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29º Seminário de Extensão Universitária da Região Sul

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Academic year: 2021

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MEMÓRIAS VIRTUAIS: O PROCESSO DE VIRTUALIZAÇÃO E CRIAÇÃO DO MUSEU VIRTUAL ENSINO DE CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS DA FURG – MUVI-e

Área temática: Educação

Carla Amorim Neves Gonçalves 1(Coordenadora da Ação de Extensão) Carla Amorim Neves Gonçalves1, Xênia Juliano F. Velloso2, Zélia F. S. do Couto3, Márcio V. Oliveira4,Glauce R. Gouveia 4, Sandra C. Rodrigues4, Loraine N. Moraes4, Ítalo Geri3, Roberta L. Pereira5, Giovana J. Gelatti6, Juliana J. Gelatti7, Daniel R. D. T. Corrêa8

Palavras-chave: Museu Virtual, Educação, Ciências Fisiológicas, Patrimônio

Resumo

O Ensino de Ciências Fisiológicas vem passando por transformações com a incorporação de metodologias alternativas. Na FURG, estas mudanças estimularam a criação do Museu Virtual do Ensino de Ciências Fisiológicas (MUVIe), com a missão de resgatar este patrimônio através da Virtualização de seu acervo (livros, roteiros, equipamentos, fotografias) na internet. Apresentamos neste artigo a experiência de criação do MUVIe, e conduzimos uma reflexão sobre o processo de Virtualização da Memória como democratização do acesso ao Patrimônio Cultural.

Introdução

Atualmente inúmeras iniciativas para a preservação patrimonial, nas mais diversas áreas do saber vem empregando a virtualização de acervos como forma de divulgação e socialização de bens. Compreender este processo pressupõe o entendimento do que é Virtual. O filósofo Pierre Lévy já discorreu sobre este tema no final da década de 90. Na sua visão a virtualização modifica as possibilidades do “estar juntos” e mesmo a constituição do “nós”. Para o processo de transformação

1

Profa. Dra. Instituto de Ciências Biológicas - ICB, FURG, icb.museuvirtual@furg.br

2

Arte Educadora e Mestre em Museologia, participante da comunidade. 3

Técnico(a) Administrativo (a) em Educação da Secretaria de Educação à Distância da FURG. 4

Técnico(a) Administrativo (a) em Educação do ICB, FURG. 5

Acadêmica do Curso de Especialização em Ecologia Aquática Costeira, Instituto de Oceanografia, FURG.

6

Acadêmica do Curso de Graduação em Engenharia de Computação, do Centro de Ciências Computacionais, FURG.

7

Acadêmica do Curso de Graduação em Engenharia Química, Escola de Química e Alimentos, FURG.

8

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dos Museus como espaços democráticos para o acesso irrestrito ao bens culturais materiais ou imateriais a virtualização passa a ser uma metodologia valiosa.

Conforme indicado por CARROZZINO & BERGAMASCO (2010): “O uso de novas tecnologias visuais nos espaços museológicos, coloca a imagem no centro da comunicação, e permitem ao visitante interagir e escolher suas experiências sensoriais, mudando radicalmente o processo de aprendizagem, para algo mais natural e instintivo, garantindo que a informação seja compreendida mesmo que por usuários não-especializados.”

No início deste século MALRAUX (2000) já antevia a virtualização museológica, como a transformação dos espaços prontos de museus, em Museus Imaginários, onde cada indivíduo pode construir o seu próprio museu virtual. HENRIQUES (2004) acrescenta ainda que o museu virtual não deve ser uma réplica de um museu físico, ou apenas uma lista online de um conjunto de acervo de um museu concreto. Para esta autora, a maioria dos museus virtuais não utiliza ainda toda a potencialidade que a internet pode oferecer. Segundo a autora, os museus de ciências são hoje aqueles que se encontram mais próximos da Virtualidade, uma vez que investem no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação para a experimentação sensorial e educativa de seus visitantes.

Em 2009 na FURG surgiu o projeto de extensão intitulado “Museu Virtual do Ensino de Ciências Fisiológicas – resgatando o passado e projetando o futuro- MUVIe”, com o objetivo de resgatar a Memória do Ensino de Ciências Fisiológicas naquela Instituição, que começou em 11 de março de 1966 quando foi autorizado o funcionamento da Faculdade de Medicina (MEIRELLES, 2004). Dando suporte às aulas práticas equipamentos modernos à época como o FISIÓGRAFO (HOFF ET AL., 1957), demonstravam o comprometimento dos professores daquele tempo com a Educação e com a Ciência. Ao longo de quatro décadas, o ensino prático se adaptou a novas realidades, como a redução no número de animais utilizados, substituição de equipamentos por outros mais modernos e a substituição de antigas práticas por metodologias alternativas, principalmente a partir de 2008, com a aprovação da Lei 11.794 que estabeleceu procedimentos para o uso científico de animais para fins educativos e de pesquisa (BRASIL, 2008).

Estas atividades de ensino e pesquisa em Ciências Fisiológicas geraram um conjunto patrimonial de Roteiros de Aulas Práticas, Equipamentos, Documentos e Histórias Orais destes primeiros educadores em Ciências Fisiológicas na FURG. Este foi o objeto que passou a ser alvo de estudo e preservação por parte da equipe do MUVIe, visando a preservação desta Memória Cultural. Além deste objetivo também o compartilhamento do acervo, e a criação de um espaço para exposição de novas metodologias do ensino de ciências fisiológicas, são objetivos específicos do projeto MUVIe. A partir da experiência que obtivemos com a execução do projeto e a criação da página do Museu Virtual do Ensino em Ciências Fisiológicas, pudemos vivenciar como a Virtualização pode ser usada em beneficio da preservação de um Patrimônio Cultural.

Metodologia

A equipe de execução do projeto MUVIe foi composta de forma voluntária por convite da coordenadora da ação à técnicos e docentes do Instituto de Ciências

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Biológicas, que tinham alguma afinidade com o interesse preservacionista da proposta. Foram também selecionadas uma acadêmica da Licenciatura em Ciências Biológicas e uma profissional da área de Web designer para auxiliaram nas atividades do projeto. Ao longo dos seus quase dois anos de execução agregaram-se ao projeto voluntários de outras áreas (computação, muagregaram-seologia, patrimônio, edição de vídeos) dos segmentos docente, técnico, discente e da comunidade, tanto por afinidade ao objeto de estudo quanto por reconhecimento da importância do tema como espaço para sua formação acadêmica e profissional.

Como metodologias principais foram utilizadas a Virtualização do Acervo das Ciências Fisiológicas e a produção de Vídeo-Entrevistas. Dentre as atividades necessárias a este processo, a equipe dividiu-se entre o tratamento do acervo instrumental (equipamentos), do acervo documental (documentos, roteiros de aulas, livros, fotos), registro da história oral dos servidores e construção da página do MUVIe.

A equipe realizava reuniões quinzenais para distribuição das tarefas e análise do andamento das ações. Para o tratamento do acervo, a equipe fez uma triagem dos equipamentos em desuso nos laboratórios do ensino de ciências fisiológicas do Instituto, e procedeu a fotodocumentação e catalogação preliminar para posterior estudo da origem dos equipamentos e histórias de uso. Os roteiros de aulas foram digitados em um modelo padrão contendo introdução, materiais e métodos, procedimentos práticos, orientações aos alunos e bibliografia sugerida, e vários docentes foram consultados para esclarecimentos de dúvidas quanto ao desenvolvimento das práticas. Também foi solicitado que estes docentes classificassem as práticas como históricas ou atuais, se estavam em uso ou não, e se foram substituídas por outras. Fotos antigas foram digitalizadas, e livros antigos separados para catalogação preliminar. Servidores docentes e técnicos da ativa e aposentados foram convidados a participar de entrevistas sobre a sua história com o Ensino das Ciências Fisiológicas e estas histórias orais foram filmadas e editadas. Ao longo do processo todas as etapas alimentaram a construção da identidade do Museu, com a elaboração de um logo e a construção da página do MUVIe. Alguns equipamentos que se obtiveram informações históricas de seu uso foram selecionados para construção de uma Galeria Virtual de Arte & Ciência.

Como principais resultados até o momento o projeto MUVIe deu origem à página http://www.muvie.icb.furg.br lançada oficialmente como parte das comemorações da Semana Nacional dos Museus da FURG em 20 de maio de 2011. Na página já foram publicados nove Roteiros de Aulas Práticas (Figura 1), uma sessão de fotos e documentos antigos relacionados às Ciências Fisiológicas na FURG, a Catalogação preliminar de mais de 200 equipamentos (Figura 2) e materiais usados em aulas práticas, uma galeria de Memória de Servidores, e duas exposições na Galeria Virtual de Arte & Ciência. Todo este acervo patrimonial está disponível para o conhecimento da comunidade da FURG e mesmo para pessoas de fora desta universidade que tenham interesse pelos temas desenvolvidos: Educação em Ciências Fisiológicas, Equipamentos de Ensino Prático, Cultura e Memória.

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Figura 1 – Página do Museu Virtual do Ensino de Ciências Fisiológicas da FURG mostrando os roteiros de aulas práticas do passado. http://www.muvie.icb.furg.br.

Figura 2 – Equipamentos utilizados em aulas práticas do passado apresentados na

Galeria de Arte & Ciência do Museu Virtual do Ensino de Ciências Fisiológicas da FURG. A. Circuladores de água de banhos termostatisados; B. Espirômetro; C. Estimulador elétrico.

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O desenvolvimento do MUVIe segue a tendência da cibercultura conforme postulado por LÉVY (1999) e está apoiado no crescimento acelerado das tecnologias do ciberespaço, que apresentam potencialidades de uma nova forma de comunicação e levam à implicações culturais modernas. O MUVIe como Museu Físico hoje é uma potencialidade, visto que sua coleção não pode ser visitada em espaço concreto, encontrando-se armazenada em laboratórios do Instituto de Ciências Biológicas. Contudo não podemos dizer que o MUVIe é apenas uma potencialidade, visto que utiliza-se do processo de virtualização para a visitação e para a concretude. Na experiências com o MUVIe, percebemos que seu acervo guarda tanta informação e carrega tanto significado como patrimônio das ciências fisiológicas, que seus usuários e contemporâneos, naturalmente o reconhecem como um acervo cultural a ser preservado e socializado. O MUVIe nos fez entender que de fato o meio virtual permite que o MUSEU não físico, seja apreciado e se auto-construa. E na contramão da lógica atual, algo que existe virtualmente pode tornar ao real, e existir de modo factual e físico. Este processo é o oposto do que se vê na atualidade, Museus físicos, se utilizam da virtualidade para expandir suas paredes. O MUVIe a partir do seu acervo, ganhou na virtualidade a possibilidade de criação e expansão como um museu “a céu aberto”. Do concreto ao virtual, num ciclo de realidade e virtualização, podemos disseminar seu conceito, preservar e partilhar o seu conteúdo patrimonial e os seus processos criativos. Os nossos saberes a cerca das Ciências Fisiológicas podem então ser compartilhados com nosso público alvo, acadêmicos e profissionais interessados no tema. Contudo a experiência virtual, não permite restrições de público e o MUVIe hoje é alvo de qualquer navegador da internet. Assim a utilização da Virtualização nos garante que este Museu seja um conjunto de de práticas e processos socioculturais, envolvendo ações investigativas e interpretativas, memoriais e preservacionistas dos conhecimentos, existentes e em construção, que identificam nossa realidade cultural. Assim, o MUVIe exemplifica como é possível trazer para o ambiente virtual conhecimentos memoriais, educativos e culturais. Cumpre com o papel descrito pela Política Nacional dos Museus (BRASIL, 2007) onde se quer um Museu moderno, vivo e pró-ativo, como ambiente democrático de acesso aos bens culturais, utilizando-se de metodologias modernas e de informatização para garantir este acesso, o que está ao alcance de todos que desejam compartilhar sua Cultura Patrimonial com a sociedade.

Referências

BRASIL. Ministério da Cultura. Política Nacional dos Museus. Brasília: MinC, 2007. BRASIL. Lei Ordinária nº 11.794, de 08 de outubro de 2008. Regulamenta o Inciso Vii do Parágrafo 1 do Artigo 225 da Constituição Federal, Estabelecendo procedimentos para uso científico de animais. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, Edição 196, 9 out. 2008. Seção 1, p. 1-2.

CARROZZINO, Marcello; BERGAMASCO, Massimo. Beyond virtual museums: Experiencing immersive virtual reality in real museums. Journal of Cultural Heritage, Vol 11, p.452-458, mai. 2010.

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HENRIQUES, Rosali. Museus Virtuais e Cibermuseus: A internet e os museus. IN: Memória, museologia e virtualidade: um estudo sobre o Museu da Pessoa. 2004. Tese (Mestrado) – Mestrado em Museologia, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Lisboa, 2004.

HOFF, Hebbel, GEDDES, Leslie, SPENCER, W. The Physiograph – An Instrument in Teaching Physiology. Journal of Medical Education. Vol 32(3), p.181-198, 1957.

LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: Ed. 34 Ltda, 1996. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34 Ltda, 1999. MALRAUX, André . O museu imaginário. Lisboa: Edições 70, 2000.

MEIRELLES, Aída. Ciências da Saúde. IN: Fundação Universidade Federal do Rio Grande – 35 anos a serviço da comunidade. Francisco das Neves Alves (Org.) Editora da FURG, 2004.

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