edifício
Ou seja, é comum:
– Assumir que a temperatura das superfícies adjacentes igualam a temperatura do ar; – Usar um “coeficiente de troca superficial” que contabiliza simultaneamente a
convecção e a radiação térmica.
=
1 ℎ𝑖+
𝑖 𝑙𝑖 𝜆𝑖+
1 ℎ𝑒32
Ganhos térmicos pelas paredes Tse>Tsi
Calor é transferido para o interior do edifício por radiação solar, conduzindo ao aumento significativo da temperatura superficial da parede exterior, superior à temperatura interior do edifício.
𝑄𝑔𝑎𝑛ℎ𝑜𝑠 = 𝜆
𝑙 (𝑇𝑠𝑒 − 𝑇𝑠𝑖)
33
Exemplo de trocas térmicas pelas paredes
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 27/01/2012 00:00 27/01/2012 12:00 28/01/2012 00:00 28/01/2012 12:00 29/01/2012 00:00 Tem p e ratu ra oC Tempo
Distribuição da temperatura através de uma seção de parede orientada a Oeste no inverno durante a tarde
Internal Room Temperature
Internal West Wall Surface
Temperature External West Wall Surface
Temperature Ambient Temperature
34
• Perdas térmicas baseiam-se no mecanismo típico de convecção-condução-convecção (como na parede apresentada anteriormente).
• Ganhos térmicos devido à radiação solar.
• Perdas térmicas intensificadas devido à radiação em noites de céu limpo.
Ganhos e Perdas térmicas pela cobertura
35
Ganhos e Perdas térmicas pela cobertura
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 29/12/2011 12:00 29/12/2011 18:00 30/12/2011 00:00 30/12/2011 06:00 30/12/2011 12:00 30/12/2011 18:00 Tem p e ratu ra (o C) Tempo
Distribuição da temperatura em seção da cobertura no inverno
Internal Roof Temperature External Air Temperature Intrnal Roof Surface Temperature External Roof Surface Temperature
36
Ganhos e Perdas térmicas pela cobertura
• Em noites de céu limpo, a temperatura da superfície exterior da cobertura desce abaixo da temperatura do ambiente exterior.
• As diferenças de temperatura observadas podem chegar aos 7-8ºC.
• Isto resulta em perdas térmicas intensificadas através da cobertura. Ti>Tsi>Tse, Tse<Te
𝑄 ≠ 𝑈(𝑇𝑖 − 𝑇𝑜) Trocas por radiação, não por condução-convecção!
Envolvente de elevado desempenho
• A eficiência da envolvente em termos térmicos depende dos níveis de
isolamento das paredes, cobertura e pavimento em contacto com o solo
Espuma expandida
As habitações mais isoladas têm um coeficiente de transferência de calor de U=0.1-0.2 W/m2/oC
Celulose projetada
Painéis de isolamento a vácuo
Cortiça 0.06-0.07 W/m/oC
𝑈 =
𝜆
𝑙
Medidas passivas
- Isolamento Térmico (interior ou exterior)
- Janelas isolantes (ex. Vidro duplo e caixilharia metálica com
corte térmico)
- Sombreamento
- Ventilação natural
Medidas ativas
- Solar Térmico
- Solar Fotovoltaico
- Iluminação eficiente (ex. LED)
- Sistemas de Climatização mais eficientes
39 Inorgânicos • Espumas • Espuma de vidro • Fibras • Lã de vidro • Lã de rocha Orgânicos • Espumas
• Poliestireno expandido - EPS • Poliestireno extrudido - XPS • Espuma de poliuretano • Espumas expandidas • cortiça • Espuma de melanina • Espuma de fenol XPS EPS Cortiça Lã de vidro Espuma de vidro
Materiais de Isolamento Térmico
40 Orgânicos (cont.) • Fibras • Lã (ovelha) • Lã (algodão) • Fibras de coco • Celulose • Cortiça Combinados • Silicato de cálcio • Espuma de gesso • Lã (madeira) • Compósitos de cimento • Com fibra de vidro
Espuma de gesso Celulose Painéis de espuma cimentícia Compósitos reforçados com fibra de vidro
Materiais de Isolamento Térmico
41
Materiais mais recentes
• Painéis de isolamento a vácuo (VIP) • Painéis preenchidos com gás (GFP) • Aerogéis
• Materiais refletivos e barreiras de radiação • Materiais de mudança de fase (PCM)
Materiais e tecnologias futuras
• Materiais de isolamento a vácuo (VIM) • Materiais de isolamento gasoso (GIM) • Materiais de nano-isolamento (NIM) • Materiais de isolamento dinâmico (DIM)
42 Material Condutibilidade térmica - (W/.moC) Resistência ao calor Resistência ao fogo Permeabilidade à água Envelhecimento Resistência a parasitas
Lã mineral 0,03-0,04 Excelente Excelente Elevado Excelente Excelente
EPS 0,03-0,04 Bom Fraco Elevado Excelente Vulnerável a ratos XPS 0,03-0,04 Bom Fraco Medio Excelente Vulnerável a
ratos Cortiça 0,04-0,05 Bom Fraco Elevado Excelente Vulnerável a
ratos PUR 0,02-0,03 Medio Fraco Pouco Excelente Excelente
Celulose 0,04-0,05 Medio Fraco Elevado Bom
Vulnerável a ratos e Materiais de isolamento tradicionais em edifícios
Resumo das propriedades gerais
• A eficiência da envolvente em termos térmicos depende dos níveis de
isolamento das janelas
– Oferecem uma resistência substancialmente menor à perda de calor do que paredes isoladas
– Janelas da vidro simples têm um valor U típico de 5W/m2.oC
– Janelas de vidro duplo têm um valor U típico de 2.5W/m2.oC que pode ser
reduzido para 2.4W/m2.oC ou 2.3W/m2.oC com Argon e Krypton
– Janelas duplas e triplas com vácuo podem reduzir o U a 1.2 e 0.2W/m2.oC
Q
U
T
Area
Envolvente de elevado desempenho
𝑈 =
𝜆
𝑙
• A eficiência da envolvente depende dos ganhos/perdas de energia por
radiação
– Janelas permitem a entrada de energia solar mas evitam
radiação infravermelha
– O fator solar ou coeficiente de ganho de calor solar é a fração da radiação solar incidente que se transfere para o lado interno, tanto direta como indiretamente
45
Revestimento de baixa emissividade (low-e): • Usada em vidros duplos ou triplos
• Aplicado na superfície exterior da camada interior
• Limita perdas térmicas do interior para o exterior (atua como uma barreira de calor – efeitos indesejáveis no verão).
Revestimentos de baixa emissividade reduzem a absorção de radiação de onda larga, i.e., conseguem reduzir a perda de calor da radiação infravermelha no inverno
46
Revestimento solar protetivo:
• Usado em vidros duplos ou triplos • Aplicado na superfície exterior do
elementos exteriores
• Limita ganhos internos da radiação solar direta (útil no verão para evitar
sobreaquecimento, efeito indesejável no inverno)
• Reduz a iluminação do espaço
48
Requisitos para envidraçados e sistemas de sombreamento: • Limitar perdas térmicas para o exterior
o Perdas típicas (tal como nas paredes). o Perdas por infiltração.
• Controlo da radiação solar direta que entra no edifício
o Radiação solar direta proporciona ganhos de calor para os espaços interiores durante o inverno.
o Exposição solar direta aumenta as necessidades energéticas de arrefecimento durante o verão
• Contacto visual com o ambiente exterior
49
Requisitos para envidraçados e sistemas de sombreamento (cont.): • Controlo de brilho
Dependendo do espaço de trabalho, podem existir restrições às intensidades luminosas desejadas no edifício (p. e. espaços de escritórios com computadores). • Iluminação de espaços interiores
Luz artificial aumenta ganhos e custos de operação
Iluminação natural é benéfica para a saúde dos ocupantes.
50
Categorias de sistemas de sombreamento baseadas na instalação
Tipologias de sistemas de sombreamento
Sistemas instalados pelo exterior
Persianas
Estores venezianos Toldos
Telas
Sistemas integrados nos envidraçados Persianas
Sistemas instalados pelo interior
Persianas
Persianas verticais Persianas blindadas
Janelas e Sistemas de Sombreamento
• A eficiência da envolvente depende das fugas de ar
• A eficiência da envolvente depende das fugas de ar
– Careful application of a continuous air barrier can reduce rates of air leakage by a factor of 5 to 10 compared to standard practice (enforcement of careful
workmanship during construction) – Buildings with very low air
leakage require mechanical
ventilation (95% of the available heat in the warm exhaust air can be transfered to the
incoming cold air) to keep indoor air quality
Forma, orientação e envidraçado (%)
• Forma do edifício
– Tem impactes significativos nas cargas de aquecimento e arrefecimento e iluminação natural devido à relação entra a área superficial e o volume
• Orientação
– Para edifícios retangulares a orientação ótima é com a fachada principal orientada a sul
• Fração de envidraçado
– Frações de envidraçado elevadas aumentam as necessidades energéticas para aquecimento e arrefecimento
– O benefício de luz natural adicional é baixo quando a fração de envidraçado aumenta além dos 30%-50% do total da fachada
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 30% Base 60% Base 60% Upgraded 100% Base 100% Upgraded En e rg y I n te n s ity (k W h /m 2/y r)